REGULAÇÃO DA PUBLICIDADE NOS CONTRATOS DE CONCESSÃO DE CRÉDITO AO CONSUMIDOR ADALBERTO PASQUALOTTO BRASÍLIA, 23/5/2013
Sumário O I. As falhas da autorregulamentação O Publicidade e liberdade de expressão O Existe direito à publicidade? O CONAR e autorregulamentação O Práticas do mercado O II. A necessidade de regulamentação O Por que regular a publicidade de crédito? O Resoluções do Banco Central O Direito comparado O Direito brasileiro
Regulação da publicidade vs. liberdade de expressão O Liberdade de expressão como direito de primeira geração e garantia política O Liberdade de expressão comercial
O direito à publicidade O Não é constitucional Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. O Pode sofrer restrições 4º - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
As restrições são taxativas? O Princípio da proporcionalidade O Adequação O Aptidão da medida para alcançar os fins pretendidos O Necessidade O Mínima restrição possível do direito atingido O Proporcionalidade em sentido estrito O Relação equilibrada entre meios e fins
Autorregulamentação O II - ANEXOS - Categorias Especiais de Anúncios O ANEXO E INVESTIMENTOS, EMPRÉSTIMOS E MERCADO DE CAPITAIS O Sem embargo das disposições deste Código e em conformidade com ele, as empresas integrantes do Sistema Financeiro Nacional poderão atender a recomendações sobre atividades publicitárias emanadas de seus órgãos de representação institucional, se e quando as campanhas específicas recomendarem procedimentos comuns e uniformidade no processo de comunicação em benefício da melhor orientação e informação do público investidor.
CONAR vs. Bancos em 2012
Reclamações contra bancos nos Procons em 2012
Comparação Procons x CONAR O PROCONS O 73.819 RECLAMAÇÕES = 8,57% DO TOTAL O CONAR O 3 RECLAMAÇÕES, TODAS ARQUIVADAS
Anunciantes associados ao O B CONAR Banco Bradesco S.A. Banco Itaú S.A. Banco Itaucard S.A. Banco Santander Brasil
As práticas do mercado (I) O http://www.youtube.com/watch?v=joseb7 TaOCY
As práticas do mercado (II) O http://www.youtube.com/watch?v=qdnrqg mm3jm
As práticas do mercado http://www.youtube.com/watch?v=pnub8ly zv9w
Por que regular a publicidade de crédito? O Vulnerabilidade do consumidor O Complexidade do mercado O Política governamental de incentivo ao consumo O Superendividamento
Resolução BC 3.517/2007 O Art. 3º. Nos informes publicitários das operações de créditos de que trata o art. 1º destinadas à aquisição de bens de consumo e de serviços por pessoas naturais e por microempresas e empresas de pequeno porte, deve ser informado o CET correspondente às condições ofertadas. O Parágrafo único. Os informes publicitários mencionados no caput devem conter de forma clara e legível, além do CET e do referencial de remuneração de que trata o art. 1º, 3º, a taxa anula efetiva de juros.
Resolução BC 3.517/2007 O 4º. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou não: O I formular preço para pagamento a prazo idêntico ao pagamento à vista; O II fazer referência a crédito gratuito, sem acréscimo, com taxa zero ou expressão de sentido ou entendimento semelhante;
Resolução BC 3.517/2007 O III indicar que uma operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor; O IV ocultar, por qualquer forma, os ônus e riscos da contratação do crédito, dificultar sua compreensão ou estimular o endividamento do consumidor, em especial se idoso ou adolescente.
Diretiva 2008/48 - CE O 1. A publicidade relativa a contratos de crédito que indique uma taxa de juros ou valores relativos ao custo do crédito para o consumidor deve incluir informações normalizadas nos termos do presente artigo. O Esta obrigação não se aplica aos casos em que o direito interno exige que a publicidade relativa a contratos de crédito indique a taxa anual de encargos efetiva global e não uma taxa de juros ou valores relativos a qualquer custo do crédito para o consumidor na acepção do primeiro parágrafo.
Diretiva 2008/48 - CE O 2. As informações normalizadas devem especificar, de modo claro, conciso e visível, por meio de um exemplo representativo: O a) A taxa devedora, fixa ou variável ou ambas, juntamente com o detalhe de quaisquer encargos aplicáveis incluídos no custo total do crédito para o consumidor; O b) O montante total do crédito; O c) A taxa anual de encargos efetiva global; (...).
Cour de Cassation (França), 1975 O "a boa-fé exige um mínimo de revelação quanto às prestações oferecidas, sobretudo se existe a desigualdade das partes proveniente da superioridade econômica ou competência profissional de uma delas".
Dever precontratual de informação (França) O Uma informação deve ser prestada sempre que ela puder exercer influência sobre o consentimento do comprador, de tal sorte que ele não concluiria o contrato ou não o concluiria senão em condições mais favoráveis se a informação fosse do seu conhecimento.
STF, 1988 AI 88.416-RJ O "Seguro de vida. Contrato de adesão. Seguro de vida sem exame médico. Propaganda. Os compromissos dos anúncios incorporam-se à convenção. Interpretação do contrato. (...). Cumpre neste caso ao juiz não estimular comportamentos antissociais empregados na coleta da economia popular pelas grandes empresas, nestes tempos de força arrebatadora da publicidade.
PLS 283/2012 (superendividamento) O Art. 54-B (...) 3º. Sem prejuízo do disposto no art. 37, a publicidade de crédito ao consumidor e de vendas a prazo deve indicar, no mínimo, o custo efetivo total, o agente financiador e a soma total a pagar, com e sem financiamento.
PLS = Resolução BC 3.517 O O O O O 4º. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou não: I formular preço para pagamento a prazo idêntico ao pagamento à vista; II fazer referência a crédito gratuito, sem acréscimo, com taxa zero ou expressão de sentido ou entendimento semelhante; III indicar que uma operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor; IV ocultar, por qualquer forma, os ônus e riscos da contratação do crédito, dificultar sua compreensão ou estimular o endividamento do consumidor, em especial se idoso ou adolescente.
Conclusões O A publicidade de crédito deve ser regulamentada O A autorregulamentação é ineficiente e corporativa O O ideal é a corrregulação, um sistema misto com representações legítimas e proporcionais do governo, das entidades financeiras e dos consumidores O O estatuto da corregulação deve recepcionar o Código de Defesa do Consumidor
Regulação da publicidade nos contratos de concessão de crédito ao consumidor pasqualotto@pucrs.br