TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE MILHO 163 TEMPERATURA E PERÍODO DE EXPOSIÇÃO NO TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE MILHO 1 SIMONE APARECIDA FESSEL 2, TERESINHA DE JESUS DELÉO RODRIGUES 3, MARCELO FAGIOLI 2 E ROBERVAL DAITON VIEIRA 4 RESUMO - Novas pesquisas procuram definir a combinação ideal de envelhecimento para várias espécies e algumas das recomendações existentes continuam sendo refinadas. Deste modo o trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da combinação de temperatura e do período de exposição das sementes de milho híbrido no teste de envelhecimento acelerado. Foram utilizadas sementes tratadas de quatro genótipos de milho híbrido. O teste de envelhecimento acelerado foi conduzido seguindo o método do gerbox e as combinações adotadas foram: 42 o C por 72 horas; 42 o C por 96 horas; 45 o C por 72 horas e 45 o C por 96 horas, todas com umidade relativa próxima de 100%. Após o envelhecimento procedeu-se a determinação do teor de água, avaliação da germinação e da emergência de plântulas em campo. Na análise estatística utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições para cada um dos lotes de cada genótipo. Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste F utilizando-se do esquema fatorial 2x2x8, sendo duas temperaturas, dois períodos de exposição das sementes e oito lotes de quatro genótipos de milho híbrido (lotes 1 e 2 do D-170, 3 e 4 do D-556 lotes, lotes 5 e 6 do D-766 e lotes 7 e 8 do D-769). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5%. Pelos resultados concluiu-se que o aumento da temperatura provocou redução na germinação e na emergência das plântulas em campo, após o envelhecimento das sementes, independente do período de exposição das sementes dos lotes ao teste. A combinação da temperatura de 45 o C com o período de 72 horas de exposição das sementes no teste de envelhecimento acelerado, mostrou ser mais adequada na avaliação do vigor de sementes de milho híbrido, sem prejuízo na interpretação dos resultados. Termos para indexação: Zea mays L., vigor, envelhecimento acelerado, germinação. TEMPERATURE AND PERIOD OF EXPOSURE IN THE ACCELERATED AGING TEST IN CORN SEEDS ABSTRACT - New researches try to define the ideal combination of aging for several species and some of the existent recommendations continue being refined. This way the work had as objective to evaluate the effect of temperature and period of exposure combinations of the on seeds of hybrid corn in the test of accelerated aging. Treated seeds of four genotypes of hybrid corn were used. The accelerated aging test was conducted following the method of the gerbox and the adopted combinations were: 42 o C for 72 hours; 42 o C for 96 hours; 45 o C for 72 hours and 45 o C for 96 hours, all with close relative humidity of 100%. After the aging treatment it was proceeded the determination of the moisture content and the evaluation of the germination percentage and, also, field emergence. In the statistical analysis a complete randomized design was used, with four replications for each seed lot. The data were submitted to the analysis of variance and to F test being used the factorial outline 2x2x8, with two temperatures (42 and 45 o C), two periods of seed exposure (72 and 96 hours) and eight lots of four genotypes of hybrid corn (D-170 lots 1 and 2, 1 Aceito para publicação em 30.11.2000. Trabalho apresentado no XI Congresso Brasileiro de Sementes. 2 Estudante de Pós-Graduação em Produção e Tecnologia de Sementes da UNESP/FCAV, 14.870-000, Jaboticabal-SP; bolsista FAPESP; e-mail: sifessel@fcav.unesp.br 3 Prof a. Dra., Depto. de Biologia Aplicada à Agropecuária, FCAV/UNESP; e-mail: tedebro@fcav.unesp.br 4 Prof. Titular do Depto de Produção Vegetal, FCAV/UNESP; bolsista CNPq; e-mail: rdvieira@fcav.unesp.br
164 S.A. FESSEL et al. D-556 lots 3 and 4, D-766 lots 5 and 6 and D-769 lots 7 and 8). The averages were compared by the Tukey test, at 5% of probability. The temperature increase decreased the germination and field emergence after seed aging, independent of the exposure period of the seeds in the test. The combination of the temperature of 45 o C and the period of 72 hours of exposure of seeds in the aging accelerated test, showed to be more adequate, without any disadvantage in the interpretation of the final results, in the evaluation of the vigor of hybrid corn seeds. Index terms: Zea mays L., vigor, accelerated aging, germination. INTRODUÇÃO O teste de envelhecimento acelerado baseia-se em submeter as sementes a fatores de estresse envolvendo alta temperatura (40 a 45 o C) e umidade relativa próxima de 100%, por diferentes períodos, em horas, de exposição, dependendo da espécie, e, em seguida, observar a resposta das sementes por meio do teste de germinação (Delouche & Baskin, 1973). Recentemente, o teste de envelhecimento acelerado foi considerado, pela International Seed Testing Association, suficientemente padronizado para ser recomendado como um teste para avaliar o vigor de sementes de soja e sugerido para ser aplicado em sementes de milho (Hampton & Tekrony, 1995). Todavia, várias pesquisas contribuíram para o aprimoramento do conhecimento deste teste, podendo-se destacar Tao & Lindemann (1981), Marcos-Filho & Shioga (1981), Bourland & Ibrahim (1982), Tomes et al. (1988), Krzyzanowski & Miranda (1990) e Tekrony (1996), que indicaram a existência de fatores que podem interferir na interpretação dos resultados. Dentre esses fatores surgiu uma série de combinações de temperatura e período de exposição no teste de envelhecimento acelerado para sementes de milho, como: 42 o C por 96 horas (AOSA, 1983; Krzyzanowski & França-Neto, 1991; Barros & Dias, 1992 e Marcos-Filho, 1999a); 45 o C por 96 horas (Tekrony, 1993); 42 o C por 72 horas (Dias & Barros, 1995) e 45 o C por 72 horas (Hampton & Tekrony, 1995 e Tekrony, 1996). Essas variações na combinação temperatura/período de exposição indicam a necessidade de maiores estudos, no método do gerbox (Marcos-Filho, 1999a). Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da combinação da temperatura e do período de exposição no teste de envelhecimento acelerado aplicadas em sementes de milho. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Sementes (LAS), do Departamento de Produção Vegetal, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Jaboticabal, em 1999. A empresa de sementes Dow AgroScience, Jardinópolis, SP, forneceu dois lotes de sementes de milho, tratadas convencionalmente, de cada genótipo, dos híbridos comerciais D-170, D-556, D-766 e D-769, provenientes da safra 97/98. Foi realizada uma análise da qualidade dos lotes de cada genótipo: determinação do teor de água - pelo método da estufa à 105±3 o C durante 24 horas, com duas subamostras de 25 sementes para cada lote de cada genótipo (Brasil, 1992); teste de geminação - conduzido com quatro repetições de 50 sementes por lote, em rolo de papel toalha, em germinador regulado à 25 o C, embebido em água na quantidade de 2,5 vezes o peso do substrato seco, visando adequado umedecimento, com as contagens feitas no 5 o dia após a semeadura, seguindo as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992); teste de frio - com quatro repetições de 50 sementes por lote, em caixas plásticas (26x16x9cm), sendo o substrato 2/3 de areia e 1/3 de terra, com a irrigação do substrato até atingir 70% da capacidade de campo, as sementes permaneceram nas condições descritas durante sete dias em câmara fria a 10 o C. Após esse período, as caixas foram transferidas para as condições de ambiente não controlado de laboratório, LAS/ FCAV/UNESP, onde permaneceram por cinco dias, na temperatura próxima a 25 o C, quando foi realizada a contagem de plântulas emersas, conforme Cícero & Vieira (1994), sendo os resultados expressos em porcentagem; teste de condutividade elétrica (CE) com quatro repetições de 50 sementes para cada lote, pesadas com precisão de duas casas decimais e colocadas para embeber em copos plásticos (capacidade de 200ml), contendo 75ml de água deionizada (CE 2µS.cm -1 ), mantida durante 24 horas à temperatura de 25ºC (Vieira & Krzyzanowski, 1999). Percorrido o período de embebição, foi executada a leitura da condutividade elétrica, utilizandose um condutivímetro DIGIMED, modelo CD21, de eletrodo com constante 1,0. Os resultados finais foram expressos em µs.cm -1.g -1 ; emergência das plântulas em campo - com quatro repetições de 50 sementes por lote, distribuídas em sulcos de 2,5m e espaçados em 50cm, com a contagem das plântulas
TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE MILHO 165 emersas aos 14 dias após a semeadura (Nakagawa, 1994), sendo os resultados expressos em porcentagem; teste de envelhecimento acelerado - as 450 sementes foram colocadas para envelhecer em caixas plásticas tipo gerbox (câmara interna), contendo 40ml de água destilada-deionizada no fundo. Em uma tela de aço inoxidável as sementes foram distribuídas numa única e uniforme camada. Como câmara externa foi utilizada uma que possuí um filme de água no interior das paredes, marca VWR Scientific, modelo 3015 water jackted, de fabricação norte-americana. Esse equipamento permite a obtenção de resultados consistentes, pois o controle da temperatura tem se mostrado extremamente preciso e confiável (Tekrony, 1995). As combinações de temperatura e período de exposição das sementes adotadas foram: 42 o C por 72 horas; 42 o C por 96 horas; 45 o C por 72 horas e 45 o C por 96 horas, todas com umidade relativa próxima de 100%. Após o envelhecimento procedeu-se: a determinação do teor de água (2x25 sementes); o teste de geminação (4x50 sementes); e a emergência das plântulas em campo (4x50 sementes). Todos com resultados expressos em porcentagem. Para a análise estatística utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições por lote de cada genótipo. Os dados foram submetidos à análise de variância e teste F utilizando-se do esquema fatorial 2x2x8, sendo duas temperaturas (42 e 45 o C), dois períodos de exposição das sementes (72 e 96 horas) e oito lotes de quatro genótipos de milho híbrido (lotes 1 e 2 do D-170, lotes 3 e 4 do D-556, lotes 5 e 6 do D-766 e lotes 7 e 8 do D-769). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade (Cochran & Cox, 1957). Os dados em porcentagem foram transformados em arc sen x/100 (Snedecor & Cochran, 1974), com exceção dos teores de água. Nas tabelas encontram-se os dados originais (%). O Sistema para análises estatísticas (ESTAT), versão 2.0, desenvolvido pelo Polo Computacional e Departamento de Ciências Exatas da FCAV/ UNESP, foi usado para a análise dos dados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, verificou-se que os lotes apresentaram valores de germinação eleva- TABELA 1. Valores médios do teste de germinação (TG), do teste de frio (TF), da condutividade elétrica (CE) e da emergência das plântulas em campo (EC), de oito lotes de sementes de milho. TG % TF CE µs.cm -1.g -1 1 91a b 81 b 25,16a 89a 2 95a b 87 b 23,61a 86a 3 93a b 92a 15,70 c 88a 4 90 b 90ab 15,91 c 95a 5 93a b 88ab 21,72ab 79a 6 92a b 90ab 17,65 bc 94a 7 97a 86ab 11,44 d 83a 8 92a b 86ab 10,31 d 74a Teste F 2,72 * 2,38 NS 32,53 ** 2,98 NS DMS (Tukey 5%) 7,48 9,61 3,40 3,40 CV (%) 4,29 5,92 5,91 5,91 Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%. * Valor significativo a 5%; ** significativo a 1% e NS não significativo. TABELA 2. Determinação do teor de água, em porcentagem, antes e após o envelhecimento acelerado (EA) das sementes, nas diferentes combinações de temperatura e período de exposição no EA, de oito lotes de milho. dos ( 90%), enquadrando-se acima dos padrões mínimos exigidos (85%) na comercialização de sementes certificadas de milho (Brasil, 1993). No teste de frio e condutividade elétrica os valores mostraram que os lotes possuíam diferenças de vigor. Contudo, conforme Grabe (1976) e Vieira et al. (1995) para os respectivos testes, todos podem ser enquadrados como lotes de alta qualidade. Na emergência das plântulas em campo os valores não foram significativos (P>0,05). O teor de água das sementes, após o envelhecimento acelerado, foi monitorado (Tabela 2), para avaliar a uniformidade das condições de condução do teste (Hampton & Inicial EC % Teor de água (%) Temperatura/período 42 o C/72h 42 o C/96h 45 o C/72h 45 o C/96h 1 11,3 25,7 26,4 25,4 26,4 2 10,8 23,9 26,2 24,6 26,6 3 10,4 22,2 24,7 22,5 25,0 4 10,6 22,6 24,9 23,3 24,8 5 10,6 22,6 25,4 23,8 25,4 6 10,6 23,2 25,4 24,4 25,7 7 10,6 22,2 24,5 22,3 24,5 8 10,9 23,0 24,0 23,1 24,0 Média 10,7 23,2 25,2 23,7 25,3
166 S.A. FESSEL et al. Tekrony, 1995 e Marcos-Filho, 1999a). Verificou-se que antes de serem submetidas ao teste de envelhecimento acelerado, as sementes de todos lotes apresentavam teores de água entre 10,4 e 11,3%, estes valores se encontram dentro do aceitável pela AOSA (1983). Constataram-se diferenças mínimas no valor final do teor de água entre lotes. Analisando as médias dos teores de água, observou-se que as combinações usando o período de exposição das sementes de 96 horas, independente da temperatura associada, obtiveram valores mais altos do que as combinações com 72 horas de exposição. Pelas médias a maior variação dos teores de água no final do teste, entre combinações, foi de 2,1%. Essa diferença está menor do que a faixa tolerada pela AOSA (1983) e por Marcos-Filho (1999a), que situa-se em 3% e 3% a 4%, respectivamente. Isto indica que as condições foram uniformes na condução do teste de envelhecimento, não exigindo repetição, e as diferenças detectadas se restringem apenas ao vigor diferenciado dos lotes (Tabela 2). Na Tabela 3, encontram-se as médias da germinação após o envelhecimento acelerado, referente ao desdobramento da interação, que foi significativa (P<0,01), entre lote e temperatura de exposição das sementes. A porcentagem de germinação dos lotes variou 16% quando as sementes ficaram expostas na temperatura de 42 o C, variando de 95 a 79%, para a temperatura de 45 o C apresentou-se uma diferença de 34%, variando de 96 a 62%. Observou-se um agrupamento dos lotes quanto ao vigor, independente da temperatura usada, em que os lotes 3, 4, 5 e 6, podem ser considerados de vigor mais alto do que os lotes 1, 2, 7 e 8. Também, verificou-se que a temperatura mais alta (45 o C) proporcionou redução nos resultados da germinação dos lotes 1, 2, 7 e 8, quando comparada com a temperatura de 42 o C (Tabela 3). Na Tabela 4, encontram-se as médias da germinação após o envelhecimento acelerado referente ao desdobramento da interação, que foi significativa (P<0,01), entre lote e período de exposição das sementes. Observando os lotes para o período de exposição de 72 horas, notou-se uma diferença de 19% na germinação, variando de 96 a 77%, em 96 horas de exposição houve uma diferença de 30%, com variação de 96 a 66%. Analisando o desempenho dos genótipos por lote dentro de cada período de exposição, a resposta foi semelhante, como aconteceu para a temperatura, na separação dos lotes mais TABELA 3. Valores da geminação, após o envelhecimento acelerado, envolvendo a temperatura de exposição das sementes e oito lotes de milho. Germinação (%) Temperatura ( o C) 42 45 1 79A c 64B b 2 84A bc 62B b 3 95Aa 93Aa 4 95Aa 94Aa 5 93Aa 92Aa 6 95Aa 96Aa 7 83A bc 69B b 8 90Aab 72B b Teste F 7,04** DMS (Tukey 5%) lote dentro de temperatura 7,34 DMS (Tukey 5%) temperatura dentro de lote 4,71 CV (%) 6,93 Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%. **Valor significativo a 1%. TABELA 4. Valores da geminação, após o envelhecimento acelerado, envolvendo o período de exposição das sementes e oito lotes de milho. Germinação (%) Período (horas) 72 96 1 77A d 66B b 2 78A cd 67B b 3 92Bab 96Aa 4 94Aab 94Aa 5 92Aab 92Aa 6 96Aa 94Aa 7 79A cd 73B b 8 87A bc 75B b Teste F 3,71** DMS (Tukey 5%) lote dentro de período 7,34 DMS (Tukey 5%) período dentro de lote 4,71 CV (%) 6,93 Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%. ** Valor significativo a 1%.
TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE MILHO 167 vigorosos (lotes 3, 4, 5 e 6) dos com vigor mais baixo (lotes 1, 2, 7 e 8). No período de 96 horas de exposição, as sementes dos lotes 1, 2, 7 e 8, tiveram uma redução mais drástica na germinação do que com 72 horas (Tabela 4). Analisando a amplitude da variação entre os resultados, da temperatura de 45 o C (Tabela 3) e do período de exposição de 96 horas (Tabela 4), notou-se que os valores de porcentagem de germinação são muito mais severos quando envolve a temperatura. Esses dados estão de acordo com Tomes et al. (1988), em que constataram, para sementes de soja, que a elevação da temperatura promove efeitos mais drásticos na germinação do que o prolongamento do período de exposição das sementes no envelhecimento acelerado. O mesmo foi observado para sementes de sorgo (Ibrahim et al., 1993) e para sementes de arroz (Albuquerque et al., 1995). Os lotes apresentaram respostas diferenciadas ao estresse imposto pelas combinações de temperatura e período de exposição das sementes no envelhecimento acelerado, concordando com os resultados encontrados por Scotti & Godoy (1978). Analisando a germinação dos lotes, pela comparação entre as médias pelo teste de Tukey, em cada combinação (temperatura/período), notou-se que 42 o C/72 horas foi a que proporcionou menor estresse nos lotes e 45 o C/96 horas, ao contrário, causou um efeito mais drástico nos resultados. As combinações 42 o C/96 horas e 45 o C/72 horas situaram-se intermediariamente quanto ao estresse (Tabela 5). As combinações 42 o C/96 horas, 45 o C/72 horas e 45 o C/96 horas, para o envelhecimento seguido da montagem do teste de germinação, conseguiram classificar melhor os lotes quanto ao vigor, identificando que os lotes 3, 4, 5 e 6, possuíam maior vigor do que os lotes 1, 2, 7 e 8. Após o envelhecimento das sementes, além do teste de germinação, procurou-se verificar os efeitos dos tratamentos por meio da avaliação da emergência das plântulas em campo (Tabelas 6, 7 e 8). No envelhecimento, seguido da emergência das plântulas, o uso da temperatura de 45 o C proporcionou uma melhor separação dos lotes em termos de vigor, em que, os lotes 3, 4, 5 TABELA 5. Valores da geminação após o envelhecimento acelerado (EA), envolvendo as combinações de temperatura e o período de exposição das sementes no EA, para cada lote de milho. Germinação (%) Temperatura/período 42 o C/72h 42 o C/96h 45 o C/72h 45 o C/96h 1 84 b 74 b 69 d 58 b 2 87ab 80 b 69 d 54 b 3 94ab 96a 90 bc 95a 4 95a 95a 93ab 93a 5 91a b 94a 93a b 90a 6 95ab 94a 97a 94a 7 86ab 79 b 72 d 66 b 8 92ab 88ab 82 cd 91 b Teste F 3,22* 11,31** 26,45** 24,53** DMS (Tukey 5%) 11,61 10,78 8,84 12,77 CV (%) 6,82 6,53 5,63 8,67 Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%. * Valor significativo a 5% e ** significativo a 1%. TABELA 6. Valores da emergência das plântulas em campo, após envelhecimento acelerado, envolvendo a temperatura de exposição das sementes e lotes de milho. Emergência (%) Temperatura ( o C) 42 45 1 68A b 55B b 2 69A b 45B b 3 93Aa 86Ba 4 82A b 77Aa 5 76A b 81Aa 6 88A b 87Aa 7 69A b 42B b 8 70A b 46B b Teste F 6,79** DMS (Tukey 5%) lote dentro de temperatura 9,72 DMS (Tukey 5%) temperatura dentro de lote 6,12 CV (%) 7,34 Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%. ** Valor significativo a 1%. e 6 foram mais vigorosos e os lotes 1, 2, 7 e 8 menos vigorosos, do que na temperatura de 42 o C (Tabela 6). Resultados semelhantes foram obtidos nos períodos de exposição, sendo que o período de 96 horas conseguiu discriminar melhor os lotes quanto ao vigor (Tabela 7).
168 S.A. FESSEL et al. TABELA 7. Valores da emergência das plântulas em campo, após o envelhecimento acelerado, envolvendo o período de exposição das sementes e lotes de milho. Emergência (%) Período (horas) 72 96 1 69A bc 53B c 2 62A c 52A c 3 92Aa 87Aab 4 80A b 79Aab 5 83Aab 74A b 6 80B b 88Aa 7 59A c 51A c 8 60A c 56A c Teste F 2,58* DMS (Tukey 5%) lote dentro de período 9,72 DMS (Tukey 5%) período dentro de lote 6,12 CV (%) 7,34 Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%. * Valor significativo a 5%. TABELA 8. Valores da emergência das plântulas em campo, após o envelhecimento acelerado (EA), envolvendo a temperatura e o período de exposição das sementes de milho no EA. Período (horas) Emergência (%) Temperatura ( o C) 42 45 72 80Aa 66Ba 96 72A b 63Ba Teste F 5,44* DMS (Tukey 5%) período dentro de temperatura 3,06 DMS (Tukey 5%) temperatura dentro de período 3,06 CV (%) 7,34 Médias seguidas pela mesma letra, maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%. * Valor significativo a 5%. Pelo desdobramento da interação significativa (P<0,01) entre temperatura e período de exposição, verificou-se que a maior emergência das plântulas em campo foi obtida na combinação 42 o C/72 horas, com 80%, seguida da combinação 42 o C/96 horas, com 72%, seguida da combinação 45 o C/72 horas, com 66% e a menor emergência foi constatada na combinação 45 o C/96 horas, com 63% (Tabela 8). Fica claro que a emergência das plântulas foi reduzida pelo maior grau de estresse imposto nas sementes que foram submetidas ao envelhecimento na temperatura de 45 o C nos dois períodos (72 e 96 horas). Na análise da emergência dos lotes, pela comparação entre as médias pelo teste de Tukey, em cada combinação (temperatura/período), notou-se que 42 o C/96 horas foi a única que não diferenciou os lotes quanto ao vigor. A combinação 45 o C/96 horas causou um efeito mais drástico nos resultados e 42 o C/96 horas e 45 o C/72 horas situaram-se intermediariamente quanto ao estresse (Tabela 9). As combinações 45 o C/72 horas e 45 o C/96 horas, para o envelhecimento seguido da montagem da emergência das plântulas em campo, conseguiram classificar melhor os lotes quanto ao vigor, identificando que os lotes 3, 4, 5 e 6, possuíam maior vigor do que os lotes 1, 2, 7 e 8. A combinação 42 o C/72 horas diferiu apenas da classificação do vigor quanto ao lote 6, que foi incluído como de menor vigor. Entre as combinações que proporcionaram uma melhor discriminação dos genótipos, as combinações 42 o C/96 horas, 45 o C/72 horas e 45 o C/96 horas mostraram-se mais adequadas para avaliar o vigor de sementes de milho híbrido. A maior intensificação de estresse foi imposta pela combinação 45 o C/96 horas, que, segundo Marcos-Filho (1994) não há sentido em intensificar o estresse, a não ser em casos específicos. Comparando as combinações 42 o C/96 horas e 45 o C/72 horas, obtém-se os resultados 24 horas mais rápido, sem prejuízo na interpretação dos resultados finais, como o uso da combinação 45 o C/72 horas. Tratando-se de uma empresa produtora de sementes, na época de pico, a obtenção de resultados em menor tempo se torna muito vantajosa (Marcos-Filho, 1999b). Novas pesquisas procuram definir a condição ideal de envelhecimento para várias espécies e algumas das recomendações existentes continuam sendo refinadas, como é o caso de 43 o C/72 horas para sementes de sorgo, que se correlacionaram de maneira consistente com a emergência das plântulas em campo. Recentes recomendações para o envelhecimento acelerado em sementes de milho sugerem o uso de 45 o C/72 horas ao invés de 42 o C/96 horas (McDonald, 1998). Além disso, de acordo com Halloin (1986) o prolongamento do período de exposição das sementes no teste de en-
TESTE DE ENVELHECIMENTO ACELERADO EM SEMENTES DE MILHO 169 TABELA 9. Valores da emergência das plântulas em campo, após o envelhecimento acelerado (EA), envolvendo as combinações de temperatura e o período de exposição das sementes no EA, para cada lote de milho. Emergência (%) Temperatura/período 42 o C/72h 42 o C/96h 45 o C/72h 45 o C/96h 1 76 bc 59a 62 bcd 47 b 2 75 bc 63a 48 de 41 b 3 97a 88a 86a 86a 4 87ab 77a 73abc 80a 5 88ab 63a 77ab 85a 6 76 bc 86a 84a 90a 7 75 bc 62a 42 e 40 b 8 65 c 74a 55 cde 37 b Teste F 11,37** 4,71* 25,95** 17,50** DMS (Tukey 5%) 13,67 20,11 11,42 20,25 CV (%) 5,37 8,70 5,26 9,49 Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5%. * Valor significativo a 5% e ** significativo a 1%. velhecimento acelerado, em função da alta temperatura (acima de 40 o C) e umidade relativa elevada (próxima de 100%), pode favorecer a ação de patógenos sobre o processo de deterioração das sementes e vir a interferir com os resultados. CONCLUSÕES! O aumento da temperatura provocou redução na germinação e na emergência das plântulas em campo após o envelhecimento das sementes, independente do período de exposição das sementes dos lotes ao teste;! a combinação da temperatura de 45 o C pelo período de 72 horas de exposição das sementes no teste de envelhecimento acelerado, mostrou ser mais indicada na avaliação do vigor de sementes de milho híbrido, sem prejuízo na interpretação dos resultados. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, M.C.F.; CAMPOS, C.V.; MENDONÇA, E.A.F.; CALDEIRA, S.A.F. & BRUNCA, R.H.C.G. Teste de envelhecimento acelerado em sementes de arroz: influência da temperatura e do período de exposição. Agricultura Tropical, Cuiabá, v.1, n.1, p.9-16, 1995. AOSA - ASSOCIATION OF OFFICIAL SEED ANALYSTS. Seed vigor testing handbook. East Lansing, 1983. 93p. (Contribution, 32). BARROS, A.S.R. & DIAS, M.C.L.L. Aferição de testes de vigor para sementes de milho. Informativo ABRATES, Londrina, v.2, n.4, p.10-22, 1992. BOURLAND, F.M. & IBRAIHM, A.A.L. Effects of accelerated aging treatments on six cotton cultivars. Crop Science, Madison, v.22, n.2, p.631-637, 1982. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p. BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Padrões estaduais de sementes. Brasília: EMBRAPA/ SPSB, 1993. 47p. CICERO, S.M. & VIEIRA, R.D. Teste de frio. In: VIEIRA, R.D. & CARVALHO, N.M. (eds.). Testes de vigor em sementes. Jaboticabal: FUNEP, 1994. p.151-164. COCHRAN, W.G. & COX, G.M. Experimental designs. New York: John Willey, 1957. 611p. DELOUCHE, J.C. & BASKIN, C.C. Accelerated aging techniques for predicting the relative storability of seeds lots. Seed Science and Technology, Zürich, v.1, n.2, p.427-452, 1973. DIAS, M.C.L.L. & BARROS, A.S.R. Avaliação da qualidade de sementes de milho. Londrina: IAPAR, 1995. 43p. (Circular, 88). GRABE, D.F. Measurement of seed vigor. Journal of Seed Technology, Boise, v.1, n.2, p.18-32, 1976. HALLOIN, J.M. Microorganisms and seed deterioration. In: McDONALD JR., M.B. & NELSON, C.J. (eds.). Physiology of seed deterioration. Madison: Crop Science Society of America, 1986. p.89-99. HAMPTON, J.G. & TEKRONY, D.M. Handbook of vigour test methods. Zürich: ISTA, 1995. 117p. IBRAHIM, A.E.; TEKRONY, D.M. & EGLI, D.B. Accelerated aging techniques for evaluating sorghum seed vigor. Journal of Seed Technology, East Lansing, v.17, n.1, p.29-37, 1993. KRZYZANOWSKI, F.C. & FRANÇA-NETO, J.B. Situação atual do uso do teste de vigor como rotina em programas de sementes no Brasil. Informativo ABRATES, Londrina, v.1, n.3, p.42-53, 1991. KRZYZANOWSKI, F.C. & MIRANDA, Z.F.S. Relatório do comitê de vigor da ABRATES. Informativo ABRATES, Londrina, v.1, n.1, p.7-25, 1990. MARCOS-FILHO, J. Teste de envelhecimento acelerado. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D. & FRANÇA-NETO, J.B. (eds.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999a. cap.3, p.1-24. MARCOS-FILHO, J. Testes de vigor: importância e utilização. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D. & FRANÇA-NETO, J.B. (eds.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999b. cap.1, p.1-21.
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