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Transcrição:

1\RACHNIDS AND MYRIAPODS MUSEUM OF COMPARATIVE ZOOLOGY HARVARD UNIVERSITY NOTAS SôBRE PEQUENA COLECÇÃO DE ARACNíDIOS DO PERú por C. DE MELLO LÉITÃO e j. DE ARAÚJO FEIO I Recebemos. do Snr. W. Weyrauch, do Instituto Agronómico de Tingo-Maria, Perú, pequena colecção de Aracnídios, coligidos em várias localidades do Perú e pertencentes às ordens Scorpiones, Pedipalpi, Opiliones e Pseudoscorpiones. As três primeiras ordens foram estudadas pelo mais velho dos autores e os Pseudoescorpiões pelo outro. SCORPIONES Os escorpiões eram em grande número, mais de meia centena de indivíduos, quase todos do comuníssimo Hadruroides lunatus (L. Koch), espécie dominante em toda a porção transandina do. Perú, Equador e Colômbia. As outras espécies eram representadas, respectivamente, por um ou dois exemplares, encontrandose no material examinado um macho de Centruroides margaritatus (Gerv.), um joven de Brachistosternus ehrenbergi (Gerv.) e três novas espécies que passamos a descrever. ~: 50 mm. Opisthacanthus weyrauchi sp. n. (Fig. o Tronco: 38 x 7 mm.; cauda: 2,2 x 2-2,8-3- 4,2-5 x 1,2-4,8 mm. Palpos: fêmur: 6 x 2 mm.; tíbia: 6 x 3 mm.; mão: 15 x 5,8 mm.; dedo móvel : 8 mm. Colorido geral negro, o cefalotórax marmorado de fulvo; os tergitos com pequenas manchas fulvas, irregularmente esparsas; a vesícula com quatro faixas longitudinais cor de ferrugem. Ancas castanho-escuro, marmorado de mogno. Esternitos castanhos; I a

314 C. DL MLLLo LuTÃo e ]. DL A RAÚJo Fno - A racnídios do Perú IV com um M ferrugíneo; est.ernito V com pequenas manchas esparsas. Cefalotórax pouco convexo, nitidamente mais longo que largo, de borda anterior profundamente escavada em U, de lobos laterais arredondados e com uma fila de robustas cerdas. Não há sulco transversal posterior. Sulco longitudinal completo, estreito em toda sua extensão, dividindo o cômoro dos olhos medianos, que é de largura e comprimento proximamente iguais, sem limites precisos de separação do cefalotórax, os olhos médios separados mais de um diâmetro. Olhos laterais bem menores que os médios, iguais e equidistantes, situados junto à borda ântero-lateral. Tegumentos densa e finamente granulosos, com o marmorado claro liso. Quelíceras iguais às de O. elatus. I - Opisllw.cantlms weyr auchi: I - Pente, opérculo genital e externo ; 2 - Cauda ; 3 - Palpo. Tergitos como em O. elatus, todos com uma crista posterior sinuosa, sem crista longitudinal. Esternitos lisos, mates, com cerdas marginais, as laterais maiores e mais algumas cerdas esparsas. Estigmas pulmonares muito estreitos, transversais. Pentes pequenos, com 5-6 dentes, ocupando a metade distal; duas lâminas basilares e fulcros sem pêlos. (Fig. I, 1). Cauda bem menor que o tronco. Segmentos I a IV de face ventral lisa, arredondada, provida de numerosas tricobótrias; se-

B oletim Do MusEU PARAENSE E. G o)::ldi, Vol. X (1948) 315 gmento V de face ventral irregular e grosseiramente granulosa, só as cristas laterais são apreciáveis, marcadas, na metade distal, por dentes pontiagudos. Vesícula lisa, havendo na metade distal nu- merosas cerdas, algumas das quais muito longas. (Fig. I, 2) Palpos: fêmur de aspecto muito semelhante ao de O. elatus; tíbia de face ventral reticulada e granulosa e face anterior dividida por alta crista vertical, com quatro tubérculos iguais; quela granulosa e reticulada, vendo-se apenas duas cristas longitudinais. O dedo imóvel apresenta quatro tricobótrias, sendo duas externas e duas perto da base; na mão, junto à base do dedo imóvel, duas tricobótrias em fila longitudinal. Telotarsos IV com robusto pseudoníquio e uma apófise subungueal; quatro espinhos externos e 2 internos. (Fig. I, 3) Localidade tipo : Jaén (700 m.). <;> : 40 mm. Bothriurus peruvianus sp n. (Fig. II) Tronco: 20 mm. Cauda: 2-2,6-3 - 3,4-4,6-4,4 mm. Palpos: fêmur: 3 x I mm.; tíbia: 3,5 x.l,2 mm.; quela: 7,2 x 2 mm. Dedo móvel: 4 mm. Tom geral negro. Cefalotórax marmorado de fulvo escuro; tergitos com pequenas manchas ovóides do mesmo tom. Cauda de colorido uniforme. Palpos de fêmur e tíbia negros, marmorados de ferrugíneo escuro; mão quase inteiramente fulva, com linhas negras longitudinais, marcando as cristas e com largo reticulado negro; dedos fulvo-escuro. Patas pardo-escuro, o basitarso pardoclaro e o telotarso amarelo-palha. Ancas pardo-escuro, marmorado de claro. Esternito I denegrido nas bordas anterior e larterais, testáceo no resto; estetnitos II a IV testáceos, marginados de escuro; esternito V denegrido em seus terços laterais e posterior, testaceopardacento no terço médio e nos dois terços anteriores. Cefalotórax de borda anterior não excavada. Cômoro ocular sulcado apenas na metade posterior. Olhos medianos separados quase dois diâmetros. Sulco mediano estendendo-se da fosseta da metazona até ao meio do cômoro ocular. Sulcos transversais quase perpendiculares ao sulco mediano. Tegumentos chagrinés. Tergitos chagrinés, sem granulações. Esternitos lisos, brilhantes, quase sem pêlos. Estigmas pulmonares elípticos, oblíquos. Pentes com 12 dentes curtos e largos. Opérculo genital inteiro, triangular, de ângulos arredondados, pouco mais longo que largo. (Fig. II, 1) Cauda do mesmo comprimento do tronco. Cristas ventrais ausentes nos quatro segmentos anteriores; cristas laterais superio-

316 C. DE MELLO LEITÃo e }. DE ARAÚ JO FEio - Aracnídios do Perú res representadas por dois grânulos distais nos segmentos I e rr; ocupando a metade di'sül do segmento III; no segmento IV ocupam igualmente a _mt!tade distal~ e se unem às medianas dorsais. Cristas mesjianas dorsais quase.lisas nos segmentos I a IV. Segmento V com a face ventral desprovida de cristas transversais, e com cinco cristas longitudinais pouco distintas : a mediana alcança a base do segmento; as laterais vão quase até à base; as paramedianas são irregulares, representadas por granulações dispostas sem ordem, com a mesma extensão que as laterais (Fig. II, 2). Vesícula de face dorsal plana e face ventral granulosa, sendo as duas faixas lisas mais largas que a faixa granulosa mediana (que é mais escura). " "' \,.. " ' ~~~ \,., " t ~~.. \, J ~\ " ".., (. ~ ~ (.. ~.;.. t \."'"... "v (.!.. v J 3 ' " A \~'\ 1 II - Bothrittnts pem viamts: 1 - P ente esquerdo; 2 - Segmento cauda V ; 3 - Palpo e dedo móvel. Palpos como em Bothriurus bonariensis; o dedo móvel levemente maior que a mão. (Fig. II, 3) Localidade tipo: Tarma, Perú ( 3.100 metros de altitude). is : 47 mm. Centruroides dasypus sp. n. (Fig. III) Tronco: 15 mm. Cauda: 4 x 2-5 - 5-5 - 8 x 1,4-5 mm. Palpos : fêmur: 4 x 0,8 mm.; tíbia : 5 x 1,2 mm.; quela: 7,5

BoLETIM oo Musw,PARAf:NSE E. GoELor, Vol. X (1948) 317 x l,5 mm. Dedo móvel: 4,5 mm. ~ : 48 mm. Tronco: 19 mm. Cauda: 3,5 X 2,2-5 - 5-5-6 X 2,2-4,5 mm. Palpos: fêmur: 4 x 1 mm.; tíbia 5 x 1,5 mm.; que! a: 8 x 2 mm. Dedo móvel : 5 mm. Cefalotórax castanho em seu terço mediano (onde apresenta algum marmorado claro) e amarelo couro dos lados. Tergitos com cinco faixas longitudinais, duas castanhas e três amarelo-sola. Cauda de colorido uniforme, amarelo-sola. Palpos do mesmo colorido da cauda, mas com as cristas castanhas, em nítido contraste com o fundo. Patas amarelo palha. Esternitos e ancas claras, acinzentadas. Face ventral do:> segmentos caudais com uma faixa mediana, castanho-claro, que se estende da base até ao segmento IV. lii - Cenlmroides da.1 3 Pus: I - Pente esquerdo ; 2 - Cauda; 3 - Palpo; 4 - Dedo móvel. Cefalotórax de borda anterior levemente côncava. Tegumentos com grossas granulações. Cômoro ocular com um sulco mediano profundo e cristas superciliares granulosas, bem limitado do cefalotórax por sulcos anteriores e posteriores. Tergitos I a VI com granulaçõe~ grosseiras, e uma crista mediana acentuada. Tergito VII com cinco cristas: a mediana ocupando a metade basilar; as paramedianas completas e as laterais ocupando a metade posterior. Pentes com 22 dentes (na fêmea) ou 24 (no macho).

318 C. DE MELLo LEITÃo e J. DE ARA ÚJO FEio - Aracnídios do Perú Esternitos I a IV lisos; esternito V com quatro cristas granulosas, as medianas ocupando os dois terços posteriores e as paramedianas os dois terços anteriores. Cauda do macho duas vezes maior que o tronco; a da fê mea um terço maior. Segmento I com dez cristas granulosas inteiras; segmentos II a IV com oito cristas; segmento V com cinco. Vesícula com pequeno tubérculo sob o ferrão. Palpos: Fêmur com cinco cristas, sendo quatro de granulações menores e uma de granulações grosseiras. Tíbia com duas cristas ventrais, ambas com forte espinho basilar. Mão com as cristas muito nítidas. Gume dos dedos com sete filas de grânulos. Patas com os basitarsos e telotarsos densamente pilosos, o que distingue f.acilmente esta espécie das outras do mesmo gênero. Localidade tipo: Andahuaylas, Perú (3.000 metros de altitude. PEDIPALPI Havia um único Pedipalpo, o Heterophrynus elaphus Poc., já conhecido do Perú. OPILIONES No fundo de uma caverna, perto dagua, coligiu o Dr. Weyrauch interessante opilião, representando novo gênero de Phalangodidae (subfamília Tricommatinae). Tingomaria g. n. Cômoro ocular dorsal, com dois espinhos. Área I do mesotergo dividida por um sulco mediano. Áreas I a IV do mesotergo, limbo posterior, tergitos livres e opérculo anal inermes. Fêmur dos palpos inerme. Estigmas traqueais bem visíveis. Tarsos III de seis se'gmentos, os outros de mais de seis. Tipo: Tingomaria hydrophila. Este gênero faz exceção aos Phalangodidae neotrópicos, por ter os tarsos I mais segmentados que os tarsos III. Além dessa segmentação dos tarsos, que o aproxima das formas européias, distingue-se o presente gênero dos demais pela armação do cômoro ocular. Só quatro gêneros de Tricommatinae possuem armação par no cômoro ocular: Bacigalupo M.-L., Vima Hirst, Pseudopucrolia Rwr. e Pseudophalangodus Rwr.; os dois últimos têm a área I inteira e a área III com armação par; Vi ma (que, pela segmentação dos tarsos, mais se aproxima) logo se distingue pelo espinho mediano da área II. Bacigalupo, além de apresentar outra fórmula tarsal (5, 6, 6, 6), tem o fêmur dos palpos armado de um espinho apical interno.

BoLETIM oo MusEu PARAENSE E. GoELDI, Vol. X (1948) 319 Tingomaria hydrophila sp. n. ~: 4,2 mm. Fê mures: 1,4-2,4-1,6-3,0 mm. Pat~s: 5,6-10,4-6,2 e 12,0 mm. Cômoro ocular liso, no terço médio do cefalotórax e armado de dois espinhos. Cefalotórax com algumas pequenas granulações esparsas. Área I do mesotergo dividida. Todo o mesotergo in.erme, com abundantes granulações, irregularmente esparsas. Limbo pos-: terior e tergitos livres inermes, com uma fila de granulações um pouco maiores que as do mesotergo. Limbo lateral com duas filas de grânulos. Esternitos livres, opérculo anal ventral, área estigmática e ancas finamente granulosas, com granulações setíferas. Segmento basilar das quelíceras muito desenvolvido, igual aos distais, quase vertical. Palpos com o fêmur e patela inermes; tíbia com seis espinhos externos (o basilar e o quinto maiores) e cinco internos (o basilar e o penúltimo maiores); tarso com quatro espinhos de cada lado. Fêmures I a III direitos. Tarsos com 8-22 - 6 e 7 segmentos. Patas IV: anca muito robusta, fazendo largamente saliência fora do escudo dorsal, e provida de robusta apófise apical externa, obliquamente dirigida para trás é para baixo; trocânter mais longo que largo, com robusta apófise a picai interna, espiniforme; obliquamente dirigida para dentro e para trás; fêmur curvo, com uma fila ventral de pequenos dentes, que aumentam no seu terço distal; patela com dentes semelhantes. Colorido geral pardo-escuro, sem desenho. Localidade tipo: Tingo-Maria, Perú, em caverna. Col.: Dr. Weyrauch. Em 1945 a Snra. Helia Soares fez a um de nós a honra de dedicar outra espécie de Tricommatinae, que ela considerou como do gênero Pratricommatus (P. melloleitãoi). Para essa espécie criamos o novo gênero Poecilosophus g. n. Cômoro ocular dorsal, inerme. Área I do mesotergo inteira. Áreas I a IV do mesotergo, limbo posterior, tergitos livres e opérculo anal inermes. Fêmur dos palpos inerme. Estigmas traqueais visíveis. Tarsos I a IV de seis segmentos e tarsos II e III de cinco. Representa este novo gênero uma exceção raríssima entre os Laniatores, com os tarsos I com um número de artículos superior ao dos tarsos III. Inda mais, é o único gênero de Laniatores neotrópicos com os tarsos II menos segmentados que os tarsos I. Esse

320 c. DE. Mr.LLO Lr.ITÃO e J. or. A RA ÚJ O Fno - Aracnídios do Perú número de 5 artícujos nos tarsos II, exclusiva dos Phalangodidae (com exceção de Bissulla), nunca foi observada quando os tarsos I possuem 5 ou mais artículos. O gênero mais próximo é Rivetinus RwL, com os tarsos I e IV igualmente de seis artículos, mas que segue a regra geral, tendo mais de seis segmentos nos tarsos II (e cinco nos tarsos III). Aproveitamos o ensejo para corrigir a posição sistemática de Paramitraceras nitens Soares, 1946 e Paramitraceras fuscomaculatus Soares, 1947, que nos parecem melhor situados no gênero Timoleon Sorensen, 1932. Propoz Soares ( 1947), o novo nome Soerensenolyntlws para Olynthus Soerensen, mas já em 1942 Strand substiuira este nome preocupado pelo de Soerensenibunus. PSEUDOSCORPIONES Família OLPIIDAE Chamb., 1930 Olpiolum elegans (Balzan. 1890) - proveniente de Tarma (3.200 m.) e de Lo mas, perto de Lim'a. E;stg, espécie.estava até agora restrita à região paraguaia, tendo sido colecionada às margens do rio Apa e do rio Paraguai. Família ATEMNIDAE Chamb., 1931 Paratemnus minor (Balzan, 1891) - proveniente de V alie Chanchamayo (800 m). O gênero Paratemnus Beier, 1932, apresenta espécies na África, Ásia, ilhas do Pacífico e na América do Sul, onde é representado por duas espécies: P. nidificator (Balzan, 1890) e P. minor. Paratemnus minor, considerado primitivamente como variedade de P. nidificator, ficou constituído em espécie por Beier em 1932 e já foi assinalado na Venezuela (S. Esteban), no Equador (Guayaquil), no Brasil (Aurá e Xambioá, no E. do Pará; Jacarepaguá no D. Federal e Curitiba no E. do Paraná) e na Argentina (Ardalgalá e Londres, em Catamarca). Família CHERNETIDAE Menge, 1855 Cordyloclzernes peruanas Beier, 1932 - proveniente de Tingo Maria (670 m) e Concepcion (3.200 m), próximo de Huancayo. Alguns exemplares de Tingo Maria foram colecionados em foresia com cerambicideo. A espécie foi baseada em material colecionado em Monte Alegre, Rio Pachitea. Este gênero já necessita de uma revisão, afim de que as primeiras espécies tenham suas descrições feitas na mesma técnica das descritas ultimamente, empregando-se, sobretudo, outros caracteres morfológicos utilizáveis para ambos os sexos, para melhor identificação das fêmeas, principalmente se colecionadas isoladamente.

B oletim oo MusEU PARAENSE E. GoELDI, Vol. X (1948) 321 Parachernes (Argentoclzernes) crassimanus (Balzan, 1890) proveniente de Canta (3.000 m), em Valle Chillon e Huancayo (3200 m). Esta espécie é indicada por Beier como ocorrendo da Argentina e Paraguai até Colombia e Equador, e já foi colecionada nas seguintes localidades: Argentina - Resistencia; Paraguai - Assunção e Porto Bertoni; Brasil - Mato Grosso; Colombia - Colombia meridional; Equador - Riobamba; Venezuela - La Moca. I V: 1 - Quelícera de P arastenmus nidificator ; 2 - Quelícera de Pamchern.es (Argentochcn1es) crassimamts. Não fôra a confirmação de uma observação ainda inédita que iizemos há alguns anos ( 1943) em Paratemnus nidificator ( Balzan, 1890), onde encontramos uma duplicidade de sérrula do dedo móvel das quelíceras (Fig. IV, 1), e nada mais teríamos a nos reierir. Fazendo, contudo, a observação das quelíceras em P. crassimanus verificamos, com absoluta segurança (Fig. IV, 2), a presença de duas séries de lâminas na sérrula. Nenhum esclarecimento encontramos a êsse respeito, exceto uma figura de Roewer (Bronn's Klassen und Ordnungen des Tierreich, 5 bd., 4 abt., I lief., p. 46, iig. 22-C). Supomos, por enquanto, que se trate de uma anomalia,

322 C. DE MELLO LEITÃo e J. DE ARAÚJO FElo - A1 acnídios do Perú mas já tivemos ocasião de notar variação do número de lâminas em séries de uma mesma espécie e isso seria plenamente justificável se considerássemos a possibilidade da frequência dessa disposição. Tratando-se de um orgão laminar, poderia passar desapercebido à focalização microscópica, principalmente se as fileiras se apresentarem aderentes, por efeito de fenômenos de tensão. Neochernes sp. O gênero Neochernes Beier, 1932, tem representantes nas Américas. A espécie em questão provem da região de Tingo Maria (670 m) e está representada por um único exemplar, colecionado juntamente com Cordylochernes peruanas, provàvelmente no mesmo biótopo. Julgamos que uma revisão da tribo Chernetini dará, sem dúyida, indicações mais precisas de caracteres utilizáveis na separação dos gêneros, pois as diferenças entre Chernes Menge, 1855 e Neochernes Beier, 1932 não nos parecem satisfatórias. Passamos a descrever o exemplar incluído nas colecções do Museu Nacional, Rio de Janeiro, sob o número 159 - série Pseudoescorpiões, sem, todavia, nos animarmos a admití-lo como uma espécie nova, uma vez que se trata de um único exemplar, acrescida a condição de ser fêmea, embora não se enquadre em nenhuma das espécies existentes. Corpo - de coloração castanho-avermelhada, mais carregada no cefalotórax e nos hemitergitos _abdominais. Cefalotórax - mais largo que longo, finamente granulado, com os dois sulcos tranversais muito nítidos. Manchas oculares presentes. Cerdas claviformes. Abdome - com todos os tergitos divididos, exceto o último; hemitergitos com uma parte mais quitinizada, delimitando uma mancha retangular e finamente granulada; fileira de cerdas daviformes dos hemitergitos (Fig. V, 1) variando de 9 cerdas para os primeiros tergitos até 7 para os últimos; esternitos também divididos excepto o último, e com uma fileira de 10 cerdas simples ou levemente denteadas por hemisternito; campo genital com um grupo de cerdas muito curtas e simples, dispostas em uma triangular e com uma fileira de cerdas; do mesmo tipo, na borda da fenda genital (Fig. V, 2). Quelíceras- punhos muito levemente escamosos; cerdas com os caracteres comuns da subfamilia; dedo fixo com dente subterminal e dois pequenos tubérculos subterminais; lâmina externa presente e sérrula interior franjada; dedo móvel com sérrula de 18 lâminas; galea com quatro ramificações terminais curtas; flagelo com três cerdas, sendo a distal de borda serreada (Fig. V, 3).

BoLETIM oo MusEu PARAENSE E. GoELDI, V ol. X (1948) 323 Palpos- com granulado fino, nítido; fêmur, tíbia e mão com cerdas curtas denteado-claviformes (Fig. V, 4); trocânter alongado c pouco giboso; quela com as 12 tricobótrias normais (Fig. V, 5); dedo fixo com dente terminal menor do que o do dedo mó :el, mas sem aparelho de peçonha, 5 dentes acessórios latprais e 1 medial, além dos dentes marginais; dedo móvel, com aparelho ele peçonha com longo canal, 6 dentes acessórios laterais e 1 medial, além dos dentes marginais e do terminal. São. as seguintes as relações entre o comprimento e a largura dos diversos segmentos do palpo: fêmur - 3, 7; tíbia - 2,3 e quela (sem pedúnculo) - 2,3. I ~ - :. 6 -~- V- Neochernes sp.: 1 - Cerda claviforme dos hemetergitos abdominais; 2 - Idem, na borda da fenda genital; 3 - Quelícera; 4 - Cerda denteado-claviforme do palpo; 5- Quela (com as 12 tricobótrias) ; 6 - Perna; 7- T arso de uma perna do IV par. Pernas - levemente escamosas e granuladas na face dorsal (Fig. V, 6), apresentam cerdas curtas e simples ou levement~ denteadas (as dos segmentos proximais); tarso das pernas do IV par.::om uma cerda pseudotátil distal, pouco mais longa que a largura do próprio segmento (Fig. V,.7). São as seguintes as relações entre comprimento e largura dos diversos segmentos do I V par de pernas: fêmur - 3,2; tíbia - 5,0 e tarso - 6,0. Mensurações- corpo - 2,9 mm. de comprimento; cefalotórax - 0,93 mm. de comprimento x l, 10 mm. de largura. '

324 C. DE MELLo LEITÃo e J. DE ARA ÚJO Fuo - A racnídios do Perú Palpo: trocânte1 fêmur tíbia que la (s/ ped.) mão dedo móvel 0,40 X 0,25 111111. 0, 15 x 0,30 mm. 0,76 x 0,32 mm. 1,22 x 0,52 mm. 0,64 x 0,52 mm. 0,59 x 0, 17 mm. Perna do IV par: trocânter fêmur tíbia tarso 0,25 x O, 18 mm. 0,76 x 0,23 mm. 0,59 x O, 11 mm. 0,45 x 0,07 nm1. Discussão - A presença de uma certa pseudotátil, a forma dos palpos, a ausência de aparelho de peçonha no dedo fixo e a posição de 1ST mais próximo de IT que de ISB levam a colocar o exemplar entre Chernes e Neochernes. As cerdas dos palpos, mais denteadas que claviformes, levam, entretanto, a considerar o exemplar como pertencente ao gênero N eochernes. O tamanho do corpo e as relações entre comprimento e largura dos diversos segmentos do palpo e do IV par de pernas eliminam a possibilidade de se tratar de N. brevipilosus (EIIingsen, 191 O). Os mesmos caracteres acrescidos da convexidade da mão e das cerdas do corpo denteadas o afastam de N. floridae (Balzan, 1891). O dedo móvel no exemplar que descrevemos é menor que a mão, o que afasta a. possibilidade de se tratar de N. peninsularis ( Chamb., 1925), e, finalmente, o número de dentes acessórios e as relações entre comprimento e largura dos diversos segmentos do palpo e do IV par de pernas afastam a possibilidade de se tratar de N. mello-leitãoi Feio, 1945. Acreditamos que com outros exemplares que venham a ser estudados, possa ser esclarecida a posição sistemática do exemplar acima descrito. ABSTRACT T hrough the courtesy of Dr. 'vv. 'vveyrauch, of Tingo Maria, Perú, the authors have studyed a little collection of peruvian arachnids. T hey are described three new species ~f Scorpiobs, onc of Opiliones anel a probably new species of Pseucloscorpiones. Attention is callecl to cluplicity of the serrula, as a possibly normal morphological occurrence. 1'\RACHNIDS AND MYRIAPODS MUSEUM OF COMPARATIVE ZOOLOGY HARVARD UNIVERSITY