1 Circular 304/2012 São Paulo, 27 de julho de 2012. Provedor/Presidente Administrador REF.: Lei de Acesso à Informação Prezados Senhores, Servimo-nos do presente para tecer alguns apontamentos relativos à Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/11) 1 e seus reflexos (obrigações e oportunidades) perante as Santas Casas e hospitais beneficentes. I - INTRODUÇÃO Em vigor desde 16/05/2012, a Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação) passou a dispor sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do 3º do art. 37 e no 2º do art. 216 da Constituição Federal, dando um importante passo para a consolidação do seu regime democrático, ampliando a participação cidadã e fortalecendo os instrumentos de controle da gestão pública. A Lei de Acesso à Informação representa uma mudança de paradigma em matéria de transparência pública, pois estabelece que o acesso é a regra e o sigilo, a exceção. Qualquer cidadão ou instituição poderá solicitar acesso às informações sob a guarda de órgãos e 1 Acesse o texto integral da Lei nº 12.527/11 em http://migre.me/a47x3
2 entidades públicas, salvo àquelas classificadas como sigilosas, conforme procedimento que observará as regras, prazos, instrumentos de controle e recursos previstos. Subordinam-se ao regime dessa lei, os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público, bem como as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A informação solicitada deverá ser disponibilizada pelo órgão público no prazo máximo de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa. O Governo Federal regulamentou a aplicação da Lei de Acesso à Informação por meio do Decreto nº 7.724, de 16/05/2012 2. Estados 3 e Municípios também regulamentaram a aplicação da lei dentro de suas respectivas esferas de atuação. Recomendamos a todos que leiam atentamente todos estes normativos. II - OBRIGAÇÕES DOS HOSPITAIS BENEFICENTES QUE RECEBEM RECURSOS PÚBLICOS A lei também se aplica, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. 2 Acesse o texto integral do Decreto nº 7.724, de 16/05/2012 em http://migre.me/a480h 3 Vide Decreto Estadual (SP) nº 58.052, de 16/05/2012 em http://migre.me/a4835
3 A publicidade a que estão submetidas essas entidades refere-se à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas. No caso das entidades sem fins lucrativos, a principal obrigação a que estão vinculadas é a que se convencionou chamar de "transparência ativa", isto é, deverão divulgar em seu sítio na Internet e em quadro de avisos de amplo acesso público em sua sede às seguintes informações (art. 63, do Decreto nº 7.724, de 16/05/2012): cópia do estatuto social atualizado da entidade; relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade; e cópia integral dos convênios, contratos, termos de parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos congêneres realizados com o Poder Executivo federal, respectivos aditivos, e relatórios finais de prestação de contas, na forma da legislação aplicável. Tais informações devem ser publicadas a partir da celebração do convênio, contrato, termo de parceria, acordo, ajuste ou instrumento congênere, atualizadas periodicamente e ficar disponíveis até cento e oitenta dias após a entrega da prestação de contas final. A divulgação em sítio na Internet poderá ser dispensada, por decisão do órgão com quem a entidade privada sem fins lucrativos possui relação jurídica formalizada, nos casos de entidades privadas sem fins lucrativos que não disponham de meios para realizá-la. Assim, para aquelas entidades que não detiverem meios para dar publicidade às informações obrigatórias em sítio na Internet, recomendamos buscar autorização junto ao órgão responsável pelo repasse de recursos, mediante justificativa formal.
4 Quanto aos pedidos de informação que qualquer cidadão ou instituição tem o direito de formalizar, referentes aos convênios, contratos, termos de parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos congêneres ("transparência passiva"), estes deverão ser apresentados (pelo cidadão ou instituição) diretamente aos órgãos e entidades responsáveis pelo repasse de recursos (art. 64 do Decreto nº 7.724, de 16/05/2012). Dessa forma, destacamos que a entidade sem fins lucrativos não precisará criar um Serviço de Informações ao Cidadão (SIC). Sempre que um cidadão ou instituição solicitar informações relativas aos convênios, contratos, termos de parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos congêneres celebrados com o Poder Público, deverá ser orientado a obter tal informação junto ao respectivo órgão público. A pessoa natural ou entidade privada que detiver informações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o Poder Público e desrespeitar a legislação, estará sujeita às seguintes sanções: advertência; multa; rescisão do vínculo com o Poder Público; suspensão temporária de participar em licitação e impedimento de contratar com a administração pública por prazo não superior a dois anos; e declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública, até que seja promovida a reabilitação perante a autoridade que aplicou a penalidade.
5 III - OPORTUNIDADE Muito além de criar obrigações aos hospitais beneficentes que recebam recursos do Poder Público, a Lei de Acesso à Informação pode se apresentar como uma fantástica ferramenta de planejamento para a gestão dessas instituições. Em razão da mudança da "cultura do segredo" para a "cultura da transparência", qualquer instituição poderá solicitar aos órgãos governamentais informações públicas que estejam sob sua guarda. Em linhas gerais, salvo exceções classificadas como sigilosas, a acesso à informação disciplinado pela Lei nº 12.527/11, compreende os direitos de qualquer cidadão ou instituição obter: (1) orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; (2) informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; (3) informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; (4) informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; (5) informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; (6) informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e (7) informação relativa:
6 b) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; c) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. III - INICIATIVAS FEHOSP Considerando as novas ferramentas de acesso à informação trazidas pela Lei de Acesso à Informação, bem como as obrigações por ela criadas que afetam diretamente os hospitais beneficentes, a FEHOSP irá realizar alguns eventos abertos destinado às suas filiadas tendentes a aprofundar as discussões sobre as oportunidade e ameaças envolvendo a Lei nº 12.527/11. Confira: EDUCASUS - Teleconferência Tema: Lei Nº. 12.527/2011 Acesso à Informação Data: 14/08/2012, das 10h30 às 12h Local: acesse www.educasus.com.br para saber os locais onde existem pontos do EDUCASUS instalados. I ENCONTRO DE ASSESSORES JURÍDICOS DAS SANTAS CASAS E HOSPITAIS BENEFICENTES DO ESTADO DE SÃO PAULO Data: 17/08/2012, das 10h às 14h Local: Sede da FEHOSP - Rua Libero Badaró, 158, 6º andar, Centro, São Paulo/SP
7 Público alvo: advogados e assessores jurídicos dos hospitais filiados à FEHOSP Inscrição: cada hospital poderá indicar até 3 advogados, enviando e-mail para juridico@fehosp.com.br. Permanecemos à disposição para quaisquer dúvidas que se fizerem necessárias. Atenciosamente, Departamento Jurídico FEDERAÇÃO DAS SANTAS CASAS E HOSPITAIS BENEFICENTES DO ESTADO DE SÃO PAULO FEHOSP