Fitossociologia da Vegetação Arbustivo-Arbórea em uma Área de Caatinga, Pombal, PB

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Transcrição:

Fitossociologia da Vegetação Arbustivo-Arbórea em uma Área de Caatinga, Pombal, PB Alan Cauê de Holanda¹; Enio Mizael Holanda²; Félix Queiroga de Sousa³; Saul Ramos de Oliveira²; Flaubert Queiroga de Sousa 4 (1) Professor, Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar/UFCG, holandaac@yahoo.com.br; (2) Graduando, Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar/UFCG, eniomholanda@hotmail.com e saul.agro.ramos@hotmail.com; (3) Mestrando, Centro de Ciências Agrárias, Ambiental e Biológica/UFRB, agronomofelixq@hotmal.com; (4) Mestrando, Centro de Ciências Agrárias/UFPB, flaubertqueiroga@yahoo.com.br RESUMO A vegetação da Caatinga ocupa uma área estimada em cerca de 10% do território nacional, é detentora de uma alta biodiversidade que, no entanto, é bastante desvalorizada social e ambientalmente, e que merece atenção por parte da sociedade. Partindo desse princípio, o trabalho teve o objetivo de realizar o levantamento da estrutura da vegetação adulta em um remanescente de Caatinga localizado no município de Pombal, PB. Para amostragem do componente arbustivo-arbóreo, foram instaladas 40 unidades amostrais de 10 x 25 m de forma sistemática, onde foram inventariados todos os indivíduos com CAP 10 cm. Foram inventariados 1338 indivíduos, distribuídos em 19 espécies e 12 famílias botânicas. O elevado número de indivíduos das espécies Croton blanchetianus Baill. e Combretum leprosum Mart. evidenciaram que a área encontra-se em processo de sucessão, uma vez que são caracterizados como espécies pioneiras na referida formação vegetal. Palavras chave: Fragmento; fisionomia; diversidade florística. INTRODUÇÃO O nordeste semiárido ocupa uma área global equivalente a aproximadamente 10% do território brasileiro. Com base na extensão geral da vegetação das caatingas e, independentemente das nuances regionais de semiaridez, pode-se avaliar o nordeste seco tendo uma área aproximada de 800.000 km 2 (AB SABER, 1974). Apesar da significativa extensão, da importância socioeconômica e de ser o único bioma com ocorrência restrita ao território nacional, a Caatinga é o menos protegido dentre os biomas brasileiros, com menos de 2% de sua área estando sob a forma de unidades de conservação de proteção integral, além da reduzida área sob proteção e das restritivas condições climáticas, o impacto da atividade humana sobre o bioma é considerável (SANTANA et al., 2009). Além disso, dentre os biomas brasileiros, a Caatinga é um dos menos conhecidos em termos de funcionamento, havendo ausência de trabalhos sobre a influência da variação temporal na estrutura e composição das comunidades lenhosas, aspecto preocupante, pois a área do bioma como um todo sofre um intenso processo de antropização (CAVALCANTI et al., 2009). - Resumo Expandido - [715] ISSN: 2318-6631

A importância de se estudar a estrutura da vegetação em área de Caatinga, justifica-se pela carência de trabalhos relacionados com o tema, diante o valor social e econômico que o componente arbustivo e arbóreo representa para a região. Desta forma, o diagnóstico de como se encontra a estrutura do componente arbustivo-arbóreo, torna-se necessária para se propor medidas mitigadoras que garantam a auto-sustentabilidade desse ecossistema. Diante do exposto, o estudo tem como objetivo realizar o levantamento da estrutura da vegetação arbustivo-arbórea, observando o estágio de conservação em que se encontra um remanescente localizado no sítio Riachão, município de Pombal, PB. MATERIAL E MÉTODOS Caracterização da área de estudo O estudo foi conduzido em uma área de Caatinga, localizada no Sítio Riachão, situada no município de Pombal, PB. O fragmento tem 26,4 ha, encontrando-se entre as coordenadas geográficas 6º52 31 latitude sul e 37º49 43 longitude oeste. Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é caracterizado como BSh (clima semiárido quente), com precipitação pluviométrica média anual, mensurada nos últimos 10 anos, de 963,07 mm (AESA, 2011) e temperatura média de 28 C. A área tem topografia ondulada, com alturas variando entre 200 e 230 metros em relação ao nível do mar. Os solos são classificados como Luvissolos em associação com Neossolos Litólicos (EMBRAPA, 2006). Há aproximadamente 70 anos, registrou-se uma queimada no interior da formação vegetal, e desse período aos dias atuais, as interferências existentes são ocasionadas pela extração de lenha e pelo herbivorismo praticado pelos animais domesticados, por falta de alimento nos períodos de estiagem prolongada. Coleta dos dados Para amostragem do componente arbustivo-arbóreo foram implantadas 40 unidades amostrais de 10 x 25 m, de forma sistemática. Em cada parcela foram amostrados e etiquetados com placas de PVC todos os indivíduos arbustivo-arbóreos com Circunferência a Altura do Peito (CAP) 10 cm. A circunferência foi mensurada com fita métrica e a altura estimada com tesoura de alta poda, de seis metros de comprimento total. O material botânico de todas as espécies lenhosas foram coletados, prensados, secados em estufa a 70 o C, enviado ao Herbário da Caatinga do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande (CSTR/UFCG), para reconhecimento, por comparações com exsicatas já identificadas e verificações na literatura existente no local. Para a classificação das espécies adotou-se o sistema de classificação de Angiosperm Phylogeny Group (APG II, 2003). Análise dos dados Com intuito de caracterizar da melhor formar possível o fragmento estudado, foi determinada a suficiência amostral, realizada com o procedimento de ajustes de curvas pelo REGRELRP, conforme adotado por Ferreira & Vale (1992). A mesma é obtida pela interseção do valor observado com o valor estimado, relacionando o número de espécies com a área amostral. Foram realizados os cálculos dos parâmetros fitossociológicos, a saber: valores absolutos e relativos de Densidade, Frequência e Dominância, o Valor de Cobertura (VC) e o Valor de Importância. As análises estruturais foram realizadas utilizando-se o Software Mata Nativa 2.0 (CIENTEC, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO - Resumo Expandido - [716] ISSN: 2318-6631

Suficiência amostral A intersecção da parte linear com a parte em forma de plateau foi obtida na 11 a parcela, ou seja, aos 2750 m 2 (Figura 1). Esta seria a área mínima para a caracterização florística do remanescente de Caatinga e, como foi amostrado uma área maior, admite-se que o remanescente está bem representado. Figura 1. Representação gráfica da suficiência amostral do componente arbustivo-arbóreo adulto, área x número de espécies amostradas, em um remanescente de Caatinga, localizado no município de Pombal, PB. Esse tipo de levantamento, em que há uma curva cumulativa das espécies na ordem real das parcelas, é fundamental para determinar se o número de amostras estabelecido foi o suficiente para representar a comunidade, desta forma, corroborando Schilling & Batista (2008), que retratam sobre a ideia de representatividade, nesse caso está relacionada à indicação de que a composição florística e a densidade de indivíduos por espécie estão adequadamente amostradas. Estrutura da vegetação Foram amostrados 1388 indivíduos no componente arbustivo-arbóreo, pertencentes a 19 taxa, sendo 18 identificados até espécie, e 1 em nível de gênero. Os indivíduos amostrados estão distribuídos em 12 famílias botânicas, sendo as famílias com maiores representatividades, em número de indivíduos, a Euphorbiaceae com 782, seguida de Combretaceae (242), o grande grupo da família das Fabaceae com as subfamílias Mimosoideae e Caesalpinoideae, (123 e 105, respectivamente) e por fim a família Apocynaceae com (67) indivíduos amostrados. Os parâmetros fitossociológicos presente na Tabela 1, demonstra a representatividade das famílias Euphorbiaceae e Combretaceae, onde, verifica-se que, as espécies Croton blanchetianus Baill. e Combretum leprosum Mart., foram amostradas em quase 100% das parcelas implantadas, destacando-se o Croton blanchetianus com um valor de cobertura de 81,18 %. Tabela 1. Parâmetros fitossociológicos calculados para os indivíduos arbustivo-arbóreos adultos (CAP 10 cm), em um fragmento de Caatinga, Pombal, PB. Nome científico DA DR FA FR DoA DoR VC(%) VI(%) Croton blanchetianus 738 53,17 97,5 14,61 1,95 28,01 81,18 95,79 Combretum leprosum 242 17,44 97,5 14,61 0,682 9,80 27,24 41,85 Anadenanthera colubrina 69 4,97 77,5 11,61 1,727 24,81 29,79 41,40 Poincianella pyramidalis 95 6,84 65 9,74 0,964 13,86 20,70 30,44 Aspidosperma pyrifolium 63 4,54 65 9,74 0,351 5,05 9,58 19,32 Mimosa tenuiflora 34 2,45 52,5 7,87 0,229 3,30 5,75 13,61 - Resumo Expandido - [717] ISSN: 2318-6631

Jatropha molíssima 38 2,74 50 7,49 0,101 1,45 4,19 11,68 Commiphora leptophloeos 26 1,87 35 5,24 0,145 2,09 3,96 9,21 Amburana cearenses 12 0,86 15 2,25 0,294 4,23 5,09 7,34 Myracrodruon urundeuva 12 0,86 22,5 3,37 0,157 2,25 3,11 6,49 Piptadenia stipulacea 20 1,44 22,5 3,37 0,052 0,74 2,18 5,55 Cnidoscolus quercifolius 6 0,43 7,5 1,12 0,177 2,54 2,97 4,10 Pseudobombax marginatum 11 0,79 15 2,25 0,039 0,56 1,35 3,60 Bauhinia cheilantha 6 0,43 12,5 1,87 0,024 0,34 0,78 2,65 Libidibia férrea 4 0,29 10 1,5 0,015 0,21 0,50 2,00 Erythroxylum pungens 5 0,36 7,5 1,12 0,011 0,16 0,52 1,64 Aspidosperma sp. 4 0,29 7,5 1,12 0,014 0,20 0,48 1,61 Handroanthus impetiginosus 2 0,14 5 0,75 0,027 0,38 0,53 1,28 Ziziphus joazeiro 1 0,07 2,5 0,37 0,002 0,02 0,10 0,47 Total 1388 100 667,5 100 6,961 100 200 300 DA - densidade absoluta (ind./ha); DR - densidade relativa (%); FA - frequência absoluta; FR frequência relativa (%); DoA - dominância absoluta (m 2 ha -1 ); DoR - dominância relativa (%); VC - valor de cobertura e VI - valor de importância. As espécies com maior número de indivíduos foram Croton blanchetianus, Combretum leprosum, Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz e Aspidosperma pyrifolium Mart., equivalentes a 87% de todos os indivíduos amostrados na área. Resultado similar foi calculado por Dantas et al. (2010) em uma área de Caatinga também em Pombal - PB, na qual Croton blanchetianus, Combretum leprosum, Poincianella pyramidalis, Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. e Aspidosperma pyrifolium totalizaram 92% dos indivíduos. Dentre as 19 espécies amostradas, Croton blanchetianus, apresenta maior distribuição, presente em quase todas as parcelas e, com uma densidade relativa de 53,17%. Para Maia (2004), essa espécie quando cortada assume aparência arbustiva, pelas ramificações que nascem desde a base e, é uma planta pioneira, que ocupa capoeiras, margens de estradas e, todo o tipo de áreas degradadas, com solos de fertilidade natural bom e boa drenagem, com exceções de lugares extremamente secos, podendo ser considerada como indicadora do nível de perturbação antrópica, ocorrendo com elevada frequência em lugares com vegetação muito devastada. Combretum leprosum teve frequência igual a do Croton blanchetianus (97,5), não sendo amostrada apenas em uma parcela. Segundo Maia (2004), C. leprosum é um arbusto com características de planta pioneira que é encontrada em muitas capoeiras, adaptando-se bem a todos os solos e capaz de sobreviver em solos extremamente degradados. Embora Croton blanchetianus tenha cerca de 90% de indivíduos a mais que Anadenanthera colubrina, a dominância absoluta calculada foi de 1,95 m 2 ha -1, e esse valor é 12,7% maior ao calculado para Anadenanthera colubrina com 1,73 m 2 ha -1, e isso ocorre pelo fato das espécies apresentarem características morfológicas bastante diferentes. As espécies que se encontram com os maiores portes são Anadenanthera colubrina, Amburana cearenses (Arr. Cam.) A.C. Sm., Myracrodruon urundeuva Allemão e Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillet, e representam apenas 8,6% dos indivíduos, porém, juntas somam 33,4% da dominância absoluta. Para Andrade et al. (2005), Myracrodruon urundeuva e Commiphora leptophloeos são comumente encontradas em áreas mais protegidas (cercada), ou em formações vegetais bem conservadas, e raramente são encontradas em áreas fortemente antropizadas. Tratando-se de valor de cobertura, mesmo com um número inferior de indivíduos, Anadenanthera colubrina se sobressai (29,79%), quando comparados a Combretum leprosum e Poincianella pyramidalis, por causa de seus maiores diâmetros, e embora o número de indivíduos seja inferior, sua distribuição se dá por quase toda a área do fragmento, sendo observados indivíduos próximos a rochas fragmentadas. - Resumo Expandido - [718] ISSN: 2318-6631

Dentre as plantas listadas com maiores valores de importância, três são consideradas pioneiras: Croton blachetianus, Combretum leprosum e Mimosa tenuiflora. O táxon Poincianella pyramidalis, mesmo sendo a quarta espécie de maior valor de importância, é uma das espécies de mais ampla dispersão no nordeste semiárido, segundo Andrade-Lima (1989), e rebrotando com intensidade quando cortada, daí sua dominância em certas comunidades. CONCLUSÃO A localização geográfica, afloramentos de rochas, os meses com escassez de chuva, alguns fatores bióticos e abióticos, e principalmente antrópicos, são interações que, ao longo de vários anos determinaram o baixo número de espécies no remanescente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A BSABER, A. N. O domínio morfoclimático semiárido das Caatingas Brasileiras. In: Geomorfologia. São Paulo: Instituto de geografia, 1974. p. 1-39. AGÊNCIA EXECUTIVA DE GESTÃO DAS ÁGUAS DO ESTADO DA PARAÍBA - AESA. Monitoramento de chuvas acumuladas. Disponível em: <http://site2.aesa.pb.gov.br/aesa/monitoramentopluviometria.do?metodo=listarchuvasanuaisatual >. Acesso em: 04/04/2011. ANDRADE, L. A.; PEREIRA, I. M.; LEITE, U. T.; BARBOSA, M. R. V. Análise da cobertura de duas fitofisionomias de Caatinga, com diferentes históricos de uso, no município de São João do Cariri, Estado da Paraíba. Cerne, Lavras, v. 11, n. 3, p. 253-262, 2005. ANDRADE-LIMA, D. Plantas das Caatingas. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 1989. 243p. APG II. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society, v.141, p.399-436, 2003. CAVALCANTI, A. D. C.; RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S. B.; COSTA, K. C. C. Mudanças florísticas e estruturais, após cinco anos, em uma comunidade de caatinga no estado de Pernambuco, Brasil. Acta Botânica Brasílica (nota científica), São Paulo, v. 23, n. 4, p. 1210-1212, 2009. CONSULTORIA E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS LTDA - CIENTEC. Mata Nativa: Sistema para análise fitossociológica e elaboração de planos de manejo de florestas nativas. São Paulo, 2002. 126 p. DANTAS, J. G.; HOLANDA, A. C.; SOUTO, L. S.; JAPIASSU, A.; HOLANDA, E. M. Estrutura do componente arbustivo/arbóreo de uma área de caatinga situada no município de Pombal - PB. Revista Verde, Mossoró, v. 5, n. 1, p. 134-142, 2010. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 2ª edição, 2006. 412 p. FERREIRA, R. L. C.; VALE, A. B. Subsídios básicos para o manejo florestal da caatinga. Instituto Florestal, São Paulo, v. 4, n. único, p. 368-375, 1992. MAIA, G. N. Caatinga, árvores e arbustos e suas utilidades. São Paulo: D&Z Computação Gráfica e Editora, 2004. 413 p. - Resumo Expandido - [719] ISSN: 2318-6631

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