HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA SANTA CASA EM MONTES CLAROS

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Transcrição:

Introdução HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DA SANTA CASA EM MONTES CLAROS Verônica Borges Dos Santos, Franscino Oliveira Silva Este trabalho tem como objetivo abordar uma análise complementar sobre a fundação e organização da Santa Casa de Montes Claros, em que esta é uma Instituição que por objetivo se dedica a ajudar os enfermos e, além disso, analisar como essa instituição conseguiu se desenvolver com apenas doações e quando ela passou a adquirir recursos governamentais. E para compreendermos melhor esse trabalho, baseamos a analise do mesmo no contexto da história social para nos mostrar a importância da Santa Casa de Misericórdia. Que além, de ter como função cuidar dos enfermos, tinham muitas outras missões e importância para a sociedade na sua origem em Portugal, e que posteriormente se expandira para o Brasil se instalando nas províncias de Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. O capítulo que se segue será composto por uma contextualização da participação da igreja com a Santa Casa, observaremos como foi estruturada a organização e o desenvolvimento do hospital até chegarem ao Brasil, e por fim faremos uma abordagem do desenvolvimento das Santas Casas nas províncias brasileira. O segundo capítulo tem como objetivo apresentar o surgimento e o desenvolvimento da Santa Casa em Montes Claros. Desenvolvimento A instituição da Santa Casa tinha como função amparo aos mais necessitados, começou com ajuda de leigos e de grupos religiosos. Com o passar dos anos a igreja fora tomando espaço nas Santas Casas por serem as instituições mais organizadas. Com isso, havia uma relação entre Igreja e Estado. Relação esta que se estende desde o século V, onde a igreja tinha um poder maior sobre o estado. José Antônio nos diz embora considere o estado como expressão da vontade divina, a igreja

mantem-se irredutível na defesa de sua fé e de sua liberdade. E em alguns momentos o sacerdócio era considerado maior que a realeza 1. Em relação ao estado com a igreja podemos observar algumas intervenções que ocorreram como a participação da igreja nas questões sociais e na administração das Santas Casas de Misericórdia que foram se expandindo por vários continentes no século XV. As irmandades começaram a existir desde meados do século XI quando iniciaram as confrarias, mas elas passam a ganhar destaque a partir do século XV por serem consideradas com uma estrutura mais organizada e por obedecerem às regras sancionadas pela Igreja e tinham as suas contas verificadas anualmente por um dignitário religioso. Estas instituições, que existiam na Europa desde a Idade Média, aparecem no Brasil a partir do século XVIII, em especial na região de Minas Gerais. A corrida ao ouro levara inúmeros aventureiros em busca de fortuna, mas o estabelecimento das populações não foi acompanhado pela construção de igrejas ou conventos que pudessem dar assistência religiosa às populações. As irmandades e confrarias religiosas surgiram para colmatar esta falha e são um fenômeno tipicamente urbano. Em 1711 existiam já dez irmandades em Minas Gerais. As diversas irmandades eram compostas por membros muito heterogéneos já que qualquer pessoa podia ser membro de uma dessas associações, homens livres ou escravos, ricos ou pobres, homens ou mulheres de todas as raças. Para se ser membro tinha que se ter uma conduta moralmente aceite, cumprir os seus deveres para com a Igreja e contribuir financeiramente para a irmandade. As irmandades atuavam como catalisadores dos interesses dos diversos grupos sociais, já que cada irmandade defendia o objetivo dos seus membros. Era possível pertencer a mais de uma irmandade ao mesmo tempo e estas nasciam de acordo com as necessidades da comunidade, pois não havia restrições sobre o número. Os irmãos recebiam não só assistência na doença e na morte como, no caso dos escravos podiam contar com ajuda na obtenção da carta de alforria. As irmandades dedicadas à Senhora do Rosário, a São Benedito ou a Santa Efigênia eram geralmente compostas por irmãos negros e mulatos pobres. Neste contexto, não só encontravam assistência material e espiritual, como dispunham de um espaço de socialização para troca de experiências e reforço da sua identidade cultural. Os 1 ANTÔNIO José de C. R. de Souza. O reino e o sacerdócio: o pensamento politico na Alta Idade Média. Porto Alegre: Edipucrs, 1995

escravos podiam deste modo, manter vivas as suas tradições africanas, embora adaptadas à religião cristã. O financiamento das irmandades e confrarias religiosas era conseguido através das cotas de inscrição, anuidades e esmolas deixadas em testamento pelos seus membros. Mas possuía ainda um património imobiliário como terrenos, casas, igrejas e hospitais, que representava a principal fonte de rendimentos destas instituições. As movimentações financeiras eram registadas por um tesoureiro que depois submetia estes registos à apreciação de um visitador eclesiástico. Este controle servia para garantir que o orçamento contemplava as despesas com as missas e enterros e que o dinheiro não era todo gasto em festividades, o que acontecia muitas das vezes. As festas religiosas eram cruciais para as irmandades. A sua organização era algo a que os irmãos se dedicavam com afinco. As decorações, a música, os cantares, à escolha dos percursos e dos patronos, era tudo cuidadosamente elaborado com vista a fazer melhor que as outras congéneres. Por vezes os excessos de manifestações profanas nestas festas religiosas, por parte das populações negras e mestiças, levaram a Igreja a repreender as irmandades responsáveis. As irmandades brasileiras tiveram um papel social de relevo ao prestar assistência às populações, mas o seu contributo para o enriquecimento do espaço urbano, não pode ser negligenciado. A construção de capelas e igrejas ajudou a demarcar o espaço urbano, a criar espaços para a comunidade e introduziu as correntes artísticas da época, como o Barroco, tanto na arquitetura como na escultura e pintura. 1.1 PRIMEIRA FUNDAÇÃO DA SANTA CASA A Irmandade de Nossa Senhora, Mãe de Deus, Virgem Maria da Misericórdia, foi consagrada no dia 15 de agosto de 1408 em uma capela da catedral de Lisboa. A nova irmandade foi aprovada pela regente d. Leonor 2 e confirmada pelo seu irmão D. Manuel I 3. 2 Segundo relatos sobre a história de D. Leonor, para ela ser uma pessoa caridosa foi devido aos acontecimentos marcantes em sua vida. Ainda muito jovem viu alguns de seus familiares, entre eles seu cunhado e um irmão, serem assassinados pelo seu próprio marido o rei D. João II. Na sequencia de tragédias perdeu o único filho, D. Afonso, cujo corpo lhe familiares, entre eles seu cunhado e um irmão, serem

O principal objetivo da irmandade de Misericórdia era promover amparo espiritual e material aos necessitados, pois estavam ocorrendo vários problemas em Lisboa. Um deles era a pobreza que resultava de vários fatores como: a falta de trabalho e os problemas econômicos ligados a fatores climáticos da época. Com isso, as classes mais baixas eram as que mais sofriam. A fome era frequente em varias regiões, e as cidades que possuíam maior quantidade em alimento não podiam transportá-los para os lugares mais necessitados por causa da difícil comunicação e pela falta de recursos em transportes. 1.2 A SANTA CASA NO BRASIL Em fins do século XV a irmandade da Santa Casa propagou-se rapidamente no reino e veio para o Brasil com os primeiros colonos. Onde os portugueses fundaram uma cidade no ultramar, que mais cedo ou mais tarde iriam construir o hospital da Santa Casa, para a assistência aos enfermos sua principal obrigação. No livro A Santa Casa de Misericórdia da cidade do Salvador de Carlos Ott 4, o primeiro capítulo vem nos mostrar como foi consolidada e estruturada a Santa Casa em Salvador já no segundo e no terceiro capítulo ele faz uma análise detalhada sobre a construção do hospital informações estas que não serão discutidas neste trabalho. 1.3 A FUNDAÇÃO DA SANTA CASA EM MONTES CLAROS A Santa Casa de Montes Claros foi fundada com aprovação da lei provincial numero 2.396, de 13 de outubro de 1877e ato de confirmação do bispo D. João Antônio assassinados pelo seu próprio marido o rei D. João II. Na sequencia de tragédias perdeu o único filho, D. Afonso, cujo corpo lhe foi entregue na rede de um pescador de camarões e em 1495 morre o rei D. João II. Subindo ao trono D. Manuel o irmão de D. Leonor. Viúva e abalada por seus dramas familiares, Dona Leonor passa a dedicar-se intensamente aos doentes, pobres, órfãos e prisioneiros a quem destinou boa parte da sua vida e fortuna. 3 RUSSELL- Wood, A. J. R.,1939- Fidalgos e Filantropos: a Santa Casa da Misericórdia da Bahia, 1550-1755. Tradução de Sergio Duarte. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1981. 4 OTT, Carlos. A Santa Casa de Misericórdia de Salvador, Rio de Janeiro 1960.

Dos Santos, então bispo de Diamantina, datado de 19 de janeiro de 1878. Nos anos que seguem sempre entraram muitos irmãos para a instituição. Elementos de todas as camadas sociais pequenos e grandes inscreveram-se na Casa de Caridade de Nossa Senhora das Mercês de Montes Claros 5. Em 1894, Dr. Honorato Alves entrou para a Irmandade. Quando ele foi para o Congresso Nacional, ficou seu irmão Dr. João José Alves na direção administrativa da Santa Casa. No ano de 1916 esse médico apresentou um relatório em que demonstrava o saldo positivo nos negócios da instituição. No mesmo relatório foi apresentado que coronel Francisco Ribeiro ofereceu o estabelecimento a iluminação gratuita do mesmo, inclusive instalações. 24 1.4 A SANTA CASA EM MONTES CLAROS O hospital Santa Casa de Misericórdia de Montes Claros foi fundado com o objetivo de melhorar a saúde do município, pois antes da construção o tratamento dos enfermos era realizado geralmente nas casas ou em clinicas particulares. Com a construção do hospital, varias pessoas foram beneficiadas inclusive as pessoas carentes, e a partir desse período ate a atualidade o Hospital contribui para melhorar a saúde em boa parte do Norte de Minas sendo, o modelo a ser seguido por vários outros hospitais. O motivo da criação da Santa Casa de Misericórdia em Montes Claros se deu pelo decreto nº 148 de 6 de abril de 1839, neste período o governo da província solicitava dos municípios que fizessem subscrições populares, a fim de se construírem casas de Misericórdia para atender a população. Diante de tal situação, a câmara municipal de Montes Claros não se mostrou entusiasmada com a causa, dando a seguinte informação como resposta: 6 A prática tem demonstrado que sempre que se trata de semelhantes obras como que se desfalece e o estado ruinoso em que se acha a Matriz desta vila para cuja obra, 5 CF. Estatuto e regimento interno da Santa Casa de Caridade de Nossa Senhora das Mercês de Montes Claros, In Gazeta do Norte 950 ( 02 Fevereiro 1935). 2-3 24 Santa Casa Montes Claros, In Gazeta do Norte 40 (15 de Fevereiro 1917) 1. 6 PAULA, Hermes A. Montes Claros, sua historia sua gente, seus costumes, I, III. Montes Claros 1979.

havendo-se aberto uma subscrição, além de aumentar um pouco, sua cobrança parece não ser muito fácil. Metodologia A análise dos jornais da época será uma forma de entender o processo de desenvolvimento do hospital e sua importância para a cidade. Segundo Maria Helena Capelato A escolha de um jornal como objeto de estudo justifica-se por entender-se a imprensa fundamental como instrumento de manipulação de interesses e de intervenção na vida social; nega-se, pois, aqui, aquela perspectiva que a tomam como mero vinculo de informações, transmissor imparcial e neutro dos acontecimentos, nível isolado da realidade político-social na qual se insere 7. Com isso, o jornal tem sua importância como fonte para a compreensão dos acontecimentos e das idealizações sociais da região de Montes Claros. Para se entender a formação da Santa Casa em Montes Claros serão os livros dos memorialistas como Nelson Vianna, Hermes de Paula entre outros da região e algumas bibliografias referentes a fundações das Santas Casas no Brasil. Considerações finais Este trabalho teve como objetivo mostrar a importância da Santa Casa em Montes Claros e no Brasil desde a sua fundação até na atualidade. Com a ajuda desta Instituição várias pessoas foram beneficiadas inclusive pessoas carentes, pois antes o tratamento dos enfermos era realizado geralmente nas casas ou em clinicas particulares, e a partir desse período até a atualidade o Hospital contribui para melhorar a saúde em boa parte do Norte de Minas sendo, o modelo a ser seguido por vários outros hospitais. 7 HELENA, Maria Capelato e LIGIA, Maria Prado, O bravo matutino. Imprensa e ideologia no jornal. São Paulo 1980.

Referências A COUTINHO, Santa Casa de Caridade: A questão entre o Ilmo. e Exmo. Senhor Bispo Diocesano i Montes Claros e a última mesa administrativa da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês, in Gazeta do Norte 1005 (7 março 1936) 2. Entrevista com a Irmã Verlle no dia 29 abril as 14:00 horas. F.N. VIANA, Efemérides Montesclarenses 131 VEIGA, Xavier da Efemeridades Mineiras,III, Ouro Preto 1897. Gazeta do Norte 944 ( 22 de dezembro 1934) 2. Gazeta do Norte 1005 (7 março 1936) 4. Gazeta do Norte 1153 (8 abril 1939) 1. Gazeta do Norte 1391 (1 maio 1943) 1 Gazeta do Norte (1 de Janeiro de 1934) 4 Gazeta do Norte 942 (8 de dezembro 1934)2 SILVA, Franscino Oliveira. História da Criação e organização da Diocese de Montes Claros. Unimontes 2001. PAULA, Hermes A. Montes Claros, sua historia sua gente, seus costumes, I, III. Montes Claros 1979. Irmã Verlle e homenageada na Santa Casa. Disponível em www.santacasa.com.br. Acessada no dia 10 de Junho de 2014.