RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL Sujeição de um bem ou do patrimônio de determinada pessoa ao cumprimento da obrigação. 1. OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE DÉBITO RESPONSABILIDADE o Débito (Schuld) Adimplemento espontâneo. Não envolve demanda judicial executiva. Pode haver débitos sem responsabilidade. EXEMPLOS: Dívida de jogo. Débitos prescritos. o Responsabilidade (Haftung) Pressupõe inadimplemento. Exige demanda judicial. Necessita de invasão patrimonial. Pode haver responsabilidade sem débito. EXEMPLOS: Sócios respondendo pelas dívidas da sociedade utilizada de forma fraudulenta. Fiador. 2. BENS SUJEITOS À EXECUÇÃO Art. 591, CPC. o Todos os bens presentes e futuros, salvo as exceções previstas em lei. o É possível a penhora: Frações ideais de bens. Bens dados em hipoteca. Cotas sociais em sociedades de responsabilidade limitada. 3. BENS NÃO SUJEITOS À EXECUÇÃO Art. 649, CPC. o OBS: Pecúlios: capital pago em caso de morte de um segurado. Montepios: rendas oriundas de instituições partiulares nas quais os segurados contribuem a fim de deixar pensão por morte a seus descendentes. Também não são penhoráveis. o Bens alienados fiduciariamente (enquanto não quitado o débito). o Bem de família (Lei nº 8009/90 art. 1º). Restrições ao bem de família (arts. 2º e 3º da Lei 8.009/90). 4. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DE TERCEIROS Art. 592, CPC. o BENS DO SUCESSOR A TÍTULO SINGULAR Adquirente do bem litigioso pertencente ao devedor. A alienação da coisa litigiosa é possível, porém ineficaz perante o credor.
o BENS DOS SÓCIOS Regra: o patrimônio da pessoa jurídica responde pelas dívidas desta. Em caso de insolvência, os bens dos sócios podem ser atingidos de forma subsidiária. A responsabilidade pode ser ilimitada ou limitada. Varia conforme o tipo societário. Desconsideração da personalidade jurídica. Aplicável para casos de desvirtuamento da finalidade empresarial. A empresa não deixa de existir. Os bens dos sócios que passam a responder pelo pagamento da dívida. o BENS DO DEVEDOR EM PODER DE TERCEIRO Mesmo o bem do devedor estando na posse de terceiro, ficará sujeito à execução. Trata- se de responsabilidade do devedor. O bem ainda pertence ao próprio devedor, não ao terceiro. o BENS DO CÔNJUGE Dívidas contraídas: Por ambos os cônjuges: ambos são devedores Por um dos cônjuges: o Se reverter em proveito do casal ou da família: AMBOS RESPONDEM; o Se não reverter: APENAS quem contraiu a obrigação responderá. Presume- se, até prova em contrário, que a dívida contraída por um dos cônjuges, beneficia o outro ou a família. o O ônus da prova caberá aos cônjuges. o BENS ALIENADOS OU GRAVADOS COM ÔNUS REAL EM FRAUDE À EXECUÇÃO É ato atentatório à dignidade da justiça. Caracteriza- se pela alienação do bem quando já há ação em andamento. (CPC, art. 593) A fraude contra credores fica caracterizada quando a venda se dá em momento em que não existe ação judicial. (CC, art. 158).
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA Para que possa haver execução é imprescindível que o título permita a identificação do quantum debeatur. O título indica a quantidade de bens ou valores que constituem a obrigação. Não há liquidação de título executivo extrajudicial. Título judicial ilíquido = fase intermediária de liquidação. (Antes da fase de cumprimento da sentença. 1. DIVERSAS ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO REDAÇÃO ORIGINAL DO CPC o Três modalidades: Por cálculos do contador; Por arbitramento; Por artigos. o A lei 8.898/94 corrigiu a falha e extinguiu a liquidação por cálculos do contador. Os cálculos não definiam o valor. Apenas determinavam a quantia numérica de título já líquido. Perduraram as duas outras formas de liquidação: Por arbitramento; Por artigos. 2. FASE DE LIQUIDAÇÃO Histórico: processo de liquidação autônomo. Atual: fase de liquidação processo sincrético. o CPC, arts. 475- A até 475- H. o Não existe mais em nosso ordenamento o processo autônomo de liquidação. o O devedor não é mais citado. É intimado na pessoa de seu procurador para acompanhar a liquidação (CPC, art. 475- A, 1º). 3. LEGITIMIDADE PARA A LIQUIDAÇÃO Pode ser requerida: o Pelo credor. Legitimidade oriunda do interesse em receber. o Pelo devedor. Legitimidade oriunda do interesse em pagar. 4. NATUREZA DA LIQUIDAÇÃO Inclui- se como um processo de conhecimento. o Serve para que o juiz diga o quantum debeatur. O ato decisório do juiz na liquidação é decisão interlocutória. o Recorrível pelo recurso de agravo. 5. LIQUIDAÇÃO PROVISÓRIA
REGRA: Execução que se promove na pendência de recurso em que não tenha sido atribuído efeito suspensivo pode ser liquidada provisoriamente. o EXCEÇÃO: Liquidação na pendência de recurso com efeito suspensivo. Liquidação não se confunde com execução. Por isso pode ser promovida mesmo sem o trânsito em julgado. CPC, art. 475- A, 2º. Enquanto não houver o trânsito em julgado, não poderemos passar da liquidação para a execução. 6. MODALIDADES DE LIQUIDAÇÃO CÁLCULO DO CONTADOR o Modalidade não mais existente como liquidação específica. o Se para definição do valor for necessário simples cálculo aritimético. Cumpre ao credor requerer a execução. Apresentando memória de cálculo. Indicando de forma especificada: o Itens da cobrança; o Acréscimos de correção monetária e juros; o Outras situações fixadas no título executivo. CPC, art. 475- B, 3º. Não se trata de retorno da modalidade de liquidação por cálculos do contador. o O juiz não irá decidir no final se os cálculos do credor estão corretos ou incorretos. o Se houver divergência de valores, o juiz autoriza a penhora apenas até o limita apurado pelo contador. CPC, art. 475- B, 4º. LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO o É aquela que se presta à apuração do valor de um bem ou serviço. Dependerá da nomeação de um perito. Não há qualquer fato novo a ser demonstrado. o EX: juiz condena o réu a pagar indenização correspondente ao valor do aluguel, durante doze meses. Será nomeado perito para averiguar o valor de cada mês de aluguel. o O juiz nomeará o perito e fixará prazo para entrega do laudo. Intimará a parte adversa para acompanhar a realização da prova técnica. A parte poderá formular quesitos e indicar assistentes técnicos. Com a entrega do laudo, as partes poderão se manifestar em 10 dias. Após isso, o juiz decidirá ou designará audiência. Na audiência o perito será ouvido. LIQUIDAÇÃO POR ARTIGOS o É aquela em que há necessidade de comprovação de fatos novos, ligados ao quantum debeatur. (CPC, art. 475- E) Não é fato ocorrido após a sentença. Não foi apreciado pela sentença e diz respeito ao quantum. o Na petição inicial, o autor (liquidante) apresentará os fatos e eles constituirão a causa de pedir da liquidação.
o Será utilizado o procedimento comum, ordinário ou sumário. Obedeceremos o critério utilizado para a etapa condenatória. o O réu será intimado para contestar, sob pena de revelia quanto aos fatos relacionados ao quantum debeatur. Todos os meios de prova serão admitidos. o Ao final, o juiz proferirá decisão interlocutória, julgando a liquidação. o Nada impede que seja realizada mais de uma execução por artigos. Apuram- se os danos até então. Em momento futuro apuram- se os danos manifestados posteriormente. 7. EXECUÇÃO ESPECÍFICA Aborda os meios de que o juiz dispõe para compelir o executado a satisfazer a obrigação, tal qual foi constituída. Objetiva que o devedor cumpra exatamente aquilo que foi convencionado. o Não se cogita inicialmente em conversão em perdas e danos. Técnicas disponíveis: o Sub- rogação Obrigações fungíveis. Obrigações não personalíssimas. o Coerção Obrigações infungíveis. Obrigações personalíssimas. Providências que assegurem o resultado prático equivalente o CPC, art. 461. Determinar providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. O juiz deve verificar se para o caso há alguma medida que possa assegurar o resultado prático. Caso não identifique nenhuma alternativa, cogitaremos em perdas e danos. o Mecanismos para compelir o devedor a adimplis a obrigaçãoo CPC, art. 461, 5º. Multa por tempo de atraso. Busca e apreensão. Remoção de pessoas ou coisas. Desfazimento de obras Impedimento de atividades nocivas. São poderes afetos à execução de obrigações de fazer e não fazer, assim como nas de entregar coisa. o MULTA Meio de coerção mais comumente utilizado. Sinônimo oriundo do direito francês: astreintes. A lei não a restringe às execuções de obrigações infungíveis. Podem ser fixadas em execuções cujo objeto sejam obrigações de fazer, não fazer, de entregar coisa, fungíveis ou infungíveis. A finalidade da multa é coercitiva, não repressiva ou punitiva. Não representa sanção ou pena.
FIXAÇÃO DA MULTA O valor deve atender a razoabilidade. o Não pode ser elevado demais. o Não pode ser irrisório. O juiz tem ampla liberdade para fixar o valor. o A mesma liberdade está presente para casos de alteração do valor fixado, quando se verificar que tornou- se extremamente oneroso ou insuficiente. O juiz pode fixar livremente o valor mesmo nas ações de execução de título extrajudicial. o CPC, art. 621 Obrigações de entrega de coisa. o CPC, art. 645 Obrigações de fazer e não fazer. O juiz só não terá liberdade para fixação da multa se esta tiver sido convencionada pelas partes. o Neste caso, prevalece o acordo de vontades. Contudo, o juiz poderá diminuir o valor, se notar que é excessivamente alto. Não poderá elevar o valor, em respeito ao acordo. A multa sempre reverte em benefício do CREDOR. MOMENTO PARA FIXAÇÃO DA MULTA O juiz só fixa a multa depois de impor ao réu o cumprimento da obrigação. Mesmo que a multa não seja fixada na sentença, poderá ser fixada em momento posterior, verificando- se o inadimplemento. o Pode ser determinada: DE OFÍCIO. MEDIANTE REQUERIMENTO. COBRANÇA DA MULTA O prazo para o cumprimento da obrigação começa a correr com a intimação pessoal do executado. o Não basta a intimação do advogado. Não pode ser cobrada enquanto a decisão que a determinou for recorrível. o EX: Concessão em tutela antecipada. o Quando a decisão se tornar definitiva, incidirá a multa desde o momento em que findou o prazo para o cumprimento da obrigação. VALOR DA MULTA Não se trata de cláusula penal. o Por isso: O CPC não estabelece limites quantitativos. o Deve ser mantida dentro dos limites razoáveis. o Não pode constituir em fonte de enriquecimento sem causa para o credor/exequente. Perdurando por muito tempo e não cumprida: Deve o juiz dar por encerrada sua incidência, reduzindo- a a patamar razoável.