CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA CARTA TOPOGRÁFICA DE RIO TINTO NA ESCALA DE 1:25.000, BORDA ORIENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA

Documentos relacionados
CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO MÉDIO GRÁBEN DO RIO MAMANGUAPE, BORDA ORIENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO BAIXO GRÁBEN DO RIO MAMANGUAPE, BORDA ORIENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA, BRASIL

ANÁLISE MORFOTECTÔNICA DA REDE DE CANAIS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE ITAPOROROCA, PB BRASIL

ANÁLISE MORFOMÉTRICA E MORFOTECTÔNICA DO GRÁBEN DO RIO MAMANGUAPE E ADJACÊNCIAS, BORDA ORIENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA, BRASIL

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA E MORFOMÉTRICA DA FOLHA SANTA RITA 1: COM APOIO DE PRODUTOS CARTOGRÁFICOS E TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO

APLICAÇÃO DO ÍNDICE RELAÇÃO DECLIVIDADE-EXTENSÃO (RDE) NA CARTA JACUMÃ (SB-25-Y-C-III-3-NE), ESTADO DA PARAÍBA

ANALISE DA REDE DE DRENAGEM NA BACIA DO RIO MACAÉ (RJ) A PARTIR DA ABORDAGEM MORFOESTRUTURAL

Tecnologia do Estado da Paraíba (IFPB) Departamento de Geociências, CCEN/UFPB, João Pessoa (PB)

Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE

GEOMORFOLOGIA ESTRUTURAL DO GRÁBEN DO RIO MAMANGUAPE E ADJACÊNCIAS ESTADO DA PARAÍBA, BRASIL

Estudo Neotectônico em Margem Continental do Tipo Passiva. Neotectonic Studies in Continental Margin of Passive Type

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA E NEOTECTÔNICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MARÉS - LITORAL SUL DA PARAÍBA

SANTOS; FREITAS; FURRIER, p

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA DO PERFIL TOPOGRÁFICO E SITUAÇÃO GEOLÓGICA DA CARTA TOPOGRÁFICA DE ITAPOROROCA PB, BRASIL.

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO GRÁBEN DO RIO MAMUABA E SUAS ADJACÊNCIAS

DEFORMAÇÃO NEOTECTÔNICA DOS TABULEIROS COSTEIROS DA FORMAÇÃO BARREIRAS ENTRE OS RIOS PARAÍBA DO SUL (RJ) E DOCE (ES), NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

Atividade 14 Exercícios Complementares de Revisão sobre Geologia Brasileira

APRIMORAMENTO DE TÉCNICAS CARTOGRÁFICAS EM BACIAS HIDROGRÁFICAS URBANAS

GEOMORFOLOGIA E TECTÔNICA DOS TABULEIROS LITORÂNEOS NO NORTE DO ESTADO DA PARAÍBA FURRIER, M. 1 ARAÚJO, M. E 2. MENESES L. F. 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS WESLEY RAMOS NÓBREGA

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE ARAXÁ MG, UTILIZANDO TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO ROCHA, M. B. B. 1 ROSA, R. 2

GEOMORFOLOGIA E NEOTECTÔNICA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TAPEROÁ, PARAÍBA, BRASIL

Morfoestruturas da Serra do Mar Paranaense

Parâmetros morfométricos e evidências de controle estruturais na história evolutiva da bacia do rio Guapi-Açu (Cachoeiras de Macacu, RJ)

GEOMORFOLOGIA GERAL E DO BRASIL

10. Evolução Geomorfológica da Bacia do Rio Grande e evidências de capturas

EVIDÊNCIAS DE NEOTECTÔNICA NA FORMAÇÃO BARREIRAS ATRAVÉS DE ANÁLISE MORFOMÉTRICA EM BACIA HIDROGRÁFICA DO LITORAL DO ESTADO DA PARAÍBA

APLICAÇÃO DO ÍNDICE MORFOMÉTRICO (RELAÇÃO PROFUNDIDADE/DIAMETRO) PARA ESTUDO DE DOLINA NO BAIRRO DE CRUZ DAS ARMAS, JOÃO PESSOA, PARAÍBA, BRASIL

AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MAMUABA PB, PARA DETECÇÃO DE PROVÁVEIS DEFORMAÇÕES NEOTECTÔNICAS.

AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MARÉS PB, PARA VERIFICAÇÃO DE INFLUÊNCIA NEOTECTÔNICA

ANÁLISE MORFOESTRUTURAL NA BACIA DO RIO IPANEMA, REGIÃO DE SOROCABA SP

INFLUÊNCIA NEOTECTÔNICA IDENTIFICADA ATRAVÉS DE DADOS MORFOMÉTRICOS E MORFOLÓGICOS-UM ESTUDO DE CASO NAS BACIAS DOS RIOS VERMELHO E DO BURACO-PB

GEOMORFOLOGIA E MORFOESTRUTURA DA CARTA JACUMÃ, ESTADO DA PARAÍBA, REGIÃO NORDESTE DO BRASIL

IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS COMPARTIMENTOS GEOMORFOLÓGICOS DA UNIDADE GEOMORFOLÓGICA DO TABULEIRO INTERIORANO DE FEIRA DE SANTANA-BA

ANÁLISE MORFOESTRUTURAL E DO CONDICIONAMENTO DA COMPARTIMENTAÇÃO GEOMORFOLÓGICA NA BACIA DO RIBEIRÃO CABREÚVA - SP

GEOMORFOMETRIA E INTENSIDADE TECTÔNICA NA PORÇÃO EMERSA DA BACIA PARAÍBA NORDESTE DO BRASIL

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA SEDIMENTAR E AMBIENTAL GEOMORFOLOGIA E FOTOGEOLOGIA FORMAS DE RELEVO

Estrutura Geológica e o Relevo Brasileiro

ANÁLISE DOS PADRÕES DE RELEVO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO IGARAPÉ GELADINHO MARABÁ/PA

Análise de perfis longitudinais de bacia hidrográfica desenvolvida em litologias de rochas siliciclásticas

USO DE GEOTECNOLOGIAS NA ESTRUTURAÇÃO DA BASE CARTOGRÁFICA DO PARQUE ESTADUAL DO BACANGA, SÃO LUÍS-MA RESUMO

MAPEAMENTO DE UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS NA BORDA NORDESTE DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO MG

9. Domínios de Dissecação

FORMAS DO RELEVO NA PORÇÃO NOROESTE DE ANÁPOLIS-GO. Lidiane Ribeiro dos Santos 1 ; Homero Lacerda 2

O SENSORIAMENTO REMOTO NA PESQUISA GEOMORFOLÓGICA: APLICAÇÕES NO MUNICÍPIO DE ANTONINA, PARANÁ

CAPÍTULO 3 CARACTERIZAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA DA VITICULTURA NA REGIÃO DA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM VALE DOS VINHEDOS

Geologia e relevo. Bases geológicas e Classificação do relevo

GEOLOGIA COSTEIRA DA ILHA DE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC COASTAL GEOLOGY OF THE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC ISLAND.

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS MORTES PEQUENO SÃO JOÃO DEL REI MG

Análise geomorfométrica da bacia hidrográfica do rio Jacaré, Niterói - RJ

ELABORAÇÃO DE MAPA GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE SP.

Geomorfologia e Tectônica da Formação Barreiras no Estado da Paraíba

Revista Brasileira de Geografia Física

Evolução da Paisagem Geomorfológica no Médio Vale do Rio Paraíba do Sul: o papel do pulso erosivo do Atlântico. Marcelo Motta MorfoTektos

DISSECAÇÃO DO RELEVO NA ÁREA DE TERESINA E NAZÁRIA, PI

Morfodinâmica fluvial no baixo curso do Rio das Velhas: registros de uma mega-calha pleistocênica

INFLUÊNCIA ESTRUTURAL NA COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO NA BACIA DO RIO JUNDIUVIRA SP

A carta de declividade como instrumento para o gerenciamento costeiro paulista

MAPEAMENTO DAS UNIDADES DE RELEVO EM MUNICÍPIOS DA QUARTA COLÔNIA: AGUDO, DONA FRANCISCA, FAXINAL DO SOTURNO, NOVA PALMA, PINHAL GRANDE - RS

DISCIPLINA: GEOMORFOLOGIA ESCULTURAL E APLICADA - GB 060. PROF. DR. LEONARDO JOSÉ CORDEIRO SANTOS

Palavras-chave: mapeamento SPRING análise geomorfológica.

BRASIL: RELEVO, HIDROGRAFIA E LITORAL

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE SP, BRASIL.

UMA NOVA PROPOSTA DE MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO E SUA APLICABILIDADE EM UM CENÁRIO DO LITORAL BRASILEIRO

GEOLOGIA GERAL E DO BRASIL Profº Gustavo Silva de Souza

========================================================== MODELO DE EVOLUÇÃO RECENTE DO RELEVO DA SERRA DO MAR PELA REDE DE DRENAGEM

Compartimentação Geomorfológica

GEOGRAFIA - 1 o ANO MÓDULO 06 GEOLOGIA E RECURSOS MINERAIS

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA E DO MEIO FÍSICO DA FOLHA ITAPOROROCA 1:25.000

CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO. Prof.º Elves Alves

SILVA; FURRIER, p

APLICAÇÃO DA GEOTECNOLOGIANAANÁLISE GEOAMBIENTAL DA GRANDE ROSA ELZE NO MUNICÍPIO DE SÃO CRISTÓVÃO-SE

ANÁLISE TECTÔNICA PRELIMINAR DO GRUPO BARREIRAS NO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SERGIPE

EROSÃO EM ÁREA RURAL NO MUNICÍPIO DE NOVA VENEZA (GO): ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS DA FAZENDA VARJÃO

ESTUDO DO RELEVO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO CURUÇU, SANTIAGO, RIO GRANDE DO SUL

IDENTIFICAÇÃO DE ANOMALIAS DE DRENAGEM NO ALTO/MÉDIO TIBAGI, PR, POR MEIO DO ÍNDICE RELAÇÃO DECLIVIDADE-EXTENSÃO RDE

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PERFIL LONGITUDINAL E ÍNDICE RDE DO RIBEIRÃO ARAQUÁ, MUNICÍPIO DE SÃO PEDRO E CHARQUEADA-SP

CLASSIFICAÇÃO DE SEGMENTOS MORFOLÓGICOS DO ALTO CURSO DO CÓRREGO DA ÁGUA ESCURA SERRA DE SÃO JOSÉ/MG

Mapeamento geomorfológico e da Fragilidade Ambiental na Planície Fluvial do Rio Tiete -São Paulo

O uso de atributos topográficos como subsídio para o mapeamento pedológico preliminar da bacia hidrográfica do rio Pequeno (Antonina/PR)

Serviço Geológico do Brasil CPRM

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GEOMORFOLOGIA BÁSICA E ESTRUTURAL - GB 128 TEMA 1

5.1 compartimentação geomorfológica do Hemigráben do Tacutu

Os principais aspectos físicos do continente americano

ESTRUTURAS E FORMAS DE RELEVO

Geografia. Estrutura Geológica do Brasil. Professor Luciano Teixeira.

A INFLUÊNCIA DO RELEVO PARA A CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA DE AFASTAMENTO DE ESGOTO DA CIDADE DE MARÍLIA-SP

ESTUDO HIDROLÓGICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO MAMANGUAPE

Sistema de informação geográfica na integração do conhecimento científico e tecnológico da cafeicultura em Minas Gerais

Conceito de Relevo. Internas ou endógenas: constroem o relevo. Externas ou exógenas: desgastam, modificam e modelam o relevo.

Aspectos geomorfológicos e mapeamento das unidades de relevo do município de João Pessoa, PB

A análise morfométrica por meio da aplicação de índices geomórficos tem sido amplamente utilizada na literatura (COX, 1994; ETCHEBEHERE, 2000;

Análise do grau de dissecação do relevo em uma área colinosa a Noroeste do Recife

MAPA GEOMORFOLÓGICO PRELIMINAR DA PORÇÃO SUDOESTE DE ANÁPOLIS- GO EM ESCALA 1/ Frederico Fernandes de Ávila 1,3 ;Homero Lacerda 2,3 RESUMO

MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RETENÇÃO E EVASÃO DA SEDIMENTAÇÃO QUATERNÁRIA COM BASE NA ANÁLISE DE DESNIVELAMENTO ALTIMÉTRICO

ESTRUTURAS E FORMAS DE RELEVO

ANOMALIAS DE DRENAGEM NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANA (RJ) Ilha do Fundão - Rio de Janeiro, RJ.

Análise estratigráfica da bacia Paraíba: a restinga do bairro do Recife Antigo PE

Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA CARTA TOPOGRÁFICA DE RIO TINTO NA ESCALA DE 1:25.000, BORDA ORIENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA Nóbrega, W. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA) ; dos Santos Souza, A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA) ; Furrier, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA) RESUMO O presente trabalho objetivou realizar uma caracterização geomorfológica da carta topográfica Rio Tinto, na escala de 1:25.000, que está situada na borda oriental do estado da Paraíba, nordeste do Brasil. Este trabalho está apoiado no uso de ferramentas de Sistema de Informação Geográfica (SIG), apresentando uma caracterização detalhada da área de estudo através das cartas temáticas geradas (hipsométrica e clinográfica). PALAVRAS CHAVES Rio Tinto; Gráben do Mamanguape; Tabuleiros Litorâneos ABSTRACT The presente work aimed accomplish a geomorphologic characterization of the Rio Tinto topographic chart in the scale 1:25 000, which is situated in the eastern edge of the Paraiba state, Brazilian northeast. This work is supported in the use of Geographic System Information (GIS), presenting a featured characterization of the area in question through of the generated themed charts (Hypsometric and Clinographic). KEYWORDS Rio Tinto; Mamanguape Graben; Coastal Boards INTRODUÇÃO O presente trabalho objetivou apresentar as características geomorfológicas presentes num recorte de parte da borda oriental do estado da Paraíba, nordeste do Brasil, na região correspondente à carta topográfica de Rio Tinto (SB.25-Y-C- III-3-NE), que forma um complexo geomorfológico de estruturas distintas no relevo, na composição do terreno, na hidrografia e pelos efeitos da ação tectônica sucedidas nesta área. A escala de 1:25.000 utilizada neste trabalho permitiu alcançar um alto nível de detalhamento, possibilitando uma análise apurada das peculiaridades geomorfológicas presentes em toda a área de estudo. As imagens produzidas possibilitaram um mapeamento inédito de feições geomorfológicas de um complexo estrutural que abrange a Formação Barreiras. Desta forma, as cartas temáticas (hipsométrica e clinográfica) elaboradas, proporcionaram uma visão de toda a configuração geomorfológica gerada em decorrência do forte controle estrutural presente no Terreno Alto Pajeú (TAP), que forma o embasamento de toda a área de estudo. A análise e interpretação das cartas temáticas possibilitaram a percepção de uma configuração de altos e baixos estruturais ocasionados pelo soerguimento cenozóico distinto, influenciado pelas reativações tectônicas pós- cretácicas segundo Furrier et al. (2006) que ocorreram em razão das linhas de falhas presentes no (TAP). A reativação de falhas do Proterozóico presentes neste embasamento gerou um sistema de falhas pós-cretácicas que originou o gráben do rio Mamanguape de sentido E-W, perpendicular à linha de costa atual, com tabuleiros com altimetria bastante distinta que delimitam o gráben e geram uma evolução morfológica bastante diferenciada. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho utilizou ferramentas de SIG e a carta topográfica Rio Tinto (SB.25-Y-C-III-3-NE) na escala 1:25.000 com equidistância entre as curvas de nível de 10 m. Primeiramente, a carta topográfica foi digitalizada para ser importada em formato JPEG em software específico, permitindo desta maneira, a sua vetorização. Este procedimento permitiu a obtenção de todos os produtos página 1 / 5

cartográficos necessários para a elaboração das cartas temáticas (hipsométrica e clinográfica). A confecção destas cartas temáticas foram realizadas a partir do software livre SPRING 5.1.7, que através de cálculos específicos, gerou as duas cartas temáticas citadas anteriormente. Na carta clinográfica, foram adotadas as classes de declividade proposta por Herz e De Biase (1989). Estas classes utilizam limites utilizados internacionalmente, bem como a trabalhos desenvolvidos por institutos de pesquisa nacionais e a leis vigentes no Brasil. Na elaboração da carta hipsométrica foi adotado até 20 m um espaçamento de 10 m, sendo deste ponto em diante adotado variações altimétricas de 20 m, desta maneira, possibilitando o mapeamento apresentar nuances que somente uma carta com escala de nível de detalhe semelhante, permite expor. RESULTADOS E DISCUSSÃO A região que corresponde à área de estudo é cortada pelo rio Mamanguape de tipo meandrante, que forma um extenso manguezal antes de desaguar no Oceano Atlântico. A porção encontra-se inserida na Bacia Sedimentar Pernambuco-Paraíba, Sub-Bacia Miriri, que é recoberta pelos sedimentos mal consolidados da Formação Barreiras e por sedimentos quaternários encontrados no interior do gráben. A deposição da Formação Barreiras segundo Hasui (1990) ocorreu há cerca de 12 Ma no Nordeste, datando portando do Mioceno Médio. Hasui e Ponçano (1978) através de uma associação entre neotectonismo e sismicidade, consideram que os sismos recentes ocorridos no Brasil, e divulgados por alguns trabalhos científicos, são evidências de um tectonismo cenozóico brasileiro. A bacia oriental Pernambuco-Paraíba foi descrita por Asmus e Ponte (1973) e Ponte e Asmus (1975). Estes autores relacionam essa bacia ao extensivo tectonismo tensional do pré-aptiano, que persistiu até tempos cenozóicos, mais especificamente no (Cretáceo Inferior). Almeida (1967) chamou este evento de Reativação Wealdeniana da Plataforma Sul-Americana. Os estudos realizados por estes autores comprovam que os resquícios tectônicos presentes na modelagem do relevo da área de estudo, ocorreram, sobretudo no cenozóico. Os entendimentos dos eventos tectônicos ocorridos desde a Reativação Wealdeniana da Plataforma Sul-Americana até a modelagem do relevo exercidas pelos cursos de água atuais, sob a ação da gravidade, propiciam a esculturação morfológica presente (Etchebehere et al., 2006). A partir dos resultados obtidos com a elaboração das cartas temáticas, foi possível observar através da carta hipsométrica (Figura 1), o acentuado desnível altimétrico com os tabuleiros localizados na porção norte do gráben possuindo altitudes de até 200m e os localizados na porção sul possuindo altitudes máximas de 80m, perfazendo, portanto, uma diferença altimétrica de 120m entre os dois tabuleiros que o confinam. Enquanto na carta clinográfica (Figura 2), foi possível identificar com grande nitidez os limites norte e sul do gráben, onde se observam declividades superiores na borda norte variando com maior freqüência valores entre 47 100%, além de exibir com bastante clareza os elevados entalhamentos formados pelos rios: Tinto e Jacaré, cujas vertentes alcançam até 100% de declividade, sendo estes dois rios fortemente encaixados em seus respectivos vales. Estes rios vêm exercendo seu papel de modelador do relevo com extrema eficácia além de serem os grandes fornecedores de sedimentos para o interior do gráben do rio Mamanguape. O rio Jacaré, localizado a nordeste da área de estudo entalha fortemente o relevo formando um vale encaixado com declividades superiores a 100% em alguns pontos de suas vertentes, principalmente nas proximidades de sua cabeceira, evidenciando um processo acelerado de recuo de cabeceira que num futuro próximo poderá ocorrer um processo de captura de drenagem junto à cabeceira de drenagem do riacho Catolé que atualmente dista a apenas 270 m. O rio Mamanguape, devido a diferença altimétrica entre os tabuleiros que o confinam, apresenta uma rede de drenagem extremamente assimétrica, com os rios oriundos dos tabuleiros localizados ao norte, mais avantajados, entalhados, e com recuos de cabeceiras bastante expressivos, formando vertentes com declividades muito mais superiores que os rios oriundos dos tabuleiros localizados ao sul do gráben. Essa acentuada diferença entre os Tabuleiros Litorâneos que confinam o gráben do rio Mamanguape corrobora a idéia de reativações pós-cretácicas na área, visto que essa acentuada diferença altimétrica não pode ser explicada apenas pelo fator climático, pois toda a área se encontra sob o mesmo tipo de clima e pluviosidade similar, o que impossibilitaria a discrepância morfológica verificada. Figura 1 página 2 / 5

Carta Hipsométrica da área de estudo. Figura 2 página 3 / 5

Carta clinográfica da área de estudo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através dos detalhes obtidos com o mapeamento feito nesta análise, foi possível alcançar uma série de resultados que podem evidenciar a atuação neotectônica na área de estudo, no entanto, esta área carece de pesquisas que apontem outras evidências através de métodos distintos do utilizado neste trabalho, visto que, é de grande importância que esta área seja analisada através de parâmetros morfométricos dos mais variados, objetivando atingir novos resultados, e novas descobertas a cerca da configuração geomorfológica que este compartimento apresenta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA Almeida, F. F. M. Origem e evolução da plataforma brasileira. Boletim [da] Divisão de Geologia e Mineralogia, Rio de Janeiro, n. 236, 1967. Asmus, H.E. & Ponte, F.C. The Brazilian Marginal Basins. In: NAIRN, A.E.M. & STEHLI, F.G. (orgs.). The Ocean Basins and Margins. The South Atlantic. Nova York: Plenum Press, pp. 87-133, 1973, v. 1. Etchebehere, M.L.C. et al. Detecção de prováveis deformações neotectônicas no vale do Rio do Peixe, região ocidental paulista, mediante aplicação de índices RDE (Relação Declividade-Extensão) em segmentos de drenagem. Geociências, v. 25, p. 271 289, 2006. Furrier, M., Araújo, M. E., Meneses, L. F., 2006. Geomorfologia e Tectônica da Formação Barreiras no página 4 / 5

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) 9º SINAGEO - Simpósio Nacional de Geomorfologia estado da Paraíba. Geologia USP: Série Científica. São Paulo, v. 6, n. 2, pp. 61-70. Hasui, Y. Neotectônica e Aspectos Fundamentais da Tectônica Ressurgente no Brasil. SBG/MG. Workshop sobre Neotectônica e Sedimentação Cenozóica Continental no Sudeste Brasileiro, Belo Horizonte, 1: pp. 1-31, 1990. Hasui, Y. e Ponçano, W.L. Geossuturas e Sismicidade no Brasil. ABGE, Anais do Cong. Bras. Geol. Eng., São Paulo, 1: pp. 331-338, 1978. Herz, R.; de Biasi, M. Critérios e legendas para macrozoneamento costeiro. Ministério da Marinha/Comissão Interministerial para Recursosdo Mar. Brasília: MM,1989. Ponte, F.C. and Asmus, H.E., 1975, The Brazilian Marginal Basins, current state of knowledge: Symposium Volume of the International Symposium on Continental Martins of Atlantie Type, São Paulo, Brazil. página 5 / 5