LEVANTAMENTO DOS ÓBITOS EM DECORRÊNCIA DA AGRESSÃO POR ANIMAIS PEÇONHENTOS Eduardo Sudre Pereira 1, Sandy Queiroz Espinoso 1, Richardson Sales Rocha1, Isabel Inácio de Moraes Souza 1, Lucas Pereira¹, Lucas Lorenção Gava 1, Breno Ribeiro Caçador 1, Wilson Antonio Ribeiro Souza¹, Telma Machado de Oliveira Peluzio 1 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - Campus de Alegre, Alegre/ES, CEP 29500-000, eduardo_sudre@hotmail.com¹, sandyespinoso@gmail.com¹, richardson_sales@hotmail.com 1, isabel.inacio51@hotmail.com, pereira_lucas@hotmail.com 1, lucaslgava@gmail.com; brenorc13@gmail.com; wilsonsousalive@gmail.com; tmpeluzio@ifes.edu.br Resumo: O ambiente de trabalho na área agrícola, pode ser um local de riscos, com grandes ameaças para a vida dos trabalhadores, dessa forma, objetivou-se fazer um levantamento de quantas pessoas morrem por ano vítimas de animais peçonhentos no ambiente de trabalho rural. Foi realizado um levantamento do número do número de óbitos em decorrência do ataque de animais peçonhentos no ambiente de trabalho rural no período de 2012 a 2016 no site do Ministério do Trabalho e Emprego. No Brasil, constatou-se nos últimos cinco anos pesquisados, 267,2 óbitos por alguns tipos de animais peçonhento: Serpente, escorpiões, aranha, abelha, lagarta e outros. A região que houve maior incidência foi o Nordeste, 538 vítimas de serpente, aranha, escorpião etc. seguido da região Sudeste com 328 casos; Norte 248, Centro-Oeste, 113 e Sul com 109 registros de óbitos, segundo os dados do Ministério da Saúde, 2017. A apuração dos dados apresentou médias mais altas para os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, com 38, 40, 32, 30 mortes respectivamente. Os animais peçonhentos de maior impacto para vida do ser humano segundo a fonte pesquisa foi a serpente, o escorpião, aranha, abelha etc. responsáveis pelo o maior número de vítimas. Palavras chave: Epidemiologia, inoculação, intoxicação, precaução, trabalho. Área de conhecimento: Agronomia Introdução O Brasil possui maior área territorial com características de clima tropicais, que é bastante comum e bem favorável a presença de animais peçonhentos nas áreas agricultáveis. No país, aproximadamente cerca de 29.852.986 pessoas vivem na zona rural, numa média 15,65% da população total (IBGE, 2010). As atividades agrícolas envolvem muitas pessoas, que em sua grande maioria são exercidas por pequenos produtores, em caráter de agricultura familiar. Representados em maior parte por pessoas simples e de baixa escolaridade, com poucos instruções em relação aos cuidados que precisam ter ao desempenhar suas tarefas nas lavouras. Tais como, o uso dos equipamentos de segurança coletivo e individual. (PA Nierdele, 2013). No ambiente de trabalho rural, pode ser um local de riscos, que há grandes ameaças para a vida dos trabalhadores, em decorrência da presença de animais peçonhentos tais como cobras, aranhas, escorpiões, lacraias, taturanas, vespas, formigas, abelhas e marimbondos. Em que, dependendo da atividade, em muitos momentos as pessoas ficam expostas aos perigos, podendo ocasionar vítimas fatais (KERDNA, 2017). De acordo com informações do Ministério da Saúde, os acidentes envolvendo animais peçonhentos representam um sério problema de Saúde Pública no Brasil, em particular os acidentes ofídicos, devido a sua gravidade e frequente ocorrência (SILVA, 2012). O número de registros de óbitos causados por animais peçonhentos aumentou nesses últimos cinco anos. Podendo ser vítimas, tanto homens quanto mulheres que atuam nas atividades das lavouras. Pelo exposto objetiva-se levantar o número de pessoas que morrem em decorrência do ataque de animais peçonhentos no ambiente de trabalho rural no período de 2012 a 2016. Metodologia 1
Centro- Oeste Sul Nordeste Norte Sudeste Foi realizado um levantamento do número de pessoas que morrem em decorrência do ataque de animais peçonhentos no ambiente de trabalho rural no período de 2012 a 2016, a partir do levantamento de dados em endereços de pesquisas eletrônicas, revistas, instituições de Saúde Pública e blogs, tais como: Ministério da Saúde, INSTITUTO BUTANTAN, IBGE, SINITOX, dados estes que permitiram a compilação do número de óbitos por região, estados e em todo o território nacional. Resultados O registro dos óbitos causados por animais peçonhentos em todo Brasil no período de 2012 a 2016 (Tabela 1), mostra que, apesar de possuir o maior contingente populacional, a região Sudeste ocupa o segundo lugar, enquanto o Nordeste o primeiro lugar. Tabela 1 - Registro dos óbitos causados por animais peçonhentos em todo Brasil no período de 2012 a 2016 Região/Ano 2012 2013 2014 2015 2016 Total Espírito Santo 4 7 1 5 5 22 Rio de Janeiro 2 1 3 8 4 18 Minas Gerais 48 26 33 40 62 209 São Paulo 14 14 11 17 23 79 Total 68 48 48 70 94 328 Acre 2 3 0 1 2 8 Amapá 0 0 1 3 3 7 Amazonas 12 14 9 17 16 68 Pará 26 23 30 18 11 108 Rondônia 8 6 4 2 2 22 Roraima 6 4 2 1 6 19 Tocantins 2 5 2 4 3 18 Total 56 55 48 46 43 248 Alagoas 1 0 2 10 10 23 Bahia 41 42 49 48 54 234 Ceará 6 6 6 11 9 38 Maranhão 8 16 11 15 7 57 Paraíba 4 3 2 3 7 19 Pernambuco 19 16 9 18 17 79 Piauí 6 11 1 6 14 38 R G do Norte 5 2 9 16 6 38 Sergipe 1 0 2 3 6 12 Total 91 96 91 130 130 538 Paraná 6 9 19 8 13 55 S Catarina 5 6 2 2 5 20 R G do Sul 10 8 8 1 7 34 Total 21 23 29 11 25 109 M G do Sul 3 4 4 8 9 28 Goiás 5 13 9 4 6 37 Mato Grosso 8 7 8 6 12 41 D Federal 0 2 2 1 2 7 Total 16 26 23 19 29 113 Total Geral 252 248 239 276 321 1.336 Fonte: Os autores. 2
Centro- Oeste Sul Nordeste Norte Sudeste No ano de 2016, houve um aumento do número de ataques por animais peçonhentos em todo o país (Tabela 2). Principalmente na região Sudeste. Entretanto, o maior quantitativo é observado na região Nordeste que manteve os mesmos valores de 2013. 326 óbitos foi o total de todos os meses do ano e a menor incidência ficou com o mês de Julho, 15 relatos, sendo que nos estados do ES, RJ, AP, RO, RR, TO, AL, MA, PB, PE, RN, SC, RS, MS, GO e MT não houve nem um registro. A maior números de ataques no Brasil é ocasionado por ofídios como pode ser conferido na (Tabela 3). Sendo que os dados indicam mais de 100 óbitos por anos, em um total de 557 mortes causas por ofidismo, deixando assim, um elevado número de vítimas decorrente dos cinco anos que foram pesquisados. O escorpionismo também registrou um relevante número de casos, 514. O ataque por abelha, 165 vítimas, em sequência, ranha e os demais animais somam 100 registros. Tabela 2 - Óbitos causados por animais peçonhentos nos meses do ano de 2016 Regiões / UF J F M A M J J A S O N D Total Espírito Santo 0 0 1 0 0 0 0 3 0 0 1 0 5 Rio de Janeiro 0 1 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 4 Minas Gerais 3 6 2 3 3 3 1 8 7 12 6 10 64 São Paulo 1 4 2 2 2 0 3 0 1 4 2 2 23 Total 4 11 6 6 5 3 4 11 9 16 9 12 96 Acre 0 1 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 4 Amapá 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 1 0 3 Amazonas 2 0 0 3 3 1 2 0 2 0 2 1 16 Pará 0 2 1 3 0 0 1 0 2 2 0 0 11 Rondônia 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 2 Roraima 0 0 0 0 2 1 0 2 0 1 0 0 6 Tocantins 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 1 3 Total 2 3 1 8 5 3 3 4 5 3 4 2 43 Alagoas 1 0 0 0 0 1 0 0 2 1 2 3 10 Bahia 6 6 5 1 2 4 3 2 10 6 4 5 54 Ceará 0 1 0 1 2 1 1 0 0 2 1 0 9 Maranhão 0 0 1 2 1 0 0 1 1 1 0 0 7 Paraíba 0 1 1 0 1 2 0 0 1 1 0 0 7 Pernambuco 1 0 1 2 1 1 0 1 5 1 4 0 17 Piauí 2 1 0 1 0 2 1 0 3 1 1 2 14 R G do Norte 1 0 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 6 Sergipe 0 0 2 0 0 0 1 0 1 0 0 2 6 Total 11 9 10 7 7 13 6 5 23 14 12 13 130 Paraná 1 1 3 2 0 1 1 0 0 2 1 1 13 S Catarina 2 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 5 R G do Sul 0 2 1 0 0 0 0 2 0 0 1 1 7 Total 3 3 4 3 0 1 1 2 0 3 3 2 25 M G do Sul 1 2 1 0 0 0 0 2 1 1 0 1 9 Goiás 4 1 0 0 1 0 0 2 0 2 2 0 12 Mato Grosso 2 0 0 0 1 0 0 3 0 1 2 0 9 D Federal 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 Total 8 3 1 0 2 0 1 7 1 4 4 1 32 Total Geral 28 29 22 24 19 20 15 29 38 40 32 30 326 Fonte: Os autores. 3
Animais Peçonhentos Tabela 3 - Os animais peçonhentos com maior impacto na saúde pública do Brasil Ano 2012 2013 2014 2015 2016 Total Serpente (Ofidismo) 114 120 101 106 116 557 Escorpião (escorpionismo) 87 73 88 118 138 514 Aranha (Araneismo) 10 14 7 12 25 68 Abelha 30 37 31 36 31 165 Lagarta (Erucismo) 2 2 1 0 4 9 Outros - - - - - 23 Fonte: Os autores. Discussão Segundo o Ministério da Saúde 2017, com a chegada das chuvas aumenta o risco de acidentes com animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas e serpentes. De maneira geral eles são obrigados a sair dos seus esconderijos e a procurar novo abrigo, tanto em áreas urbanas quanto rurais. Depósito e acumulo de lixo, entulhos e materiais de construção junto às habitações podem servir de abrigo para os animais peçonhentos. Os trabalhadores que atuam em áreas agrícolas, onde é comum a presença de animais peçonhentos como: serpentes, escorpiões, aranhas, abelhas, formigas, dentre outros, devem estar sempre precavidos com equipamentos apropriados para o ambiente, que ao ser atacados pelos mesmos possam estar protegidos de modo que, tenham sua saúde e vida preservadas. Segundo nota da Assessoria de Comunicação da Sesa, acesso em 20 de Julho 2016. No Brasil, decorrente ao cinco anos pesquisados, em média 267,2 pessoas por ano, foram acometidos por algum tipo de animal peçonhento, capaz de inocular substancias toxicas, que as levaram a óbito e entre as regiões de todo território brasileiro (Tabela 1). A região que houve maior incidência é o Nordeste, com 538 vítimas. O estado da Bahia foi o que mais sofreu com as perdas, chegando a 234 pessoas. O Sudeste vem em seguida com o maior número de casos, sendo 328 no total, enquanto que, somente o estado de Minas Gerais chegou a 209 óbitos registrados, quase a metade de sua totalidade, em uma sequência anual bem mais elevada que os demais estados da região. O Sul conferiu os menores números de registros, 109 no total. De todos os estados da federação o Amapá possui o menor número de casos. Entretanto no Brasil em 2016, observou-se perdas mensuráveis em todos os meses do ano, a menor quantidade de vítimas se deu no mês de Julho (15). Na apuração dos dados levantamentos, as médias mais altas ficaram para os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, com 38, 40, 32 e 30 mortes respectivamente. Os animais de maior impacto para vida do ser humano, segundo os dados do Ministério da Saúde, em geral, a mais representativo são as serpentes, responsáveis pelo o maior número de vítimas, evoluído para óbitos, 557 no total (Tabela 3), correspondendo há uma média de 111,4 vítimas/ano, 9,3 vítimas/mês e 0,4 vítimas/dia. Dos acidentes por animais peçonhentos, o ofidismo é o dos mais frequente e mais graves, ocorrendo em todos os estados brasileiros, (BOCHNER, 2001). Em segundo lugar, vem os escorpiões, como 514 registros de óbitos em todo o território brasileiro. Em 2016 foi o ano que teve o maior número de mortes causadas por inoculação do veneno do animal, 138 vítimas fatais. Seguido de acidentes por abelhas, que também fez um número de registros bastante considerais segundo os relatos pesquisados, 165 mortes. As aranhas, provocaram 68 óbitos. Lagartas, 9 e os demais, 23 vítimas em seu total. Comumente, as ocorrências que englobam seres humanos advêm por descuido ou por não atentar a presença desses animais. Particularmente no verão, escorpiões, aranhas, serpentes, abelhas e lagartas desabrocham com mais regularidade, mas algumas medidas preventivas podem ser tomadas para impedir que esses incidentes ocorram (BRASIL, 2005). Muitos destes ataques poderiam ser evitados se os trabalhadores rurais utilizassem EPIs. 4
Conclusão Entre os anos de 2012 a 2016, houve um crescimento de ataque dos animais peçonhentos com mortes, saltando de 252, para 321 registros. Em que as serpentes foram responsáveis pelo maior números de óbitos, num total de 557 em cinco anos. Os meses mais quentes e chuvosos, de setembro a dezembro tiveram as médias mais altas, que os meses mais frio. A região com maior número de casos foi o Nordeste, (130) registros e o estado foi Minas Gerais (64) mortes, seguido da Bahia com (54). Agradecimentos Ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo/Campus de Alegre. Referências Assessoria de Comunicação da Sesa (Selma Oliveira / Marcus Sá / Helga Rackel (selma.oliveira@saude.ce.gov.br / 85 3101.5221 / 3101.5220 Twitter: @SaudeCeara www.facebook.com/saudeceara. Acesso em 20 de Setembro de 2017. BOCHNER, Rosany. Animais peçonhentos: serpentes. Rio de Janeiro: SINITOX, c2001. Disponível em: http://www.fiocruz.br/sinitox/. Acesso em 08 de agosto de 2017. BRASIL. Guia de vigilância epidemiológica. 6. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Vigilância em saúde: zoonoses. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/abcad22pdf. Acesso em 08 de agosto de 2017. Copyright 2017 Portal da Saúde Ministério da Saúde www.saude.gov.br. Todos os direitos reservados. Joomla! é um software livre com licença GNU/GPL v2.0. Acesso em 08 de agosto de 2017. Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/11/. Acesso em 09 de agosto de 2017. Disponível em: Portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/abril/28/3 Obitos_Ofidismo_2000_2016. www.saude.gov.br. Acesso em 17 de agosto de 2017. http://blogs.canalrural.com.br/danieldias/2016/07/11/brasil-85-da-populacao-em-cidades-e-15-nazona-rural-e-o-agro-pagando-sozinho-conta-do-meio-ambiente/ Aceso em 09 de agosto de 2017. INSTITUTO BUTANTAN. Acidentes por animais peçonhentos. São Paulo c2007. Disponível em: http://www.butantan.gov.br/perguntas.htm. Acesso em 17 de agosto de 2017. KERDNA. Animais peçonhentos. Disponível em:< Google de http://animais-peconhentos.info/>. Acesso em 24 ago. 2017. Ministério da Saúde Esplanada dos Ministérios Bloco G Brasília-DF / CEP: 70058-900 Telefone: (61) 3315-2425. Acesso em 17 de agosto de 2017. PA Nierdele, L ALMEIDA, FM VEZZANI - Agroecologia: práticas, mercados e políticas para uma nova agricultura Curitiba: Kairós, 393p, 2013 5
SILVA, E. O. Artigo alerta para o cuidado no tratamento de acidentes com animais peçonhentos. Revista Emergência. dez. 2012. Disponível em: http://www.revistaemergencia.com.br/noticias/leia_na_edicao_do_mes/artigo_alerta_para_o_cuidado _no_tratamento_de_acidentes_com_animais_peconhentos/a5jiaajg. Acesso em 19 de agosto de 2017. 6