LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR ALUNOS DO PROGRAMA DE ENSINO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO - RO

Documentos relacionados
Estudo sobre a utilização de plantas medicinais no município de Cabaceiras PB

INVESTIGAÇÃO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS PELA POPULAÇÃO QUE HABITA NAS PROXIMIDADES DAS HORTAS COMUNITÁRIAS NA CIDADE DE PALMAS TO.

PRINCIPAIS ESPÉCIES MEDICINAIS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE ENFERMIDADES, PELOS MORADORES DA AGROVILA PARAÍSO DO RIO PRETO, MUNICÍPIO DE VILA RICA MT

JARDIM MEDICINAL EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A SAÚDE. Mari Gemma De La Cruz

ETNOBOTÂNICA E AMPLIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE PLANTAS MEDICINAIS EM ESCOLAS PÚBLICAS DO DISTRITO FEDERAL

PLANTAS MEDICINAIS: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

FITOTERAPIA A BASE DE CHÁS

ESTUDO ETNOBOTÂNICO DAS PLANTAS MEDICINAIS DA LOCALIDADE RURAL DE ALAGOAS EM PATOS DE MINAS. Fabiane Caixeta Vieira 1 Alice Fátima Amaral 2 RESUMO

Saberes populares e uso de plantas medicinais pelos moradores do Bairro Jardim do Éden na cidade de Confresa-MT

Plantas medicinais em quintais e suas utilidades no Sertão Paraibano. Medicinal plants in yards and its uses in the backlands of Paraiba

Levantamento das Plantas Medicinais Utilizadas Pela População de São José dos Cordeiros, Paraíba, Brasil

NOTA TÉCNICA. Uso de plantas medicinais em assentamento no sertão Paraibano

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO E ETNOFARMACOLÓGICO NA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE QUIRINÓPOLIS GO

Conhecimento Sobre a Utilização das Plantas Medicinais em Dourados, MS.

Utilização de plantas medicinais pela comunidade periférica do município de Ipameri - Goiás

21 plantas medicinais e suas aplicações Se cuidando na vigília para dormir melhor. Acesse:

Núcleo de Farmácia Viva

Plantas Medicinais: Uso e Conhecimento Popular no Município de Poço de José de Moura-PB

PLANTAS MEDICINAIS: O ENFOQUE POPULAR NO MERCADO PÚBLICO DAS MALVINAS NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE, PARAÍBA

O ESTUDO DE PLANTAS MEDICINAIS NA MELHORIA DA APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS DE BOTÂNICA NO ENSINO MÉDIO.

O PLANTIO DE ALGUMAS ESPÉCIES DE PLANTAS MEDICINAIS NA EMEF STÉLIO MACHADO LOUREIRO, BEBEDOURO-SP.

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO NA LINHA 188, DA ZONA DA MATA RONDONIENSE

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE ESPÉCIES NATIVAS UTILIZADAS COMO MEDICINAIS NA LINHA 188, ROLIM DE MOURA, RONDÔNIA

As mulheres e o cuidado: as plantas medicinais na vida rural The womenandthecare: medicinal plants in rural life

ALUNOS DO SISTEMA EJA DE EDUCAÇÃO EM DOIS MUNICÍPIOS DO INTERIOR DA PARAÍBA

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

Utilização de plantas medicinais como estratégias de enfrentamento das doenças mais comuns no Sul do Estado de Roraima.

Uso, formas de uso e indicação de plantas medicinais utilizadas no Assentamento Santo Antônio no município de Cajazeiras PB

Resumos do IX Congresso Brasileiro de Agroecologia Belém/PA a

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

Projeto escolar: resgatando saberes populares sobre plantas medicinais em aulas de química

ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS NA COMUNIDADE VÁRZEA COMPRIDA DOS OLIVEIRAS, POMBAL, PARAÍBA, BRASIL

PLANTAS MEDICINAIS : Propriedades, uso e Cultura Popular.

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS PELOS MORADORES DO SÍTIO DOIS IRMÃOS - NOVA OLÍMPIA-MT

PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR UMA COMUNIDADE DA ZONA RURAL NA REGIÃO DE MOGI MIRIM-SP

ESTUDO COMPARATIVO SOBRE O CONHECIMENTO DE PLANTAS MEDICINAIS COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E EJA EM UMA ESCOLA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE PATOS, PARAÍBA

Levantamento etnobotânica e utilização de plantas medicinais na comunidade Moura, Bananeiras-PB

Indicação do uso de Fitoterápicos na Atenção Básica. Francilene Amaral da Silva Universidade Federal de Sergipe

Luan Matheus Cassimiro;Romildo Lima Souza; Raphael de Andrade Braga; José Adeildo de Lima Filho

Diêgo Luan Gomes de Lima (1); José Diego de Melo; Ana Paula Freitas da Silva (4).

DIAGNÓSTICO DA UTILIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS PELOS MORADORES DO BAIRRO NOVO JI-PARANÁ RONDÔNIA

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO ACERCA DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO MUNICÍPIO DE LAGARTO SE

LEVANTAMENTO DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR FAMILIARES E ALUNOS DA E. E. Dr. PAULO ARAÚJO NOVAES NO MUNICÍPIO DE AVARÉ SP

Diagnóstico do uso de plantas medicinais no Povoado Vila 16 no município de Augustinópolis TO

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E ENSINO DE BOTÂNICA ATRAVÉS DE CURSOS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA

Plantas medicinais cultivadas e utilizadas pelos agricultores das microrregiões Paraibanas: Curimataú e Seridó

ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E O CULTIVO DE PLANTAS MEDICINAIS EM QUINTAIS AGROFLORESTAIS URBANOS (QAF) NO MUNICÍPIO DE BREU BRANCO, PARÁ, BRASIL

CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS: TEMA GERADOR NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO REALIZADO NO SÍTIO MOCAMBO, MUNICÍPIO DE PATOS - PB

USO DE PLANTAS MEDICINAIS: CONHECIMENTO PARA PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE RESUMO

LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR USUÁRIOS DE TRÊS UNIDADES DE SAÚDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE VILHENA RO

Ethnobotanical survey of medicinal plants in the municipality of Poço de José de Moura PB

Palavras-chave: espinheira-santa, população, questionário, Comunidade São Cristóvão

LEVANTAMENTO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL: POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE ETNOBOTÂNICA

HORTAS COMUNITÁRIAS E A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS

O uso de plantas medicinais por moradores de Quixadá Ceará

CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL E LEVANTAMENTO DO USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO RECREIO DOS BANDEIRANTES - RJ

Estudo das plantas medicinais, utilizadas pelos pacientes atendidos no programa Estratégia saúde da família em Maringá/PR/Brasil

IMPLANTAÇÃO DE HORTA MEDICINAL NO AMBIENTE ESCOLAR VALORIZANDO O CONHECIMENTO POPULAR E O CIENTÍFICO

Universidade Estadual de Goiás- CCET- Anápolis¹, Universidade Estadual de Goiás- CCET- Anápolis².

PLANTAS MEDICINAIS EM QUINTAIS PRODUTIVOS NO SEMIÁRIDO BAIANO

Carla Degyane Andrade Nóbrega (1); Lucas Teixeira Dantas (1); Elaine Gonçalves Rech (2)

USO, CONSERVAÇÃO E DIVERSIDADE DE PLANTAS AROMÁTICAS, CONDIMENTARES E MEDICINAIS PARA FINS MEDICINAIS NA COMUNIDADE VILA PRINCESA, PORTO VELHO-RO

Linha 10 sachês. Ervas e Frutas

1 Mestranda em Ciência Animal, Universidade Estadual do

Jaísia Lima de Medeiros (1)

RESGATE DOS SABERES E CULTURA DO POVO DO SEMIÁRIDO: UMA CAATINGA MEDICINAL DESVELADA.

O ESTUDO DAS PLANTAS MEDICINAIS COMO FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONHECIMENTO DE MORADORES DE UMA ZONA URBANA, DE CAMPINA GRANDE-PB

Conhecimento Popular e Uso de Plantas Medicinais na Comunidade do Novo Pinheiro, Glória de Dourados MS

O USO DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR FREQUENTADORES DOS AMBULATÓRIOS SANTA MARCELINA, PORTO VELHO - RO

Bairro Santa Cruz, Cascavel, PR. Biológicas, Campus Cascavel, PR.

ASPECTOS DA COMERCIALIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS POR RAIZEIROS NO MUNICÍPIO DE CAXIAS, MARANHÃO

EMBALAGEM. MODO DE PREPARAÇÃO (1 LITRO) Folhas de Alecrim. Saco com fecho ZIP

Cultivo e uso de plantas medicinais pelos moradores de Alto Boa Vista MT

INVESTIGAÇÃO ETNOBOTÂNICA DAS PLANTAS MEDICINAIS CULTIVADAS NAS HORTAS COMUNITÁRIAS DE PALMAS - TO

UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS POR MULHERES INTEGRANTES DE UM GRUPO DE IDOSOS NO BAIRRO DO JARDIM QUARENTA EM CAMPINA GRANDE/PB.

ANEXO I. Via de administração. Indicação Terapêutica. Dose Diária. Formas de uso. Nome popular Nome científico Parte usada. - Folhas secas: Infusão

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ELIENE LIMA

CONHECIMENTO POPULAR SOBRE QUINTAIS MEDICINAIS EM COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE QUEIMADAS E MONTADAS DO SEMIÁRIDO PARAIBANO.

USO DE PLANTAS MEDICINAIS EM UMA COMUNIDADE NA CIDADE DE BARRA DE SÃO MIGUEL-PB.

PERFIL DE USO DAS PLANTAS MEDICINAIS PELOS USUÁRIOS DE UMA UNIDADE INTEGRADA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA-PB

SANTOS, Carolina Simões dos ¹; SOARES, Aparecida Hurtado ²; SOUZA, Alciêde Pereira³; NOBRE, Henderson Gonçalves 4.

005 - IDENTIFICAÇÃO E USO DA ESPINHEIRA-SANTA

RELATO DE VIVÊNCIAS EM FITOTERAPIA DE UM GRUPO DE RESIDENTES DE SAÚDE COLETIVA EM UM MUNICÍPIO DE PERNAMBUCO

CEP: , Bairro Santa Cruz, Cascavel, PR.

Levantamento das plantas medicinais utilizadas pela população de São José dos Cordeiros, Paraíba, Brasil


Conhecimento popular sobre plantas medicinais e sua aplicabilidade em três segmentos da sociedade no município de Pombal-PB

APRESENTAÇÃO: Henriqueta Tereza do Sacramento Médica, Coordenadora e Idealizadora do Programa Municipal de Fitoterapia de Vitória-ES

CONHECIMENTOS POPULARES DE PLANTAS MEDICINAIS PELOS MORADORES DE ALTO BOA VISTA MT

Palavras-chave: Agroecologia, participação, conhecimento tradicional.

PLANTAS MEDICINAIS DA RENISUS DE OCORRÊNCIA NA AMAZÔNIA

Uso de plantas medicinais: Crendice ou Ciência?

Aspectos Etnobotânicos da Medicina Popular no Município de Buritis, Rondônia

Diversidade de recursos vegetais em agroecossistemas ribeirinhos no município de Cruzeiro do Sul, Acre

Utilização de plantas medicinais por agricultores familiares no assentamento Jundiá de Cima e assentamento Brejo, Zona da Mata Sul PE

Plano de Ensino. Qualificação/link para o Currículo Lattes:

Percepção dos alunos de duas escolas do ensino básico sobre plantas medicinais, município de Buriti dos Lopes, norte do Piauí, Nordeste do Brasil

PRINCÍPIOS ATIVOS DE ERVAS MEDICINAIS USADAS POR CAIÇARAS. Área de conhecimento (Tabela CNPq): Química das Plantas Medicinais

Transcrição:

1 LEVANTAMENTO DAS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR ALUNOS DO PROGRAMA DE ENSINO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO - RO Saiúre Estéfane Pinheiro FRANCO 1* ; Ana Cristina Ramos de SOUZA 2 1. Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário São Lucas. saiurebiologa@hotmail.com 2. Docente e Curadora do Herbário HFSL do Centro Universitário São Lucas. ana.ramos@saolucas.edu.br. RESUMO: A utilização das plantas como medicamento é muito antiga, uma prática que evoluiu ao longo dos anos, desde as formas mais simples de tratamento local, até as formas tecnologicamente mais sofisticadas de fabricação industrial. Este trabalho teve como finalidade, promover o resgate do conhecimento popular sobre plantas medicinais utilizadas para o tratamento de afecções. Participaram da pesquisa alunos do programa EJA que tinham conhecimento sobre plantas medicinais matriculados em duas escolas no município de Porto velho/ro. Foram realizadas entrevistas com aplicação de questionário semi-estruturado. Foi constatado que cerca de 40% dos alunos obtiveram acesso a esse conhecimento com a família e uma porcentagem pequena com vizinhos, e por crenças/tradições. Como resultado da pesquisa foram identificadas 36 espécies, distribuídas em 23 famílias botânicas, a família mais representativa em número de espécies foi Asteraceae com cinco espécies. Dentre as espécies mais citadas nas duas escolas destacaram-se: o Crajiru (Arrabidae Chica (Bonpl.) B. Verl.), o Boldo ( Plectranthus barbatus Andrews ), o Mastruz ( Chenopodium ambrosioides L.) e a Copaíba ( Copaifera langsdorffii Desf). Em relação a parte da planta mais utilizada a folha foi a mais referenciada enquanto que a forma de preparo mais utilizada foi o chá obtido pela infusão ou decocção. A importância desse levantamento se faz necessário para que haja de certa forma uma manutenção desse conhecimento que corresponde parte de uma rica cultura popular pouco valorizada. PALAVRAS-CHAVE: Levantamento. Plantas medicinais. Escolas Estaduais. Rondônia. INTRODUÇÃO A utilização das plantas como medicamento é tão antiga quanto o próprio homem. Numerosas etapas marcaram a evolução da arte de curar, porém, torna-se difícil delimitá-las com exatidão, já que a medicina esteve por muito tempo associada a práticas mágicas, místicas e ritualísticas (MARTINS et al.,2003). Em alguns casos, esta prática evoluiu ao longo dos anos, desde as formas mais simples de tratamento local, até as formas tecnologicamente mais sofisticadas de fabricação industrial (LORENZI; MATOS, 2002). No Brasil, a utilização das plantas no tratamento de doenças apresenta, fundamentalmente, influências da cultura indígena, africana e, naturalmente, europeia. Essas influências que deixaram marcas profundas nas diferentes áreas de nossa cultura, sob o aspecto material ou espiritual, constituem a base da medicina popular que, há algum tempo, vem sendo retomada pela medicina natural, que procura aproveitar suas práticas, dando-lhes caráter científico e integrando-as num conjunto de princípios que visam não apenas curar algumas doenças, mas restituir o homem à vida natural (MARTINS et al. 2003). A pesquisa teve como objetivo realizar o levantamento sobre o uso de plantas medicinais utilizadas pelos estudantes do programa de Ensino a Jovens e Adultos (EJA), como alternativa popular para alívio de doenças. MATERIAIS E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada em duas escolas que participam do programa de Ensino a Jovens e Adultos (EJA): Escola E. E. Fundamental e Médio Manaus (Escola 1) e a Escola E. E. Fundamental e Médio Rio Branco (Escola 2), ambas localizados no * Autor Correspondente

2 bairro Mato Grosso, no Município de Porto Velho. Iniciada após aprovação pelo CEP do Centro Universitário São Lucas recebendo o número de CAAE: 02961612.3.0000.0013. A metodologia aplicada foi uma abordagem quantitativa e descritiva, através de questionário semi-estruturado realizado com homens e mulheres maiores de 18 anos matriculados no programa EJA, que possuíam conhecimento e já utilizaram plantas medicinais. A pesquisa foi explicada de maneira clara e objetiva e os alunos que concordaram em participar assinaram o termo de livre consentimento (TCLE). Foram questionados dados relacionados às plantas utilizadas, suas partes bem como o modo de uso e suas indicações terapêuticas. De posse das informações dos questionários, primeiramente foi correlacionado o nome científico de cada planta ao nome popular referenciado pelos entrevistados, essa identificação e confirmação foram através de referências bibliográficas (LORENZI, 2008, SOUZA & LORENZI, 2012). Após esse processo foi elaborada uma tabela no microsoft Excel e gráficos representativos quanto à utilização das plantas medicinais, família botânica mais frequente e modo de uso mais representativo. Jovens e Adultos (EJA), nas duas escolas estaduais determinadas. Deste total, 54 alunos informaram que tinham conhecimento e utilizavam plantas medicinais e 26 alunos não conheciam nem utilizavam plantas medicinais. Dentres os entrevistados cerca de 57% foi do gênero feminino e 42,59% são masculinos. Quando questionados quanto ao conhecimento adquirido sobre as plantas medicinais, foi constatado que 40% dos alunos da escola Manaus obtiveram acesso a esse conhecimento com a família (pais, avós, tios e etc.), 3% com vizinhos e 1% em livros e revistas (Figura 1). No mesmo questionamento feito à escola Rio Branco observou-se que, 37% tiveram acesso com a família, 8% com vizinhos, 7% por crenças/tradições e 3% em livros e revistas. Os resultados demonstram que informações sobre as plantas medicinais passadas de geração para geração dentro da família tiveram uma representação significativa nas duas escolas quando comparada com as outras opções. Resultados semelhantes foram relatados por Vallinoto et al., (2007 ), onde ressalta que a maior parte dos entrevistados obtiveram informações sobre a utilização de plantas a partir dos familiares. RESULTADOS E DISCUSSÃO Figura1- Representação gráfica referente ao acesso adquirido sobre a utilização de plantas medicinais pelos participantes das Escola E. E. Fundamental e Médio Manaus (Escola 1) e a Escola E. E. Fundamental e Médio Rio Branco (Escola 2)

3 Quanto ao modo de obtenção da planta utilizada, foi constatado que alunos de ambas as escolas afirmaram que cultivam em casa resultando em 26% na escola Rio Branco e 23% dos alunos da Escola Manaus. Outra opção de obtenção informada foi a compra em erveiros resultando em 26% e 14% respectivamente. Ainda que a obtenção com erveiros tenha uma porcentagem significativa, o cultivo em casa nas duas escolas prevalece e isso mostra que o quintal ainda é o local mais utilizado pelas pessoas para plantar algumas espécies de plantas medicinais. O uso das plantas pode se dar em nivel familiar ou em situações em que há necessidade de uma maior quantidade de material vegetal. Se apenas para uso familiar doméstico, elas podem ser cultivadas nos quintais das casas, ser coletadas em áreas próximas as casas, compradas ou recebidas de parentes, amigos e/ou vizinhos (MING, L.C. et al., 2003). Como resultado da pesquisa do total de espécimes citadas foram identificadas 36 espécies, distribuídas em 23 famílias botânicas (Tabela 1). As famílias mais representativas em número de espécies foram: Asteraceae, Fabaceae e Lamiaceae com quatro espécies e Myrtaceae e Euphorbiaceae com duas espécies. Tabela 1 Plantas utilizadas como medicinais referenciadas pelos alunos da Escola Estadual Rio Branco e Manaus, Porto Velho-RO Família botânica, nome científico e popular; parte da planta utilizada, modo de uso e a indicação terapêutica. FAMÍLIA NOME CIENTIFICO NOME POPULAR PARTE DA PLANTA MODO DE USO AMARANTHACEAE Chenopodium ambrosoides L. Mastuz Folha Chá; Xarope; Sumo;Com pressa ASPHODELACEAE Aloe vera (L.) Burm. Babosa Raiz; casca; folha Chá; pomada; INDICAÇÃO TERAPEUTICA Tratameento de feridas; inflamações; pneumonia; gripe; expectorante ; dor de barriga; gastrite; infecções. Câncer; tratamento de feridas; infecção de garganta. ASTERACEAE Baccharis trimera (Less.) DC. Carqueja Folha Chá Emagrecimento Matricaria recutita L. Camomila Folha Chá Calmante; dor na barriga; Achyrocline satureuoides Marcela Folha Chá Alergia (Lam.) DC. Bidens pilosa L. Picão Folha; raiz Chá Hepatite ARECACEAE Euterpe oleracea L. Açaí Raiz Chá Anemia BIGNONIACEAE Fridericia chica (Humb. & Bonpl.) Crajiru Folha Chá Infecção de garganta; L.G. Lohmann inflamação no útero; inflamações. CARICACEAE Carica papaya L. Mamão Semente Outros Tratamento de verme CELASTRACEAE Maytenus ilicifolia Espinheira Folha Chá Gastrite santa CANNABACEAE Cannabis sativa L. Maconha Folha Chá Asma; bronquite. CIPERACEAE Scleria pterota Navalha-demacaco EUPHORBIACEAE Croton leclhleri L. Sangue de dragão Raiz Chá Dor nos rins Casca Xarope Gastrite Phyllanthus acutifolius L. Quebra-pedra Folha Chá Pedra na vesicula. FABACEAE Pterodon emarginatus Sucupira Semente Chá Bronquite

4 Tabela 1-Cont. FAMÍLIA NOME CIENTIFICO NOME POPULAR FABACEAE Caesalpinia leiostachya (Benth) Ducke PARTE DA PLANTA MODO DE USO Jucá Semente Chá Gastrite INDICAÇÃO TERAPEUTICA Copaifera langsdorffii Desl. Copaíba Casca Óleo xarope Infecção de garganta; infecções; inflamações LAMIACEAE Plectranthus barbatus Andrew L. Boldo Folha Chá; compressa Melissa officinalis L. Cidreira Folha Chá Gripe; insônia. Ocimum americanum L. Alfavaca Folha Chá Gripe Males do fígado; dor de barriga; gastrite; dores estomacais; dor na cabeça; cólica; má digestão. Mentha spicata L. Hortelã Folha Xarope; chá Gripe e resfriado; dor de barriga em bebê. LAURACEAE Cinnamomum zeylanicum Blume Canela Folha Chá Insônia LYTHRACEAE Púnica granatum L. Romã Fruto; Chá Tratamento na garganta casca. LINACEAE Linum usitatissimum L. Linhaça Semente Outros Intestino preso LILIACEAE Allium sativum L. Alho Folha Chá Gripe MYRTACEAE Psidium guajava L. Goiabeira Folha Chá Desinteria Eucalyptus globulus Labill Eucalipto Folha Chá Gripe; garganta. MALVACEAE Gossypium arborium L. Algodão roxo Folha Outros Tosse aguda sumo. Althaea officinalis L. Malvarisco Folha Chá Gripe POACEAE Cymbopogon citratus (DC.) Stapf Capim santo Folha Chá Dor no estomago; dor na cabeça; febre; gripe. PAPAVERACEAE Papaver somniferum Elixir Olha Chá Cólica infantil e adulto. paregórico RUBIACEAE Morinda citrifolia L. None Fruto Compressa; Doença urinaria. chá RUTACEAE Citrus sinensis (L.)Osbeck Laranja Casca; folha. Chá Gripe; desinteria; dor na barriga. ZINGIBERACEAE Zingiber officinale Roscoe Gengibre Raiz Xarope Tratamento na garganta. De acordo com os resultados obtidos em relação as espécies mais referenciadas (Figura 2) para a escola Manaus das 24 espécies: Crajiru (Arrabidae Chica (Bonpl.) B. Verl.), corresponde a 27%, Boldo (Plectranthus barbatus Andrews)15%, Mastruz (Chenopodium ambrosioides L.) 11%, Laranja (Citrus sinensis (L.) Osbeck ), Hortelã (Mentha sp.), Copaíba (Copaifera langsdorffii ), Capim santo (Cymbopogon citratus (DC.) Stapl ) e Babosa (Ale vera ) 8% e com 7% Cidreira ( Lippia alba L.). Para a escola Rio Branco das 26 espécies citadas, o Boldo (Plectranthus barbatus Andrews) representou 29%, seguido do Mastruz (Chenopodium ambroisioides L.) 26%, Copaíba 12% (Copaifera langsdorffi Desf), Laranja (Citrus sinensis (L.) Osbeck) 9%, None (Morinda citrifolia L.), Capim santo (Cymbopogon citratus (DC.) Stapl), Romã (Punice granatum L.) e Eucalipto (Eucalyptus globulus Labill) com 6%. Apesar da variedade de plantas citadas, notase que o Boldo, o Crajiru, Mastruz e a Copaíba foram os que mais se destacaram para os alunos.

Figura 2- Representação gráfica das plantas mais referenciadas pelos participantes da pesquisa, alunos das Escola E. E. Fundamental e Médio Manaus (Escola 1) e a Escola E. E. Fundamental e Médio Rio Branco (Escola 2) 5 As indicações terapêuticas citadas pelos alunos em ambas as escolas foram: gripe, inflamações, garganta, dor de barriga, males do fígado, feridas e doenças no útero. Santos e Lima (2009) também ressaltam em seu trabalho que as afecções mais citadas são também aquelas contempladas nos programas de atenção primária à saúde, como gripe, tosse, má digestão, problemas hepáticos, verminoses, inflamações e infcções em geral. A folha foi a parte da planta mais utilizada pelos alunos de ambas as escolas, com 35 e 30 citações, seguido da semente, raiz e fruto. Em relação a forma de uso o chá, resultado tanto pelo modo de preparo de infusão como decocção foi o mais referenciado, seguido do óleo, xarope, compressa, e pomadas (Figura 3). Dados semelhantes foram informados por Vallinoto et al., (2007), onde as folhas foram as mais utilizadas na confecção de chás. Figura 3- Representação gráfica das partes das plantas mais utilizadas e a forma de uso referenciadas pelos participantes da pesquisa, alunos das Escola E. E. Fundamental e Médio Manaus (Escola 1) e a Escola E. E. Fundamental e Médio Rio Branco (Escola 2)

Os resultados da pesquisa demonstram que o uso das plantas como forma de medicamento é um método muito utilizado, principalmente para o tratamento das doenças de baixa gravidade. Com os avanços científicos, esta prática milenar perdeu espaço para os medicamentos sintéticos, entretanto, o alto custo destes fármacos e os efeitos colaterais apresentados contribuíram para o ressurgimento da fitoterapia (PIERUCCINE, 2002 apud PEREIRA, 2010), como uma opção medicamentosa bem aceita e acessível aos povos do mundo, e no caso do Brasil é adequada para as necessidades locais de centenas de municípios brasileiros no atendimento primário à saúde (ELDIN; DUNFORD, 2001 apud PEREIRA, 2010). CONCLUSÃO Com os resultados deste levantamento, podemos constatar que os participantes questionados tem conhecimento e acesso a uma grande variedade de plantas medicinais utilizadas para alívio de sintomas ou cura de algumas enfermidades. A importância desse levantamento se faz necessário para que haja de certa forma uma manutenção desse conhecimento, parte de uma rica cultura popular pouco valorizada. Além disso, essa pesquisa pode também contribuir para outros trabalhos relacionados a plantas medicinais. SURVEY OF MEDICINAL PLANTS USED BY STUDENTS OF THE EDUCATIONAL PROGRAM FOR YOUNG PEOPLE AND ADULTS (EJA) IN THE MUNICIPALITY OF PORTO VELHO RO ABSTRACT: The use of plants as a medicine is very old, a practice that has evolved over the years, from the simplest forms of local treatment to the most technologically sophisticated forms of industrial manufacture. This work aimed to promote the rescue of popular knowledge about medicinal plants used for the treatment of diseases. Participants in the research were students of the EJA program who had knowledge about medicinal plants enrolled in two schools in the city of Porto velho / RO. Interviews were conducted with a semi-structured questionnaire. It was found that about 40% of the students obtained access to this knowledge with the family and a small percentage with neighbors, and by beliefs / traditions. As a result of the research were identified 36 species, distributed in 23 botanical families, the most representative family in number of species was Asteraceae with five species. Among the species most cited in the two schools were: Crajiru (Arrabidae Chica (Bonpl.) B. Verl.), Boldo (Plectranthus barbatus Andrews), Mastruz (Chenopodium ambrosioides L.) and Copaíba (Copaifera langsdorffii Desf ). In relation to the part of the plant most used the leaf was the most referenced while the most used form of preparation was the tea obtained by the infusion or decoction. The importance of this survey is necessary so that there is in a certain way a maintenance of this knowledge that corresponds part of a rich popular culture little valued. Keywords: Survey, Medicinal plants, State Schools, Rondônia. 6 REFERÊNCIAS ALVES, A.R.; SILVA, M.J.P. O uso da fitoterapia no cuidado de crianças com até cinco anos em área central e periférica da cidade de São Paulo. Revista Escola de Enfermagem, USP, v.37, n. 4, p. 85-91, 2003. Disponivel em <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v37n4/10.pdf>. Acesso em: 17 de out. de 2014. LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002.

7 LORENZI, H.; MATOS, F. J.A. Plantas medicinais no Brasil: Nativas e exóticas. 2. ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008, p. 544. MARTINS, E. R.; CASTRO, D. M. de; CASTELLANI, D. C.; DIAS, J. E. Plantas Medicinais. 5. ed. Viçosa: UFV, 2003. MING, L.C.; SILVA, S.M.P.; SILVA, M.A.S.; HIDALGO, A.F.; MARCHESE, J.A.; CHAVES, F.C.M. 2003. Manejo e cultivo de plantas medicinais: algumas reflexões sobre perspectivas e necessidades no Brasil. p.149-156. In: M.F.B Coelho, P.C. Júnior, J.L.D. Dombroski (Org.). Diversos olhares em Etnobiologia, Etnoecologia e Plantas Medicinais. Cuiabá. Disponivel em: <http://www.ufmt.br/etnoplan/artigos/cultivo%20e%20manejo%20de%20plantas%20medici nais>. Acesso em 04/07/2011. SANTOS, M. R. A.; LIMA, M. R. Levantamento dos Recursos vegetais utilizados como fitoterápicos no Município de Cujubim, Rondônia, Brasil. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 62, Embrapa, junho, 2009. SOUZA, V. C.; LORENZI, H. 2012. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG III. 3. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum. VALLINOTO, I. M. V. C.; NOVAES, R. S.; PEREIRA, B.P.; SILVA, D.A.; VENTURIERI, M.O. Levantamento de dados etnobotânicos em um bairro urbano de Belém: vivência comunitária e melhoria da qualidade de vida da população. Universidade Federal do Pará, Brasil, 2007.