UNIVERSIDADE TUIUTI PARANÁ VALDIRENE APARECIDA DOS PASSOS SEGURO DPVAT MENSURAÇÃO DO SOFRIMENTO HUMANO



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Transcrição:

UNIVERSIDADE TUIUTI PARANÁ VALDIRENE APARECIDA DOS PASSOS SEGURO DPVAT MENSURAÇÃO DO SOFRIMENTO HUMANO CURITIBA 2013

VALDIRENE APARECIDA DOS PASSOS SEGURO DPVAT MENSURAÇÃO DO SOFRIMENTO HUMANO Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Direito. Orientador: Marcos Aurélio de Lima Júnior CURITIBA 2013

TERMO DE APROVAÇÃO VALDIRENE APARECIDA DOS PASSOS SEGURO DPVAT MENSURAÇÃO DO SOFRIMENTO HUMANO Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, de de 2013. Curso de Direito Universidade Tuiuti do Paraná Orientador: Prof. Marcos Aurélio de Lima Júnior Universidade Tuiuti do Paraná Departamento de Direito Prof. Universidade Tuiuti do Paraná Departamento de Direito Prof. Universidade Tuiuti do Paraná Departamento de Direito

Agradeço a todos que, de forma direta ou indireta, auxiliaram na realização desta monografia.

Decido a minha mãe, que se privou de muito para me proporcionar esta oportunidade.

RESUMO Este trabalho apresenta o conceito e regras para indenização do Seguro DPVAT (Seguro Obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga). Surgiu da necessidade de expor de forma simples sua origem, alterações significativas e aplicabilidade. Foram feitas pesquisas doutrinárias, consultas aos sites oficiais de regulamentação do Seguro DPVAT, da SUSEP e aos Tribunais de Justiça Estaduais. A análise nos permitiu identificar diversos pontos controversos sobre o tema, em especial no que diz respeito ao cálculo da indenização dos processos de invalidez permanente (parcial ou completa), hoje baseado em tabela específica. Palavras-chave: Seguro DPVAT; Indenização do Seguro e Invalidez.

LISTA DE TABELAS TABELA 1 TABELA DE PERCENTUAL DE INDENIZAÇÃO VIGENTE PARA INVALIDEZ TOTAL... 25 TABELA 2 TABELA DE INVALIDEZ PERMANENTE TOTAL E PERMANENTE PARCIAL COMPLETA... 27 TABELA 3 TABELA DE CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL... 34

LISTA DE SIGLAS CNSP CPC DAMS DUT MG MS MT OAB PR REsp RN RS RSTJ Seguro DPVAT STJ SUS SUSEP TJMS TJPR TJRS TJSP Conselho Nacional de Seguros Privados Código de Processo Civil Despesas de Assistência Médica e Suplementares Documento Único de Transferência Estado de Minas Gerais Estado do Mato Grosso do Sul Estado do Mato Grosso Ordem dos Advogados do Brasil Estado do Paraná Recurso Especial Estado do Rio Grande do Norte Estado do Rio Grande do Sul Revista do Supremo Tribunal de Justiça Seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não Supremo Tribunal de Justiça Sistema Único de Saúde Superintendência dos Seguros Privados Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul Tribunal de Justiça do Paraná Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Tribunal de Justiça de São Paulo

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 9 Capítulo I - Aspectos históricos do Seguro Obrigatório... 10 Capítulo II - Seguro obrigatório no Brasil... 11 Capítulo III - Natureza jurídica e culpa no Seguro DPVAT... 12 Capítulo IV - Contrato de Seguro DPVAT... 14 1. O segurador e suas obrigações... 14 2. O segurado e suas obrigações... 16 Capitulo V - A indenização do seguro... 19 Capítulo VI - As coberturas do seguro DPVAT... 21 1. DAMS Despesas de assistência médica e suplementares... 21 2. Invalidez... 23 2.1 A nova disciplina da invalidez permanente... 23 2.2 Invalidez permanente antes da vigência da Medida Provisória nº 451/2008... 29 3 Morte... 30 Capitulo VII - Os beneficiários... 31 Capitulo VIII - Liquidação do seguro DPVAT... 32 1. Liquidação Judicial... 33 2. Liquidação administrativa... 34 Capitulo IX - Prazo Prescricional... 35 Capitulo X - Crítica a instituição da tabela de danos pessoais... 37 CONCLUSÃO... 39 REFERÊNCIAS... 42

9 INTRODUÇÃO O Seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre ou por sua Carga a Pessoas Transportadas ou Não) foi instituído pela Lei 6.194/74, para amparar as vítimas de acidentes com veículos em todo o território nacional. Deriva de um contrato de seguro, de cunho obrigatório, que nas palavras de Martins (2009, p. 23) não objetiva evitar o evento danoso, mais diminuir, ou até evitar, que toda a carga do prejuízo seja suportada pelo segurado. Ademais, independente de culpa, é uma responsabilidade que nasce dos que utilizam de veículos em vias públicas, resultando o pagamento do simples evento causador de danos pessoais a alguém, ou seja, todos os cidadãos sejam eles motoristas, passageiros e pedestres estão cobertos pelo Seguro DPVAT. Vale ainda ressaltar o cunho social deste seguro, que tem por objetivo contribuir com a manutenção da saúde pública e a política nacional de trânsito. A escolha do referido tema como Trabalho de Conclusão, baseou-se em oito anos de atuação como técnica em análise de sinistros em uma das 73 seguradoras consorciadas à Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT, atual gestora do Seguro DPVAT, que objetiva assegurar a população os benéficos do seguro de forma eficiente e transparente. Nesse cotidiano verifica-se que durante o processo de regulação, por diversas vezes, são ignoradas características pessoais do indivíduo principalmente no que diz respeito à cobertura de invalidez permanente.

10 Capítulo I - Aspectos históricos do Seguro Obrigatório O Seguro Obrigatório, como o nome já diz, é uma modalidade de seguro. Historicamente confunde-se com a história da humanidade, advém nas palavras de Celso Marcelo de Oliveira 1, de cameleiros cruzavam a imensidão do deserto para comercializar seus animais e pactuavam que a morte de cada camelo seria paga pelos demais membros do grupo como meio de minorar eventuais prejuízos. Mecanismo semelhante fora utilizados por hebreus e fenícios em relação às embarcações utilizadas na travessia dos mares. Nota-se que a idéia principal sempre está ligada à proteção, primeiramente o patrimônio e depois da pessoa humana. O seguro obrigatório surge da evolução do seguro, no momento em que o Estado (ente público) passa a ditar normas de natureza cogente, instituindo o seguro obrigatório de diversas formas: transporte marítimo, habitacional, transporte de pessoas em aeronaves, etc. O seguro obrigatório destinado à cobertura de danos oriundos de acidentes automobilísticos origina-se nos países europeus, passando a integrar o mundo jurídico através do contrato, mesmo de maneira impositiva, é o instrumento hábil para fazer valer o acordo ou convenção para a execução de algo sob determinadas condições. O Código Civil brasileiro, em seu artigo 727, descreve: Artigo 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante pagamento do premio, a garantir interesse legitimo do segurado, relativo à pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. Evidencia-se que o objeto contratual do seguro não é de evitar evento danoso, mais reduzir o prejuízo do segurado. O seguro obrigatório, por ser impositivo, classifica-se como necessário, reduzindo a liberdade contratual a um mínimo diante da imposição do poder público. Essa modalidade valora especialmente a solidariedade e o respeito pela integridade física e pela vida da pessoa, seja ele um motorista, um passageiro ou um pedestre. 1 OLIVEIRA, Celso Marcelo de. Contrato de Seguro: Interpretação doutrinaria e jurisprudencial. Campinas: LZN, 2002.p.3.

11 Capítulo II - O seguro obrigatório no Brasil. No Brasil, foi por meio do Decreto-Lei n 73, de 21/11/1966, que o Seguro Obrigatório ganhou força. Seu artigo 20 regulamentava: Artigo 20. Sem prejuízo ao disposto em leis especiais, são obrigatórios os seguros de: (...). b) responsabilidade civil dos proprietários de veículos automotores de vias terrestre, fluvial, lacustre e marítima, de aeronaves e dos transportadores em geral. Entretanto, foi com o Decreto 61867/67, que o seguro obrigatório para proprietários de veículos foi efetivamente aplicado, dizia ele: Artigo 5. As pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, proprietários de quaisquer veículos relacionados com os artigos 52 e 63 da Lei 5108/66, referente ao Código Nacional de Transito, ficam obrigados a segurá-los, quanto à responsabilidade civil decorrente de sua utilização. Seu artigo 6 previa que o seguro obrigatório cobriria também os danos provocados às pessoas através das cargas transportadas. O referido decreto, determinada valores compensadores dos danos materiais e pessoais decorridos do sinistro, além disso, determinava em seu artigo 28 que nenhum veículo poderia ser licenciado, a partir de 1 de janeiro de 1968, sem a comprovada efetivação do seguro. O Decreto 814, de 4/11/1969, institui grandes alterações no seguro obrigatório de veículos, a partir dali, não haveria mais cobertura para os danos materiais resultantes do acidente de transito, inicialmente amparadas pelo seguro. Acrescentava também, que bastaria a prova do dano para que se fizesse jus à indenização, sem questionamento quanto à culpa pelo evento. Em 1974, a Lei 6.194 revoga o decreto anterior, tornando-o um seguro de danos simplesmente pessoais. O valor da indenização fora fixado em quarenta vezes o salário mínimo em caso de morte, até este valor para invalidez permanente; e até oito vezes o salário mínimo para despesas de assistência medica e suplementares. Tal mudança do valor justificava-se diante da inflação vivida no país. O Seguro Obrigatório tornou-se então um seguro especial que visa amenizar os prejuízos causados as pessoas, transportados ou não, por veículos em

12 circulação, sendo denominado Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causadores por Veículos Automotores de Via Terrestre, vulgo DPVAT. Em 2006 a Medida Provisória n 340, posteriormente transformada na Lei n 11.482/2007, ampliou o prazo para pagamento das indenizações para 30 dias e alterou seus valores e a ordem dos beneficiários da cobertura por morte. Seguindo as mudanças em 2008 o Executivo editou a Medida Provisória 451, convertida na Lei n 11.945/09, que introduz a tabela que fraciona o corpo humano estabelecendo valores percentuais respectivos. Valores estes utilizados como base para cálculo das indenizações de invalidez permanente. Capítulo III - Natureza jurídica e culpa no Seguro DPVAT Inicialmente, o seguro de responsabilidade civil de veículos automotores de vias terrestres, através do Decreto-Lei 814/69, atribui-se natureza de responsabilidade civil. Nas palavras de Savatier, a responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de outras pessoas ou coisas que dela dependam 2. Porém no transcorrer do tempo, e pelo fato deste seguro ignorar o agente responsável pelo acidente, descaracterizando sua natureza inicial e passando a considerá-lo um seguro de danos, que logo fora substituído pela natureza de dano eminentemente pessoal (Lei 6194/74), mudança esta que originou o nome atual Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre DPVAT. Diferentemente dos ilícitos civis e penais, o Seguro DPVAT adota a teoria da responsabilidade objetiva (teoria do risco) como paradigma, não observando a culpa como elemento principal. Silvo Rodrigues define responsabilidade objetiva como: (...) a atitude culposa ou dolosa do agente causador de dano é de menor relevância, pois, desde que exista relação de causalidade entre o dano 2 SAVATIER. Apud Rodrigues, Silvio. Direito Civil: responsabilidade civil. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998. 4 vol.p.6.

experimentado pela vitima e o ato do agente, surge o dever de indenizar, quer tenha este ultimo agido ou não culposamente. 3 13 Esta postura foi adotada a partir da resolução 37/68 do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e defesa pela Lei n 6.194074, que diz: Art. 5º O pagamento da indenização será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer franquia de responsabilidade do segurado. Acrescenta-se: Art. 6º No caso de ocorrência do sinistro do qual participem dois ou mais veículos, a indenização será paga pela Sociedade Seguradora do respectivo veículo em que cada pessoa vitimada era transportada. 1º Resultando do acidente vítimas não transportadas, as indenizações a elas correspondentes serão pagas, em partes iguais, pelas Sociedades Seguradoras dos veículos envolvidos. 2º Havendo veículos não identificados e identificados, a indenização será paga pelas Sociedades Seguradoras destes últimos. Ademais, a jurisprudência já é pacífica quanto ao tema: No seguro obrigatório em acidentes de veículos adotou-se a teoria da responsabilidade objetiva, independendo da aferição de culpa a obrigação de indenizar, mesmo que o motorista do veículo acidentado seja proposto de seu proprietário (RT 512/281). No seguro obrigatório há a obrigação do pagamento sem a necessidade de prova de culpa do motorista do veículo segurado (RT 516/106). 3 RORIGUES, Silvio. Op. Cit. P.11.

14 Adotada esta postura, o Seguro Obrigatório assume definitivamente a natureza de seguro de danos pessoais,concedendo direito a vitima, proprietário ou motorista, causador do evento ou não,o pagamento de indenização. Quese justifica através da existência do evento causador de danos pessoais a alguém. Capítulo IV - O contrato de Seguro DPVAT O contrato de Seguro Obrigatório é caracterizado como necessário, diante da imposição da autoridade pública a todos aqueles que possuem veiculo automotor. Como os demais contratos de seguro, possui as seguintes características: I) Bilateralidade: prestações recíprocas (sinalagma). II) Onerosidade: ambos os contratantes têm direitos e deveres. Venosa, define: a onerosidade identifica-se primordialmente pela contraprestação que segue a prestação, pela vantagem que decorre do sacrifício de um contratante. 4 III) Aleatoriedade: o segurador assume o risco sem corresponsabilidade entre as prestações recíprocas (acontecimento futuro e incerto o dano). 1. O segurador e suas obrigações Denomina-se segurador aquele que tem sobre si o risco mediante recebimento do prêmio. No Brasil, apenas empresa seguradora está autorizada a explorar o ramo de seguros privados. O código civil dispõe a esse respeito: 4 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos / Silvio de Salvo Venosa, - 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo à pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada. 15 No que diz respeito ao Seguro DPVAT, só podem atuar nessa modalidade as seguradoras que integrarem ao Consorcio DPVAT, hoje representado pela Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT. Trata-se de uma companhia de capital nacional, criada em cumprimento a exigência da Resolução 154/2006 da CNSP, visando um novo modelo de gestão alinhado com os mais modernos mecanismos de governança corporativa e as mais modernas técnicas administrativas adotadas pelo mercado segurador contribuindo para que o Seguro DPVAT seja visto como um benefício social importante de proteção da sociedade brasileira 5. Uma vez atendidas às exigências da Resolução 154/2006 CNSP, a seguradora obterá licença emitida pela Superintendência de Seguros Privados SUSEP, autorizando-a atuar no ramo do seguro DPVAT. A partir desse momento, a seguradora consorciada que for acionada pelo segurado, tem por obrigação o pagamento da indenização devida em razão de acidente de trânsito, conforme dispõe o artigo 5, 7 da Resolução CNSP 154/2006: Art. 5 (...) 7 Os pagamentos de indenizações serão realizados pelos Consórcios, representados por seus respectivos líderes. Vale ressaltar o que dispõe o artigo 765 do Código Civil que disciplina uma das mais importantes obrigações contratuais: 5 Endereço eletrônico: http://www.seguradoralider.com.br/sitepages/a-empresa-quem-somos.aspx.

Art. 765. O segurado e o segurador são obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes. 16 Nas palavras de Monteiro, nesta espécie de contato sobreleva a importância desse elemento, porque, em regra, ele se funda precipuamente nas mútuas afirmações das próprias partes contratantes 6. 2. O segurado e suas obrigações Considera-se segurado todo indivíduo que for proprietário de veiculo automotor de via terrestre, o qual for sujeito a registro e licenciamento, conforme resolução CNSP 154/2006: Art. 1º Nos termos da Lei no 6.194, de 19 de dezembro de 1974, estão obrigados a contratar o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre Seguro DPVAT, os proprietários de veículos sujeitos a registro e licenciamento, na forma estabelecida no Código Nacional de Trânsito. Em seu artigo 4, a resolução elenca os veículos automotores cobertos pelo Seguro DPVAT. São eles: Art. 4º O seguro DPVAT cobre as seguintes categorias de veículos automotores: I - Categoria 1 - automóveis particulares; II - Categoria 2 - táxis e carros de aluguel; III - Categoria 3 - ônibus, microônibus e lotação com cobrança de frete (urbanos, interurbanos, rurais e interestaduais); 6 MONTEIRO, Washington de Barros. Op.cit.p.342.

IV - Categoria 4 - microônibus com cobrança de frete, mas com lotação não superior a 10 passageiros e ônibus, microônibus e lotações sem cobrança de frete (urbanos, interurbanos, rurais e interestaduais); V - Categoria 9 - motocicletas, motonetas, ciclomotores e similares; e VI - Categoria 10 - máquinas de terraplanagem e equipamentos móveis em geral, quando licenciados, camionetas tipo "pick-up" de até 1.500 kg de carga, caminhões e outros veículos. Parágrafo único. A Categoria 10 inclui, também: I - veículos que utilizem "chapas de experiência" e "chapas de fabricante", para trafegar em vias públicas, dispensando-se, nos respectivos bilhetes de seguro, o preenchimento de características de identificação dos veículos, salvo a espécie e o número de chapa; II - tratores de pneus, com reboques acoplados a sua traseira destinados especificamente a conduzir passageiros a passeio, mediante cobrança de passagem, considerando-se cada unidade da composição como um veículo distinto, para fins de tarifação; III - veículos enviados por fabricantes a concessionários e distribuidores, que trafegam por suas próprias rodas, para diversos pontos do País, nas chamadas "viagens de entrega", desde que regularmente licenciados, terão cobertura por meio de bilhete único emitido exclusivamente a favor de fabricantes e concessionários, cuja cobertura vigerá por um ano; IV - caminhões ou veículos "pick-up" adaptados ou não, com banco sobre a carroceria para o transporte de operários, lavradores ou trabalhadores rurais aos locais de trabalho; e V - reboques e semi-reboques destinados ao transporte de passageiros e de carga. 17 Por consequência, todo proprietário de veiculo automotor, dentre as categorias descritas, tem por obrigação o pagamento do seguro obrigatório. Entende-se por proprietário, aquele que tem a titularidade no Certificado de Registro e Licenciamento (artigo 120 e seguintes do Código Nacional de Transito). Cumprido esse encargo, o bilhete será emitido (em papel moeda) com o Certificado de Registro e Licenciamento anual para veículos sujeitos ao IPVA. Para veículos isentos de IPVA a contratação se dá juntamente com o emplacamento ou no licenciamento anual (artigo 28, 2, da Resolução CNSP 154/2006). Já os veículos 0 km (primeira contratação) pagam apenas proporcionalmente. A partir dessa quitação inicia-se a vigência do Seguro DPVAT, que se estende por um ano.

18 Caso não seja adimplido, o veículo fica proibido de circular, sob pena das sanções expressas pelo Conselho Nacional de Trânsito. O segurado tem por obrigação comunicar a seguradora toda mudança substancial quanto o emplacamento e/ou utilização do veiculo. Deverá agir com veracidade, boa fé e abster-se de tudo que possa aumentar o risco, ou seja,contrário aos termos do estipulado, sob pena de perder o direito do seguro 7. Comportamento este, rechaçado legalmente no artigo 768 do Código Civil, que diz: Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco objeto do contrato. Deve ainda comunicar a seguradora toda e qualquer conduta que aumente os riscos, pois sua omissão pode desobrigar a seguradora ao pagamento da indenização, além disso, deverá comunicar a ocorrência de sinistro. O Código Civil a esse respeito expressa: Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para minorar-lhe as conseqüências. Já em relação a terceiros vitimados a seguradora não pode eximir-se de responsabilidade, preceito este presente no artigo 788 do Código Civil pátrio, com as seguintes palavras: Art. 788. Nos seguros de responsabilidade legalmente obrigatórios, a indenização por sinistro será paga pelo segurador diretamente ao terceiro prejudicado. Parágrafo único. Demandado em ação direta pela vítima do dano, o segurador não poderá opor a exceção de contrato não cumprido pelo segurado, sem promover a citação deste para integrar o contraditório. 7 VALLER, Wladimir.Op.cit.p.246.

Todavia, liquidada a indenização a terceiro, a seguradora pode reaver o valor através do direito de regresso face ao segurado que descumpriu a regra contratual. 19 Capítulo V - A indenização do seguro O Seguro DPVAT tem como propósito principal a indenização de danos pessoais ocasionados por acidentes automobilísticos. De acordo com disposto na Resolução CNSP 154/2006 não se abarca: Art. 3º A cobertura do seguro não abrange: I - danos pessoais resultantes de radiações ionizantes ou de contaminações por radioatividade de qualquer combustível nuclear ou de qualquer resíduo de combustão de matéria nuclear; II - multas e fianças impostas ao condutor ou proprietário do veículo e as despesas de qualquer natureza decorrentes de ações ou processos criminais; e III - acidentes ocorridos fora do Território Nacional. A indenização objetiva a redução dos prejuízos suportados pela vítima, ou melhor, indenizar significa ressarcir o prejuízo, ou seja, tornar indene a vitima, cobrindo todo o dano por ela experimentado 8. A regulamentação sobre o quantum indenizatório tardou mais de 30 anos por mudanças significativas, até a promulgação das Medidas Provisórias n 340/2006 (Lei n 11.482/2007) e n 451/2008 (Lei n 11.495/2009), que define os danos e valores indenizáveis. São eles: Art. 3º Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2º desta Lei compreendem as indenizações por morte, invalidez permanente e despesas de assistência médica e suplementares, nos valores que se seguem, por pessoa vitimada: a) (revogada); 8 RODRIGUES, Silvio. Op.cit.p.185.

20 b) (revogada); c) (revogada). I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de morte; II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente; e III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas. Salienta-se que as indenizações serão cabíveis para os processos de morte, invalidez e despesas médicas e suplementares (DAMS), quando o dano envolver a participação ativa de veiculo automotor ou sua carga. A grande transformação se deu, quanto ao cálculo das indenizações.mudança essa que reduziu o importe pago pela seguradora por sinistro. Numericamente notamos claramente a mudança. Veja: Regulação anterior: Cobertura Morte: 40 salários mínimos = R$ 18.600,00 Cobertura Invalidez: até 40 salários mínimos = até R$ 18.600,00 Cobertura DAMS: até 08 salários mínimos = R$ 3.720,00 Regulação atual: Cobertura Morte: R$ 13.500,00 Cobertura Invalidez: até R$ 13.500,00 Cobertura DAMS: até R$ 2.700,00 Pode-se visualizar que esta mesma perda ocorre nas demais coberturas do Seguro DPVAT. Tal comportamento justifica-se pela edição da Medida Provisória n 340/2006, que optou por incorporar a resolução CNSP 151/2006 que despreza a utilização do salário mínimo como parâmetro quantificador de indenização, previsto pela Lei n 6174/74.

21 Capítulo VI - As coberturas do seguro DPVAT As coberturas previstas legalmente são: DAMS Despesas de assistência médica e suplementares; Invalidez Permanente (total ou parcial); Morte. 1. DAMS Despesas de assistência médica e suplementares O DAMS (Despesas de assistência medica e suplementares) é a cobertura do seguro DPVAT destinada ao reembolso das despesas médico-hospitalares. São reembolsadas quando devidamente comprovadas as despesas com consultas, exames, medicamentos, pós-operatórios, fisioterapias (...) pagas em caráter particular. O valor restituído pode alcançar R$ 2.700,00, por vítima. Aplicam-se os limites definidos nas tabelas autorizadas pela Superintendência de Seguros Privados - SUSEP. A esse respeito o artigo 3 da Lei 6.194/74 prevê: Art. 3 o Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2 o desta Lei compreendem as indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares, nos valores e conforme as regras que se seguem, por pessoa vitimada: (Redação dada pela Lei nº 11.945, de 2009). (Produção de efeitos). a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.482, de 2007) b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.482, de 2007) c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.482, de 2007) I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de morte; (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007)

22 II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente; e (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007) III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas. (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007) 1 o - (...) I (...) II (...) 2 o Assegura-se à vítima o reembolso, no valor de até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais), previsto no inciso III do caput deste artigo, de despesas médico-hospitalares, desde que devidamente comprovadas, efetuadas pela rede credenciada junto ao Sistema Único de Saúde, quando em caráter privado, vedada a cessão de direitos. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). (Produção de efeitos). 3 o As despesas de que trata o 2 o deste artigo em nenhuma hipótese poderão ser reembolsadas quando o atendimento for realizado pelo SUS, sob pena de descredenciamento do estabelecimento de saúde do SUS, sem prejuízo das demais penalidades previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 11.945, de 2009). (Produção de efeitos). Todas as despesas pleiteadas deverão ser devidamente comprovadas através de recibos, notas fiscais, cupons de farmácia, acompanhados das prescrições medicas (receitas). Vale ainda ressaltar que sempre deverá existir nexo causal entre o pleito e o acidente de trânsito. Eis alguns julgados sobre o tema: SEGURO DE VEICULO. COBRANÇA. DPVAT 1. Comprovados o acidente automobilístico através do Boletim de Ocorrência, bem como os gastos médicos decorrentes do mesmo, dever ser ressarcido o valor da Despesa de Assistência Médica e Suplementares (DAMS), descontado o valo já pago 2. Na fixação da verba honoraria deverá o juiz garantir condigna e justa remuneração do advogado da parte vencedora. Recurso da ré parcialmente provido. Provido o apelo da autora Relator(a): Felipe Ferreira Julgamento 30/03/2011 Órgão Julgador: 26ª Câmara de Direito Privado Publicação: 04/04/2011 TJSP. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. DESPESAS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA E SUPLEMENTARES (DAMS). ACIDENTE DE TRÂNSITO COL LESÕES CORPORAIS. APLICAÇÃO DA LEI 11.482/07. COMPROVAÇÃO DAS DESPESAS. DIREITO AO RECEBIMENTO DA INDENIZAÇÃO O valor devido corresponde a gastos efetuados e devidamente comprovados com as despesas médico-hospitalares, não ultrapassado o valor estipulado em lei. Aplicação aos sinistros que ocorreram após 29 de dezembro de 2006. Sentença mantida por seus

23 próprios fundamentos. Recurso improvido. (Recurso Cível n 71001897289, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Ricardo Torres Hermann, Julgado em 19/03/2009) TJRS. SEGURO DE VEÍCULO DPVAT COBRANÇA DE DESPESAS DE ATENDIMENTO MÉDICO HOSPITALAR (DAMS) NÃO COMPROVAÇÃO DO NEXO CAUSAL - RECURSO PROVIDO Para o recebimento da indenização por despesas de assistência médica e suplementares (art. 3, da Lei 6.194/74), necessária a comprovação do nexo causal entre as despesas e o acidente de transito Relator (a): Mendes Gomes Julgamento: 21/02/2011 Órgão Julgador: 35ª Câmara de Direito Privado Publicação 01/03/2011 TJSP. Os julgados evidenciam a aplicabilidade da regra estipulada legalmente, ou seja, a necessidade de comprovação do nexo causal entre o acidente e os gastos pleiteados. 2. Invalidez Nas palavras de Marcelo de Oliveira Amorin: Entende-se por INVALIDEZ PERMANENTE TOTAL OU PARCIAL a perda ou redução, em caráter definitivo, das funções de um membro ou órgão, em decorrência de acidente provocado por veiculo automotor. A impossibilidade de reabilitação deve ser atestada em laudo pericial. 9 2.1 A nova disciplina da invalidez permanente A Medida Provisória n 451/2008 alterou o caput do artigo 3 da Lei n 6.194/74 principalmente para regular os casos de invalidez permanente. Agora a própria norma determina a tabela a ser utilizada. O texto vigente diz: 9 AMORIN, Marcelo de Oliveira. Op.cit.p.30.

24 Art. 3 o Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2 o desta Lei compreendem as indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares, nos valores e conforme as regras que se seguem, por pessoa vitimada: a) (revogada); b) (revogada); c) (revogada); I (...) II até 13.500,00 no caso de invalidez permanente; e III (...) 1 o No caso da cobertura de que trata o inciso II do caput, deverão ser enquadradas na tabela anexa a esta Lei as lesões diretamente decorrentes de acidente e que não sejam suscetíveis de amenização proporcionada por qualquer medida terapêutica, classificando-se a invalidez permanente como total ou parcial, subdividindo-se a invalidez permanente parcial em completa e incompleta, conforme a extensão das perdas anatômicas ou funcionais, observado o disposto abaixo: I - quando se tratar de invalidez permanente parcial completa, a perda anatômica ou funcional será diretamente enquadrada em um dos segmentos orgânicos ou corporais previstos na tabela anexa, correspondendo a indenização ao valor resultante da aplicação do percentual ali estabelecido ao valor máximo da cobertura; e II - quando se tratar de invalidez permanente parcial incompleta será efetuado o enquadramento da perda anatômica ou funcional na forma prevista no inciso anterior, procedendo-se, em seguida, à redução proporcional da indenização que corresponderá a setenta e cinco por cento para as perdas de repercussão intensa, cinquenta por cento para as de média repercussão, vinte e cinco por cento para as de leve repercussão, adotando-se ainda o percentual de dez por cento, nos casos de sequelas residuais. A tabela mencionada no dispositivo, esta assim desenhada: TABELA 1 - TABELA DE PERCENTUAL DE INDENIZAÇÃO VIGENTE PARA INVALIDEZ TOTAL

25 (art. 3 o da Lei 6.194, de 19 de dezembro de 1974) (Acrescido pela Lei n 11.945 de 05/06/2009) Danos Corporais Totais Repercussão na Íntegra do Patrimônio Físico Percentual da Perda Perda anatômica e/ou funcional completa de ambos os membros superiores ou inferiores Perda anatômica e/ou funcional completa de ambas as mãos ou de ambos os pés Perda anatômica e/ou funcional completa de um membro superior e de um membro inferior Perda completa da visão em ambos os olhos (cegueira bilateral) ou cegueira legal bilateral Lesões neurológicas que cursem com: (a) dano cognitivo-comportamental alienante; (b) impedimento do senso de orientação espacial e/ou do livre deslocamento corporal; (c) perda completa do controle esfincteriano; (d) comprometimento de função vital ou autonômica Lesões de órgãos e estruturas crânio-faciais, cervicais, torácicos, abdominais, pélvicos ou retro-peritoneais cursando com prejuízos funcionais não compensáveis, de ordem autonômica, respiratória, cardiovascular, digestiva, excretora ou de qualquer outra espécie, desde que haja comprometimento de função vital Danos Corporais Segmentares (Parciais) Repercussões em Partes de Membros Superiores e Inferiores Perda anatômica e/ou funcional completa de um dos membros superiores e/ou de uma das mãos Perda anatômica e/ou funcional completa de um dos membros inferiores 100 Percentuais das Perdas 70 Perda anatômica e/ou funcional completa de um dos pés 50 Perda completa da mobilidade de um dos ombros, cotovelos, punhos ou dedo polegar Perda completa da mobilidade de um quadril, joelho ou tornozelo Perda anatômica e/ou funcional completa de qualquer um dentre os outros dedos da mão Perda anatômica e/ou funcional completa de qualquer um dos dedos do pé 25 10

26 Danos Corporais Segmentares (Parciais) Outras Repercussões em Órgãos e Estruturas Corporais Perda auditiva total bilateral (surdez completa) ou da fonação (mudez completa) ou da visão de um olho Perda completa da mobilidade de um segmento da coluna vertebral exceto o sacral Percentuais das Perdas 50 25 Perda integral (retirada cirúrgica) do baço 10 Pode-se observar que o legislador optou por segmentar o corpo humano e atribuir percentuais as lesões. A adequação do dano ao grau de invalidez define o valor da cobertura. Para devida indenização, as lesões não podem ser temporárias, ou seja, passiveis de recuperação mediante tratamento, pois essa amenização seria interpretada como reestabelecimento do trauma sofrido, isentando o Seguro DPVAT da obrigação de indenizar. Essa analise devera ser procedida com total cautela, para não tornar o pleito inexequível. Os casos de invalidez podem ser classificados da seguinte forma: a) Invalidez permanente total: quando as lesões são tão graves que afeta integralmente o patrimônio físico da vitima; b) Invalidez permanente parcial completa: quando as lesões são graves mais não o suficiente para integrar a primeira hipótese; c) Invalidez permanente parcial incompleta: repercutem com menor força sobre a integridade da vitima. Podemos então descrever a tabelada seguinte forma: TABELA 2 TABELA DE INVALIDEZ PERMANENTE TOTAL E PERMANENTE PARCIAL COMPLETA

27 (art. 3 o da Lei 6.194, de 19 de dezembro de 1974) (Acrescido pela Lei n 11.945 de 05/06/2009) Invalidez permanente total Perda anatômica e/ou funcional completa de ambos os membros superiores ou inferiores Perda anatômica e/ou funcional completa de ambas as mãos ou de ambos os pés Perda anatômica e/ou funcional completa de um membro superior e de um membro inferior Perda completa da visão em ambos os olhos (cegueira bilateral) ou cegueira legal bilateral Lesões neurológicas que cursem com: (a) dano cognitivo-comportamental alienante; (b) impedimento do senso de orientação espacial e/ou do livre deslocamento corporal; (c) perda completa do controle esfincteriano; (d) comprometimento de função vital ou autonômica Lesões de órgãos e estruturas crânio-faciais, cervicais, torácicos, abdominais, pélvicos ou retro-peritoneais cursando com prejuízos funcionais não compensáveis, de ordem autonômica, respiratória, cardiovascular, digestiva, excretora ou de qualquer outra espécie, desde que haja comprometimento de função vital Invalidez permanente parcial completa Percentual da Perda R$ 13.500,00 R$ 13.500,00 Percentuais das Perdas Perda anatômica e/ou funcional completa de um dos membros superiores e/ou de uma das mãos R$ 9.450,00 Perda anatômica e/ou funcional completa de um dos membros inferiores Perda auditiva total bilateral (surdez completa) ou da fonação (mudez completa) ou da visão de um olho R$ 6.750,00 Perda anatômica e/ou funcional completa de um dos pés Perda completa da mobilidade de um dos ombros, cotovelos, punhos ou dedo polegar Perda completa da mobilidade de um quadril, joelho ou tornozelo Perda completa da mobilidade de um segmento da coluna vertebral exceto o sacral Invalidez permanente parcial completa Perda anatômica e/ou funcional completa de qualquer um dentre os outros dedos da mão Perda anatômica e/ou funcional completa de qualquer um dos dedos do pé Perda integral (retirada cirúrgica) do baço R$ 3.375,00 Percentuais das Perdas R$ 1.350,00 A invalidez parcial incompleta devera ser caracterizada através do laudo do Instituto Medico Legal, conforme previsto legalmente no artigo 5, paragrafo 5 da Lei 6.194/74:

28 Artigo 5 - (...) 5 o O Instituto Médico Legal da jurisdição do acidente ou da residência da vítima deverá fornecer, no prazo de até 90 (noventa) dias, laudo à vítima com a verificação da existência e quantificação das lesões permanentes, totais ou parciais. O laudo é o documento que definirá a invalidez permanente (total ou parcial) e sua intensidade, que contribuirá o quantum a ser indenizado. Ainda nesse respeito, vale esclarecer que as indenizações de invalidez e morte não são cumuláveis, a seguradora deduzirá o pagamento da segunda do valor já indenizado na invalidez (Resolução CNSP 154/2006). 2.2 Invalidez permanente antes da vigência da Medida Provisória n 451/2008. Anteriormente à edição da MP 451/2008, os valores das indenizações de invalidez eram definidos por tabelas distintas, aproveitadas de outros seguros. Os tribunais estaduais afastam este uso mais divergem no quantum indenizatório. Vejamos: DPVAT. Invalidez permanente. Experimentando a vitima do acidente automobilístico, lesão de natureza levíssima, em grau mínimo, faz jus a indenização proporcional e não ao total da importância segurada. Recurso improvido (Apelação Cível n 2006.001.09341, 10ª Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Relator: Des. CherubinHelcias Schwartz. Julgamento em 11/04/2006). Seguro obrigatório de veiculo. DPVAT. Invalidez permanente (...). De acordo com a redação do artigo 5 da Lei 6.194/74, dada pela Lei n 8.441/92, o pagamento da indenização está condicionado apenas à prova do acidente e do dano decorrente. Igualmente, comprovada a invalidez permanente, o valor de indenização deve corresponder a até 40 vezes o salário mínimo vigente, porquanto a alínea b do artigo 3 da Lei n 6.194/74 não faz diferença quanto ao grau de invalidez (Apelação n 70012668281. 5 Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Relator: Des. Leo Lima. Julgamento em 19/10/2005).

29 Diante a diversificação de entendimentos, o laudo do IML (órgão idôneo para quantificar e qualificar as lesões sofridas por vitima de acidente de transito) seria o paradigma para definição do valor a ser indenizado. Nas palavras de Arnaldo Rizzardo, variará o índice de percentagem segundo o grau de invalidez, ou incapacidade permanente. Sendo tal (...) ou inutilizando membros ou órgãos diversificados (...), o valor será integral 10, Estas regras são aplicáveis para acidentes anteriores a 16 de dezembro de 2008. A esse respeito são fundamentais as palavras do Desembargador Gelson Rolim Stocker, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: Deste modo, nos sinistros cobertos pelo seguro DPVAT verificamos anteriormente a edição da MP n 451, publicada em 16 de dezembro e retificada em 22 de dezembro de 2008, mantendo meu posicionamento já adotado de considerar ilegais e inaplicáveis a espécie as Resoluções, Portarias e Circulares baixadas pelo CNSP que contrariem o texto de lei, devendo o quantum indenizatório, em caso de invalidez permanente, considerar o valor máximo estabelecido no artigo 3, II da Lei n 6.194, de 19 de dezembro de 1.974, não havendo distinção entre os diferentes graus de invalidez. Por outro lado, nos acidentes automobilísticos ocorridos após a edição da Medida Provisória antes referida, para a liquidação do sinistro, em casos de invalidez permanente, total ou parcial, aplicar-se-á a regra do artigo 3, com a sua nova redação, inclusive nos percentuais sobre o valor máximo da indenização em vigor, conforme o local, o tipo e a gravidade da perda ou redução de funcionalidade contidos na tabela anexa à lei. (Apelação Cível n 70028914789, 5 Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Relator: Des. Gelson Rolim Stocker, Julgado em 03/06/2009). Em suma, confirma a inaplicabilidade da tabela de danos pessoais aos sinistros anteriores a Medida Provisória n 451/2008. 3 Morte 10 RIZZARDO, Arnaldo. A reparação nos acidentes de transito. 8ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 1998 p. 210.

30 As indenizações decorrentes de morte são destinadas aos beneficiários das vitimas (motorista, passageiro e pedestre) fatais de atropelamento, colisões e outros tipos de acidentes, envolvendo veículos automotores de via terrestre ou cargas por eles transportadas. Atualmente o valor indenizado é de R$ 13.500,00 por vitima. Para os sinistros ocorridos em datas anteriores à publicação da MP n 340, de 29/12/2006, já convertida na Lei n 11.482, de 31 de maio de 2007,os beneficiários serão aqueles indicados no artigo 4º - 1º e 2º da Lei nº 6.194/1974, alterada pela Lei nº 8.441/92, de 13/07/1992. São eles: Art. 4 o A indenização no caso de morte será paga de acordo com o disposto no art. 792 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. 1 o Para fins deste artigo, a companheira será equiparada à esposa, nos casos admitidos pela lei previdenciária; o companheiro será equiparado ao esposo quando tiver com a vítima convivência marital atual por mais de cinco anos, ou, convivendo com ela, do convívio tiver filhos. 2 o Deixando a vítima beneficiários incapazes, ou sendo ou resultando ela incapaz, a indenização do seguro será liberada em nome de quem detiver o encargo de sua guarda, sustento ou despesas, conforme dispuser alvará judicial. Para recebimento da indenização, além dos documentos comuns entre as naturezas, faz-se necessária apresentação da certidão de óbito da vitima com a descrição da causa morte como acidente de transito ou similar. Caso esta informação não esteja clara suficientemente, deverá ser apresentado laudo de necropsia emitido pelo IML. Capítulo VII - Os beneficiários Denomina-se beneficiário o titular da indenização. Atribui-se essa condição a vítima de acidente de trânsito envolvendo veículo automotor, ou no caso de morte, o indivíduo que a lei classifica como tal. A Medida Provisória n 340/2006 (Lei n 11.482/2007) inclui, alterou forma e a ordem dos beneficiários. Tal transformação estabeleceu aplicabilidade do Código Civil pátrio que regulamenta em seu artigo 792:

31 Art. 792. Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo não prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem da vocação hereditária. Parágrafo único. Na falta das pessoas indicadas neste artigo, serão beneficiários os que provarem que a morte do segurado os privou dos meios necessários à subsistência. Em suma, nos casos de invalidez permanente e reembolso de despesas de assistência médica e suplementares o beneficiário é a própria vítima. Em caso de morte, os beneficiários serão definidos após analise do estado civil da vítima e da existência ou não de cônjuge, companheira, descendentes, ascendentes, colaterais, ou ainda indivíduo que comprove expressamente dependência econômica através de alvará judicial. A análise baseia-se no boletim de ocorrência, certidão de óbito e declaração de únicos herdeiros. Capítulo VIII - Liquidação do seguro DPVAT A liquidação do seguro DPVAT é o efetivo pagamento da indenização por parte da seguradora ao beneficiário, consequente do dano resultado de acidente automobilístico. A liquidação pode ser pleiteada de duas formas, judicial ou extrajudicialmente. Dá-se a preferência ao pleito administrativo diante da agilidade do pagamento definido legalmente em 30 dias, habitualmente desrespeitado pelas seguradoras. Além disso, é direito do beneficiário exigir a indenização judicialmente, antes mesmo de tentar administrativamente. A jurisprudência é pacífica a esse respeito: AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO DE DANOS PESSOAIS CAUSADOS POR VEÍCULOS AUTOMOTORES EM VIA TERRESTRE DPVAT PEDIDO ADMINISTRATIVO DESNECESSIDADE. Desnecessário o prévio esgotamento da via administrativa para o ajuizamento da Ação de Cobrança, que tem por objetivo o recebimento do DPVAT, conforme remansosa jurisprudência Agravo provido Relator (a): Irineu Pedrotti Julgamento: 08/03/2010 Órgão Julgador: 34ª Câmara de Direito Privado Publicação: 24/03/2010 TJSP. APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE COBRANÇA DPVAT PRESCRIÇÃO NÃO OCORRÊNCIA INCAPAZ PEDIDO ADMINISTRATIVO COMUNICAÇÃO DO SINISTRO DESNECESSIDADE MORTE VINCULAÇÃO AO SALÁRIO MÍNIMO POSSIBILIDADE FATOR DE

32 CORREÇÃO SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE À ÉPOCA DA OBRIGAÇÃO Nos termos do artigo 198, I c/c artigo 3, I do Código Civil, a prescrição não corre contra menor absolutamente incapaz Para o recebimento da indenização concernente ao seguro obrigatório DPVAT é desnecessário o prévio esgotamento da via administrativa como condição para ingressar em juízo, nos termos do disposto no artigo 5, XXXV da CF/88 É legitima a fixação do valor devido em razão do seguro DPVAT com base no salario mínimo, nos termos da Lei 6.194/74, por não traduzir um fator de correção, mas de simples fixação do valor da indenização Interpretando o artigo 5 da Lei 6.194/74, adequando-o às normas que vedam o uso do salario como indexador, é força convir que otermo data da liquidação do sinistro deve ser lido como a data em que a liquidação tornou-se devida - - Destarte o valor do salario mínimo deverá ser o da época em que a seguradora deveria efetivar o adimplemento da indenização, devidamente atualizado, a partir de então, pelos índices da Tabela da Corregedoria Geral de Justiça Relator (a): IRMAR FERREIRA CAMPOS Julgamento: 17/09/2009 Publicação: 06/10/2009 TJMG. 1 Liquidação Judicial O beneficiário pode fazer o pedido da indenização através de demanda judicial. O Código de Processo Civil em seu artigo 275, inciso II, alínea e prevê uma rápida solução para estas ações, face o cunho social do seguro DPVAT. Dessa forma, ação de cobrança no rito sumário é o caminho legal para cobrança do processo de invalidez e ressarcimento de DAMS. Já a indenização de morte, será pleiteada por ação de execução,visto a desnecessidade de provas ou juízo de cognição como nas anteriores. Portanto, nas palavras de Humberto Theodoro Junior: Quando o seguro referir-se a danos pessoais, de que resulte morte, ou incapacidade, o segurado poderá usar a execução forçada nos termos do artigo 585, inciso III do Código do Processo Civil. Não há lugar portando para o procedimento sumário. 11 Outra opção, mesmo que controversa, é o pleito da indenização através do Juizado Especial Cível, onde o texto da lei se diz admissível e aplicável, mais as seguradoras intentam negar essa competência. 11 THEODORO JUNIOR. Humberto. Curso de direito processual civil. 28ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. 1 vol. p. 341.

33 2 Liquidação administrativa A liquidação administrativa realizar-se-á pelos ditames da Lei n 6.194/74, em seu artigo 5 : Art. 5º O pagamento da indenização será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer franquia de responsabilidade do segurado. 1 o A indenização referida neste artigo será paga com base no valor vigente na época da ocorrência do sinistro, em cheque nominal aos beneficiários, descontável no dia e na praça da sucursal que fizer a liqüidação, no prazo de 30 (trinta) dias da entrega dos seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.482, de 2007) a) certidão de óbito, registro da ocorrência no órgão policial competente e a prova de qualidade de beneficários no caso de morte; (Redação dada pela Lei nº 8.441, de 1992) b) Prova das despesas efetuadas pela vítima com o seu atendimento por hospital, ambulatório ou médico assistente e registro da ocorrência no órgão policial competente - no caso de danos pessoais. Os documentos mencionados legalmente devem ser entregues diretamente a uma das seguradoras consorciadas, que deverá emitir um recibo (aviso de sinistro). Uma vez protocolados, a seguradora tem o prazo de 30 dias para liquidação e indenização das vítimas/beneficiárias. Documentos complementares poderão ser solicitados quando não for claro o nexo causal entre o acidente e o dano pessoal do reclamado. Tal situação está prevista na própria lei: Art. 5º (...) 3 o Não se concluindo na certidão de óbito o nexo de causa e efeito entre a morte e o acidente, será acrescentada a certidão de auto de necropsia, fornecida diretamente pelo instituto médico legal, independentemente de requisição ou autorização da autoridade policial ou da jurisdição do acidente. 4 o Havendo dúvida quanto ao nexo de causa e efeito entre o acidente e as lesões, em caso de despesas médicas suplementares e invalidez permanente, poderá ser acrescentado ao boletim de atendimento hospitalar relatório de internamento ou tratamento, se houver, fornecido pela rede hospitalar e previdenciária, mediante pedido verbal ou escrito, pelos

34 interessados, em formulário próprio da entidade fornecedora. (Incluído pela Lei nº 8.441, de 1992) Vale esclarecer que ultrapassado o prazo legal de 30 dias, a seguradora é responsável pela correção monetária do valor com juros de mora. Uma vez liquidado, se finda a responsabilidade da seguradora. Capítulo IX Prazo Prescricional Nas palavras de Marcelo de Oliveira Amorin, prescrição é a perda da pretensão do exercício do direito de ação pelo seu titular em virtude do decurso de tempo que a lei fixou para agir, ou seja, é perda do direito de ação. No caso do seguro DPVAT, o prazo de 20 anos estipulado pelo Código de Civil de 1916 foi superado pelo Código Civil de 2002 que estabeleceu em seu artigo 206, 3, IX, a prescrição em três anos nos casos de responsabilidade civil obrigatória. Diante disso, o prazo para entrada no pedido de indenização é de três anos a contar da data do acidente. Para alguns casos a contagem pode ser diferente, conforme tabela abaixo: TABELA 3 CONTAGEM DO PRAZO PRESCRICIONAL Tabela de Prazo Prescricional Acidente ocorrido em: Acidente prescreveu ou prescreverá em (*) 1983 2003 1984 2004 1985 2005 1986 2006 1987 2007 1988 2008 1989 2009 1990 2010 1991 2011