O Intérprete de Libras no Contexto da Sala de Aula na Cidade de Pelotas-RS



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Transcrição:

INTRODUÇÃO Tecnicamente a diferença que existe entre tradutor e tradutor-intérprete é que o tradutor envolve pelo menos uma língua escrita entre as envolvidas e seu processo é consecutivo, ou seja, há tempo para refletir e refazer a tradução. Já o tradutor-intérprete traduz de uma determinada língua para outra, sendo na maior parte das vezes, uma das línguas visual-gestual. Este tipo de trabalho, normalmente é simultâneo, exigindo do intérprete uma rapidez e uma memória de curto prazo. Sendo assim, o tradutor-intérprete de língua de sinais é aquele que traduz e interpreta uma determinada língua de sinais para a língua falada e vice-versa em quaisquer modalidades em que se apresentar oral ou escrita (QUADROS, 2007). A imagem do tradutor-intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) não está presente em todos os espaços da educação, mas está ganhando maior visibilidade desde a aprovação da lei 10.436 de 24 de abril de 2002 e do decreto 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Libras como segunda língua oficial do Brasil. A lei mais recente que oficializa a profissão deste profissional é a 12.319 de 1º de setembro de 2010, esta regulamenta o exercício da profissão do tradutor-intérprete da língua de sinais. No Brasil, a presença de intérpretes de língua de sinais se inicia por volta dos anos de 1980 com a interpretação de cultos e missas em diferentes religiões. A partir daí, a inclusão social dos surdos foi aumentando em todos os 1

espaços, exigindo assim a presença de um tradutor-intérprete de língua de sinais. Os surdos ocupam também, a partir de então, as salas de aula, necessitando um intérprete para que possam ter acesso à educação, e para que sua formação aconteça efetivamente. A intenção desta pesquisa é fazer um breve relato sobre a linha histórica, a constituição e profissionalização do tradutor-intérprete e ainda mostrar como se dá a introdução do mesmo nos espaços educacionais. E ainda deixar claro que há a necessidade de ter uma formação específica deste profissional para cada nível e área do conhecimento. METODOLOGIA (MATERIAL E MÉTODOS) Os resultados foram obtidos através de uma entrevista qualitativa, visando obter informações sobre o surgimento dos primeiros intérpretes em sala de aula na cidade de Pelotas. Primeiramente a entrevista informal foi direcionada a uma professora da UFPel, depois a um tradutor-intérprete do colégio Pelotense e posteriormente a uma aluna também do colégio Pelotense. Os dados coletados foram analisados e selecionados, onde se buscou investigar como se deu a inclusão dos tradutores-intérpretes no espaço da sala de aula. Para a realização deste trabalho, foram analisados livros da área de Libras, artigos que falam da profissão dos intérpretes e a legislação que regulamenta a língua brasileira de sinais e a profissão do tradutor-intérprete de Libras. A pesquisa foi feita na cidade de Pelotas nos meses de junho e julho do ano de 2011. As escolas e instituições de ensino superior pesquisadas apresentam o profissional tradutor-intérprete de Libras em seus quadros de funcionários, bem como a inclusão de alunos surdos e ainda professores surdos no quadro de docentes. 2

RESULTADOS E DISCUSSÃO No que se refere a atuação dos tradutores-intérpretes, estudos apontam para o fato de que eles precisam se desdobrar atuando mais na construção da língua, na construção de conceitos e na fluência em Libras muito mais do que somente a interpretação dos ensinamentos dos professores (LACERDA 2009). Sendo assim, é possível dizer que o tradutor-intérprete é uma ponte que liga dois mundos distintos, é a pessoa que efetua a ligação entre duas ou mais culturas e favorece que uma mensagem cruze a barreira linguística destes mundos. Mas para que esta transição aconteça de forma fiel, é preciso lembrar que em cada enunciado circulam sentidos, que são constituídos por quem enuncia e por quem ouve ou vê o que foi dito. Trata-se de uma construção, já que a língua não é transparente, que coloca em diálogo a história dos interlocutores e os conhecimentos anteriores de cada um sobre o que está sendo dito (BAKHTIN, 1986). Na região sul do Brasil, mais especificamente em Pelotas-RS, a figura do tradutor-intérprete de Libras apareceu primeiro em uma escola pública no ano de 2000, quando a primeira turma de surdos estava sendo incluída na escola regular. O primeiro curso de formação de tradutores-intérpretes de Libras se deu neste mesmo ano, e foi realizado pela Associação dos Surdos de Pelotas (ASP) em parceria com Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS). Posteriormente os cursos de formação para intérpretes acontecem na Universidade Católica de Pelotas (UCPel) em nível médio. Desde então, o Colégio Municipal Pelotense recebe surdos oriundos da educação fundamental, vindos da Escola Especial Professor Alfredo Dub (escola de educação especial que atende alunos surdos até a 8ºsérie). Também é registrada em 2003 a presença de alunos surdos no Instituto Estadual de Educação Assis Brasil. A Universidade Católica de Pelotas (UCPel) também recebe alunos e professores surdos por volta do ano de 2003. A nível superior, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) recebe o primeiro aluno surdo no ano de 2005 no curso de Pedagogia, exigindo assim a presença de um tradutor-intérprete de Libras. Mas nos anos anteriores já se 3

fazia necessária a participação de Intérpretes em cursos de formação e capacitação para servidores da Universidade. A UFPel, em 2005, contava com professores surdos em seu quadro de docentes, os quais ministravam a disciplina de Libras e aumentava a demanda por tradutores-intérpretes. Atualmente há dois professores surdos efetivos e três professores surdos substitutos na mesma área, além de alunos surdos na graduação e pósgraduação, necessitando assim de profissionais qualificados, incluindo o Intérprete. Hoje sete pelotenses estão fazendo o curso de licenciatura e bacharelado em Letras/Libras na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a formatura da primeira turma deste curso está prevista para o segundo semestre de 2012. O próximo passo da UFPel é a criação do curso de Letras/Libras, previsto para o ano de 2013. CONCLUSÃO Os dados aqui apresentados mostram que quanto mais se reflete sobre os tradutores-intérpretes, mais se compreende a complexidade de seu papel. Diante desta realidade, fica clara a urgência de capacitar tradutores-intérpretes de Libras para atuarem no espaço educacional, atentos as especificidades e demandas de cada um dos níveis de ensino. A preocupação em formar novos tradutores-intérpretes surge a partir da participação ativa da comunidade surda na comunidade em que está inserida (QUADROS 2007). Este trabalho mostra a necessidade da formação continuada e investigação na área de Libras em todos os níveis de educação. Ao longo da pesquisa, observei que quanto mais rápido profissionais tradutores-intérpretes de Libras estiverem atuando no espaço da educação, mais rápido se dará a inclusão efetiva de alunos surdos nos ensinos regular e superior. E ainda que a demanda crescente de alunos surdos exige uma demanda também crescente de intérpretes de Libras, o que não está acontecendo de fato. 4

Ainda houve a pretensão de mostrar que para cada nível, deve-se ter a formação específica para os Intérpretes de Libras para que com isso, cada profissional conheça as especificidades de cada atuação, visando proporcionar ao aluno surdo uma educação de qualidade. REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 12. Ed. São Paulo: HUCITEC, 1986. LACERDA, C. B. F. de. Intérprete de Libras em atuação na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, Editora Mediação; FAPESP. Porto Alegre, 2009. QUADROS, R. M. de. O Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais e Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de apoio à Educação de Surdos. Brasília: MEC; SEESP, 2004. Ministério da Educação (MEC) disponível em < www.mec.gov.br> acesso em 22 de junho de 2012. Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS) disponível em HTTP://feneis.com.br> acesso em 26,27 de junho de 2012. Legislação da Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos disponível em < http://www.planalto.gov.br> acesso em 30 de junho de 2012. Brasil, Decreto nº 5.626 regulamenta a lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-Libras. Diário Oficial da União, Brasília, 22 de dezembro de 2005. Lei nº 10.436 dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 24 de abril de 2002. 5

Lei nº 12.319, de 01 de setembro de 2010 regulamenta o exercício da profissão de Tradutores-Intérpretes de Língua de Sinais. Diário Oficial da União, Brasília, 01 de setembro de 2010. IDENTIFICAÇÃO DA AUTORA TRADUTORA-INTÉRPRETE DE LIBRAS. GRADUANDA DO CURSO DE LETRAS- PORTUGUÊS/LITERATURA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS. BOLSISTA EM 2012 E 2013 NA ÁREA DE MONITORIA DE LIBRAS PELA UFPEL. POSSUI PROLIBRAS (PROVA DE PROEFICIÊNCIA NA TRADUÇÃO DE LIBRAS/PORTUGUÊS E PORTUGUÊS/LIBRAS). CONCURSADA NO MUNICIPIO DE PELOTAS-RS COMO TRADUTORA-INTÉRPRETE DE LIBRAS; CONCURSADA PELO IFSUL CAMPUS PELOTAS COMO TRADUTORA-INTÉRPRETE DE LIBRAS. E-MAIL: lucianekaster@gmail.com 6