REGRAS ELEITORAIS, COMPETIÇÃO POLÍTICA E POLÍTICA FISCAL: EVIDÊNCIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS

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Transcrição:

REGRAS ELEITORAIS, COMPETIÇÃO POLÍTICA E POLÍTICA FISCAL: EVIDÊNCIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS Aluno: Renato Maneschy Costa Ferreira Orientador: João Manoel Pinho de Mello Introdução Uma das muitas peculiaridades da legislação eleitoral brasileira é a criação de segundo turno, nas eleições a prefeito, apenas para cidades com mais de 200 mil habitantes. Essa peculiaridade da legislação nos permite explorar uma descontinuidade criada a partir dessa lei para produzir uma relação entre competição politica e politicas fiscais. Essa relação quase-natural nos permite determinar uma relação causal entre o efeito exógeno de competição politica sobre variáveis de politica fiscal, sendo o resultado esperado pela literatura já bem definido. Comparativamente eleições de somente um turno tendem a ter uma menor competição eleitoral do que eleições em dois turnos, uma vez que no primeiro tipo de eleições os partidos tendem a formar coalizões para que não possam perder possíveis votos devido a disputas internas entre os partidos que formam a coalizão, logo as eleições tem a tendência de se polarizarem. Todavia em eleições de dois turnos há uma maior tendência de se ter uma maior quantidade de candidatos no primeiro turno, uma vez que. É importante relevar que a nossa tentativa de medir a relação causal entre competição politica e politicas fiscais encontra no Brasil uma relação quase-natural, isso nos diz que por um lado a competição politica é dada por regras exógenas, tais como legislação e as já conhecidas regras da literatura: permitindo que nós assumíssemos o fato de que para esse experimento não haja causalidade reversa entre as variáveis, ou seja é possível que digamos que tão somente maior competição fiscal implicará em melhores ou piores politicas fiscais. Portanto, partimos de uma hipótese que a única diferença significante entre as cidades é o tamanho de sua população que por sua vez implicará na aplicação de um ou outro tipo de regra eleitoral. Logo, em nossa regressão temos características semelhantes a um experimento controlado tornando os resultados bastante robustos do ponto de vista econométrico. Objetivos O objetivo é medir o efeito causal da competição política sobre variáveis fiscais. Metodologia Primeiramente mostraremos como a regra exógena afeta a concentração partidária, é objetivo então dessa parte provar uma de nossas hipóteses que a presença de segundo turno em geral leva a uma maior competição politica, abaixo há uma imagem na qual tentamos demonstrar a maior parcela de votos para 3º lugares com o objetivo então de demonstrar que há uma maior competição politica nos municípios cujas eleições são disputadas em dois turnos. Em uma segunda parte de nossa pesquisa usaremos essa descontinuidade criada pela legislação como fonte para medir o efeito causal de competição politica sobre variáveis fiscais. É importante avaliar e medir o efeito criado por essa descontinuidade em nossa amostra, como já ressaltamos a legislação eleitoral brasileira produziu uma descontinuidade em nossa amostra ao submeter uma parcela dos municípios a uma legislação e outros municípios cuja população é maior que 200 mil habitantes a outra legislação. Naturalmente a natureza dos nossos dados consiste na criação de dados na forma de painel nas quais diversas variáveis são observadas ao longo do tempo num corte longitudinal. A metodologia padrão

para a analise de dados em painel envolve a eliminação de efeitos fixos (ou seja, relações causais entre as variáveis que estão fixos no tempo e não somente devido a variações no tempo), tal eliminação é feita através de medição de formas funcionais que relacionem não as variáveis em si, mas as relações entre elas ao longo do tempo. É possível então o uso de variáveis dummy (variáveis binárias) para captar o efeito da descontinuidade nos municípios, ou seja, é possível que se estabeleça um limiar entre os municípios, a saber, 200 mil habitantes, no qual a aproximação desse limiar é totalmente aleatória, uma vez que esse é exogenamente estabelecido devido a mudança na regra eleitoral. Sob essa hipótese que o avanço sobre o limiar é aleatório temos uma situação próxima a um experimento controlado, o que é naturalmente desejável. Conclusões Na descontinuidade estudada, houve a identificação (imagem abaixo) entre o efeito causal entre competição política e variáveis fiscais. Primeiramente traçamos empiricamente uma relação entre eleições de dois turnos e de turno único e vimos( conforme demonstra a imagem abaixo da participação da parcela de votos para 3º lugares) que conforme o esperado a presença de dois turnos para nas eleições produz um maior grau de competição politica é registrado nos municípios que há a presença de eleições em dois turnos. No nosso segundo estágio foi comprovada empiricamente que um maior grau de competição politica, com um menor custo de entrada dos participantes causa melhoras nas variáveis fiscais. Interessantemente esse efeito pode ser considerado ambíguo do ponto de vista teórico Um dos exemplos mais interessantes de nossos resultados é a diferença entre gastos correntes( gastos com folha de pagamento) entre os municípios sujeitos a maior competição politica e os sujeitos a menor competição. Em particular os municípios com mais de 200 mil hab tendem a ter uma maior gasto com CAPEX( bens de capital), em especial com a construção de escolas enquanto os municípios com menos de 200 mil hab tendem há um maior gasto com a folha de pagamento de funcionários. Talvez o fato mais interessante de nossa pesquisa é que a robustez dos dados é em muito aumentada quando consideramos tão somente a presença de candidatos aptos a reeleição, uma vez que esses tem um interesse direto em realizar o melhor trabalho possível, sendo esse fato muito bem explicado pela literatura. É importante ressaltar que os resultados achados não podem de nenhuma forma serem considerados resultados genéricos a serem aplicados a qualquer nação. Além disso, também não podemos aplicar a veracidade desses fatos a nações, uma vez que a composição de gastos e preocupações de Estados nacionais em muito é diferente daquelas de um município. Tendo em vista essas limitações o trabalho sugere que custos políticos de entrada menores para competidores são um beneficio para uma democracia multipartidária Todavia é também importante ressaltar que ainda é preciso trabalhar na robustez de nossos resultados e também na ambiguidade entre os resultados de maior competição politica e melhora nas politicas fiscais. Parcela de votos para 3º lugares

Parcela de votos para 3º lugares Log (Investimento/Despesas Totais)

. eleitorado (milhares) Log (Investimento/Despesas Totais) Log(Despesas Correntes/Despesas Totais) eleitorado (milhares) Log (Despesas Correntes/Despesas Totais)

Referência Bibliográfica 1 - Duverger, M. (1954). Political parties: Their organization and activity in the modern state. London: Methuen.