1 Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Formação de Professores. 2 Faculdade Medicina do ABC, Santo André.

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FUMO EM LOCAIS FECHADOS - BRASIL. Abril/ 2008

Transcrição:

DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E RELAÇÃO COM A SINTOMATOLOGIA CLIMATÉRICA Maria do Carmo Andrade Duarte de Farias 1 E-mail: carmofarias@hotmail.com Renan Alves Silva 1 Rosimery Cruz de Oliveira Dantas 1 Cecília Danielle Bezerra Oliveira 1 Luiz Carlos de Abreu 2 1 Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Formação de Professores. 2 Faculdade Medicina do ABC, Santo André. INTRODUÇÃO O climatério é um processo caracterizado pelo declínio dos hormônios esteróides ovarianos em decorrência do envelhecimento feminino, que desencadeia ou não algumas alterações neurogênicas, psicogênicas e metabólicas, podendo ser influenciadas pelo contexto socioeconômico em que a mulher vive. Portanto, é um fenômeno natural e inevitável da fisiologia feminina, algumas vezes vivenciado como um período silencioso; em outras pode ser acompanhado de sintomatologia que influencia na vida das mulheres, negativamente. É definido pela Organização Mundial da Saúde como uma fase biológica e não patológica, sendo a menopausa considerada um marco dessa fase, somente confirmada após 12 meses de amenorreia, acontecendo, em geral por volta dos 50 anos. (BRASIL, 2008) Por isso, Pedro et al. (2003) afirmam que há uma concordância de que a atenção integral à saúde da mulher implica na assistência em todas as fases de sua vida, já que o climatério, envolve um período relativamente extenso da vida da mulher, que merece atenção crescente da sociedade. Durante essa fase da vida pode ocorrer uma variedade de alterações, inclusive físicas e psíquicas, que variam em intensidade entre as mulheres. Assim, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a relação de dados sociodemográficos com a intensidade da sintomatologia climatérica nas mulheres da região do sertão nordestino. MÉTODO Trata-se de um estudo transversal e prospectivo, realizado no município de Cajazeiras- PB, da Zona Urbana, no período de janeiro a março de 2013. A amostra

foi constituída por 427 mulheres, sendo que 390 mulheres finalizaram o protocolo. A coleta de dados transcorreu em todas as Unidades de Saúde do município. O projeto desta pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba, CAAE 0462.0.133.000-11. Para a coleta de dados realizou-se entrevista, com um roteiro estruturado, contemplando itens que permitiram caracterizar o perfil sociodemográfico e verificar a intensidade da sintomatologia climatérica. A intensidade da sintomatologia climatérica foi avaliada pelo Índice Menopausal de Kupperman e Blatt (IMKB). (WENDER et al., 2011). Na análise dos dados foi utilizado o pacote estatístico para ciências sociais ( Statistical Package for the Social Sciences - SPSS), versão 17, aplicando a estatística descritiva, tendo como medida de tendência central a média; bem como a aplicação do teste de Qui-Quadrado ( χ 2 ), a fim de se obter a correlação entre as variáveis. Para confirmar a relação estabelecida entre as variáveis aplicou-se o modelo de regressão linear; adotando-se Intervalo de Confiança de 95% e nível de significância de 5% para rejeição da hipótese de nulidade, sendo o IMKB a variável dependente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados expressos na Tabela 1 revelam que a média de idade das mulheres foi 49,2 anos (±7,9 anos). A média de anos de estudo foi 7,7 anos (±4,8 anos). Com relação ao IMKB a amostra apresentou um escore médio de 21,9 (± 10,3). Tabela 1. Caracterização das mulheres climatéricas conforme idade menopausal, escolaridade e Índice Menopausal de Kupperman e Blatt. Cajazeiras-PB, 2013. Variáveis Total Valor Valor Média DP mínimo máximo Idade (anos) 390 35 65 49,2 7,9 Escolaridade (anos) 390 0 22 7,7 4,8 IMKB (Escore) 390 1 47 21,9 10,3 Fonte: Dados da pesquisa, 2013. A Tabela 2 revela que a maioria das mulheres encontrava-se nos extremos de idade, ou seja, 35,7% na pré-menopausa (n=139) e 41% na pós-menopausa

(n=160). A maioria tinha companheiro fixo 68,2% (n=266), 54,4% eram de cor branca (n=212), com nível de estudo entre 6 a 11 anos 42,3% (n=165). Possuíam ocupação remunerada 52,8% (n=206), com uma renda per capita < 1 salário mínimo 74,7% (n=292). Com exceção da pré-menopausa, em todas as subcategorias das variáveis estudadas a média do IMKB revela sintomatologia moderada. Na correlação entre as variáveis e o IMKB percebeu-se que a escolaridade interfere na intensidade dos sintomas (p=0,028). Tabela 2. Análise descritiva dos dados sócio demográficos das mulheres climatéricas do município de Cajazeiras-PB, 2013. Variáveis ƒ % IMKB Média (DP) P pré-menopausa 35 a 45 139 35,7 19,9 (10,3) Idade (anos) perimenopausa 46 a 51 91 23,3 22,0 (10,8) 0,153 pós-menopausa 52 a 65 160 41,0 22,7 (9,7) Situação Com companheiro 266 68,2 22,3 (10,1) 0,496 conjugal Cor da pele Branca 212 54,4 22,3 (10,6) 0,245 Escolaridade 0 a 5 anos 158 40,5 23,5 (10,8) 6 a 11 anos 165 42,3 21,5 (9,9) 0,028* Ocupação Remunerada 206 52,8 21,4 (10,0) 0,199 Renda per 0,1 a 0,9 292 74,7 21,6 (10,3) capita 1 a 1,5 69 17,8 24,1 (9,8) 0,664 Local de Do lar 220 56,4 22,5 (10,5) 0,194 trabalho Fora do lar 170 43,6 21,0 (10,0) * Significância estatística Teste χ 2 p<0,05. Fonte: Dados da pesquisa 2013. Frente à possibilidade da interferência de variáveis de confusão nas análises, procedeu-se à regressão linear, tendo como variável de desfecho o IMKB. Os dados demonstraram que apenas a idade menopausal (α=0,048) e a escolaridade (α=0,003) mantiveram relação direta com o IMKB. Assim, confirmou-se

que o aumento da idade e a redução dos anos de escolaridade associaram-se significativamente aos sintomas climatéricos mais intensos. Isso implica dizer que cada ano acrescido na idade da mulher aumenta em 0,175 o escore dos sintomas climatéricos e, para a variável escolaridade, a regressão linear revela que cada ano de estudo acrescentado na escolaridade da mulher diminui em 0,321 o escore do IMKB (Tabela 3). A relação existente entre a influência dos dados demográficos sobre a sintomatologia climatérica vem sendo objeto de contínua investigação. Nesse sentido, os dados expressos nas Tabela 1 e 2 são semelhantes aos resultados encontrados em pesquisa de inquérito domiciliar, com um total de 456 mulheres residentes no município de Campinas São Paulo, das quais a maioria era branca e de baixo nível educacional. No tocante à idade foi encontrada uma média etária da menopausa ao redor dos 51,2 anos, mas com distribuição semelhante nas três categorias etárias, (PEDRO et al., 2003), contrapondo-se aos achados da presente pesquisa. Tabela 3. Modelo de regressão linear de variáveis sociodemográficas correlacionadas com o IMKB. Cajazeiras-PB, 2013. Varáveis Intervalo de confiança 95% sociodemográficas β 0 β 1 P Mínimo Máximo Idade menopausal 0,075 0,100 0,048 0,001 0,149 Escolaridade -0,152-0,169 0,003-0,254-0,051 Variável dependente: IMKB. Fonte: Dados da pesquisa 2013. Ao se referir à escolaridade interferindo na sintomatologia do climatério, pesquisas apontam que, ao se aproximarem da menopausa, as mulheres trazem dúvidas sobre as modificações físicas que podem ocorrer e de como lidar com elas. Nesse sentido, a maior escolaridade não apenas facilita o acesso à informação sobre o climatério, como reduz à ansiedade, comum nessa fase. (DE LORENZI et al., 2006)

Embora a sintomatologia climatérica nesta pesquisa não tenha demonstrado dependência da situação econômica (Tabela 3), pesquisas confirmam que quanto maior a renda per capita, melhor a qualidade de vida das mulheres e que os sintomas climatéricos parecem ser menos intensos entre as mulheres com maior nível educacional. (DE LORENZI et al.,2005) CONCLUSÕES A realização desta pesquisa, pioneira na realidade investigada, demonstrou que a intensidade dos sintomas referidos pelas mulheres climatéricas entrevistadas aumentou, à medida que a idade avançou, e diminuiu conforme o aumento dos anos de escolaridade. Assim, seus resultados ajudarão no planejamento de serviços e rotinas de assistência e poderão direcionar o ensino nas instituições pertinentes; sobretudo, justificar a necessidade de pesquisas mais abrangentes, incluindo variáveis fisiológicas, a exemplo de teores de estrogênio, cálcio, lipídio, dentre outros, fundamentadas na diversidade regional da realidade brasileira. Considerando a insuficiente condição socioeconômica e a intensidade dos sintomas climatéricos encontrados, percebe-se a necessidade de uma assistência mais qualificada e humanizada às mulheres em foco, por meio de um cuidado integral e individualizado, visando a uma melhor qualidade vida. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. Climatério. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/default.cfm >. Acesso em 15 abr 2013. PEDRO, A. O et al. Idade de ocorrência da menopausa natural em mulheres brasileiras: resultados de um inquérito populacional domiciliar. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 17-25, jan-fev, 2003. De LORENZI, D. R. S. et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade no climatério. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. v. 27, n. 8, p. 479-484, 2005. De LORENZI, D. R. S. et al. Fatores associados à qualidade de vida após a menopausa. Rev Assoc. Med. Bras. v. 52, n.5, p.312-317, 2006. WENDER, M. C. O. et al. Climatério. In: FREITAS, F. et al. Rotinas em ginecologia. Porto Alegre: Artmed, 2011.