DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Documentos relacionados
Estatuto da Criança e do Adolescente - E.C.A Lei 8.069/90

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

SINASE. Conselho Estadual ou Distrital dos Direitos da Criança e do Adolescente. Estados e DF. Inscrição dos Programas de Atendimento

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Súmula 605-STJ. Márcio André Lopes Cavalcante ECA. ATO INFRACIONAL Superveniência da maioridade penal

Turma e Ano: Master B Matéria /Aula: ECA Art. 120 ao 128 e art. 141 ao 144. Professora: Angela Silveira Monitora: Kathleen Feitosa Aula 08

Questões Aula 2 Noções do ECA Prof. André Vieira

O princípio da legalidade tem como objetivo garantir que o menor não sofra um tratamento mais gravoso do que aquele tratamento dispensado ao adulto.

O PAPEL DA ESCOLA NAS TRAJETÓRIAS DE ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

LEGISLAÇÃO ESPECIAL PARA ANALISTA JUDICIÁRIO PACOTE TJDFT PROFESSOR: MARCOS GIRÃO

ECA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Direito da Criança e do Adolescente

Estatuto da Criança e do Adolescente

RESOLUÇÃO Nº 67, DE 16 DE MARÇO DE 2011.

CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA PROVIMENTO Nº 15, DE 11 DE JUNHO DE 2012.

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

TESES INSTITUCIONAIS INFÂNCIA E JUVENTUDE INFRACIONAL

RESOLUÇÃO DE QUESTÕES DE PROVA FGV TJ/GO. RAFAEL TREVIZOLI NEVES PSICÓLOGO CRP 06/ COLABORADOR EducaPsico

ECA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

IASES. Gerência de MSE em Meio Aberto do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo - IASES

Enunciados do Fórum Nacional da Justiça Juvenil FONAJUV. Da apuração dos atos infracionais

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

PARTE CRIMINAL DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

PROJETO JUSTA MEDIDA - AUDIÊNCIAS AVALIATIVAS DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

EDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS LTDA.

Entidades de Atendimento ao Idoso

Direito Penal. Penas restritivas de direito. Substituição concessão. Prof.ª Maria Cristina

Estatuto da Criança e do Adolescente

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER ECA CERT 1ª FASE. Período:

Art. 2 o A Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente, passa a vigorar com as seguintes alterações:

Aula demonstrativa Estatuto da Criança e do Adolescente Prof. Aloizio Medeiros

O PREFEITO MUNICIPAL DE REDENTORA, Estado do Rio Grande do Sul, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Legislação vigente,

Sumário. 1 Estatuto da Criança e do Adolescente Anotado... 1 Lei nº 8.069, de 13 de julho de

Superior Tribunal de Justiça

Conselheira Meliane Higa Cimatti Conselho Tutelar Norte

Resolução CONANDA nº 117 de 11/07/2006

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

SUMÁRIO 1. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) LEI 8.069/ Introdução 2. Direitos fundamentais 2.1 Direito à vida e à saúde 2.2 Direito à

PARECER TÉCNICO A RESPEITO DO PL N 2.517/ I. CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PROJETO DE LEI N 2517/2015 APROVADO NO SENADO EM 14 DE JULHO DE 2015

Direito da Criança e do Adolescente

RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

FÓRUM NACIONAL DA JUSTIÇA PROTETIVA

Núcleo de Pesquisa e Extensão do Curso de Direito NUPEDIR IX MOSTRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (MIC-DIR) 9 de novembro de 2016

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Bloco 01

Nome: N Inscrição: PROVA DE CONHECIMENTOS DO PROCESSO UNIFICADO DO CONSELHO TUTELAR/2015 CONSIDERAR LETRA V PARA VERDADEIRO E LETRA F PARA FALSO.

DANILO HENRIQUE RAVAGNANI PINTAR A FALHA NA APLICAÇÃO DA MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA DE INTERNAÇÃO DO ECA.

PARECER Nº, DE Relator: Senador JOSÉ PIMENTEL

RELAÇÕES POSSÍVEIS ENTRE O ECA E A LEI /2006

FEMA- FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS BACHAREL EM DIREITO TÁSSIA APARECIDA DE PAULO PEREIRA

XXII EXAME DE ORDEM ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROF.ª MAÍRA ZAPATER

ECA ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

- Cabe aos pais ou responsáveis que descumprirem com seus deveres em relação à criança ou adolescente

Enunciados do Fórum Nacional da Justiça Juvenil FONAJUV

Estatuto da Criança e Adolescente Lei 8.069/90 Convenção Pan-americana sobre os Direitos da Criança Prof. Gladson Miranda

WALLACE FRANÇA ESTATUDO DO IDOSO E ECA

Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal. Da suspensão condicional da pena - Sursis (arts.

INFÂNCIA INFRACIONAL

Aula nº. 01 PRINCÍPIOS. Pena é a consequência imposta pelo estado para aquele que pratica um fato típico, punível e culpável. Página1. Lei 11.

PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL MEDIA COMPLEXIDADE

CENTRODE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO FULANO DE TAL

ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS A ADOLESCENTES AUTORES DE ATOS INFRACIONAIS:

Estatuto da Criança e do Adolescente

Instruções: iv. O penúltimo candidato a terminar seu teste deverá aguardar a que o último termine para sair da sala. Questões:

Profa. Alik Santana

ASPECTOS PENAIS DO ECA (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) E DO ESTATUTO DA JUVENTUDE

A EFICÁCIA DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

LEI N /90 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Prof. Thábata Filizola Roteiro de Estudos

ECA D) Os recursos não terão preferência de julgamento, nem dispensarão revisor.

Superior Tribunal de Justiça

Questões V ou

PROCESSO DE ESCOLHA UNIFICADO DOS CONSELHEIROS TUTELARES PROVA ESCRITA. Instruções para realização da prova

Superior Tribunal de Justiça

Delvan Tavares Oliveira, Juiz de Direito, titular da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Imperatriz/MA.

Direito Penal. Teoria da Pena II

Direito Penal. Teoria da Pena Parte VIII

PROCESSO PENAL MARATONA OAB XX

PORTARIA INTERMINISTERIAL MS/SEDH/SEPM 1.426/2004 SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES

Livramento condicional

HISTÓRIA DE MARIA ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI: O QUE PENSAR DESSA REALIDADE?

FUNDAMENTOS JURÍDICOS DE APLICABILIDADE DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS: ASPECTOS RELEVANTES ACERCA DOS MENORES EM CONFLITO COM A LEI

II INFÃNCIA EM FOCO O ATO INFRACIONAL E (IN)DISCIPLINAR NO CONTEXTO ESCOLAR: busca de alternativas com trabalhos em parceria

Estatuto da Criança e do Adolescente

LIVRAMENTO CONDICIONAL

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Ponto 6 do plano de ensino: Penas restritivas de direito.

+ Da prática do ato infracional

3º Fórum de Pediatria/CFM

DIREITO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE (PENAL)

DIREITO PROCESSUAL PENAL

INTRODUÇÃO. b) direitos previdenciários e trabalhistas. d) pleno e formal conhecimento do ato infracional

Estatuto da Criança e do Adolescente

LEI Nº , DE 18 DE JANEIRO DE 2012 (Lei do SINASE)

Transcrição:

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Aula 8 Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo Prof. Diego Vale de Medeiros

8.1 PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS A PARTIR DA LEI 12594/12 I- LEGALIDADE, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; II - EXCEPCIONALIDADE DA INTERVENÇÃO JUDICIAL e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de AUTOCOMPOSIÇÃO DE CONFLITOS; III - PRIORIDADE A PRÁTICAS OU MEDIDAS QUE SEJAM RESTAURATIVAS e, sempre que possível, atendam às NECESSIDADES DAS VÍTIMAS; IV - PROPORCIONALIDADE em relação à ofensa cometida; V-BREVIDADE DA MEDIDA EM RESPOSTA AO ATO COMETIDO, em especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);

VI - INDIVIDUALIZAÇÃO, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente; VII - MÍNIMA INTERVENÇÃO, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da medida; VIII - NÃO DISCRIMINAÇÃO DO ADOLESCENTE, notadamente em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e IX - FORTALECIMENTO DOS VÍNCULOS FAMILIARES e comunitários no processo socioeducativo.

8.2 Advertência Art. 114. (...) Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria. Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.

8.3 Obrigação de Reparar o Dano Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada.

8.4 Prestação de Serviço à Comunidade Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.

8.5 Liberdade Assistida Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento. 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

8.6 Semiliberdade Art. 120 O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, oucomoforma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial. 1º É obrigatória a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade. 2ºA medida não comporta prazo determinado, aplicando-se no que couber, as disposições relativas à internação.

8.7 Internação Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade erespeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário. 2ºA medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

3ºEmnenhuma hipótese operíodomáximodeinternação excederáatrêsanos. 4ºAtingidoolimite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida. 8.8 Internação e Internação Sanção 5ºAliberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.

7º A determinação judicial mencionada no 1º poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Lei 12.594) Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: I-tratar-sedeato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendoserdecretada judicialmente após o devido processo legal. (Lei nº 12.594)

2ºEm nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada. Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.

(OAB/Exame Unificado 2009.1) Acerca da medida socioeducativa de internação, prevista no ECA, assinale a opção correta. (A)Comprovada a autoria e materialidade de ato infracional considerado hediondo, tal como o tráfico de entorpecentes, ao adolescente infrator deve, necessariamente, ser aplicada medida socioeducativa de internação. (B)O adolescente que atinge os 18 anos de idade deve ser compulsoriamente liberado da medida socioeducativa de internação em razão do alcance da maioridade penal. (C)No processo para apuração de ato infracional de adolescente, não se exige defesa técnica por advogado. (D)A medida socioeducativa de internação não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 6 meses.

(OAB/Exame Unificado 2009.1) Acerca da medida socioeducativa de internação, prevista no ECA, assinale a opção correta. (D)A medida socioeducativa de internação não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 6 meses. Gabarito "D"