MÓDULOS 22 PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA Artigo 719 do Código de Processo Civil
A jurisdição voluntária exerce uma função de administração pública de interesses privados exercida pelo Poder Judiciário.
Atualmente, a tendência é considerá-la como uma verdadeira jurisdição.
O juiz não diz quem tem razão. Apenas determina que sejam tomadas providências necessárias para a proteção de um ou de ambos os sujeitos da relação processual.
Assim, podemos afirmar: -O juiz não se é o autor ou o réu que tem razão. - Não há, portanto, autor e réu (requerente x requerido) - interessados. -Não se aplica o critério da legalidade escrita (artigo 723, parágrafo único, do CPC) - As sentenças definitivas não se revestem da autoridade da coisa julgada material.
REGRAS GERAIS DO PROCEDIMENTO Artigos 720 a 724 do Código de Processo Civil Essas regras serão aplicadas desde que não haja norma especial em contrário.
PROCEDIMENTO GERAL 1. Legitimidade Parte Ministério Público (interdição) Juiz de Direito (de ofício: abertura e cumprimento de testamento)
2. Petição inicial e citação Requisitos do artigo 319 do Código de Processo Civil Citação: pelos meios comuns e deverá abranger todos os interessados (artigo 721 do Código de Processo Civil) As custas e despesas processuais são adiantadas pelo autor, mas rateadas entre os interessados (artigo 88 do Código de Processo Civil)
3. Ministério Público O Ministério Público não intervirá em todos os procedimentos de jurisdição voluntária, mas apenas naqueles em que estiverem presentes as hipóteses do art. 178 do CPC. Caso isso ocorra, ele será intimado para se manifestar no prazo de 15 dias.
4. Resposta O interessado será citado para apresentar resposta no prazo de 15 dias. Não se pode dizer que é contestação, mas manifestação, visto que não há interesses contrapostos.
5. Instrução e julgamento O procedimento é concentrado. Oferecida a resposta, e ouvido o autor sobre preliminares suscitadas ou documentos novos, o juiz determinará as provas necessárias, de ofício ou a requerimento das partes, podendo designar audiência de instrução e julgamento, se necessárias. Poderá proferir a sentença na própria audiência, ou em dez dias.
6. Recursos - Agravos de instrumento - Apelação
I - NOTIFICAÇÃO OU INTERPELAÇÃO 1. Conceito de notificação Notificação é a cientificação que uma pessoa faz à outra com o objetivo de que ela faça ou deixe de fazer alguma coisa. Exemplo: Notificação do locatário para desocupar o prédio alugado.
2. Conceito de interpelação A interpelação é o instrumento judicial empregado pelo credor para informar ao devedor que deve cumprir sua obrigação, sob pena de ficar constituído em mora. Exemplo: Interpelação enviado pelo locatário para o locador com o objetivo de pagar o aluguel atrasado, sob pena de ficar constituído em mora.
Quando uma pessoa quiser dar conhecimento formal a outra sobre determinado assunto juridicamente relevante poderá notificar pessoas participantes da mesma relação jurídica para que façam ou deixem de fazer alguma coisa. (Artigo 726 do Código de Processo Civil)
Observação: O pedido de notificação e da interpelação constam dos artigos 726 a 729 do Código de Processo Civil.
2. Procedimento - Petição Inicial (artigo 319 e 320 do CPC) - descrição do fato e dos fundamentos jurídicos do pedido e o pedido, inclusive com o cálculo do débito, se for o caso. - Despacho de recebimento, aditamento ou complementação ou indeferimento liminar. - Notificação do requerido. - Entrega dos autos ao requerente, independentemente de traslado.
3. Competência A notificação judicial deve ser ajuizada, em regra, no domicílio do réu (Ler o art. 46 do CPC) 4. Valor da Causa Mesmo a simples notificação deverá ser dado o valor da causa (artigo 291 do CPC). No caso de notificação de aluguéis, por exemplo, o valor da causa será o débito.
III - ALIENAÇÃO JUDICIAL Artigos 730 do Código de Processo Civil A alienação judicial é considerada modalidade cautelar nos casos em que a constrição judicial recair sobre bens de fácil deterioração, que se encontrem avariados, que exijam grandes despesas para sua guarda, ou, ainda, em se tratando de semoventes.
Também pode visar à segurança dos interesses de incapazes, como forma de disposição de seus bens, ou mesmo não se tratando de alienação no curso do processo, pode ocorrer para a venda de coisa indivisível, existindo condomínio.
1. Elaboração da petição inicial (artigos 319 e 320 do Código de Processo Civil) 2. Citação do requerido no prazo de 15 dias para contestar, acompanhar o procedimento de alienação judicial da coisa comum indivisível e participar da hasta pública, onde deverá exercer, querendo, a preferência legal. Citação pelo correio (artigo 246, inciso I, do Código de Processo Civil).
3. Contestação 4. Réplica 5. Sentença
Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial, e, por conseguinte, extingo o feito, com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, I, do Código de Processo Civil, para a) DECLARAR a extinção do condomínio aqui indicado; b) DETERMINAR a alienação do imóvel referido nos autos, em conformidade com o art. 730 do CPC, mediante prévia avaliação, respeitando-se a meação e o direito de preferência entre os condôminos. Deixo de condenar qualquer uma das partes ao ônus da sucumbência. Transitada em julgado, havendo provocação da parte interessada, proceda-se de conformidade com os preceitos insculpidos nos artigos 879 a 903 do Código de Processo Civil.
IV - DIVÓRCIO E SEPARAÇÃO CONSENSUAL, EXTINÇÃO DO CONTRATO DE UNIÃO ESTÁVEL E ALTERAÇÃO DO REGIME DE BENS DO MATRIMÔNIO Artigos 731 a 734 do Código de Processo Civil
1. Divórcio consensual O casal que deseja pôr fim ao casamento deverá fazer uso da ação de divórcio consensual.
Atenção: Não é necessária a prévia separação judicial nem separação fática por certo tempo.
2. Base legal Artigo 226, 6º, da Constituição Federal. Artigos 731 a 734 do Código de Processo Civil
3. Procedimento Elaborada a petição inicial, será ela distribuída no foro competente, firmada pelo casal. Lembre-se de que a ação de divórcio consensual será ajuizada no domicílio de qualquer dos requerentes.
A petição inicial deverá conter: a) descrição e partilha dos bens comuns; b) disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges; c) acordo relativo à guarda dos filhos incapaz e ao regime de visitas; d) o valor da contribuição para criar e educar os filhos.
ATENÇÃO Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois de homologado o divórcio, na forma estabelecida nos artigos 647 a 658 do Código de Processo Civil
A sentença homologará o divórcio consensual, pondo fim ao casamento.
AÇÃO DE ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS
Os cônjuges podem alterar o regime de bens, mas precisam de autorização judicial por meio de petição conjunta.
A jurisprudência tem firmado a possibilidade da alteração do regime de bens sob a égide do Código Civil de 1912.
A jurisprudência também está confirmando a autorização do regime de bens nestas hipóteses: Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II da pessoa maior de 70 (setenta) anos; III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
2. BASE LEGAL Artigo 1.639, 2º, do CC: Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. 2 o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.
3. PROCEDIMENTO A ação de alteração do regime de bens obedece ao rito previsto na chamada jurisdição voluntária, de acordo com os arts. 719 a 725 do CPC, com as alterações previstas no art. 734 do CPC.
Petição inicial assinada por ambos os cônjuges. O casal deve expor as razões do pedido e indicar os bens que possuem até o momento e, se for o caso, poderá propor a partilha. O representante do Ministério Público será intimado para se manifestar na ação.
Requerer citação de interessados, sobretudo os credores ou qualquer outra pessoa que poderia eventualmente ser prejudicada com a mudança do regime de bem. Publicação de edital com o objetivo de dar conhecimento ao pedido a terceiros interessados não identificados. Contestação no prazo de 15 dias.
Audiência de instrução e julgamento (quando houver necessidade de produção de prova oral) Sentença (o juiz só pode sentenciar depois de decorrido o prazo de 30 dias da publicação do edital.
4. FORO COMPETENTE Foro do domicílio do casal. Vara da Família e Sucessões
5. VALOR DA CAUSA O valor da causa deve indicar o conteúdo econômico envolvido.