Aula 11 Sistema X-by-Wire

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Transcrição:

Introdução Aula 11 Sistema X-by-Wire O termo X-by-wire é utilizado quando um sistema eletromecânico, formado por um módulo de controle, sensores e atuadores, substitui um sistema puramente mecânico. A parcela X deste termo dá lugar a qualquer sistema de segurança existente em um veículo, como, por exemplo, brake (freio), steering (direção), powertrain (motor e transmissão) e suspension (suspensão), entre outros. 1 2 Introdução Os sistemas by-wire devem ser capazes de sentir e tratar apropriadamente uma solicitação do motorista e realizar as ações necessárias, considerando as circunstâncias presentes, de dirigibilidade e de ambiente. Na aviação, os sistemas by-wire já são amplamente empregados. É o chamado fly-by-wire. Introdução Dentre os ganhos principais, destacam-se a redução de peso das aeronaves (com a consequente redução do consumo de combustível) e a redução do tempo de resposta dos sistemas ao comando do piloto (aumentando o desempenho e a capacidade de resposta da aeronave). O caça F-22 Raptor, mostrado na Figura a seguir, foi projetado com sistemas by-wire. 3 4

Introdução Caças F-22 Raptor Introdução Algumas empresas automotivas ainda demonstram hesitação na implementação dos sistemas X-by-wire, especialmente quando ponderam sobre a sua segurança e confiabilidade. Além disso, os sistemas mecânicos têm provado, ao longo do tempo, serem extremamente confiáveis. 5 6 Introdução Por outro lado, ano após ano, temos notado o aumento do número de sistemas de segurança utilizados nos veículos de passageiros. Essa evolução, por si só, demanda o aprimoramento das tecnologias utilizadas, buscando facilitar a montagem e a manutenção dos sistemas e a otimização do desempenho esperado pelos clientes. A Figura a seguir mostra a evolução dos sistemas de segurança ativa e passiva nos veículos. Introdução Evolução dos sistemas de segurança ativa e passiva nos veículos. 7 8

Introdução Segurança ativa: procura evitar a ocorrência de acidentes (por exemplo, freios ABS e sistema de controle de estabilidade). Segurança passiva: procura minimizar os impactos sobre os ocupantes no caso de um acidente (por exemplo, cintos de segurança e airbags). Sistemas by-wire automotivos Vamos analisar com mais detalhes os impactos dos sistemas by-wire no setor automotivo. Considerando o mercado europeu como referência, facilmente percebemos que a competitividade em sua indústria automotiva é fortemente dependente da tecnologia disponível, do custo dos sistemas empregados e do atendimento aos padrões de segurança, impostos pelo próprio mercado. Diante desses três pilares faremos algumas considerações: 9 10 Sistemas by-wire automotivos Tecnologia: sistemas que aumentem o conforto e o prazer ao dirigir são muito apreciados pelos consumidores europeus. Como mencionado no caso do caça F-22, que teve sua capacidade de manobra aumentada, também nos automóveis equipados com sistemas by-wire a capacidade de resposta dos sistemas passa a ser extremamente eficiente e fiel aos comandos do motorista. Sistemas by-wire automotivos Custo: como temos acompanhado nos últimos anos, o aumento da demanda por componentes eletrônicos, especialmente microcontroladores e microprocessadores, tem reduzido drasticamente os custos desses componentes, o que influencia diretamente o custo dos sistemas by-wire para baixo. 11 12

Sistemas by-wire automotivos Segurança: apesar de os componentes eletrônicos atuais já serem altamente confiáveis, a utilização de circuitos redundantes eleva ainda mais o nível de confiança dos sistemas de controle. Rotinas de autodiagnóstico auxiliam na detecção automática de modos de falha e permitem, sem transparecer ao motorista, alterações em procedimentos para que o sistema continue operando sem prejuízos à segurança. Sistemas by-wire automotivos Percebemos então, com esta breve análise, que os sistemas by-wire caminham na direção desejada pelos clientes e pelos fabricantes de veículos na Europa. O mesmo ocorre nos Estados Unidos e no Japão e, em alguns anos, ocorrerá nos mercados emergentes, em que se encontra atualmente o Brasil. 13 14 Sistemas by-wire automotivos Sistemas by-wire automotivos brake-by-wire A Figura a seguir apresenta o diagrama de um sistema de freios by-wire (brake-by-wire) que mostra vários sensores e atuadores eletromecânicos, além de módulos eletrônicos de controle (ECUs) e dois barramentos de dados, sendo um deles redundante por razões de segurança. 15 16

Requisitos dos sistemas by-wire Apesar de muitas vezes óbvios, vale mencionar alguns requisitos mínimos, que precisam ser atendidos pelos sistemas by-wire automotivos a serem utilizados em escala industrial, ou seja, com razoável volume de produção: Segurança: mesmo sob condições de falha o sistema deve operar sem oferecer riscos aos passageiros. Confiabilidade: o nível de confiança comprovada (potencial de falhas) em sistemas desse tipo deve ser, no mínimo, igual ao dos sistemas convencionais mecânicos. Requisitos dos sistemas by-wire Disponibilidade: a disponibilidade de peças e componentes de sistemas desse tipo deve ser, no mínimo, igual à dos sistemas convencionais mecânicos. Manutenção: as solicitações de manutenção, por exemplo, intervalos entre revisões, desses sistemas devem ser, no máximo, iguais às dos sistemas convencionais mecânicos. Tempo de vida: no mínimo igual ao dos sistemas atualmente utilizados. Custo: no máximo igual ao dos sistemas atualmente utilizados. 17 18 Requisitos dos sistemas by-wire Requisitos dos sistemas by-wire Empacotamento: o volume ocupado pelo sistema dentro do veículo deve ser o menor possível, permitindo a flexibilização da instalação e a facilitação da remontagem e eventual reparação posterior. legislação: deve atender a todos os requisitos legais. No Brasil cobertos pelas regulamentações descritas pelo CONTRAN. Em adição, quando analisamos os requisitos específicos de cada sistema ou aplicação, deparamonos com uma série de condições que devem ser atendidas pelo sistema em questão. Tomemos como exemplo o sistema de freios by-wire (brake-by-wire). A Figura a seguir ilustra os quatro elementos técnicos fundamentais em um sistema bywire. 19 20

Requisitos dos sistemas by-wire Elementos técnicos fundamentais Requisitos dos sistemas by-wire Sensores: exige-se redundância tripla no pedal do freio. Atuadores: os atuadores do freio devem ser Iivres de torque ou pressão em eventos de perda de energização do sistema, por exemplo, quando há rompimento do cabo da bateria. Sistema de alimentação: dois circuitos distintos de alimentação são exigidos (aplicação de linhas redundantes de alimentação). Protocolo de comunicação: deve ser um protocolo classe C, de alta velocidade, conforme norma SAE, com rotinas de detecção e proteção contra falhas. 21 22 Sensores: componentes com funcionamento similar ao dos potenciômetros convencionais não podem ser utilizados em sistemas by-wire. Potenciômetros trabalham com superfícies atritantes entre si, que sob condições adversas de funcionamento ou em ambientes nocivos, acabam se degradando prematuramente. O ideal é utilizar sistemas indutivos, cuja medição ocorre através da captação de diferentes campos magnéticos, em direção e intensidade, sem a necessidade de contato físico entre as partes. A Figura a seguir mostra o esquema de funcionamento de um sensor indutivo. Esquema de funcionamento de um sensor indutivo 23 24

As Figuras mostram componentes físicos, fabricados pela empresa Hella, que trabalham com sensor indutivo. Destaque para a forma circular do circuito impresso sobre as placas, característico dos sensores acoplados a eixos, utilizados para a medição de rotação ou posição. Outra questão importante sobre os sensores é que eles devem ser sensíveis às falhas. Existem duas formas para garantirmos essa "sensibilidade": O sensor pode interpretar seu próprio sinal e detectar eventuais falhas de leitura. O sinal pode ser enviado a uma Unidade Eletrônica de Controle, que identifica eventuais falhas no sinal lido pelo sensor. 25 26 Com a finalidade de aumentar a confiabilidade da leitura dos sinais, sensores redundantes, ou até mesmo três sensores, são considerados. Desta forma, os sinais podem ser comparados e as decisões corretamente tomadas pelos sistemas. Atuadores: são utilizados na "ponta do sistema", na atuação sobre a direção ou frenagem das rodas, por exemplo, e eventualmente nas peças de contato direto com o motorista, como o volante de direção, aumentando o seu esforço para transmitir ao motorista a sensação de acionamento efetivo. Veja a seguir a especificação de um atuador utilizado em sistemas by-wire. A Figura a seguir apresenta o atuador de controle de um turbocompressor. 27 28

Atuador de controle de turbocompressor Fonte de alimentação: atualmente, em veículos não equipados com sistemas by-wire, o fato de "perder" a bateria, o que coloquialmente chamamos de acabar a bateria, o rompimento de uma correia dentada ou a quebra do alternador não causam grandes impactos na segurança dos ocupantes. No caso dos veículos equipados com sistemas by-wire, a perda da alimentação causaria a interrupção do funcionamento desses sistemas. Há diversos requisitos à arquitetura de alimentação elétrica dos sistemas by-wire: 29 30 Confiabilidade é fundamental, com pelo menos dois circuitos de alimentação distintos (redundantes); Alta capacidade de fornecimento elétrico, em virtude da demanda proveniente dos sistemas by-wire; Capacidade de gerenciamento de potência e de seus consumidores, dando prioridade de fornecimento aos sistemas de segurança; Valores de tensão superiores aos atualmente utilizados, possibilitando a redução da corrente elétrica consumida (o conceito 42V pode ser a solução para o atendimento a este requisito). Componentes eletrônicos dos módulos de controle: microcontroladores e memórias também devem estar equipados com dispositivos de detecção e tratamento de falhas. Os principais são temporizadores Watchdog, lógicas EDC (Error Detection Coding) e BIST (Built-in Self Test), além de monitoramento do fluxo de execução utilizando assinaturas dos blocos de instruções. 31 32

Sistemas by-wire e a alimentação 42V Como citado anteriormente, os sistemas by-wire tendem a demandar a aplicação do sistema de alimentação 42V. Independentemente disso, é sabido que o conteúdo eletroeletrônico dos veículos atualmente comercializados tem crescido rapidamente. Com a mesma intensidade, vemos crescer a demanda por corrente elétrica e, consequentemente, a necessidade de aprimoramento dos componentes ligados ao sistema de carga, basicamente bateria, alternador e chicotes elétricos. A Figura mostra uma curva que descreve a evolução, do ano de 1920 ao ano de 2020, da potência consumida por um veículo médio. Sistemas by-wire e a alimentação 42V 33 34 Sistemas by-wire e a alimentação 42V Considerando a relação entre três das principais grandezas elétricas (potência, tensão e corrente), apresentada na Figura, se mantivermos a tensão em 12V, consequentemente a corrente tem de aumentar para que a potência necessária seja atingida. Se aumentarmos a tensão para, por exemplo, 42V, podemos ter a mesma potência elétrica consumindo cerca de um terço da corrente consumida em 12V. A Figura a seguir mostra graficamente as curvas que representam as duas condições. Sistemas by-wire e a alimentação 42V 35 36

Protocolos de comunicação Protocolos de comunicação Como ilustrado na Figura a seguir, as funções de um sistema by-wire são distribuídas entre dois ou mais módulos eletrônicos de controle. Assim, um protocolo de comunicação deve ser utilizado. protocolos de comunicação Conforme a SAE (Society of Automotive Engineers), existem três classes de protocolos de comunicação: Classe A - até 10 Kbps (em que Kbps = 1.000 bits por segundo) Classe B - até 125Kbps Classe C - acima de 125Kbps 37 38 Protocolos de comunicação Protocolos de comunicação Na comunicação inerente a um sistema by-wire, deve-se utilizar um protocolo da classe C. Além disso, alguns requisitos especiais devem ser observados: A comunicação deve ser determinística (previsível e planejada). A base de tempo deve ser comum entre os módulos para garantir o sincronismo entre eles. Todos os módulos devem ser informados sobre o status dos demais, função conhecida como membership service. O protocolo deve permitir o reenvio de mensagem, evitando a eventual perda de dados. Na comunicação inerente a um sistema by-wire, deve-se utilizar um protocolo da classe C. Além disso, alguns requisitos especiais devem ser observados: Todos os módulos devem ter a oportunidade de enviar suas mensagens, evitando que um único módulo monopolize o barramento. O protocolo deve permitir a utilização de gateways, que integrariam barramentos relacionados às funções de segurança (by-wire) e as demais funções do veículo. O protocolo deve ser um padrão internacional e permitir a rápida conexão de novos componentes ao sistema 39 40

Protocolos de comunicação Protocolos de comunicação Para boa parte dos conhecedores de sistemas embarcados automotivos, o CAN Bus poderia ser utilizado também nas aplicações by-wire. Mas não é bem assim, nenhum dos protocolos normalmente utilizados em sistemas de conforto, entretenimento ou comunicação entre carroçeria e powertrain foi desenvolvido para aplicações by-wire. CAN Bus, A-Bus, VAN e J1850 não podem ser utilizados pelo fato de não serem determinísticos (previsíveis). O protocolo que atende aos requisitos listados é o Time Triggered Protocol (TTP), desenvolvido especialmente para aplicações relacionadas à segurança. O TTP, entre outras funções, permite: Emissão imediata de mensagens de alta prioridade; Membership service; Relógio de sincronização à prova de falhas; Detecção de falhas com baixa latência; Gerenciamento de redundância distribuída. 41 42 Protocolos de comunicação O veículo conceito hy-wire Apesar de vários veículos atualmente comercializados já utilizarem algum tipo de sistema by-wire, como o novo Vectra, o Honda Acura NSX e o Corvette C5, falaremos um pouco sobre o hy-wire, da General Motors. Consideramos esse veículo como exemplo, pois apresenta uma série de inovações que podem estar presentes nos veículos comercializados no futuro. Além de utilizar uma célula-combustível, baseada em hidrogênio, como forma de gerar energia, em vez dos convencionais motores à combustão, ele faz extremo uso do conceito drive-by-wire, similar ao fly-by-wire aplicado em aviões. 43 44

O veículo conceito hy-wire Veículo hy-wire O veículo conceito hy-wire A principal característica desse modelo é o fato de não utilizar um volante de direção nem pedais. Essas funções estão concentradas em uma espécie de manche, como nos aviões, o que muda radicalmente a forma de dirigir. Todas as informações de manobra são captadas por sensores instalados nesse manche e transmitidas às rodas em forma de direção, aceleração e frenagem. 45 46 O veículo conceito hy-wire O hy-wire aplica todos os conceitos apresentados nesta aula. Listamos a seguir algumas características técnicas adicionais desse veículo-conceito: Velocidade máxima: 161 Km/h; Peso: 1.898 Kg; Comprimento: 4,3 m; Largura: 1,67 m; Espessura do assoalho: 28 cm; Célula-Combustível: 94 Kw contínuos (pico de 129 Kw): Tensão da célula-combustível: de 125V a 200V; Motor: elétrico, assíncrono, trifásico, de 250V a 380V; Patentes requeridas pela GM durante o projeto: 30; Quantidade de pessoas envolvidas no projeto: mais de 500. 47