Obtenção e propriedades de cerâmicas porosas pela técnica de incorporação de espuma

Documentos relacionados
OTIMIZAÇÃO DA SUSPENSÃO PARA OBTENÇÃO DE CERÂMICAS POROSAS VIA GELCASTING

FABRICAÇÃO DE Al 2 O 3 POROSA POR COAGULAÇÃO E GELIFICAÇÃO DA ESPUMA CERÂMICA

AVALIAÇÃO DO TIPO DE ESPUMANTE NAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE ALUMINA POROSA

HETEROCOAGULAÇÃO COMO TÉCNICA PARA OBTENÇÃO DE CERÂMICAS POROSAS

Agente espumante e seus efeitos nas propriedades físicas de alumina porosa

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA POROSIDADE EM MATERIAIS CERÂMICOS

Cerâmica 51 (2005) 78-84

Microestrutura Porosa do Porcelanato Polido Parte 2: Efeito do Tamanho de Partículas de Feldspato e Argila sobre o Manchamento

INFLUÊNCIA DO AMIDO NA FABRICAÇÃO E POROSIDADE FINAL DE CERÂMICAS CONFORMADAS POR CONSOLIDAÇÃO DIRETA

Estudo das propriedades mecânicas de cerâmicas porosas de alumina a 1450ºC e 1550ºC

Processamento de Cerâmicas I COLAGEM 20/6/17

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS DE CERÂMICAS OBTIDAS COM ADIÇÃO DE TURFA

CONDUTIVIDADE TÉRMICA DE ALUMINA POROSA PRODUZIDA ATRAVÉS DO GELCASTING DE ESPUMAS. São Carlos, SP. Manchester, M1 7HS, United Kingdom

Cerâmicas porosas para aplicação em altas temperaturas. (Porous ceramics for high temperature applications)

EFEITO DA TEMPERATURA DE QUEIMA NAS PROPRIEDADES DE CERÂMICA VERMELHA INCORPORDA COM CHAMOTE

BARBOTINAS CONTENDO AMIDO UTILIZADAS NA CONFORMAÇÃO DE PEÇAS CERÂMICAS. Palavras-chave: processamento cerâmico, alumina, amido, gelificação

2.2 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO: CONFORMAÇÃO

DEFEITOS DE FUNDIÇÃO AREIA VERDE RSCP/LABATS/DEMEC/UFPR/2017

PROCESSAMENTO DE CERÂMICAS I. Aditivos: plastificantes, defloculantes, lubrificantes e agentes suspensores; Preparo de massas cerâmicas

PROCESSAMENTO DE LIGAS À BASE FERRO POR MOAGEM DE ALTA ENERGIA

Classificação dos Processos de Fundição

CORRELAÇÃO ENTRE MEDIDAS DE RESISTÊNCIA MECÂNICA DE CORPOS DE PROVA DE ARGILA CONFORMADOS MANUALMENTE E POR PRENSAGEM UNIAXIAL

(Processing optimization for production of Al 2

PROPRIEDADES MECÂNICAS DO COMPÓSITO ALUMINA-ZIRCÔNIA

MATERIAIS DE CONSTRUÇÂO MECÂNICA II M 307 TRABALHO PRÁTICO N.º 2. Estudo do processamento e evolução microestrutural de um vidro cerâmico

Cerâmicos encontrados na natureza como a argila. Utilizado basicamente para peças de cerâmica tradicional.

Efeito da temperatura de queima nas propriedades e microestrutura de cerâmica vermelha contendo chamote

Aplicação da Estatística de Weibull na Avaliação da Tensão de Ruptura a Flexão de Revestimento Cerâmico

CONFORMAÇÃO FLUI DA DE MAT ER I AI S CER ÂMI COS. 1. Introdução Í NDI CE

peneira abertura Peneiramento Pó A Pó B # μm Intervalos % % #

Moagem Fina à Seco e Granulação vs. Moagem à Umido e Atomização na Preparação de Massas de Base Vermelha para Monoqueima Rápida de Pisos Vidrados

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS DE BLOCOS CERÂMICOS COM DIFERENTES CORES E TONALIDADES

APLICAÇÃO DAS CINZAS DE CARVÃO MINERAL EM UMA MASSA COMERCIAL DE REFRATÁRIOS ISOLANTES

OBTENÇÃO DE CERÂMICAS POROSAS PELA INSERÇÃO DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS DE SOJA E MILHO

Influência da composição química na permeabilidade em massas de porcelanato esmaltado

Necessária onde a sinterização no estado sólido não é possível (Si 3

RESÍDUO CERÂMICO INCORPORADO AO SOLO-CAL

CONFORMAÇÃO DE PEÇAS DE ALUMINA A PARTIR DE SUSPENSÕES CONTENDO GELATINA

ANÁLISE ESTATÍSITICA DA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE CORPOS CERÂMICOS CONTENDO RESÍDUO MUNICIPAL

Fibras poliméricas como aditivos de secagem em diferentes classes de concretos refratários

INFLUÊNCIA DA INCORPORAÇÃO DO REJEITO DO MINÉRIO DE MANGANÊS DE CARAJÁS-PA E FILITO DE MARABÁ-PA EM CERÂMICAS VERMELHAS

Processamento de materiais cerâmicos Preparo de massas cerâmicas

Ciência dos Materiais II. Materiais Cerâmicos. Prof. Vera Lúcia Arantes

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DA CINZA GERADA A PARTIR DO PROCESSO DE QUEIMA DO BAGAÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR NA PRODUÇÃO DE CONCRETO

INFLUÊNCIA DA IDADE DE CURA NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE BLOCOS SOLO-CAL

OBTENÇÃO DE TIALITA ESTABILIZADA COM ADIÇÃO DE ARGILA CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E MECÂNICA

Sinterização. Conceitos Gerais

"PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE ADESIVO PARA SUPERFÍCIES DE VIDROS, CERÂMICAS, ALVENARIAS E PLÁSTICOS À BASE DE LÁTEX DE BORRACHA NATURAL MODIFICADO POR

Engenharia e Ciência dos Materiais II. Prof. Vera Lúcia Arantes

Eixo Temático ET Educação Ambiental

ESTUDO DA VIABILIDADE PARA A PRODUÇÃO DE CONCRETOS COM ADIÇÃO DE RESÍDUOS DE VIDRO EM SUBSTITUIÇÃO AO AGREGADO MIÚDO NA CIDADE DE PALMAS-TO

LaRC, Departamento de Engenharia de Materiais - DEMa 2

Desenvolvimento de cerâmicas porosas. à base de Nitreto de Silício

ALTERNATIVAS PARA O CONTROLE DA DEFORMAÇÃO PIROPLÁSTICA EM PORCELANATOS

INFLUÊNCIA DA ABERTURA ENTRE ROLOS LAMINADORES SOBRE A COMPACTAÇÃO DE PLACAS CERÂMICAS

Preparação e determinação da resistividade elétrica de blendas de silicone e polianilina dopada com ácido cítrico

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE OBTENÇÃO DE MICRO- ESFERAS DE PARAFINA ATRAVÉS DE METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA (MSR)

CONFECÇÃO DE AMOSTRAS CERÂMICAS LABORATORIAIS POR EXTRUSÃO E ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS DE TIJOLOS VAZADOS E BARRINHAS MACIÇAS

PROCESSAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE CERÂMICAS CELULARES PELO MÉTODO DE EMULSÃO

Processamento e avaliação das propriedades de tubos cerâmicos porosos para microfiltração de emulsões

exp E η = η 0 1. Num vidro, a deformação pode ocorrer por meio de um escoamento isotrópico viscoso se a temperatura

ESTUDO DA MICROESTRUTURA DE CERÂMICAS POROSAS DE ALUMINA A 1450ºC E 1550ºC

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II (EM307) 2º Semestre 2005/ Sinterização

Processamento de Materiais Cerâmicos

A Operação de Prensagem: Considerações Técnicas e sua Aplicação Industrial. Parte IV: Extração da Peça e Resistência Mecânica a Verde

Sol de sílica como agente ligante para concretos refratários. (Silica sol as a binder agent for refractory castables)

Materiais de Construção II

ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO DE CORPOS CERÂMICOS POROSOS OBTIDOS VIA GELATINIZAÇÃO. BR 267, km 533 CEP , Poços de Caldas-MG/Brazil 2

CINÉTICA DE EVAPORAÇÃO DO ÓXIDO DE ZINCO. N. Duarte 1, W.B. Ferraz 2, A.C.S.Sabioni 3. Universidade Federal de Ouro Preto Ouro Preto, Brasil

Incorporação de resíduos siderúrgicos em cerâmica vermelha

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105)

MOLDAGEM. Prof. Ivanir L. Oliveira. Carga Horária: 4 horas -17 semanas (17 faltas)

Classificação dos Processos de Fundição

GMEC7301-Materiais de Construção Mecânica Introdução. Módulo II Ensaios Mecânicos

INCORPORAÇÃO DE LAMA VERMELHA IN NATURA E CALCINADA EM CERÂMICA VERMELHA

CONFORMAÇÃO DE CERÂMICAS DE ALUMINA UTILIZANDO A TÉCNICA DA CONSOLIDAÇÃO POR GEL DE AMIDO

DEFINIÇÃO DE FUNDIÇÃO. Processo metalúrgico de fabricação que envolve a. fusão de metais ou ligas metálicas, seguida do

Utilização de Alumina na Fabricação de Isoladores Elétricos para Alta Tensão

Cerâmica 50 (2004)

Relações estrutura- processamento no PVC

Introdução Conteúdo que vai ser abordado:

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais MATERIAIS CERÂMICOS

5 MATERIAIS E MÉTODOS

SUBSÍDIOS PARA PRODUÇÃO DE LADRILHOS E REVESTIMENTOS HIDRÁULICOS DE ALTO DESEMPENHO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

INFLUÊNCIA DA PRESSÃO DE COMPACTAÇÃO SOBRE AS PROPRIEDADES DE MASSA DE REVESTIMENTO CERÂMICO POROSO

OBTENÇÃO DE PLACAS CERÂMICAS ATRAVÉS DO PROCESSO DE LAMINAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DE CERÂMICAS DE ALUMINA PRODUZIDAS COM EXTRATO LÍQUIDO DE CASCA DE BETERRABA

Utilização de planejamento experimental no estudo de absorção de água de cerâmica incorporada com lama vermelha

Meios de Têmpera: Têmpera em água

PROPRIEDADES DO. Trabalhabilidade e Consistência CONCRETO FRESCO

3 Material e Procedimento Experimental

DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE RESISTÊNCIA E RIGIDEZ DE TECIDOS UNIDIRECIONAIS DE FIBRA DE VIDRO E DE FIBRA DE CARBONO

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE SÍLICAS MESOPOROSAS COM FERRO E COBALTO ASSOCIADOS

PRODUÇÃO DE COMPÓSITO CERÂMICO VISANDO APLICAÇÃO COMO FERRAMENTA DE CORTE

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

Programa Analítico de Disciplina CIV361 Materiais de Construção Civil II

COLAGEM DE BARBOTINA E ESMALTAÇÃO CERÂMICA

Transcrição:

Cerâmica 52 (2006) 213-219 213 Obtenção e propriedades de cerâmicas porosas pela técnica de incorporação de espuma (Production and properties of porous ceramics obtained by foam addition technique) R. C. O. Romano, V. C. Pandolfelli Departamento de Engenharia de Materiais - DEMa Universidade Federal de S. Carlos - UFSCar Rod. Washington Luiz, km 235, C. P. 676, S. Carlos, SP 13565-905 rcorjau@gmail.com, vicpando@power.ufscar.br Resumo Cerâmicas porosas, em geral, associam baixa condutividade térmica, alta área superficial, alta permeabilidade e resistência a ataques químicos. Essas características despertam grande interesse do setor de refratários para sua utilização como filtros em altas temperaturas e/ou como isolantes térmicos, quando sua porosidade é fechada. Diversas técnicas foram reportadas para obtenção desses materiais, tais como a queima de partículas orgânicas, a réplica e o gelcasting de espumas cerâmicas. No entanto, com as técnicas convencionais utilizadas até o momento, ainda não é possível o adequado controle da porosidade e da homogeneidade microestrutural. Por isso, no presente trabalho é proposta uma nova forma de obtenção de materiais porosos, onde uma espuma estável, produzida independentemente, é adicionada em uma suspensão de alumina, gerando materiais com elevada porosidade e estrutura homogênea (com estreita população de poros). Além disso, algumas propriedades, como resistência mecânica e módulo de Weibull são apresentadas e os resultados indicam que essa nova rota de processamento pode vir a ser utilizada para desenvolvimento de novos produtos. Palavras-chave: cerâmicas porosas, processamento, propriedades, alumina. Abstract Porous ceramics materials, usually, associate low thermal conductivity, high superficial area, high permeability and high resistance to chemical corrosion. These are interesting features for refractory applications such as filters for high temperatures or thermal insulating purposes. Several techniques have been reported to obtain porous ceramics: organic particle burn-out, replica technique and gelcasting of ceramic foams. However, these processing routes generally result heterogeneous materials with a broad of pore size distribution. Therefore, in this work a novel technique is used in order to produce porous ceramics, where a stable foam, prepared independently, is mixed to a Al 2 O 3 suspension, producing materials with high porosity and homogeneous microstructure (narrow pores distribuition). Besides that, their mechanical strength and Weibull s modulus are presented and the results showed promissing perspectives for this developed technique. Keywords: porous ceramics, processing, properties, alumina. INTRODUÇÃO Características, tais como, compatibilidade química e refratariedade, associadas à baixa densidade, baixa condutividade térmica e alta área superficial, podem credenciar as cerâmicas para o uso em aplicações tecnológicas para filtração em altas temperaturas, suporte para catálise [1], isolamento térmico, entre outros. Sendo assim, nos últimos anos, diversas técnicas de preparação de cerâmicas porosas estão sendo pesquisadas, buscando a obtenção de materiais com geometria complexa, microestrutura projetada e sem a necessidade da etapa de usinagem (redução de custos) [2]. De uma maneira geral, a obtenção de cerâmicas porosas segue algumas rotas clássicas, das quais podem ser citadas: queima de partículas orgânicas, réplica, gelcasting de espumas cerâmicas etc. O primeiro método citado consiste na incorporação de produtos orgânicos nos corpos cerâmicos, os quais são removidos durante a queima, deixando poros cujo tamanho está associado com as partículas dos agentes orgânicos [3, 4]. A obtenção das cerâmicas pelo método de réplica consiste na impregnação de uma suspensão cerâmica numa esponja, geralmente de poliuretano, sendo que após a secagem essa espuma é removida por uma operação de queima, resultando num material com porosidade aberta e microestrutura semelhante à da esponja precursora [5]. Já

214 R. C. O. Romano et al. / Cerâmica 52 (2006) 213-219 o gelcasting de espumas cerâmicas consiste basicamente na produção de uma suspensão cerâmica com monômeros vinílicos e divinílicos, que polimerizam in situ, consolidando o material [6]. Uma característica importante nesse tipo de reação é que, devido a sua alta reatividade, os radicais livres formados durante a polimerização, reagem imediatamente com as moléculas de oxigênio presentes no sistema, interrompendo a polimerização [6]. Por isso, a presença de oxigênio torna-se um fator limitante. Além disso, os monômeros utilizados nesse processo, são tóxicos [7] e algumas vezes cancerígenos. Uma outra técnica empregada na obtenção de materiais celulares, é a fabricação de aluminas porosas por coagulação e gelificação de uma espuma cerâmica, onde um agente espumante é adicionado na suspensão cerâmica e a mistura é intensamente agitada, com o auxílio de um misturador, promovendo incorporação de ar e, consequentemente, porosidade no material [5]. Considerando as cerâmicas obtidas até o momento, pelas técnicas descritas, nota-se que o controle tanto da porosidade quanto da homogeneidade microestrutural, características que podem influenciar as propriedades finais do produto, ainda é limitado. Desta forma, o desenvolvimento de uma rota de processamento que permita controlar a porosidade e gere materiais com microestrutura homogênea, representa um avanço tecnológico significativo na produção de cerâmicas porosas. Baseado nestes requisitos, técnicas alternativas têm sido pesquisadas para obtenção de corpos cerâmicos. Dentre elas, é sugerida uma rota de aperfeiçoamento da técnica descrita em [5], onde o controle do diâmetro dos poros era dificultado pelo método de geração de espuma in situ. Neste sistema, a consolidação da suspensão ocorre devido a alteração no valor da força iônica e do ph. Cabe, ainda, salientar que nesta nova rota de processamento, não há necessidade do controle da atmosfera da reação. Adicionalmente, os materiais são processados sem a utilização de aditivos tóxicos. Assim, este trabalho tem como objetivo, apresentar uma técnica complementar de obtenção de cerâmicas porosas através da incorporação de espumas independentes e seus efeitos sobre algumas propriedades finais do produto. Com base nas propriedades determinadas até o momento, supõe-se que as cerâmicas podem apresentar ampla aplicação industrial, como por exemplo, em filtros para metais fundidos, queimadores de gás, suporte de catalisadores, membranas, isolantes térmicos, sensores, materiais biocerâmicas, entre outros. Por isso, vários estudos vem sendo realizados para desenvolvimento dessa nova técnica, a fim de torná-la adequada para aplicações tecnológicas em grande escala. MATERIAIS E MÉTODOS O desenvolvimento dessa rota de processamento de cerâmicas porosas consistiu basicamente em três etapas distintas: obtenção da suspensão cerâmica, incorporação da espuma aquosa e adição do agente consolidador. Suspensão Para obtenção da cerâmica porosa foi preparada uma suspensão aquosa [teor de sólido ( ) = 82%-p] de alumina A-1000SG (Almatis, EUA), cujo tamanho médio de partícula (D 50 ) é de 0,80 µm e área superficial de 7,24 m 2 /g. O dispersante utilizado foi o citrato de amônio di-básico DAC (Sigma- Aldrich), no teor de 0,31x10 3 g/m 2. Alginato de sódio (Fluka Chemie, Suíça), no teor de 0,15%-p, foi adicionado para auxiliar na consolidação da cerâmica e, ainda, foi utilizado amido de milho (Gessy) no teor de 2,0%-p. Após a etapa de mistura, a suspensão foi deixada em constante agitação por cerca de 15 min para quebra de alguns aglomerados. Em paralelo preparou-se a espuma para posterior incorporação na suspensão cerâmica. Espuma Na obtenção da espuma, utilizou-se uma solução aquosa com surfactante aniônico (Chemyunion, Brasil), óleos estabilizantes polar a apolar (Bravir, Brasil) e biopolímero viscosificante (SKW Alemanha). Primeiramente, agitou-se a solução de água e surfactante com uma hélice espiral, a fim de se incorporar a maior quantidade de ar possível. Em seguida adicionou-se os agentes estabilizantes (para promoção da estabilização física e química [8]) e o viscosificante (para captura de água da fase líquida e conseqüentemente aumento da viscosidade do sistema [8]). Sistema consolidador Adicionou-se a espuma estável na suspensão cerâmica e em seguida homogeneizou-se a mistura. Após esta etapa adicionou-se 0,4 %-p de diacetato de alumínio hidratado Água Estabilizantes Viscosificante Espuma Estável Surfactante Água Dissolução Mistura Cerâmica Porosa Amido HADA Mistura Suspensão Alumina Alginato Homogenização Figura 1: Fluxograma de obtenção das cerâmicas porosas. [Figure 1: Porous ceramics process flowchart.] DAC

R. C. O. Romano et al. / Cerâmica 52 (2006) 213-219 215 HADA (Aldrich, EUA), misturado em água (teor de sólido (φ) = 80%-p) e deixou-se por cerca de 10 segundos sob agitação intensa [5]. Verteu-se a suspensão no molde e deixou-se exposto ao ar por cerca de 12 h para promover a primeira etapa de secagem. Em seguida o material foi submetido a uma secagem por 12 h a 50 ºC, sendo a seguir realizada a queima (2 ºC/min até 1100 ºC, 1300 ºC e 1500 ºC, permanecendo por 2 h nas respectivas temperaturas). A Fig. 1 apresenta um fluxograma esquemático das etapas realizadas para obtenção da cerâmica porosa. Caracterização do material O material foi caracterizado a partir das análises de porosidade, diâmetro de poros, resistência mecânica e estatística de Weibull. A porosidade do material foi avaliada a partir da imersão da cerâmica em querosene (r=0,80g/cm 3 ), segundo a norma ABNT NBR 6220 e calculada através das equações a seguir: PT (%) = (1 - r rel ) x 100% (A) (B) onde PA é a porosidade aparente, PT é a porosidade total, m s, m u, m i, são, respectivamente, massa da cerâmica seca, úmida e imersa em querosene e, ρ rel é a densidade relativa do material cerâmico [9]. O diâmetro dos poros foi avaliado usando-se um porosímetro de mercúrio (Aminco, 5000 psi) que mede tamanhos de poros na faixa de 175 a 0,035 mm. O perfil de distribuição de poros pode ser estabelecido pela equação de Washburn, a seguir: onde P é a carga máxima atingida no momento da ruptura (N), h é a altura do corpo de prova (m), d é o diâmetro do corpo de prova (m) e σ é a tensão de fratura (Pa). A partir dos valores de resistência mecânica, pode-se determinar a reprodutibilidade do método de preparação dos corpos, de acordo com o modelo estatístico proposto por Weibull [10, 12, 13], segundo a equação E, a seguir: (E) onde P é a probabilidade de ruptura, σ f é a resistência do material e σ 0 é um parâmetro de ajuste. RESULTADOS E DISCUSSÃO O processamento do material poroso por esse novo método apresenta particularidades que devem ser consideradas para que o produto final seja moldado com sucesso. Assim, a cerâmica deve ser obtida em três etapas subseqüentes: obtenção da suspensão cerâmica, incorporação da espuma estável e consolidação do material. Na primeira etapa, a suspensão deve apresentar elevado teor de sólidos associado à elevada fluidez. Tal requisito facilita o preenchimento dos moldes, evitando que defeitos apareçam na superfície do material. A espuma aquosa, por sua vez, deve apresentar ótima estabilidade, ou seja, o tempo de coalescência das bolhas deve ser elevado. No entanto, como as espumas não são estáveis quando obtidas a partir de meios mecânicos, estas buscam um estado de menor energia [14]. Assim, para evitar que esse fenômeno ocorra facilmente, tem-se buscado produzir espumas com adição de agentes estabilizantes f (C) onde, D é o diâmetro do poro (µm), σ s é a tensão superficial do mercúrio (480 dinas/cm), θ é o ângulo de contato mercúrio/superfície sólida (~130º) e p é a pressão aplicada (psi) [10]. Para determinação da resistência mecânica foi utilizado o ensaio de compressão diametral, segundo a norma ASTM C496-90 [11] em uma máquina de ensaio universal MTS (Model 810, Minneapolis, MN) com taxa de carregamento de aproximadamente 11N/s. (D) Figura 2: Rede tridimensional formada na consolidação da cerâmica porosa. [Figure 2: Three-dimensional net genered during porous ceramics consolidation.]

216 R. C. O. Romano et al. / Cerâmica 52 (2006) 213-219 e viscosificantes. Os primeiros são responsáveis pela estabilização físico-químico das espumas, formando uma camada protetora ao redor da película que envolve as bolhas [15] e evita a aproximação das bolhas vizinhas. O viscosificante, por outro lado, aumenta gradualmente a quantidade de água retida em suas moléculas e assim, consequentemente, a viscosidade do meio líquido. Após a incorporação da espuma aquosa estável na suspensão cerâmica, ocorre a adição do agente consolidador. Esse aditivo gera uma rede tridimensional, responsável pela imobilização das partículas, conforme apresentado na Fig. 2. Os íons Al 3+ gerados são ancorados nas moléculas de alginato de sódio, em substituição aos íons monovalentes de sódio (Na + ) aumentando, consequentemente, a força iônica e variando o ph do meio. A reação entre o alginato de sódio [16] e o HADA é rápida e, desta forma, a consolidação do sistema pode ocorrer antes da coalescência das bolhas incorporadas no material, o que é ideal para o processo em estudo. Após a moldagem e queima do material, algumas propriedades das cerâmicas, como porosidade, diâmetro de poros, resistência mecânica e reprodutibilidade do método (módulo de Weibull), foram determinadas. Porosidade A porosidade do material antes da queima foi de 68,2% ± 0,2. Esse valor corresponde aos poros deixados somente pela incorporação da espuma e pelo empacotamento de partículas de alumina. Neste valor não está sendo considerado outras fontes geradoras de poros, uma vez que as amostras foram deixadas por 24 h sob temperatura de 110 ºC, para evaporação de água e, nesta temperatura, o material orgânico ainda não se decompôs. A Fig. 3 apresenta os resultados da porosidade após o tratamento térmico em diversas temperaturas. Conforme previsto, há uma pequena diferença entre a porosidade do material verde e queimado a 1100 ºC por 2 h. Pode-se dizer que essa diferença é equivalente a Porosidade (%) Temperatura (ºC) Figura 3: Representação das porosidades total e aparente resultantes. [Figure 3: Total and apparent porosity obtained after firing.] Porosidade Total (%) Figura 4: Representação da porosidade do material após variação da proporção de espuma na suspensão. [Figure 4: Materials porosity as a function of the foam / ceramic suspension ratio.] queima do material orgânico incorporado ao material, ou seja, cerca de 2%. Para materiais tratados termicamente à temperatura de 1500 ºC verifica-se uma grande redução da porosidade, devido à densificação do material. Caso seja necessário, a porosidade da cerâmica ainda pode ser aumentada variando-se a proporção de espuma para suspensão cerâmica. Amostras com várias proporções foram moldadas e caracterizadas quanto a porosidade deixada. A Fig. 4 apresenta as porosidades obtidas para materiais com diferentes teores de espumas, em amostras queimadas em três diferentes temperaturas. A tendência do aumento da porosidade é praticamente a mesma, independente da temperatura de queima. Para amostras queimadas em 1500 ºC alcançou-se uma porosidade próxima a 69%, enquanto que para cerâmicas queimadas a 1100 ºC o valor máximo foi próximo a 80%, quando o volume de espuma foi duas vezes maior que o volume de suspensão. No entanto, para a análise de porosimetria de Hg, as amostras foram preparadas com os mesmos volumes de espuma e suspensão cerâmica, ou seja, V esp =1. Convém salientar que o grande diferencial dessa nova técnica é a porosidade elevada aliada ao diâmetro de poros pequenos. Essa característica pôde ser confirmada a partir da análise dos resultados obtidos com a porosimetria de mercúrio. Diâmetro dos poros V esp Outro fator que merece destaque nessa nova rota de processamento de materiais porosos é a distribuição dos poros. A Fig. 5 apresenta o gráfico da distribuição discreta dos poros geradas na cerâmica, após diferentes tratamentos térmicos. Analisando os resultados da Fig. 5, nota-se antes da queima, duas populações de poros bem definidas (em torno de 0,10 µm e 10 µm), onde os poros próximos de 0,10 µm podem estar associados ao empacotamento

R. C. O. Romano et al. / Cerâmica 52 (2006) 213-219 217 desenvolvimento dos materiais porosos, pois as cerâmicas obtidas apresentam alta porosidade aliada a uma boa homogeneidade microestrutural e distribuição estreita de poros. dv/dlogd Resistência mecânica Os ensaios mecânicos foram realizados para as cerâmicas Diâmetro do poro (mm) Figura 5: Distribuição discreta de poros das cerâmicas. [Figure 5: Discrete pore size distribution.] das partículas. À medida que aumenta a temperatura de queima, o tamanho dos poros menores diminui, devido a coalescência dos mesmos durante a sinterização. Por isso, para queimas realizadas em temperatura de 1500 ºC o diâmetro médio dos poros se encontra próximo a 10 µm. À medida que se aumenta a temperatura de queima, os resultados indicam a tendência para uma distribuição monomodal. Essa afirmação pode ser comprovada com a analise do gráfico apresentado na Fig. 6, onde há indicativos de que para amostras queimadas em 1100 ºC, cerca de 33% dos poros apresentam diâmetros em torno de 0,1 µm, enquanto que para aquelas queimadas em 1300 ºC, somente % acumulada de poros Diâmetro do poro (mm) Figura 6: Volume acumulado de Hg penetrado em função do diâmetro de poro. [Figure 6: Accumulative pore size distribution.] cerca de 18% dos poros têm este diâmetro. As amostras queimadas em 1500 ºC, por sua vez, apresentam uma população de poros característica com valores próximos a 7 µm de diâmetro, conforme apresentado na Fig. 5. Esse é um importante resultado, quando se busca obter cerâmicas porosas que apresentem uma distribuição de poros monomodal. Além disso, cerca de 85% dos poros deixados nesse material possuem diâmetros menores que 10 µm. As características observadas até agora mostram que essa rota de processamento apresenta um significativo avanço no s f (MPa) Temperatura Figura 7: Resistência mecânica à compressão diametral para diferentes temperaturas. [Figure 7: Diametral compression mechanical strength after firing at different temperatures.] verdes e queimadas em temperaturas de 1100 ºC, 1300 ºC e 1500 ºC, conforme apresentados na Fig. 7. A temperatura de queima influencia significativamente a resistência à fratura por compressão diametral. Como em temperaturas próximas a 1100 ºC a sinterização das partículas ainda é pequena, o valor da resistência mecânica é menor que para as amostras que sofreram tratamentos térmicos em temperaturas superiores. Conforme descrito anteriormente, caso seja necessário o aumento da porosidade do material, pode-se variar a proporção no volume de espuma adicionado na suspensão cerâmica. No entanto, deve-se considerar que o aumento na porosidade influencia diretamente na resistência mecânica do material. A Fig. 8, a seguir, apresenta os valores de resistência mecânicas dos materiais cerâmicos, em função da variação da proporção de espuma adicionada na suspensão cerâmica, para amostras queimadas nas temperaturas de 1100 ºC, 1300 ºC e 1500 ºC. Com base nos dados do gráfico da Fig. 8, pode-se dizer que o aumento da razão do V esp para valores elevados pode comprometer muito a utilização do material em aplicações que necessitem maiores resistências mecânicas. Nota-se que o valor de σ f diminui significativamente a medida que se aumenta a proporção de espuma, embora a porosidade não aumente na mesma magnitude (Fig. 4). Isso se deve ao mais difícil controle da porosidade do material, resultando em poros maiores e, consequentemente, maiores defeitos críticos. Por estas razões, recomenda-se o uso da proporção V esp / V susp =1, onde a resistência a compressão diametral, aliada à elevada porosidade e diâmetros de poro na faixa desejada são as características mais adequadas. Apesar dos materiais moldados por essa técnica

218 R. C. O. Romano et al. / Cerâmica 52 (2006) 213-219 s f (MPa) reprodutibilidade considerados aceitáveis (m 10). Apesar de se obter materiais com boa reprodutibilidade, estudos adicionais devem ser realizados buscando melhorar as qualidades de processamento e, conseqüentemente, aumentar o valor de m para amostras queimadas em 1500 ºC. CONCLUSÔES V esp Figura 8: Variação da resistência mecânica das cerâmicas, devido à variação de espumas incorporada na suspensão. [Figure 8: Mechanical strength as a function of the foam / ceramic suspension ratio, after firing at different temperatures.] apresentarem características interessantes, deve-se avaliar a reprodutibilidade do processamento. Para isso, uma ferramenta que pode nos fornecer uma idéia muito boa sobre a reprodutibilidade é a estatística proposta por Weibull, determinada a partir dos valores da resistência mecânica. A Tabela I, mostra os resultados obtidos no estudo da estatística de Weibull [12]. Apesar dos materiais cerâmicos serem processados da mesma forma, a temperatura de queima pode modificar a estrutura do corpo e, portanto, o tamanho do maior defeito presente na estrutura. Segundo Zanotto et al [13], os valores observados de parâmetros de Weibull (m) dependem fortemente do processamento cerâmico, inclusões e da qualidade de acabamento superficial. Tipicamente, os valores de m variam entre 3 e 15 (3<m<15). Desta forma, podese dizer que os valores obtidos podem ser considerados bons para queimas abaixo de 1300 ºC, já que os produtos obtidos apresentam reprodutibilidades próximas à medida que se aumenta a temperatura de queima. Essa variação na reprodutibilidade pode estar associada à retração diferencial entre a fase contínua e a porosa, gerando microtrincamento no material e ao processo aleatório de Tabela I Valores do módulo de Weibull (m). [Table I Weibull s modulus for the produced ceramics.] Temperatura Resistência Módulo de (ºC) Mecânica (MPa) Weibull (m) 110 0,1 ± 0,01 35,8 1100 3,0 ± 0,21 15,4 1300 11,9 ± 0,81 16,0 1500 18,6 ± 1,91 9,9 coalescimento de poros durante a sinterização (processo ainda pouco presente em queimas inferiores a 1100 ºC). Acima da temperatura de 1300 ºC verificou-se uma queda no módulo de Weibull mas ainda com valores de O processamento cerâmico proposto é simples, utilizando equipamentos de baixo custo e sem o uso de aditivos tóxicos. As propriedades obtidas mostram que essa nova rota de processamento é adequada, quando o objetivo é obter materiais com microestrutura homogênea, elevada porosidade submicroscópica e elevadas resistências mecânicas. A técnica de processamento apresentada neste trabalho representa um significativo avanço no desenvolvimento de materiais porosos e, por isso, possibilita a descoberta de novas aplicações para as cerâmicas processadas por essa nova técnica. A produção de peças com maiores dimensões tem sido um dos próximos desafios. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a FAPESP pelo apoio na realização deste trabalho. REFERÊNCIAS [1] F. S. Ortega, A. E. M. Paiva, J. A. Rodrigues, V. C. Pandolfelli, Cerâmica 49, 241 (2003) 1. [2] L. H. Van Vlack, Princípios de Ciência dos Materiais, 1ª Ed., Edgard Blücher, S. Paulo (1970) 427. [3] R. P. S. Dutra, L. R. A., Pontes, Cerâmica 48, 294 (2002) 223. [4] O. Lyckfeldt, J. M. F. Ferreira, J. Eur. Ceram. Soc. 18, 2 (1998) 131. [5] V. R. Salvini, D. Rocha, F. A. O. Valenzuela, V. C. Pandolfelli, Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica, S. Paulo (2003). [6] F. S. Ortega, P. A. S. Inostroza, V. C. Pandolfelli, Cerâmica 46, 300 (2000) 225. [7] F. A. Almeida, F. C. L Melo, G. P. Thim, Anais do VIII ENCITA, S. José dos Campos (2002) 328. [8] J. L. Salager, J. M. Anderez, A. Forgiarini, Cuaderno FIRP 263-A, Versión 1, Mérida, Venezuela (2003) 8. [9] ABNT NBR 6220, Material refratário determinação da massa específica aparente, massa específica aparente da parte sólida, absorção de água, porosidade aparente e porosidade total (1980) 1. [10] L. A. M. Scudeller, Tese de Doutorado, DEMa, UFSCar (1997). [11] ASTM C 496-90, Standard test method for plitting tensile strength of cylindrical concrete specimens (1990) 1.

R. C. O. Romano et al. / Cerâmica 52 (2006) 213-219 219 [12] A. L. A. Monteiro, Monografia de complementação de curso, DIE, Unesp (2001). [13] E. D. Zanotto, A. R. MigIiore Jr., Cerâmica 37, 247, (1991) 7. [14] M. M. M. Azevedo, Apostila de Físico-Química de Soluções de Polímeros e Surfactantes. IQ, Unicamp, (2000). [15] J. L. Salager, Cuaderno FIRP S300-A, Versión 1, Mérida, Venezuela, (1992) 4. [16] R. W. Phillips, Materiais Dentários (Cap. 6), 10ª Ed., Guanabara Koogan (1998) 67. (Rec. 16/06/2005, Ac.28/02/2006)