TRATOR FUNCIONANDO COM BIODIESEL FILTRADO E DESTILADO

Documentos relacionados
Análise comparativa entre biodiesel filtrado e biodiesel destilado em trator agrícola

BIODIESEL DE GIRASSOL EM TRATOR AGRÍCOLA

Desempenho dinâmico de um trator agrícola utilizando biodiesel destilado de óleo residual 1

POTENCIALIDADES DO BIODIESEL NO BRASIL

CONSUMO DE TRATOR EQUIPADO COM SEMEADORA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

DESEMPENHO DE UM TRATOR AGRÍCOLA UTILIZANDO BIODIESEL EM DUAS VELOCIDADES NA SEMEADURA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

AVALIAÇÃO OPERACIONAL DE CONJUNTO TRATOR-PULVERIZADOR

DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA UTILIZANDO UM SISTEMA DE DEPOSIÇÃO DE SEMENTES POR FITA.

Desempenho Operacional de Máquinas Agrícolas na Implantação da Cultura do Sorgo Forrageiro

DESEMPENHO DE TRATOR AGRÍCOLA ATUANDO COM 5% DE BIODIESEL EM OPERAÇÃO DE SEMEADURA 1 RESUMO

INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE SEMEADURA NA CULTURA DO FEIJÃO

Demanda Energética de Máquinas Agrícolas na Implantação da Cultura do Corgo Forrageiro

UTILIZAÇÃO DE MOTORES DE DIFERENTES TRATORES AGRICOLA COM BIOCOMBUSTIVEL

AVALIAÇÃO DE SEMEADORA-ADUBADORA DE PRECISÃO TRABALHANDO EM TRÊS SISTEMAS DE PREPARO DO SOLO

BIODIESEL DE GORDURA HIDROGENADA EM TRATOR AGRÍCOLA

AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO LONGITUDINAL DE SEMENTES NO PLANTIO DIRETO DA SOJA

DESENVOLVIMENTO DA CANA-DE-AÇUCAR (Saccharum spp.) SOBRE DIFERENTES NÍVEIS DE TRÁFEGO CONTROLADO

QUALIDADE DA FIBRA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE PLANTIO DA SEMENTE DE ALGODÃO LINTADA, DESLINTADA E DESLINTADA E TRATADA *

RESUMO: O modelo energético brasileiro recomenda a diversificação de fontes

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

Produção de milho em função da profundidade da haste sulcadora em Sistema Plantio Direto

Palavras chave: mecanização agrícola, plantio direto, semeadora-adubadora.

RESPOSTA FOTOSSINTÉTICA DE PLANTAS DE MILHO SAFRINHA EM DIFERENTES ESTÁDIOS E HORÁRIOS DE AVALIAÇÃO

EFEITO RESIDUAL DO PREPARO DO SOLO E VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO NA OPERAÇÃO DE SEMEADURA DA Crotalaria juncea

QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO, CULTIVARES BRS VERDE E CNPA 7H, ARMAZENADAS EM CÂMARA SECA

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DA SOJA EM FUNÇÃO DOS SISTEMAS DE CULTIVO E VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO RESUMO

ADENSAMENTO DE MAMONEIRA EM CONDIÇÕES DE SEQUEIRO EM MISSÃO VELHA, CE

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE SEMEADURA, NO MUNÍCIPIO DE SINOP-MT

Rendimento e caraterísticas agronômicas de soja em sistemas de produção com integração lavoura-pecuária e diferentes manejos de solo

COMPARAÇÃO DE TRÊS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO PERCENTUAL DE PATINAGEM DE TRATORES AGRÍCOLAS

BIODIESEL DO ÓLEO DE PINHÃO MANSO DEGOMADO POR ESTERIFICAÇÃO

AVALIAÇÃO DE 4 PONTEIRAS DE HASTES SULCADORAS NA SEMEADURA DIRETA EM SOLOS MAIS COMPACTADOS

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UM MOTOR DE IGNIÇÃO POR COMPRESSÃO UTILIZANDO ÓLEO DIESEL E ÉSTER ETÍLICO DE ÓLEO DE GIRASSOL COMO COMBUSTÍVEL ¹

CRESCIMENTO DA CULTURA DO PINHÃO MANSO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS.

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS NA BRS ENERGIA EM DUAS DENSIDADES DE PLANTIO

Arranjo espacial de plantas em diferentes cultivares de milho

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 965

RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO EM ÁREA CULTIVADA COM CANA-DE-AÇÚCAR SUBMETIDA A DIFERENTES MANEJOS DA CANA- SOCA RESUMO

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

em função da umidade e rotação de colheita

CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) EM FUNÇÃO DE NÍVEIS DE ÁGUA E ADUBAÇÃO NITROGENADA

GERMINAÇÃO E SOBREVIVÊNCIA DA SOJA EM DIFERENTES MANEJOS DO SOLO

EFEITO DO TRÁFEGO DE MÁQUINAS SOBRE ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO E DESENVOLVIMENTO DA AVEIA PRETA. Instituto Federal Catarinense, Rio do Sul/SC

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

SILAGEM DE CEREAIS FORRAGEIROS

EFEITO DE MÉTODOS DE APLICAÇÃO DE CALCÁRIO SOBRE ORENDIMENTO DEGRÃos DESOJA, EM PLANTIO DIRETOl

DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES DO ÓLEO RESIDUAL DE FRITURAS, COM E SEM FILTRAÇÃO, EM DIFERENTES TEMPERATURAS

RESPOSTA DE HÍBRIDOS DE MILHO AO NITROGÊNIO EM COBERTURA

RELAÇÃO ENTRE LIMITE DE PLASTICIDADE E UMIDADE ÓTIMA DE COMPACTAÇÃO EM UM SOLO ARGILOSO PARA DIFERENTES CONDIÇÕES DE USO

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA (Ricinus communis L.) CULTIVAR NORDESTINA, SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO.

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM AMBIENTES E POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIAS

CONVERSÃO E BALANÇO ENERGÉTICO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE GRÃOS COM PASTAGENS ANUAIS DE INVERNO, SOB PLANTIO DIRET0 1. Resumo

SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS BENTAZON E NICOSULFURON PARA Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis

DESEMPENHO OPERACIONAL DE UM PROTÓTIPO AEROSSOLO

ADEQUAÇÃO TRATOR IMPLEMENTO

Área temática: _2_ GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) SOB DIFERENTES SUBSTRATOS E TEMPERATURAS.

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE PARA A REGIÃO DO PONTAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM POPULAÇÕES DE PLANTAS DE MILHO E DE BRAQUIÁRIA

Ocorrência de artrópodes em área recuperada com o Sistema de Integração Lavoura- Pecuária 1. Paulo A. Viana 2 e Maria C. M.

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO DE ÁGUA DE SOLO PELO MÉTODO DA FRIGIDEIRA EM UM LATOSSOLO VERMELHO ESCURO

DENSIDADE DE SEMEADURA E POPULAÇÃO INICIAL DE PLANTAS PARA CULTIVARES DE TRIGO EM AMBIENTES DISTINTOS DO PARANÁ

SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS BENTAZON E NICOSULFURON PARA Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 913

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE CONTROLE RESIDUAL DE PLANTAS DANINHAS DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NA CULTURA DO ALGODÃO

Avaliação da altura do Cedro Australiano (Toona ciliata var. australis) após diferentes níveis de adubação de plantio

ESTIMATIVA DA ÁREA NECESSÁRIA NA PRODUÇÃO DA SOJA OBJETIVANDO A SUSTENTABILIDADE ENERGÉTICA UTILIZANDO O BIODIESEL

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG *

SÍNTESE DE BIODIESEL A PARTIR DE BLENDAS UTILIZANDO PLANEJAMENTO FATORIAL 2 3

CANA-DE-AÇÚCAR: ANÁLISE BIOMÉTRICA DE CULTIVARES, ANO AGRÍCOLA 2012/2013. SUGARCANE: CULTIVARS BIOMETRIC ANALYSIS, CROP SEASON 2012/2013.

CARACTERIZAÇÃO DE GRUPOS DE GENÓTIPOS DE MILHO SAFRINHA AVALIADOS EM DOURADOS, MS

COMPORTAMENTO DE LINHAGENS DE MAMONA (Ricinus communis L.), EM BAIXA ALTITUDE NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 1

PRODUÇÃO DE MILHO VERDE NA SAFRA E NA SAFRINHA EM SETE LAGOAS MG

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUL MARANHENSE

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MAMONA COM E SEM CASCA

TÍTULO: PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE ESPÉCIES DE "BRACHIARIA" SUBMETIDAS A DIFERENTES ALTURAS DE CORTE

OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ETANOL E ÓLEO RESIDUAL DE FRITURAS EMPREGANDO CATÁLISE MISTA: EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE CATALISADORES

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

BIOCARVÃO COMO COMPLEMENTO NO SUBSTRATO PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATE CEREJA

ADENSAMENTO DE SEMEADURA EM TRIGO NO SUL DO BRASIL

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

ESTUDO PRELIMINAR DE SELETIVIDADE DE HERBICIDAS À CULTURA DA MAMONA*

ATRIBUTOS MECÂNICOS DO SOLO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO 1

TAXAS DE CRESCIMENTO EM DIÂMETRO CAULINAR DA MAMONEIRA SUBMETIDA AO ESTRESSE HÍDRICO-SALINO(*)

EFEITO DO USO DE HIDROGEL NO DESENVOLVIMENTO DA SOJA CULTIVADA NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS

AVALIAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO MANUAL PARA A SEMEADURA DA MAMONEIRA.

Avaliação da velocidade de reação do corretivo líquido na camada superficial de um Latossolo Vermelho distroférrico

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

Produtividade da soja no plantio direto em função da escarificação, do uso de haste mais profunda na semeadura e da cultura antecessora

VALORES DE FÓSFORO, CÁLCIO, MAGNÉSIO, OBTIDO NA PLANTA DO MILHO SEM ESPIGAS EM CONSÓRCIO COM FORRAGEIRAS 1.

6 Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel 9º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel 965 Biodiesel de

Uso de fertilizante na semente do trigo

Henrique Pereira dos Santos 1 ; Renato Serena Fontaneli 2 ; Silvio Tulio Spera 3 & Jane Rodrigues de Assis Machado 4

COMPARAÇÃO DA TEMPERATURA DE AREIA LAVADA E DE LATOSSOLO VERMELHO

Transcrição:

TRATOR FUNCIONANDO COM BIODIESEL FILTRADO E DESTILADO Afonso Lopes 1 Gustavo Naves dos Reis 2 Miguel Joaquim Dabdoub 3 Carlos Eduardo Angeli Furlani 1 Rouverson Pereira da Silva 1 Felipe Thomaz da Câmara 2 Antônio Carlos Ferreira Batista 4 Paschoa Botelho Barbosa 5 RESUMO O objetivo deste trabalho foi comparar o consumo de combustível de um trator agrícola funcionando de maneira alternada com biodiesel filtrado e biodiesel destilado em operação de semeadura-direta. O experimento foi realizado em esquema fatorial, em blocos inteiramente casualizados, combinando-se sete proporções de mistura (B 0, B 5, B 15, B 25, B 50, B 75 e B 100 ) e dois tipos de biodiesel (filtrado e destilado). Foram analisados, consumo horário em unidade de volume (L h -1 ) e massa (kg h -1 ) e consumo específico (g kwh -1 ). Os resultados mostraram não haver diferença no consumo específico quando o trator utiliza biodiesel filtrado ou destilado. Palavras-chave: consumo de combustível, biocombustível, ensaio de trator. 1 INTRODUÇÃO Biodiesel da esterificação de uma gordura álcool na presença de um catalizador. PETERSON et al. (1996) testaram um biodiesel etílico filtrado sem efetuar alteração no 1 Engenheiro Agrícola, Prof. Dr. Depto de Engenharia Rural, UNESP de Jaboticabal, SP, (16-3209-2637), afonso@fcav.unesp.br 2 Engenheiro Agrônomo, Doutorando, UNESP de Jaboticabal, SP, gnrunesp@yahoo.com 3 Químico, Prof. Adjunto, USP de Ribeirão Preto, SP, dabdoub@biodieselbarsil.com.br 4 Químico, Doutorando, USP de Ribeirão Preto, SP, antonio@biodieselbarsil.com.br 5 Acadêmico, bolsista de Iniciação Científica 889

motor. Os autores observaram que 100% de biodiesel aumentou o consumo em 8,9%. RABELO (2001) também observou aumento do consumo quando realizou pesquisas com biodiesel. Estudando biodiesel etílico de óleo residual de soja em trator agrícola, em operação de gradagem, LOPES et al. (2004) observaram que até a proporção de 50% não alterou o consumo; entretanto, para 100% de biodiesel, não se observaram anomalias no funcionamento, embora, o consumo tenha aumentado 11%. Ensaios realizados com mistura de biodiesel ao diesel comprovam o potencial dessa alternativa, sendo sugerida a proporção de até 20%, mesmo considerando o aumento no consumo o biodiesel demonstrou-se viável tecnicamente (OLIVEIRA & COSTA, 2002). O objetivo do presente trabalho foi comparar o desempenho de um trator agrícola funcionando coma com biodiesel filtrado e destilado em operação de semeadura-direta. 2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na UNESP de Jaboticabal, SP, sendo o solo da área experimental classificado segundo (EMBRAPA, 1999) como Latossolo vermelho eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado caulinítico vídreo, relevo suave ondulado com teor de água no dias dos ensaios de 19; 14 e 14% nos perfis de 0-10, 10-20 e 20-30 cm de profundidade, respectivamente. Cada parcela experimental ocupava área de 78,75 m 2 (25 x 3,15 m) e entre parcelas, no sentido longitudinal, foi reservado um espaço de 15 m destinado à realização de manobras, tráfego de máquinas e estabilização das determinações. Utilizou-se de trator VALTRA, modelo BM 100, 4x2 TDA, com potência de 73,6 kw (100 cv) no motor e com o intuito de oferecer resistência à barra de tração do trator de teste, utilizou-se uma semeadora-adubadora de arrasto, configurada para plantio-direto de marca MARCHESAN, modelo Cop-suprema, com sete linhas de semeadura. O trator do ensaio encontra-se instrumentado conforme descrito por LOPES et al. (2003). Neste ensaio, utilizaram-se dois tipos de biodiesel, o primeiro do tipo etílico filtrado e o segundo do tipo etílico destilado. O processo de produção do biodiesel ficou a cargo do (LADETEL - Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas) da USP, Câmpus de Ribeirão Preto-SP. Para o cálculo do consumo horário e consumo específico (consumo em função da potência na barra), foi necessário determinar a densidade do combustível em função da temperatura e da proporção de biodiesel, numa amplitude de 10 a 70 ºC, em intervalos de 5 ºC, expressa conforme equações: 1 (D BD =844,68 0,648*T+0,1659*PB) e 2 (D BF =847,88 0,656*T+0,3790*PB)]. Em que, D BD - equação de densidade para biodiesel destilado; e D BF - 890

equação de densidade para biodiesel filtrado; T - temperatura do combustível no momento do ensaio, e PB - proporção de biodiesel. O consumo horário em volume foi determinado com base no volume de combustível consumido no percurso e para o consumo horário em massa, considerou-se a influência da temperatura na densidade do combustível no momento do teste, conforme equações 3 e 4. C *3,6 Chv = (3) e Chm = Chv * DBnx (4) t 1000 Em que, Chv - consumo horário (L h -1 ); C - volume consumido (ml), e t - tempo de percurso na parcela (s); Em que, Chm - consumo horário (kg h -1 ); Chv - consumo horário (L h -1 ), e DBnx - densidade determinada pelas equações (1 e 2). Para a determinação do consumo específico utilizou-se a seguinte equação: Chm CE = (5) PB Em que, CE - consumo específico (g kwh -1 ), e PB - potência na barra de tração (kw). Para o cálculo da potência na barra, utilizou-se a força de tração obtida em kn multiplicada pela velocidade em m s -1. O delineamento experimental foi em blocos inteiramente casualizados, em esquema fatorial 7x2, combinando-se sete proporções de mistura de biodiesel e diesel (B 0, B 5, B 15, B 25, B 50, B 75 e B 100 ), com dois tipos de biodiesel (filtrado e destilado). Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey, a 5% de probabilidade, para comparação de médias. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, média seguida de mesma letra maiúscula nas colunas não difere entre si, entretanto, média com ausência de letra, implica em interação significativa entre os fatores e, nesse caso, terá outra tabela de desdobramento. De acordo com a Tabela 1, observa-se que o consumo específico foi semelhante para os dois tipos de biodiesel, entretanto, para o fator mistura, ocorreu semelhança de B 0 a B 25, sendo B 25 ainda semelhante a B 50, embora B 50 foi maior que B 0, B 5 e B 15 e menor que B 75, sendo esta última menor que B 100. Tal comportamento concorda com os resultados de LOPES et al. (2004). O aumento de consumo nas maiores porcentagens de biodiesel, explica-se em função do menor poder calorífico do biodiesel. 891

TABELA 1. Síntese da análise de variância e do teste de médias para as variáveis consumo FATORES específico e consumo horário em volume e em massa. Consumo Específico (g kwh -1 ) Consumo Horário (L h -1 ) Consumo Horário (kg h -1 ) BIODIESEL (B) Filtrado 348 A 11,0 9,3 Destilado 348 A 11,9 9,6 MISTURA (M) BB0 328 A 11,2 8,9 BB5 332 A 11,0 8,8 BB15 333 A 10,8 8,8 BB25 341 AB 12,0 9,8 BB50 350 B 11,0 9,2 BB75 366 C 11,9 10,0 BB100 386 D 12,3 10,5 TESTE F B 0,1 NS 52,3 ** 5,7 * M 38,1 ** 13,0 ** 22,1 ** BxM 0,6 NS 3,2 * 2,6 * C.V. % 2,8 4,2 4,4 TABELA 2. Interações I e II, entre os fatores proporção de mistura e tipo de biodiesel para o consumo horário (L h -1 ) e consumo horário (kg h -1 ), respectivamente. INTERACÃO I: CONSUMO (L h -1 ) INTERACÃO II: CONSUMO (kg h -1 ) MISTURA TIPO DE BIODIESEL TIPO DE BIODIESEL FILTRADO DESTILADO FILTRADO DESTILADO BB0 11,2 ABC b 11,2 A b 8,9 AB b 8,9 A b BB5 10,3 A a 11,7 AB b 8,3 A a 9,3 AB b BB15 10,3 A a 11,4 A b 8,4 A a 9,1 A b BB25 11,8 C b 12,3 ABC b 9,8 BC b 9,8 ABC b BB50 10,7 AB b 11,2 A b 9,4 B b 9,0 A b BB75 11,2 ABC b 12,7 BC b 9,9 BC b 10,2 BC b BB100 11,5 BC b 13,1 C b 10,4 C b 10,6 C b BB0 = 0% biodiesel + 100% diesel, B 5 = 5% biodiesel + 95% diesel,..., B 100 = 100% biodiesel + 0% diesel. Analisando-se o fator mistura em cada tipo de biodiesel (Tabela 2), observa-se que para B 5 e BB15 ocorreu diferença de consumo horário, expresso em volume, entre os tipos de biodiesel, evidenciando-se vantagem para o biodiesel filtrado, sendo os resultados semelhantes para as demais misturas. Analisando-se o fator biodiesel em cada mistura, no tipo filtrado, B 0 foi semelhante em todas as misturas, embora B 25 diferiu de B 5, B 15 e B 50. Para o caso do tipo destilado, B 0 foi semelhante a B 5, B 15, B 25 e B 50, porém B 5 e B 25 foram semelhantes a B 75, sendo B 25 e B 75 semelhantes a B 100. O aumento de consumo ocorreu de B 0 para B 100, 892

concordando com os resultados obtidos por LOPES et al. (2004), RABELO (2001) e PETERSON et al. (1996). A explicação para o comportamento do consumo horário é a mesma do consumo específico. Analisando-se o fator mistura em cada tipo de biodiesel (Tabela 2), detecta-se que para B 5 e BB15 ocorreu diferença de consumo horário em massa entre os tipos de biodiesel, evidenciandose vantagem para o biodiesel filtrado. Para as demais misturas, os resultados foram semelhantes. Analisando-se o fator biodiesel em cada mistura, no tipo filtrado, B 0 foi semelhante a B 5, B 15, B 25, B 50 e B 75, porém, nesse grupo, B 5 e B 15 diferiram de B 25, B 50 e B 75, observando-se também semelhança entre B 25, B 75 e B 100. Considerando-se o biodiesel destilado, B 0 foi semelhante a B 5, B 15, B 25 e B 50, porém, pode ser observado que B 5 foi semelhante a B 75. Outra observação é que B 25 foi semelhante a todas as misturas, incluindo B 100 B que também foi semelhante a B 75. O aumento de consumo ocorreu de B 0 para B 100, concordando com os resultados obtidos por LOPES et al. (2004) e RABELO (2001). 4 CONCLUSÕES O tipo de biodiesel, filtrado ou destilado, não influenciou no consumo específico de combustível. O incremento de biodiesel aumentou o consumo específico a partir de B 50 até BB100 em 7 e 18%, respectivamente. O consumo horário apresentou diferença entre misturas e tipo de biodiesel. 5 AGRADECIMENTOS A FAPESP, Valtra, Coopercitrus e FUNDUNESP pelo apoio ao projeto biodiesel. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, 1999. 412p. LOPES, A.; FURLANI, C.E.A.; SILVA, R.P. Desenvolvimento de um protótipo para medição do consumo de combustível em tratores. Revista Brasileira de Agroinformática, Lavras, v.5, n.1, p.24-31, 2003. LOPES, A.; GROTTA, D.C.C.; FURLANI, C.E.A.; CAMARA, F.T.; HURTADO, G.R. Biodiesel etílico de óleo residual: consumo de combustível de um trator agrícola em função do percentual de mistura biodiesel e diesel de petróleo. In: CONGRESSO NACIONAL DE 893

ENGENHARIA MECÂNICA, 3., 2004. Belém: Associação Brasileira de Engenharia Mecânica, 2004. 1 CD-Rom. OLIVEIRA, L.B.; COSTA, A.O. da. Biodiesel: uma experiência de desenvolvimento sustentável. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENERGIA, 2002, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Energia, 2002. v.1, p.445-53. PETERSON, L.; REECE, D.L.; THOMPSON, J.C.; BECK, S.M.; CHASE, C. Ethyl ester of rapeseed used as a biodiesel fuel a case study. Biomass and Bioenergy, Moscow, v.10, n. 5/6, p. 331, 1996. RABELO, I.D. Estudo de desempenho de combustíveis convencionais associados a biodiesel obtido pela transesterificação de óleo usado em fritura. 2001. 99 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia) Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba, 2001. 894