DOCUMENTO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NA FRANÇA

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Transcrição:

209 DOCUMENTO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NA FRANÇA Pierre Caspard Service d Histoire de l Éducation, França. Em fevereiro de 2013 Antoine Prost recebeu, das mãos do ministro francês da Educação Nacional, Vincent Peillon, a mais elevada distinção do país, a de Comandante da Legião de Honra. O próprio ministro, ex-professor de Filosofia, se dedicou à História da Educação, publicando uma obra sobre a ideia leiga de Ferdinand Buisson (Peillon, 2010). Quanto a Antoine Prost, este eminente historiador, ex-professor da Sorbonne, escolheu ser condecorado como historiador da educação quando poderia perfeitamente valer-se de outros títulos: historiador da guerra de 1914-1918 e dos antigos combatentes, membro do Gabinete de um primeiro ministro e de numerosas comissões de reflexão ministeriais. Como historiador da educação contemporânea, ele tem o mérito de ser o autor dos dois manuais ainda hoje mais utilizados, após mais de trinta anos da sua publicação (Prost, 1968; 1981). Publicou também uma análise sócio-histórica da democratização do ensino (Prost, 1988) e manteve durante diversos anos uma crônica de história da educação em uma revista mensal destinada ao grande público (Prost, 2007). Na alocução que ele pronunciou após a homenagem do ministro, lembrou o caminho percorrido pela história da educação francesa há meio século, salientando as oportunidades e problemas referentes ao seu vínculo institucional. A seguir, publicaremos o texto dessa alocução, agradecendo Antoine Prost por nos tê-lo fornecido.

210 Referências PEILLON, V. Une religion pour la République: la foi laïque de Ferdinand Buisson. Paris: Seuil, 2010. PROST, Antoine. L enseignement en France, 1800-1967. Paris: Armand Colin, 1968; L École et la famille dans une société en mutation (1930-1980). In: Histoire générale de l enseignement et de l éducation en France. Paris: Nouvelle Librairie de France, 1981. PROST, Antoine. L enseignement s est-il démocratisé? Paris: Presses Universitaires de France, 1988. PROST, Antoine. Regards historiques sur l éducation en France, 19 e -20 e siècles. Paris: Belin, 2007. PIERRE CASPARD é ex-aluno da École Normale Supérieure, doutor em História. É Doutor Honoris causa da Université de Neuchâtel. Suas pesquisas são sobre a História Econômica e Social da Suíça, nos séculos 18 e 19, e também sobre a história e a historiografia da educação neste país e na França. Dirigiu o Service d Histoire de l Éducation do INRP de 1977 à 2010 e fundou, em 1978, a revista Histoire de l Éducation. Endereço: 180, avenue de Choisy - 75 013 - Paris - France. E-mail: pcaspard@gmail.com. Recebido em 20 de maio de 2013. Aceito em 9 de setembro de 2013.

211 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NA FRANÇA Discurso de Antoine Prost na ocasião de recebimento da distinção de Comandante da Legião de Honra Antoine Prost Na metade da década de 1960, a História da Educação contemporânea praticamente não existia na França. Somente pouquíssimos historiadores se dedicavam a ela: Maurice Gontard, autor de uma tese sobre o ensino primário, Paul Gerbod, que elaborou a sua tese sobre os professores do secundário, ou Jacques Ozouf, que empreendeu uma enquete pioneira junto a professores aposentados a qual serviu de base a um pequeno livro, Nous les maîtres d école. Eu mesmo, após uma tese em ciências políticas sobre a Confederação Geral do Trabalho na época do Front Populaire, preparei uma tese de história sobre a confederação dos antigos combatentes e a sociedade francesa de 1914 a 1940, Les anciens combattants et la société française de 1914 à 1940. Escrevi uma história do ensino na França durante os séculos 19 e 20, a pedido de René Rémond e porque me pareceu realmente útil que houvesse um livro sobre este assunto na coleção de manuais de ensino superior que ele dirigia. Bastaram dois anos para escrevê-lo e penso ter lido toda a bibliografia existente sobre isso, pois se limitava a alguns títulos. Tive tempo para fazer até mesmo algumas pesquisas pontuais em primeira mão. Atualmente, seria totalmente impossível. Foi, efetivamente, o Ministério da Educação Nacional que deu origem ao desenvolvimento da história do ensino. Em 1971 o ministro criou uma comissão de história do ministério, seguindo o exemplo de outros ministérios, e, como neles, confiou a responsabilidade e as atividades a altos funcionários aos quais concedeu alguns recursos. Após algumas tentativas a comissão contratou pesquisadores de diferentes formações e essa comissão se tornou, com a ajuda de um inspetor geral da administração, Guy Caplat, o Serviço de História da Educação - SHE. Para tornar mais fácil a sua administração, esse serviço foi ligado ao Instituto Nacional de Pesquisa Pedagógica.

212 Com o estímulo de Pierre Caspard, historiador de formação que passou pela ENS da rue d Ulm, o SHE realizou uma obra considerável. Criou o essencial dos instrumentos necessários aos pesquisadores: guias de pesquisa, coletâneas de referências, textos legislativos e regulamentares, dicionários biográficos dos professores da Sorbonne ou do Collège de France, dos inspetores gerais, dos reitores, uma bibliografia metódica anual, um monumental repertório da imprensa da educação na França desde o século 18. Dirigiu enquetes sobre os colégios do Antigo Regime ou sobre o desenvolvimento do ensino técnico. Realizou entrevistas com 270 atores ou testemunhas das políticas de educação e publicou cinco volumes de informações que fornecem, para cada entrevista, uma análise sumária do seu conteúdo e detalham em que condições ela é comunicável aos pesquisadores. Deve-se também a ele, last but not least, a criação e a publicação de uma revista que rapidamente se tornou a revista especializada da área: Histoire de l Education. A estruturação da história do ensino se efetuou na França, essencialmente, em torno do SHE e desta revista. Nas universidades a história do ensino se encontra realmente dispersada, marginalizada e mal estruturada. O CNRS fez do SHE uma das suas equipes associadas, mas não reconheceu nenhum outro grupo de pesquisa universitária neste campo e, a meu ver, nenhum grupo lhe propôs qualquer associação. Os professores universitários que se interessam pela história do ensino não se dedicam exclusivamente a ela. Eu mesmo ensinava em Paris I, história social e política do século 20 e, em vinte anos, trabalhei somente um ano em um curso de licenciatura sobre a história do ensino. Christophe Charles, grande historiador das universidades e dos universitários, é igualmente historiador das sociedades e da cultura. Jean-François Chanet, cuja tese questionou a idéia de um ensino primário que oprimia as culturas locais, publicou outra pesquisa sobre o exército e o início da III República e ensina a história social do século 19 na Sciences Po. A sua tese foi orientada por Mona Ozouf, uma das melhores especialistas da escola primária republicana, mas cujo campo primordial de estudos é a História da Revolução. As cadeiras de história do ensino são ministradas nos institutos de formação de professores, como a de Jean-François Condette em Arras, ou nos departamentos de Ciências da Educação e não de História. É o caso em Paris V, com a que ocupava Claude Lelièvre, a quem sucedeu atualmente Rébecca Rogers, em Paris VIII com Antoine Savoye, ou em Amiens com Bruno Poucet. A única disciplina de história do ensino em um departamento de História é, atualmente, a do professor Jean-Noël Luc, cuja primeira titular foi Françoise Mayeur, que abordou na sua tese o ensino secundário das jovens. Os doutorandos com graduação em História e que estudaram a educação participam do seminário de J.-N. Luc, os demais o de R. Rogers ou de A. Savoye, com uma formação anterior mais heterogênea. Mas a História da Educação parece institucionalmente mais importante nos departamentos de Ciências da Educação do que nos de História. Quando J.-N. Luc se aposentar, não é certo que a sua universidade, Paris IV, mantenha na sua cadeira a sua especialização. De certa forma, a história do ensino sofre, nas disciplinas canônicas das universidades, as

disciplinas nobres, com a depreciação que envolve a Pedagogia. Marca desta marginalização relativa foi o panorama da pesquisa histórica na França apresentado por François Bédarida no Congresso Internacional de Ciências históricas de Montréal, no qual não abordou nenhum desenvolvimento em relação à história do ensino, nem à revista Histoire de l Éducation, embora se trate de um setor cujo progresso é impressionante como as bibliografias publicadas por essa revista o atestam. Esta relativa marginalidade apresenta, entretanto, algumas vantagens. Os historiadores que se interessam pela educação se encontram, necessariamente, implicados em outras pesquisas que tratam dos múltiplos aspectos da evolução política e social. Isso lhes confere uma maior concepção da História da Educação. Na França, ela está estreitamente vinculada à história social e política. É uma história amplamente aberta e que traz uma contribuição essencial à compreensão da nossa sociedade. 213