CURSO TJMG Nível Médio - Oficial de Apoio Judiciário Nº DATA 22/06 DISCIPLINA Leis Penais Especiais PROFESSOR Francisco Menezes MONITORA Paula Moura AULA 03/03 Ementa Lei 7.716/89 Lei de Racismo (Continuação)... 1 9) Art. 11 (continuação)... 1 10) Art. 12... 2 11) Art. 13... 2 12) art. 14... 2 13) Efeitos da condenação... 3 14) Art. 20... 3 LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965. Lei de Abuso de Autoridade... 4 Lei 7.716/89 Lei de Racismo (Continuação) 9) Art. 11 (continuação) Obs. A obediência hierárquica, no direito penal, pode excluir a culpabilidade somente no contexto público e não no privado. Entretanto, alguns autores defendem que o juiz pode aplicar uma causa supralegal de inexigibilidade de conduta diversa.
10) Art. 12 Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido. Pena: reclusão de um a três anos. Conduta: impedir o acesso ou uso de qualquer tipo de transportes públicos. Ex. táxi, uber. Sujeito ativo: crime próprio da pessoa que tenha atribuição de controlar o acesso ao meio de transporte, normalmente o motorista, mas não necessariamente. Sujeito passivo: qualquer pessoa. Consumação: trata-se de crime formal que se consuma com o impedimento do acesso mesmo que posteriormente o agente consiga o transporte. 11) Art. 13 Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas. Pena: reclusão de dois a quatro anos. Conduta: Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Sujeito ativo: crime próprio do funcionário que possui atribuição para admissão nas forças armadas. Sujeito passivo: qualquer pessoa. Consumação: Consuma-se com o impedimento ou obstáculo mesmo que posteriormente a vítima consiga se alistar. 12) art. 14 Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social. Pena: reclusão de dois a quatro anos. Conduta: impedir ou obstar o casamento ou convivência familiar e social. Casamento consiste na união formal de duas pessoas reconhecida na Constituição Federal como uma das formas de se constituir família. Convivência familiar é aquela com pessoas ligadas por laços de parentesco, enquanto que a convivência social diz respeito a pessoas que compartilham uma determinada coletividade. Sujeito ativo: qualquer pessoa. É o primeiro crime comum da lei de racismo. Sujeito passivo: qualquer pessoa. Consumação: crime formal que se consuma com o impedimento ou obstáculo, mesmo que posteriormente o casamento ocorra.
13) Efeitos da condenação Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses. São efeitos não automáticos da condenação, eles devem ser fundamentados específicos na sentença. O servidor público perderá o cargo ou função pública. Para o estabelecimento comercial particular a suspensão por até três meses. 14) Art. 20 Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa. 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo; II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores. 4º Na hipótese do 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreendido. Conduta: Praticar (executar), induzir (fazer nascer a ideia/inspirar) ou incitar (instigar/encorar uma ideia que já existe) a discriminação ou preconceito. Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo. Sujeito passivo: qualquer pessoa que pertença aquela coletividade. Consumação: ocorre com qualquer ato de induzimento ou incitação da discriminação. Obs. Quanto ao verbo praticar houve impropriedade por parte do legislador, pois em todos os tipos penais dessa lei o agente já pratica a discriminação. Assim, esse verbo fica esvaziado e sem aplicação. Induzir incitar preconceito x Art. 140, 3º, CP (Injúria racial) x art. 1º, I, c, Lei 9.455/97 (tortura racial) No crime do art. 20 o agente induz ou incita o preconceito contra toda a coletividade que compartilha traços raciais, étnicos, de cor de pele, de religião e de
procedência nacional. No crime de injúria racial, do art. 140, 3º, CP, o agente ofende pessoa específica utilizando os citados elementos como instrumento da ofensa. Finalmente, na tortura racial, art. 1º, I, c da Lei 9.455/97, o agente impõe sofrimento físico ou mental através de violência ou grave ameaça devido ao preconceito racial ou religioso. Portanto, o termo racismo só se aplica aos crimes previstos pela lei Lei 7.716/89. Obs. Para alguns autores responde pelo crime do art. 20 o agente que induz alguma pessoa a praticar um dos crimes dessa lei, exemplo: o passageiro que induz o motorista do ônibus a não parar para passageiro de pele negra. a) 1º Conduta: Fabricar significa produzir, comercializar significa comprar ou vender, distribuir significa entregar mesmo que gratuitamente e veicular significa difundir/propagar, para fim de divulgação do nazismo. b) 2º - Traz qualificadoras para o crime de induzimento/incitação do preconceito. Será qualificado quando comete o crime através de qualquer meio de comunicação social ou publicação LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965. Lei de Abuso de Autoridade Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei. Representação: os crimes previstos nessa lei são de ação penal pública incondicionada, ou seja, o ministério público possui o poder e o dever de ajuizar a ação penal sempre que houver justa causa para tanto. O termo representação foi utilizado no art. 1º de forma atécnica, pois diz respeito ao direito de petição. Autoridades (sujeitos ativos): Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. Obs. Competência? Os crimes de abuso de autoridade são julgados pela justiça comum: juizado especial criminal. Não existe crime militar de abuso de autoridade. Obs. Quanto ao elemento subjetivo todos os crimes são dolosos, dependem da vontade de violar direito fundamental através do abuso de autoridade. Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à liberdade de locomoção;
consumação. b) à inviolabilidade do domicílio; c) ao sigilo da correspondência; d) à liberdade de consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso; f) à liberdade de associação; g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; h) ao direito de reunião; i) à incolumidade física do indivíduo; j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. Atentado é sinônimo de ofensa. Obs. Prevalece que a tentativa será punida com a pena da consumação. Delitos de atentado/empreendimento são os crimes que punem a tentativa com a pena da Obs. Nenhum direito fundamental é absoluto, desta forma não haverá crime de abuso de autoridade quando a violação for justificada pelo ordenamento jurídico. Ex. A liberdade de locomoção reduzida durante o estado de sítio. a Liberdade de locomoção é a liberdade de ir, vir e permanecer, art. 5º, XV, da CR/88. XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; b Inviolabilidade do domicílio, art. 5ª, XI, CR/88. Domicílio art. 150, 4º, CP define que qualquer compartimento habitado, qualquer aposento ocupado de habitação coletiva ou qualquer compartimento não aberto ao público onde se exerce profissão. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Não caracteriza inviolabilidade do domicílio quando: por ordem judicial durante o dia, flagrante delito ou para prestar socorro. c Ao sigilo da correspondência, art. 5º, XII, CR/88. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; VI, CR/88. d Liberdade de consciência e de crença / e livre exercício de culto religioso. art. 5º, Culto é qualquer manifestação ritualística de religião. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
f Liberdade de associação, art. 5º, XVII, CR/88. XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; Associação é a reunião permanente e estável de pessoas para fins lícitos. g Exercício do voto h Direito de reunião, art. 5º, XVI, CR/88. Reunião é toda aglomeração de pessoas em caráter transitório. XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; i A incolumidade física do indivíduo, art. 5º, X, CR/88. X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; corporal. Prevalece que, é possível o concurso de crime entre o abuso de autoridade e a lesão j Exercício profissional, art. 5º, XIII, CR/88. XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
a Ordenar ou executar medida privativa de liberdade, sem as formalidades legais ou abuso de poder. Executar significa prender diretamente e ordenar significa determinar a prisão. O juiz de direito que tem a competência de ordenar a prisão. E a execução compete à polícia. Ex. uso de algemas de forma indevida. b Submeter = expor. Cuidado! Pois a lei de abuso de autoridade se assemelha ao da tortura, previsto no art. 1º, 2º da Lei 9.455/97. O crime de tortura tem a finalidade de fazer com que a vítima sofra. Enquanto, no abuso de autoridade a intenção é o constrangimento ou vexame. c Deixar de comunicar a prisão. Tem como sujeito ativo o delegado de polícia. O CP determina que o prazo para informar a prisão é 24 horas. d Deixar de relaxar a prisão. Sujeito ativo do crime o juiz. Relaxamento é a decisão que combate a prisão ilegal. e Quando a autoridade pública negar a fiança, nos casos em que ela for permitida em lei, configura-se o crime de abuso de autoridade. f e g Não possuem mais aplicabilidade, pois as custas/emolumento de carceragem não são mais cobradas. h Ato lesivo à honra e ao patrimônio. i Prolongar a execução de pena ou medida de segurança. Pode ser praticado tanto juiz quanto pela autoridade policial que deixa de cumprir a ordem. Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal. 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; b) detenção por dez dias a seis meses; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três anos. 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
Penas: - Multa - Detenção 10 dias 6 meses - Perda do cargo e inabilitação para o exercício por até três anos. As penas podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente, ou seja, o juiz deve fundamentar a aplicação, podendo decretar na sentença uma ou mais penas. 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos. Sendo o agente policial poderá ser proibido de exercer suas funções no município que a ação foi praticada, como forma de evitar o contato do agente com a vítima da violação.