EFEITO ANTIMICROBIANO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon citratus FRENTE À Staphylococcus aureus E POTENCIAL USO COMO CONSERVANTE DE ALIMENTOS

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Transcrição:

EFEITO ANTIMICROBIANO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon citratus FRENTE À Staphylococcus aureus E POTENCIAL USO COMO CONSERVANTE DE ALIMENTOS M.E.T. Silva 1, K.P. Corrêa 1, M.N. Damaceno 2,A.L.S. Monte 2, L. F. Moreira 2, J.S.R.Coimbra 1 1-Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos Universidade Federal de Viçosa CEP: 36570-000 Viçosa MG Brasil, Telefone: 55 (31) 98630-9912 e-mail: (moniqueellentorres0@gmail.com) 2- Departamento de Tecnologia de Alimentos Instituto Federal do Ceará CEP: 62930-000 Limoeiro do Norte - CE Brasil, Telefone: 55 (88) 3447-6421 RESUMO Muitos compostos naturais presentes nas plantas têm apresentado atividade antimicrobiana contra diversos patógenos, inclusive patógeno clássico produtor de toxinas em alimentos, como Staphylococcus aureus. Objetivou-se com esse trabalho avaliar a atividade antimicrobiana e bactericida do óleo essencial de Cymbopogon citratus frente ao S. aureus. O óleo foi extraído e testado em diferentes concentrações (0; 0,156; 0,312; 0,625; 1,25 % v/v). Utilizou-se teste de difusão em disco baseado na determinação do halo formado e atividade bactericida no tempo de 24 horas. Os resultados demonstraram sensibilidade do S. aureus ao óleo essencial em várias concentrações. O óleo demonstrou ação bactericida com redução total de S. aureus em 3 horas de contato e mantida até as 24 horas de contagem, utilizando concentração de 0,312 % (v/v). Conclui-se que o óleo essencial de Cymbopogon citratus apresenta ação antimicrobiana mesmo quando associado a baixas concentrações, demonstrando-se uma técnica viável para uso no aumento da vida de prateleira dos alimentos. ABSTRACT Many natural compounds present in plants have shown antibacterial activity against various pathogens, including classic pathogen producing toxins in foods, such as Staphylococcus aureus. The objective of this study was to evaluate the antimicrobial activity and bactericidal essential oil of Cymbopogon citratus against S. aureus. The oil was extracted and tested at different concentrations (0; 0.156; 0.312; 0.625; 1.25 % v/v). Was used disk diffusion test based on determining the formed halo and bactericidal activity in time of 24 hours. The results demonstrate the sensitivity of S. aureus essential oil at various concentrations. The oil showed bactericidal action with total reduction of S. aureus in contact 3 hours and maintained until 24 hours count using concentration of 0.312% (v / v). It follows that the essential oil of Cymbopogon citratus has antimicrobial action even when associated with low concentrations, demonstrating a viable technique for use in increasing the shelf life of food. PALAVRAS-CHAVE: capim-limão; antimicrobiano natural; bactericida; conservante. KEYWORDS: lemon grass; natural antimicrobial; bactericide; preservative. 1. INTRODUÇÃO Estudos com óleos essenciais (óleos voláteis) têm atraído a atenção de ambos os círculos, acadêmico e industrial, devido a um crescente interesse dos consumidores na redução mundial da composição de sal em alimentos (razões de saúde), e a necessidade de técnicas alternativas para garantir a qualidade e segurança dos alimentos perecíveis (Burt, 2004). Utilizados na indústria de alimentos como flavorizantes, os óleos essenciais possuem propriedades antibacterianas, antivirais e antifúngicas e, portanto, são empregados em alimentos como agente natural para estender a vida de prateleira de alimentos (Tajkarimi et al., 2010).

Cymbopogon citratus (DC.), originário da Índia é conhecido por fornecer óleo essencial rico em citral (Oliveira et al., 2011). Sua produção no país ocorre destacadamente nas regiões sul e sudeste (Gomes et al., 2007). A maior importância econômica consiste na produção de seu óleo essencial (0,4% a 0,6%), conhecido internacionalmente como óleo essencial de capim-limão (Costa et al., 2005), que apresenta 70 a 80% de citral, (uma mistura isomérica de geranial e neral, aldeídos monoterpenos acíclicos) (Oliveira et al., 2010; Saddiq & Khayyat, 2010). Souza et al. (2006) classifica Staphylococcus aureus como clássico patógeno Gram-positivo. A maioria das doenças de origem microbiana veiculadas por alimentos possui sua etiologia estabelecida, sendo a bactéria Staphylococcus aureus reconhecida como um dos agentes patogênicos mais comuns, responsável por surtos associados à ingestão de alimentos in natura e processado (Wang et al., 2013; Coelho, 2014) O uso dos óleos essenciais no controle de bactérias patogênicas na indústria de alimentos requer, como etapa inicial, estudo da atividade antimicrobiana in vitro. Nesse contexto, alguns fatores devem ser considerados e avaliados conjuntamente, como rendimento de óleo essencial da espécie vegetal utilizada, concentração do óleo essencial a ser utilizada; efeito bactericida e ou bacteriostático do óleo essencial, bem como o tempo necessário para que estes ocorram e possível ação sinergética da combinação de óleos essenciais de espécies vegetais distintas (Oliveira et al., 2011). Mediante o exposto, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito antimicrobiano in vitro e a atividade bactericida do óleo essencial Cymbopogon citratus frente a bactéria S. aureus. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Obtenção do óleo essencial e cepa bacteriana testada Foi extraído óleo essencial de capim-limão (Cymbopogon citratus). O capim-limão foi obtido de produções de pequena escala em hortas particulares da região de Limoeiro do Norte, CE, e secas em estufa à temperatura de 60 C por aproximadamente 6 horas. O óleo essencial foi extraído no laboratório de Química de alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Campus Limoeiro do Norte, utilizando o método hidrodestilação, que consiste em evaporar uma mistura de vapor-d água e componentes voláteis presentes na matéria-prima vegetal, em aparelho denominado Clevenger (Mechkovski; Akerele, 1992). A água foi removida por decantação e o óleo essencial foi armazenado à temperatura de 4 C, protegido da luz para evitar a alteração da sua composição. Foi utilizada cepa bacteriana de Staphylococcus aureus ATCC 25923, obtida do departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará Fortaleza, CE. 2.2 Testes de sensibilidade Foram utilizados dois métodos de testes de sensibilidade bacteriana ao óleo, sendo o teste de difusão em disco baseado na determinação do halo formado (National Committee For Clinical Laboratory Standards, 2004) e outro para a verificação da curva de crescimento bacteriano e efeito bactericida na presença do óleo essencial em função do tempo (Sforcin et al., 2000). Teste de difusão em disco: As células bacteriana foram inoculadas em Brain Heart Infusion (BHI) a 35ºC/18 horas e foram padronizadas na escala 0,5 da escala MacFarland em solução fisiológica estéril, obtendo valores de 10 7 a 10 8 Unidades Formadoras de Colônias (UFC) ml -1 e em seguida foram distribuídas uniformemente, com auxílio de swab estéril, em placas contendo ágar Mueller-Hinton. O swab foi umedecido na solução contendo a bactéria e em seguida foi estriado em 4 direções na placa. Discos de papel branco estéreis de 6 mm de diâmetro foram embebidos nas soluções contendo óleo essencial de capim-limão nas concentrações de 0; 0,156; 0,312; 0,625; 1,25 % (v/v), e dispostas na placa contendo as bactérias inoculadas, a fim de realizar a medição do halo de inibição formado. As placas foram colocadas em estufa a 37 C/24 h e depois, com auxílio de um paquímetro, foi realizada a medição dos halos de inibição formados. O teste foi realizado em cinco repetições. Efeito bactericida: Foram preparadas soluções com concentrações de 0,312 % de capim-limão, além de um controle (Controle SA S. aureus) seguindo as metodologias utilizadas por Silva et al.

(2009) e Oliveira et al. (2011) adaptado, em que se utilizou 3 ml da solução (Água estéril + óleo essencial + 0,2 % Tween 80) e controle (Água estéril + 0,2 % Tween 80), inoculadas com 500 µl de caldo BHI contendo cerca de 1,5 x 10 8 de bactérias já padronizadas na escala 0,5 de MacFarland e foram incubadas em estufa à temperatura de 35 C/24h. Foram retiradas alíquotas de 0,1 ml nos tempos 0, 3, 6, 9, 22, 24 h, espalhadas em Ágar Mueller-Hinton com auxílio de uma Alça Drigalski e incubadas à temperatura de 35 C/18 a 24 h. Após as 24 h foi realizada a contagem das UFC ml -1 da bactéria e realizados seus respectivos logaritmos. 2.3 Delineamento experimental e análise estatística Foi aplicado delineamento inteiramente casualizado para os testes de sensibilidade. Os resultados foram demonstrados em média, desvio-padrão e gráficos, sem aplicação de testes de média. Para determinação da concentração mínima inibitória, o óleo essencial foi avaliado independente e tomado como base o tamanho do halo formado e redução das contagens de log UFC ml -1 da bactéria com até 24 horas de contato. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A média dos halos de inibição formados do óleo essencial de Cymbopogon citratus frente a bactéria Staphylococcus aureus está descrita na tabela 1. Os resultados demonstram sensibilidade da bactéria ao óleo essencial desde a menor concentração testada (0,156%). Souza et al. (2008) determinam a Concentração Inibitória Mínima (CIM) a partir de zonas de inibição com diâmetros iguais ou maiores do que 10 mm. Partindo desse pressuposto, verifica-se que para S. aureus, a menor concentração inibitória foi 0,625, porém algumas das repetições apresentaram halos maiores do que 10 mm desde a concentração de 0,312%. Tabela 1. Efeito antimicrobiano do óleo essencial de Cymbopogon citratus frente a bactéria Staphylococcus aureus. Halos de inibição (mm)* OE Capim-limão (%) S. aureus 0 0,00 + 0,00 0,156 8,60 + 0,54 0,312 9,60 + 0,89 0,625 10,8 + 0,84 1,25 12,6 + 1,81 *Média + desvio padrão Santos et al. (2009), verificando atividade antimicrobiana do óleo essencial de Cymbopogon citratus em função de sazonalidade e consorciamento, encontraram valores de concentração inibitória mínima 0,08 para S. aureus. Valor abaixo do encontrado no presente trabalho para S. aureus. Bertini et al. (2005) encontraram halo de 16,5 mm para S. aureus na concentração de 1% do óleo essencial de C. citratus e para 2% foi encontrado valores de 19,5 mm, utilizando plantas do Nordeste do Brasil. Em avaliação feita por Valeriano et al. (2012), o óleo essencial de C. citratus apresentou, na constituição, 69,55% de geranial e neral, que são estereoisômeros e a mistura constitui o citral, o qual é o principal composto que age contra os microrganismos. Perini (2013) encontrou concentração inibitória mínima de 0,156% para óleo essencial de C. citratus frente a Staphylococcus aureus, estudando as cepas isoladas da mastite bovina. Segundo Bertini et al. (2005), uma possível explicação para as diferenças observadas quanto à sensibilidade bacteriana aos óleos, pode ser a existência de diferenças na estrutura da parede bacteriana, como por exemplo a presença de lipopolissacarídeo nas bactérias Gramnegativas e ausência nas Gram-positivas, o que permite ou não a entrada de substâncias na bactéria. Além disso, alguns óleos essenciais podem conter substâncias que penetram mais facilmente por

essa camada lipídica, ocorrendo a sensibilidade ou não dessas bactérias a essas substâncias. Os resultados para verificar a ação bactericida do óleo essencial de capim-limão em função do tempo está descrita na figura 1, em que o óleo demonstrou ação bactericida para S. aureus, na concentração de 0,312 %. Figura 1 Contagens de log de UFC ml -1 de S. aureus na concentração de 0,312% (v/v) de óleo essencial de capim-limão (Cymbopogon citratus) em função do tempo Log UFC ml -1 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 3 6 9 12 15 18 21 24 Tempo (h) S. aureus Controle S.A Fonte: Elaborado pela autora. A bactéria apresentou sensibilidade ao óleo essencial nas primeiras três horas de contato, reduzindo aproximadamente 6 8 ciclos log UFC ml -1, enquanto o controle apresentou aumento nas contagens para aproximadamente 8 log de UFC ml -1. O óleo essencial na concentração de 0,312% apresentou efeito bactericida para S. aureus, reduzindo a 0 log UFC ml -1 no tempo de 3 horas de contato, e mantendo essa contagem em todos os tempos analisados (6, 9, 22 e 24 h). Permite-se, dessa forma, observar o efeito do óleo essencial contra esta bactéria, visto que, quando as contagens são comparadas com o controle, demonstram o grande potencial inibidor do óleo, pois o controle, ao fim das 24 horas, apresentou-se com quantidades acima de 9 log UFC ml -1. Silva et al. (2009) também observaram a redução para 0 log UFC ml -1 de S. aureus nas primeiras três horas de contato com o óleo, porém os referidos autores utilizaram uma concentração ainda menor do que a utilizada nesse estudo, sendo esta igual a 0,1% do óleo essencial do capim-limão. Um aspecto interessante relacionado com a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais é que o risco de desenvolvimento de resistência de microrganismos é muito baixo, porque estes produtos contêm uma mistura de diferentes substâncias antimicrobianas, que apresentam diferentes modos de ação (Bakkali et al., 2008; Rahman & Kang, 2009). Essa é uma característica positiva dos produtos derivados das plantas em comparação com os agentes antimicrobianos sintéticos, como também da sua aplicação em produtos alimentícios em que podem fornecer melhor segurança alimentar e vida útil mais longa (Silveira et al., 2012). 4. CONCLUSÃO O óleos essencial de capim-limão apresentou atividade bactericida in vitro frente a bactéria de interesse em alimentos, S. aureus, mesmo em baixas concentrações, demonstrando um grande potencial para utilização em indústrias alimentícias, farmacêuticas, dentre outras.

A atividade bactericida dos óleos em concentrações relativamente baixas pode demonstrar uma técnica viável para uso desse óleo no aumento da vida de prateleira dos alimentos, como na conservação destes, sendo necessária a realização de estudos para verificar concentrações e condições ideais, visto que, no sistema alimentar pode ocorrer reações com os constituintes da matriz alimentar. AGRADECIMENTOS À CAPES, CNPq e FAPEMIG pelo apoio financeiro e ao IFCE e UFV pelo espaço concedido. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bakkali, F., Averbeck, S., Averbeck, D., & Idaomar, M. (2008). Biological effects of essential oils - A review. Food and Chemical Toxicology, 46(2), 446 475. http://doi.org/10.1016/j.fct.2007.09.106 Bertini, L. M., Pereira, A. F., Oliveira, C. L. L., Menezes, E. A., Morais, S. M., Cunha, F. A., & Cavalcanti, E. S. B. (2005). Perfil De Sensibilidade De Bactérias Frente a Óleos Essenciais De Algumas Plantas Do Nordeste Do Brasil. Infarma, 17(3/4), 80 83. Retrieved from http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/17/perfil_bacterias.pdf Burt, S. (2004). Essential oils: their antibacterial properties and potential applications in foods--a review. International Journal of Food Microbiology, 94(3), 223 53. http://doi.org/10.1016/j.ijfoodmicro.2004.03.022 Coelho, M. S.(2014) Resposta adaptativa de Clostridium perfringens, Salmonella Enteritidis e Staphylococcus aureus aos óleos essenciais de Syzygium aromaticum, Origanum vulgare, eugenol, timol e ácido peracético. Dissertação (Mestrado em Microbiologia Agrícola) Universidade Federal de Lavras, Lavras MG. Costa, L. C. do B., Corrêa, R. M., Cardoso, J. C. W., Pinto, J. E. B. P., Bertolucci, S. K. V., & Ferri, P. H. (2005). Secagem e fragmentação da matéria seca no rendimento e composição do óleo essencial de capim-limão. Horticultura Brasileira, 23(4), 956 959. http://doi.org/10.1590/s0102-05362005000400019 Gomes, E. C., Negrelle, R. R. B., & Doni Filho, L. (2007). Caracterização Da Produção De Capim- Limão No Estado Do Paraná, Brasil. Scientia Agraria, 8(4), 385. http://doi.org/10.5380/rsa.v8i4.9885 Mechkovski; A.; Akerele, C. O. (1992). Quality, control methods for medicinal plant materials. WHO/PHARM/92.559. Switzerlan: World Health Organization. National Committee For Clinical Laboratory Standards NCCLS (2004). Method for dilution antimicrobial susceptibility tests for bacterial that grow aerobically: Approved Standard M7.A6. 7..ed. Pennsylvania: Wayne. Oliveira, M. M. M. de, Brugnera, D. F., Cardoso, M. das G., Alves, E., & Piccoli, R. H. (2010). Disinfectant action of Cymbopogon sp. essential oils in different phases of biofilm formation by Listeria monocytogenes on stainless steel surface. Food Control, 21(4), 549 553. http://doi.org/10.1016/j.foodcont.2009.08.003 Oliveira, M. M.., Brugnera, D.., Cardoso, M.., Guimarães, L. G.., & Piccoli, R.. (2011). Rendimento, composição química e atividade antilisterial de óleos essenciais de espécies de Cymbopogon. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 13(1), 08 16. http://doi.org/10.1590/s1516-05722011000100002 Pérez Pulido, R., Toledo del Árbol, J., Grande Burgos, M. J., & Gálvez, A. (2012). Bactericidal effects

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