Desenvolvimento Sustentável do Meio Ambiente: Estudo no Instituto Souza Cruz



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Transcrição:

Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária Belo Horizonte 12 a 15 de setembro de 2004 Desenvolvimento Sustentável do Meio Ambiente: Estudo no Instituto Souza Cruz Área Temática de Meio Ambiente Resumo O progresso e o crescimento populacional trouxeram consigo uma grande preocupação sobre como continuar se desenvolvendo com qualidade sendo que os recursos estão cada vez mais escassos. O conceito da sustentabilidade surge, então, com a necessidade de desenvolver atividades que durem a longo prazo, se auto mantendo, abastecendo o presente e preservando a sobrevivência futura da atividade. O desenvolvimento sustentável propõe a sustentabilidade em todos os setores, em especial no meio ambiente, pois este é formado recursos essenciais à sobrevivência humana e precisam ser sustentáveis para atender às necessidades básicas. O Instituto Souza Cruz é uma organização que têm investido no desenvolvimento sustentável do meio ambiente, o objetivo deste trabalho é expor as principais contribuições do instituto, demonstrando que as empresas podem e devem ter ações voltadas para o desenvolvimento sustentável. Para tanto foi realizada uma pesquisa junto ao instituto, solicitando materiais e documentos, além da distribuição de um questionário, que serviram de subsídios para os resultados da pesquisa. A organização possui programas específicos sobre meio ambiente com intuito de informar e difundir a idéia de conservação e preservação do meio ambiente, e têm contribuído para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente. Autores Geraldino Carneiro de Araújo Bacharel em Administração e pós-graduando em Administração de Recursos Humanos e Gestão de Negócios/FIRB Roberto Pereira da Silva Mestre em Administração/UFSC, professor e coordenador do curso de Administração das FIRB. Instituição Faculdades Integradas Rui Barbosa de Andradina/SP - FIRB Palavras-chave: desenvolvimento sustentável; meio ambiente; programas. Introdução e objetivo O progresso e o crescimento populacional trouxeram consigo uma grande preocupação sobre como continuar se desenvolvendo/crescendo com qualidade sendo que os recursos estão cada vez mais escassos. O conceito da sustentabilidade surge, então, com a necessidade de desenvolver atividades que durem a longo prazo, se auto mantendo, abastecendo o presente e preservando a sobrevivência futura da atividade. O desenvolvimento sustentável propõe a sustentabilidade em todos os setores, em especial nos recursos naturais como a agricultura e também dos recursos não renováveis, como a água, ar, solo, pois são essenciais à vida humana e precisam ser sustentáveis para atender às necessidades básicas de sobrevivência humana. Ao se conceituar o desenvolvimento sustentável é preciso ser amplo e generalista, levando em consideração uma série de fatores que se interligam. O desenvolvimento sustentável, para apresentar os resultados esperados, necessita da colaboração de todos, uma ação conjunta para o bem comum.

O desenvolvimento sustentável possui muitas definições que esclarecem a amplitude do conceito e suas discussões, no entanto tudo se restringe a uma única idéia: que o desenvolvimento presente ocorra gerando sustentabilidade futura. Sinteticamente, o desenvolvimento sustentável visa promover o atendimento das necessidades presentes, garantindo a continuidade dos recursos para as gerações futuras. Entende-se por necessidades tudo aquilo que o ser humano precisa para sobreviver e ter uma adequada qualidade de vida. No ambiente atual percebe-se a urgência da aplicação dos conceitos básicos do desenvolvimento sustentável. Uma breve análise mundial revela que o progresso, o crescimento, tem sido um dos agravantes dos problemas sociais e da escassez de recursos, se torna evidente que quanto mais a população cresce, devido ao progresso, mais se torna difícil abastecer a população e não se consegue satisfazer as necessidades de grande parte das pessoas. Alimentação, habitação, renda são os principais e mais urgentes fatores a serem considerados; os recursos naturais como água, ar, solo, devem ser preservados para a continuidade destes recursos. Se por um lado o progresso e o conseqüente aumento populacional agravam mais o desenvolvimento, por outro vê que existem pequenas iniciativas neste sentido, discretas, talvez se fala muito sobre tudo isso e se faz pouco, no entanto se para alguns o desenvolvimento sustentável é tido como uma utopia romântica que foge da realidade e do futuro já traçado, para outros é uma necessidade presente e urgente. Cabe a cada pessoa escolher no que quer acreditar. São várias as concepções do conceito de desenvolvimento sustentável, Philippi (2001), levanta algumas definições: para os ambientalistas o desenvolvimento sustentável é conjunto de transformações que deve ocorrer em relação ao consumo e produção, para que se inverta o quadro de degradação ambiental e a miséria social, determinando as novas prioridades da sociedade alinhadas a uma nova ética de comportamento humano e ações, pensado nos interesses sociais, coletivos. Para Márcio Fortes (Coordenador do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável) trata-se do alinhamento da economia com o meio ambiente, ou seja, a integração de critérios econômicos às práticas ecológicas, apoiada no desenvolvimento, reduzindo a miséria e não poluindo. A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) afirma que o desenvolvimento sustentável é um progresso da competitividade mundial, no qual o meio ambiente é um meio econômico que assegura a sobrevivência e o desenvolvimento, o ser humano é entendido como capital humano. O conceito explorado neste trabalho é oriundo da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento que define o desenvolvimento sustentável como aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades (Philippi, 2001, p. 303). Desenvolvimento sustentável foi definido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Brasil, 2001, p. 38) como sendo o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades, e continua citando os nove princípios para se alcançar o desenvolvimento sustentável: Princípio fundamental 1. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos. Critério de sustentabilidade 2. Melhorar a qualidade de vida humana. 3. Conservar a vitalidade e a diversidade do Planeta Terra. 4. Minimizar o esgotamento de recursos não-renováveis. 5. Permanecer nos limites de capacidade de suporte do Planeta Terra. Meio para se chegar à sustentabilidade 6. Modificar atitudes e práticas pessoais. 7. Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio ambiente.

8. Gerar uma estrutura nacional para integração de desenvolvimento e conservação. 9. Constituir uma aliança mundial. O uso racional, o não desperdício, a preocupação com a qualidade de vida das próximas gerações são os princípios básicos da sustentabilidade; e termos como desenvolvimento sustentável, economia sustentável, sociedade sustentável e uso sustentável são tidos como sinônimos. O desenvolvimento sustentável, para Mendes (2003), assume uma postura de defesa do meio ambiente e de continuidade das gerações, afirmando que é preciso se desenvolver em harmonia levando em consideração as limitações ecológicas do planeta, sem destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham a chance de existir e viver bem, de acordo com suas necessidades, como a melhoria da qualidade de vida e das condições de sobrevivência. O desenvolvimento sustentável para os ambientalistas requer uma determinação das novas prioridades definidas pela sociedade, através de uma nova ética do comportamento humano e de uma recuperação do primado dos interesses sociais, coletivos, englobando um conjunto de mudanças-chave na estrutura de produção e consumo, invertendo o quadro de degradação ambiental e a miséria social a partir de suas causas, o que não vem ocorrendo atualmente (Philippi, 2001). Uma atividade sustentável qualquer é aquela que pode ser mantida por um longo período indeterminado de tempo, ou seja, para sempre, de forma a não se esgotar nunca, apesar dos imprevistos que podem vir a ocorrer durante este período. Pode-se ampliar o conceito de sustentabilidade, em se tratando de uma sociedade sustentável, que não coloca em risco os recursos naturais como o ar, a água, o solo e a vida vegetal e animal dos quais a vida (da sociedade) depende. O desenvolvimento sustentável é aquele que melhora a qualidade da vida do homem na terra e respeita a capacidade de produção dos ecossistemas. Philippi (2001) enfoca a sustentabilidade ecológica com o uso mais eficiente do potencial dos recursos existentes nos diversos ecossistemas, redução do consumo, redução da poluição. Se por um lado o progresso e o conseqüente aumento populacional agravam mais o desenvolvimento, por outro vê que existem pequenas iniciativas neste sentido, discretas, talvez se fala muito sobre tudo isso e se faz pouco, no entanto se para alguns o desenvolvimento sustentável é tido como uma utopia romântica que foge da realidade e do futuro já traçado, para outros é uma necessidade presente e urgente. Cabe a cada pessoa escolher no que quer acreditar. O progresso tem gerado algumas complicações: o crescimento populacional, o conseqüente aumento na produção do lixo e da poluição, a degradação ambiental como um todo, a falta de recursos básicos para a sobrevivência humana vem-se tornando cada vez mais escassos. O que antes era fartura agora é racionado e daqui a alguns anos haverá falta. Em meio a este conturbado cenário surgem as idéias do desenvolvimento sustentável com o objetivo de conscientizar todos para fazer com que os recursos que os abastecem continue abastecendo as próximas gerações. O conceito é bastante discutido atualmente, apresentam-se muitas propostas para se alcançar o desenvolvimento sustentável, no entanto na prática ainda é lento o processo. Para Philippi (2001) a sustentabilidade pode ser apresentada de vários aspectos: Sustentabilidade social: estabelecimento de um processo que conduza a um padrão estável de crescimento, com uma distribuição de renda mais eqüitativa, assegurando os direitos da massa populacional. Sustentabilidade econômica: estabelecimento de um fluxo constante de investimentos e alocação e manejo eficiente dos recursos naturais, avaliar mais em termos macro-sociais. Sustentabilidade ecológica: uso mais eficiente do potencial dos recursos existentes nos diversos ecossistemas, redução do consumo, redução da poluição.

Sustentabilidade espacial (geográfica): melhor distribuição espacial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas. Há preocupação com a concentração populacional nos grandes centros destruindo os frágeis escossistemas da região. Sustentabilidade cultural: buscar mudanças em sintonia com a continuidade cultural vigente. O crescimento global é o grande desafio de construir um desenvolvimento sustentável, que valorize os recursos naturais e humanos, visando a melhoria da qualidade e a edificação de uma sociedade sustentável capaz de superar os problemas atuais e utilizar as potencialidades existentes no país. É preciso solução uma série de problemas, além de estabelecer mudanças, como por exemplifica Mininni-Medina (2001, p. 159): Agricultura sustentável: transformações no modelo de desenvolvimento e nas políticas de ocupação do solo, de produção, de novos modelos e prioridades para comercialização, investimentos em crédito rural e em produção de conhecimento; Sustentabilidade nas cidades: transformar os espaços urbanos em lugares adequados para o desenvolvimento das atividades humanas, com boas condições de moradia, de transporte e lazer, entre muitas outras; Infra-estrutura sustentável: transformar a matriz energética brasileira eficiente e não desperdiçadora, investir também na aplicação de novos recursos e tecnologias para a geração de energias limpas e alternativas; Redução de desigualdades: diminuição da pobreza extrema, acesso aos recursos (inclusão social), diminuição do consumo desenfreado das camadas privilegiadas, são as condições básicas para a construção de um desenvolvimento sustentável; Ciência e tecnologia: o desenvolvimento sustentável econômica, social e ambiental exige forte investimentos na ciência e na tecnologia, para tanto necessita-se de mais investimento em educação e pesquisa. O objetivo deste trabalho é o de definir as ações e contribuições da Souza Cruz para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente. Para tanto, perseguiram-se os objetivos específicos de caracterizar a organização e sua evolução, especificar os programas e suas características. Metodologia Problema de pesquisa: Quais as ações, programas e contribuições do Instituto Souza Cruz em relação ao desenvolvimento sustentável do meio ambiente? Objeto de estudo: Instituto Souza Cruz Caracterização da pesquisa: descritivo-exploratória, uma vez que se descreve e explora o tema proposto, a pesquisa possui características qualitativas. A pesquisa descritivaexploratória visa descrever as características de um determinado fenômeno proporcionado uma maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionário e observação sistemática. Geralmente, assume a forma de levantamento. Levantamento é quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas (ou organizações) cujo comportamento ou ações se deseja conhecer. A pesquisa qualitativa considera que existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, que não pode ser traduzido em números (não requer a utilização de métodos e técnicas estatísticas). A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. É descritiva. A tendência é de analisar os dados indutivamente. (Gil, 1991). Coleta de dados: pesquisa na literatura para fundamentação teórica, e também contatos telefônicos e via e-mail com a instituição com o objetivo de se conseguir o máximo de informações, materiais, documentos e subsídios para o artigo (a fundação enviou uma série de documentos por correio).

Análise e tratamento dos dados: analisou-se os textos de maneira exploratória para se definir o perfil da instituição e quais ações que esta realiza para alcançar ou contribuir para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente. Por se tratar de uma pesquisa qualitativa transportou-se as idéias para um texto claro e direto na qual se pôde responder o problema de pesquisa e alcançar os objetivos propostos. Resultados e discussão O crescimento é inevitável, é preciso criar uma estrutura para suportá-lo, supri-lo; de maneira a produzir mais, reciclar mais, conscientizar mais, e consumir menos. A população terá que agir menos agressivamente em relação ao meio ambiente, pois os recursos naturais são limitados. Produzir degradando menos de forma mais limpa e reduzindo o consumo são fatores a serem mais disseminados e realizados. Os seres humanos têm um futuro comum, o que afeta uma sociedade afeta todo o mundo. As organizações empenhadas a contribuir para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente vêm se destacando com programas que envolvem a sociedade, o pensamento é focado em não degradar o meio ambiente para a sua continuidade, em segundo plano ficam o marketing e a lucratividade. Neste cenário encontra-se o Instituto Souza Cruz, fundado e mantido pela Souza Cruz, uma empresa que fabrica cigarros e teve a seguinte evolução: 1903 No centro do Rio de Janeiro, em um sobrado, com a primeira máquinas de cigarros já enrolados. 1914 A empresa passa a fazer parte do Grupo British American Tabacco (BAT). 1927 Primeiras fábricas fora do Rio de Janeiro: em São Paulo e Salvador. 1951 O primeiro serviço médico da companhia, com creche e nutricionistas 1969 Começa a exportação de fumo brasileiro. 1978 Fábrica de Uberlândia (MG): a maior da América Latina. 1985 Free Jazz: consistente ação de marketing cultural. 1996 Santa Cruz do Sul: maior complexo de beneficiamento do fumo do mundo. 2003 Fábrica, em Cachoerinha (RS): modelo de gestão ambiental. Hoje se trata de um empresa conceituada no mercado, observe os números, são mais de 384.000 postos de empregos (diretos e indiretos), possui em torno de 45.000 famílias de agricultores parceiros, exportam mais de 100.000 toneladas de fumo para cerca de 55 países e ainda possuem 190.000 pontos de venda em todo o país. A empresa tem programas voltados para a educação, criança e adolescente e combate a fome, no entanto é no meio ambiente que mais tem investido, seus principais projetos são: Projetos: Hortas Escolares, em Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. - Investimento: 100.000 - Características: Além de ensinar e estimular estudantes a produzir hortaliças, transmite a importância de preservar o meio ambiente, o valor nutritivo dos alimentos e noções de higiene e saúde. O Instituto Souza Cruz fornece às escolas material didático, um manual do professor e 12 tipos de sementes de hortaliças. São beneficiadas 3.280 escolas com 129.000 alunos da zona rural. Projetos: Reflorestar, na região Sul do país. - Investimento: 925.000 - Características: Como a lenha é o insumo mais econômico para secagem do fumo, o objetivo principal é tornar os 45.000 produtores de fumo da Região Sul auto-suficientes em energia, com a eliminação completa do uso de madeira nativa. Para isso, é realizadas uma ampla campanha, com suporte de rádio, cartazes, audiovisuais, folhetos, revistas especializadas, seminários e reuniões em grupos. Cerca de 10,2% das propriedades rurais já adotaram o reflorestamento. Projeto: Plano Diretor de Solo - Características: Auxilia os pequenos proprietários a manejar melhor sua área física, que é sua riqueza. Completa análise de solo, financiamento de calcário para correção e plantio estruturado para evitar erosão.

Projeto: Plante Milho e Feijão após a Colheita do Fumo - Características: O produtor diversifica, com uso racional da mão-da-obra e de instalações, e uso reduzido de fertilizantes. São produzidos em média 6.800 kg/hectare de milho. Oitenta por cento da produção é usada na propriedade que se transforma em carne, leite, ovos, o que na prática acrescenta renda para o produtor. Projeto: Clube da Árvore - Características: Este programa de educação ambiental completou 20 anos em 2002, abrangendo 1.800 escolas e entidades, em 660 municípios e envolvendo mais de três mil professores e 70 mil alunos. Crianças e jovens aprendem a produzir e plantar mudas de árvores nativas, exóticas, frutíferas e ornamentais. Mais de 12 milhões de mudas já foram plantadas. A preservação dos recursos naturais tem sido preocupação da Souza Cruz, a organização está direcionada a sociedade, pois o desenvolvimento sustentável depende da responsabilidade e do respeito a todos os ambientes. Conclusões Na conceituação de desenvolvimento sustentável se encaixa uma série de fatores que se distinguem e ao mesmo tempo se interligam, cada setor possui um ponto de vista sobre a sustentabilidade, no entanto pode ser definida sintetizando todas as idéias: Desenvolvimento sustentável se trata de ações realizadas para que uma atividade abasteça o presente e continue a abastecer as próximas gerações. Neste sentido surgem os ambientalistas defendendo o meio ambiente explicando sobre os males da poluição, a perdas dos recursos naturais que não são renováveis, tais como a água, o ar e o solo (imprescindíveis para a sobrevivência humana). Há também uma visão filantrópica, na qual se comentam o fim a miséria e da pobreza de uma parcela cada vez maior da sociedade, programas contra a fome e contra o desemprego, além de ações de integração social estão sendo desenvolvidos neste sentido. O progresso é inevitável, no entanto é preciso equilibrar o crescimento populacional com os requisitos essenciais a continuidade da vida humana com qualidade e bem-estar social, esta é a premissa básica que o desenvolvimento sustentável deve adotar, com uma visão não limitada sobre as diversas atividades, mas com uma visão holística, capaz de resolver problemas com pequenas ações, basta as pessoas se conscientizarem de que a sustentabilidade depende de cada um. A coletividade atual e as gerações futuras esperam uma posição positiva em relação a desenvolver ações para se alcançar o desenvolvimento sustentável. O Instituto Souza Cruz é uma organização criada e mantida pela Souza Cruz, empresa de tabaco. O instituto apresenta uma série de programas que visam o desenvolvimento sustentável em vários setores, o meio ambiente tem um certo destaque. Os principais programas específicos para o meio ambiente são: Reflorestar, Plano diretor de solo, Plante milho e feijão após a colheita do fumo, Clube da árvore e Hortas escolares. De diferentes formas, o Instituto aplica seus investimentos para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente. As organizações têm-se preocupado socialmente, e neste sentido, a Souza Cruz divulga sua marca de maneira branda e marcante. O Instituto Souza Cruz se trata de um referencial a ser seguido pelas demais organizações, o desenvolvimento sustentável necessita de ações e contribuições de todos os segmentos da sociedade. Referências bibliográficas BRASIL. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - PCN: Meio Ambiente e Saúde. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3a. ed. Brasília, 2001. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa, 3.ª edição, São Paulo, editora Atlas, 1991. SOUZA CRUZ. Instituto Souza Cruz. Disponível em: <www.institutosouzacruz.org.br>. Acesso em: 15 março 2004.

MENDES, M. C. Desenvolvimento sustentável. Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt2.html>. Acesso em: 28 maio 2004. MININNI-MEDINA, N. Documentos Nacionais de Educação Ambiental. In.: EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Curso básico a distância) Documentos e Legislação da Educação Ambiental. Coordenação-Geral: Ana Lúcia Tostes de Aquino Leite e Naná Mininni-Media. Brasília: MMA (Ministério do Meio Ambiente), 2001. 5v. 2.ª Edição Ampliada. PHILIPPI, L. S. A Construção do Desenvolvimento Sustentável. In.: EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Curso básico a distância) Questões Ambientais Conceitos, História, Problemas e Alternativa. Coordenação-Geral: Ana Lúcia Tostes de Aquino Leite e Naná Mininni-Media. Brasília: MMA (Ministério do Meio Ambiente), 2001. 5v. 2.ª Edição Ampliada.