A grande maioria das armas são produzidas em fábricas registradas. Ou seja: sempre começam legais e passam a ser ilegais por meio de desvios;

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Transcrição:

A lei 2003 Aprovação do Estatuto do Desarmamento. Principais pontos da lei: Sete requisitos mínimos para a compra de armas; Proibição do porte de armas para civis; Concentração dos registros, porte e autorização de compra de armas para alguns públicos na Polícia Federal; Mais controle sobre a venda de munições; Mais controle sobre as munições adquiridas pelas forças de segurança pública; Tipificação do tráfico de armas como crime específico.

As armas no país A grande maioria das armas são produzidas em fábricas registradas. Ou seja: sempre começam legais e passam a ser ilegais por meio de desvios; A CPI do Tráfico de Armas confirmou que 68% das armas apreendidas com haviam sido vendidas legalmente; >> Isso significa que controlar as armas legais tem grande impacto no mercado ilegal. Além disso, a maior parte das armas que matam os brasileiros são brasileiras e portáteis como revólveres e pistolas. >> Por isso, é importante fiscalizar rigorosamente a indústria de armas e munições no Brasil.

As armas no país Principal ator dos homicídios no Brasil: armas de fogo. Vítimas das armas de fogo: 34 mil brasileiros por ano, 95 por dia, 1 a cada 15 minutos. Estimativa de armas em circulação no país: 16 milhões Armas legais: 8,3 milhões. Armas ilegais: 7,6 milhões - Com quem? - 2 milhões com as forças de segurança e 14 milhões nas mãos de civis!!

Metodologia 2008-2009 ISDP realiza pesquisa nacional sobre a implementação do Estatuto do Desarmamento e faz conjunto de recomendações; Análise de todos os artigos do Estatuto do Desarmamento (regulamentação, portarias, resoluções normativas, etc.) identificando atribuições dos órgãos responsáveis e os fluxos das armas para cada categoria; Definição de 10 estados para realizar entrevistas e parceria com a Rede Desarma Brasil; Realização de 39 entrevistas em 10 Estados (SP, RJ, MG, PA,PR, RS, ES, CE, PE, DF) com os principais órgãos responsáveis e com instâncias nacionais (PF, MJ, DFPC);

Órgãos de controle Exército Destruição de armas; fiscalizar produção, importação, exportação e lojas; determinar quantidades máximas; fiscalizar CAC; manter SIGMA; Polícia Federal - controle de armas nas mãos da população brasileira: emissão de autorizações de compra, porte e registro para civis,manter o SINARM; Polícias estaduais e Secretarias de Segurança Pública apreensão de armas, repassar dados para a PF, colaboração na fiscalização.

Queda nos homicídios Impactos positivos

Impactos positivos Menos armas em circulação: Redução de mais de 90% na venda de armas nas lojas; Armas no mercado paralelo também ficaram mais escassas e caras: SP: pistola 9 mm, R$ 800 R$1.300 SC: revólver 38, R$80 R$ 350 RJ: fuzil, US$ 6 mil, US$ 30-40 mil Menos pessoas andando armadas: Número de portes para defesa pessoal em 2009 foi apenas 1.256. Centralização de dados sobre as armas: SINARM hoje contém informações referentes à vida útil de mais de 7 milhões de armas.

Aumento do número de armas retiradas de circulação: Impactos positivos Apreensão o Estatuto tipificou os crimes de tráfico, posse e porte ilegal dando ferramentas para as policias implantar com prioridade a apreensão de armas. Campanhas de Entrega 500.000 recolhidas desde 2004; Destruição - 1.885.910 de armas de fogo destruídas pelo Exército, entre 1997 e 2008.

Principais problemas na implementação da Lei 1. Desorganização no controle 2. Falta de investimento do poder público 3. Privilégios para categorias específicas 4. Mudanças na lei

1. Desorganização Relação entre órgãos de controle é frágil; Discrepâncias nas concessões de posse e porte. Ex:DF e RS respondem por quase metade dos portes concedidos em 2009. RS é campeão em número de lojas; Informações frequentemente indisponíveis ou inconsistentes; Falta de integração entre os bancos de dados, o que impede investigação e repressão; Destruição de armas: problemas com periodicidade da destruição, acondicionamento das armas e destruição de armas entregues;

1. Desorganização Marcação de armas e munições das forças de segurança pública; Recadastramento: prorrogações e processo não finalizado. Metade das armas no país é ilegal; Guardas armadas: PF não sabe confirmar o número de Guardas Civis armados. Sabe-se que diversas guardas portam armas com liminares da Justiça, enquanto não obtêm autorização da PF;

2. Falta de investimento Controle físico e segurança dos arsenais; Criminosos roubam armas de fórum do Maranhão, G1, 12/01/09 Fuzis são roubados de batalhão do Exército do interior de SP, G1, 09/03/09 Assaltantes levam armas e coletes da base da guarda Civil Metropolitana em São Paulo, FolhaOnline, 16/03/09 Fuzis são furtados de batalhão da Polícia Militar no Rio, FolhaOnline, 11/05/09 Mais de 2.000 munições são furtadas de quartel do Exército em São Paulo, R7 Notícias, 15/01/10 Falta de pessoal e recursos tecnológicos. Exs: Integração dos bancos de dados; Para atender a todo o estado do Ceará, existem apenas duas peritas em balística;

3. Categorias privilegiadas Empresas de segurança privada: SP Armas registradas: 69.613; armas roubadas/ furtadas: 21.240; De 10 mil armas apreendidas no RJ entre 1998 e 2003, 17% pertenciam a empresas de segurança privada (CPI Tráfico de Armas); Colecionadores, Atiradores e Caçadores: 154.522 armas, ou seja: representa quase a metade do total de armas das PMs no país; As constantes notícias de colecionadores que realizam atividades ilícitas sugerem que o controle não é tão rígido quanto deveria ser;

4. Mudanças na Lei Portes para novas categorias: há um impressionante número de projetos de lei no Congresso que procuram dar porte de armas para novas categorias como biólogos, cientistas, taxistas, moradores de áreas violentas... Isso é péssimo, pois permite colocar mais armas em circulação e quanto mais armas, mais mortes. Outra categoria que tem sido foco constante de alterações na lei é a das Guardas Municipais. 250 mil habitantes 50 mil habitantes + regiões metropolitanas.

4. Mudanças na Lei Várias prorrogações do prazo para recadastramento constituem um obstáculo para a plena implementação do Estatuto. De acordo com a PF, assim o sistema de controle nunca realmente começou a funcionar, as pessoas continuam não registrando suas armas e nunca se torna crime.

Principais recomendações Criar Gabinete de Gestão Integrada-Armas, integrando todos os órgãos que de alguma forma controlam armas e munições no país; Instaurar o controle civil de todas as instâncias de controle de armas no Brasil, dando à Polícia Federal a primazia absoluta das responsabilidades; Garantir a interligação real de TODOS os sistemas de registro de armamento no país num só sistema centralizado e permitir acesso total à Polícia Federal; Possibilitar a alimentação direta do SINARM pelas polícias estaduais (civil e militar);

Principais recomendações Estabelecer critérios objetivos para o conceito de efetiva necessidade para posse e porte de armas de civis; Exigir de cada instituição não policial com poder de concessão de porte edição de um decreto explicitando e justificando quais funções demandam o uso de armas de fogo por parte de seus funcionários; Efetivo controle das munições das instituições de segurança pública; Garantir a segurança dos arsenais;

Principais recomendações Intensificar o controle sobre as empresas de segurança privada; Extinguir a figura legal do colecionador de armas pessoa física no Brasil. Se não for possível, determinar que todas as armas dos acervos de colecionadores sejam inutilizadas para disparos. Não permitir que a lei sofra alterações contrárias à prevenção da violência, como pretendem os muitos projetos de lei visando conceder porte às mais variadas categorias profissionais.