APELAÇÃO CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. DPVAT. AÇÃO DE COBRANÇA. INVALIDEZ PERMANENTE. PRESCRIÇÃO NÃO VERIFICADA. SENTENÇA REFORMADA. A indenização do seguro obrigatório DPVAT deve ser paga de forma proporcional à graduação da invalidez, nos termos da Lei n. 6.194/74 e da Súmula 474 do STJ. Apelo parcialmente provido, reformando a sentença. SEXTA CÂMARA CÍVEL Nº 70071633457 (Nº CNJ: 0373539-57.2016.8.21.7000) CENTAURO VIDA E PREVIDENCIA S/A SEGURADORA LIDER CONSORCIOS SEGURO DPVAT S A VILMAR JOSE ALVES DA SILVA COMARCA DE DOIS IRMÃOS APELANTE APELANTE APELADO A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar parcial provimento ao recurso de apelação. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA (PRESIDENTE) E DES. RINEZ DA TRINDADE. Porto Alegre, 15 de dezembro de 2016. DES.ª ELISA CARPIM CORRÊA, Relatora. 1
R E L A T Ó R I O DES.ª ELISA CARPIM CORRÊA (RELATORA) Trata-se de ação de cobrança ajuizada por VILMAR JOSÉ ALVES DA SILVA em face de CENTAURO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A, por meio da qual requereu o pagamento de indenização em razão de acidente de trânsito ocorrido em 07 de maio de 2009. Requereu o benefício da AJG, deferido à fl. 34. Citada, a ré contestou (fls. 37/46). Preliminarmente, requereu a inclusão da Seguradora Líder S/A no polo passivo. No mérito, sustentou estar prescrita a pretensão da parte autora. Disse não estar comprovada invalidez em grau máximo. Defendeu a necessidade de graduação da invalidez. Discorreu sobre juros, correção monetária e honorários advocatícios. Juntou documentos (fls. 47/69). Houve réplica (fls. 71/80). Instadas as partes sobre a produção de outras provas (fl. 81). A parte autora se manifestou na fl. 85 e a ré na fl. 94. Realizada a perícia médica (fls. 111/119). Após, sobreveio sentença com seguinte dispositivo (fls. 137/139): Ante o exposto, com fulcro no art. 487, I, do CPC, julgo PROCEDENTE a ação de cobrança ajuizada por VILMAR JOSÉ ALVES DA SILVA, em face de CENTAURO VIDA E PREVIDÊNCIA S/A e SEGURADORA LÍDER DOS CONSÓRCIOS DO SEGURO DPVAT S.A. para o efeito de condenar as demandadas a pagar ao autor o valor de R$ 10.125,00, o qual deverá ser corrigido pelo IGP-M a contar da data do evento danoso (07/05/2009) e acrescido de juros de mora de 1% a.m., a contar do trânsito em julgado da presente ação. Condeno as rés a custas processuais e honorários advocatícios ao patrono do autor que fixo em R$1.000,00 (mil reais), forte no art. 85, 2º, do CPC, corrigidos pelo IGP-M a partir da data de prolação da 2
presente sentença e acrescidos de juros de mora de 1% a.m. a partir de seu trânsito em julgado. Inclua-se a Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S.A. no polo passivo da demanda. As rés apelaram (fls. 143/147). Sustentaram ser o caso de prescrição trienal e equívoco na graduação do membro afetado, sendo R$ 7.087,50 o valor correto da indenização. Superados os tópicos, requereram que seja a correção monetária contada a partir do ajuizamento da ação. Com contrarrazões subiram os autos (fls. 150/152). É o relatório. V O T O S DES.ª ELISA CARPIM CORRÊA (RELATORA) recurso. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do Pretende a parte autora a de indenização do seguro obrigatório DPVAT, em razão de acidente de trânsito ocorrido em 07/08/2009, que lhe causou invalidez permanente. entendimento do STJ: Quanto à questão da prescrição, adoto como fundamentação novo 1. Para fins do art. 543-C do CPC: 1.1. O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez. 1.2. Exceto nos casos de invalidez permanente notória, a ciência inequívoca do caráter permanente da invalidez depende de laudo médico, sendo relativa a presunção de ciência. 3
2. Caso concreto: Inocorrência de prescrição, não obstante a apresentação de laudo elaborado quatro anos após o acidente. 3. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. (REsp 1388030/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/06/2014, DJe 01/08/2014) Portanto, como o autor só teve ciência inequívoca da invalidez através de laudo pericial das fls. 111/119, não resta prescrita a pretensão do autor de ajuizar a presente demanda. Passo à análise da perícia. O artigo 5º da Lei n. 6.194/74 com a alteração da legislação, através da Medida Provisória 451/2008, convertida na Lei n. 11.945/2009, além da prova da invalidez permanente, exige a comprovação da graduação para fins de quantificação da indenização nos acidentes ocorridos a partir de 16.12.2008, conforme art. 3º, inciso II, 1º, o que é o caso dos autos. Ainda, a Súmula 474 do STJ dispõe que: A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma proporcional ao grau de invalidez. A perícia judicial realizada concluiu que o segmento corporal acometido apresenta invalidez parcial incompleta, fazendo jus ao valor correspondente ao percentual de 75% para o membro inferior esquerdo (fl. 111/119). Observo que a perda anatômica e/ou funcional parcial completa de um joelho corresponde ao percentual de 70% na tabela anexa à Lei n. 6.194/74. No caso, a sentença condenou as rés ao pagamento de R$ 10.125,00, sendo que pelo cálculo do valor da indenização, considerando a perícia judicial, o segurado faria jus ao valor de R$ 7.087,50. Assim, o valor alegado pelas rés na apelação é o correto. 4
Isso posto, dou parcial provimento ao recurso de apelação, para afastar a prescrição e condenar as rés ao pagamento de R$ 7.087,50 para a parte autora. DES. RINEZ DA TRINDADE - De acordo com o(a) Relator(a). DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA - Presidente - Apelação Cível nº 70071633457, Comarca de Dois Irmãos: "À UNANIMIDADE, DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO." Julgador(a) de 1º Grau: ANGELA ROBERTA PAPS DUMERQUE 5