LEITO SECO, AREIA MOLHADA, CAMINHOS IMAGINADOS



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Transcrição:

LEITO SECO, AREIA MOLHADA, CAMINHOS IMAGINADOS Thais Karoline Ferreira da Silva (Org.)

Aline da Silva Gonçalves Ana Elizabeth Bruno Gomes da Silva Bruno Jean Barbosa Daniel Silva Barbosa Eduarda Freitas LEITO SECO, AREIA MOLHADA, CAMINHOS IMAGINADOS... Eduardo de Oliveira Janicarla Basílio José Alcenildo dos Santos Leandra Maria da Silva Maria Luana Maria Simone da Silva Martins Natally Jusiara Romualdo Eleutério da Silva Júnior Tainara Barbosa da Silva

Universidade Federal Rural de Pernambuco Departamento de Biologia Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas Participação: EREM José Lopes de Siqueira Colaborador: Antônio Damião da Silva Apoio: Associação Águas do Nordeste (ANE) e do projeto Águas de Areias com patrocínio Petrobras pelo Programa Petrobras Ambiental Apoio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco / Pibic-Facepe 2014-2015.

SUMÁ RIO Apresentação... 5 História 1... 6 História 2... 8 História 3...10 História 4...13 História 5...15

Ápresentaça o Este livro é resultado da produção coletiva de estudantes do 2º Ano do ensino médio da Escola de Referência em Ensino Médio José Lopes Siqueira, município de Jataúba. Foi concebido e elaborado durante a Oficina de Histórias Coletivas em Educação Ambiental, ocorrida no período de 25 a 27 de novembro de 2014, na Sede do Projeto Águas de Areias, o qual conta com patrocínio da Petrobras pelo Programa Petrobras Socioambiental. Os autores foram convidados a olhar para a sua realidade local e a estabelecer relações entre Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA) por meio da construção de histórias fictícias elaboradas a partir de um caso controverso vivenciado na região. É importante ressaltar que a localidade de que tratam as histórias deste livro está situada no Agreste pernambucano, onde o rio apresenta regime intermitente., Nesta região de baixa disponibilidade hídrica se desenrola um conflito de socioambiental envolvendo o uso da água de aluvião para subsistência de comunidades rurais e a extração da areia existente no leito seco para a construção civil. Neste sentido, durante as Oficinas, foi oferecida aos alunos a oportunidade de conhecer e debater sobre os principais aspectos CTSA desse conflito e expressar suas visões através do trabalho de completar uma história baseada no contexto apresentado, expondo seus conhecimentos, valores e posicionamentos éticos. A base da história que conta o conflito socioambiental foi preparada previamente pela organizadora da atividade, a partir de levantamento de informações na região do Alto Capibaribe. Os trechos em itálico são, justamente, os complementos da história produzidos pelos estudantes, através dos quais se espera estimular o pensamento crítico e a criatividade na solução de controvérsias. Esta é uma metodologia diferenciada para promoção da criatividade, aprendizado dos estudantes, bem como o pensamento crítico-reflexivo a respeito da sociedade e sua relação com o ambiente. Deixo aqui um convite à leitura! Thais Karoline Ferreira da Silva

Histo ria 1 Aline da Silva Gonçalves, Leandra Maria da Silva e Maria Simone da Silva Martins Era uma vez... Não, não, não dá! Essa história não é um conto de fadas no qual temos um final feliz, se trata de uma história real, com pessoas reais lidando com situações difíceis até para um sertanejo, que antes de tudo é um forte. Agora imagine cá comigo, um lugarejo de mata branca, branco não é pela cor das folhas de suas árvores, mas sim pela escassez das mesmas, um solo batido, por vezes rachado, uma chuva que não cai nem uma gota, porque ali só chove quando Deus quer, quando Ele não quer, resta ao povo esperar. Mas aí tu me perguntas: E de onde vem a água pra esse povo usar? ah, espera um pouco que eu já vou falar. Nesse lugar tem areias preciosas, espalhadas nos leitos dos rios e riachos, areias mais valiosas que joias de coroas, que tesouros de piratas, só não são mais valiosas do que aquilo que ela guarda. A areia de aluvião é a mais importante para a construção de um poço, pois dela é que mina a água responsável por manter as pessoas que ali moram. (sic) Pois bem, nesse lugar vive uma família que convive com a dura realidade do semiárido. O pai, seu Manoel, tem uma pequena criação além de um cultivo de subsistência com o qual consegue alimentar sua família e os animais. A mãe, dona Olivia, costura pra fora e ajuda o marido na lida diária. O calor é intenso e a produção é pouca. Dos três filhos que têm, apenas as duas mais novas, Julia e Luiza, moram com eles, mas estudam em outro local porque perto não tem escola e, quando retornam, ajudam a mãe na costura. Já o mais velho, Pedro, tomou seu rumo, migrou pra capital em busca de outro futuro. A sobrevivência da família do seu Manoel e da dona Olívia por aqui, como de qualquer outra, depende da água, mas além de fortes, eles têm sorte por morar tão próximo a um rio. Um rio intermitente cabe aqui dizer... É aquele que pode encher durante a chuva, mas chega um tempo que ele seca. Como receber água encanada é bastante complicado neste lugar, é preciso ser inteligente e astuto. E seu Manoel besta não é, tratou logo de buscar suas alternativas pra se manter no local... Ele pode construir um poço para minar água, ele irá cavar em um local adequado, pois cavando no lugar inadequado pode dar errado e também fazer

uma barreira com cimento ou tijolo e também colocar areia em volta para sustentá-la. Então você percebe né, como é complicado conviver com as intempéries desse local. Agora imagine só, se ainda com tudo isso, chegasse um cabra pra lhe tirar o que tens para se manter? De uns tempos pra cá, a família de seu Manoel tem convivido com uma extração de areia bem perto da sua casa. Daí tu te perguntas o que danado isso vai afetar na vida deles? A gente sabe da importância que a areia tem para as construções, pro desenvolvimento do munícipio onde eles vivem e até mesmo seu Manoel utilizou areia para construir sua cisterna. O que acontece é que Seu Gregório, dono de uma empresa na região, começou a extrair areia com o uso de draga no meio do leito do rio seco, isso fez com que a água que fica embaixo da areia aparecesse para fora, criando um verdadeiro lago. Numa terra onde água é coisa rara, ter um lago no quintal é motivo de festa, não é mesmo? Mas... A água evapora causando a seca. (sic) Como a coisa tava complicada, o caso foi parar na Justiça. Cada lado defende o que é seu com unhas e dentes. O Juiz deve ser imparcial e ouvir com atenção cada lado. Seu Gregório diz que depende da areia para seu negócio andar pra frente. Seu Manoel diz que também depende da areia para sustentar sua cisterna e poder armazenar a água, pois com o retiro da areia a cisterna pode desabar. (sic) O amigo de seu Gregório que também estava lá presente disse que seu Gregório precisava dessa areia para suas construções. Já vizinhos de seu Manoel disseram que seu Gregório não podia tirar a areia, pois precisavam para poder armazenar a água que ainda lhe restavam. Após ouvir tudo, a justiça foi feita e ficou decidido que... O juiz diz que defende seu Manoel, pois a areia do local serve para que as pessoas daquela região dependem dela, pois ela é importante na construção da cisterna e também para mantê-la em pé e que não desabe.

Histo ria 2 Eduardo de Oliveira, Janicarla Basilio e Maria Luana. Era uma vez... Não, não, não dá! Essa história não é um conto de fadas no qual temos um final feliz, se trata de uma história real, com pessoas reais lidando com situações difíceis até para um sertanejo, que antes de tudo é um forte. Agora imagine cá comigo, um lugarejo de mata branca, branco não é pela cor das folhas de suas árvores, mas sim pela escassez das mesmas, um solo batido, por vezes rachado, uma chuva que não cai nem uma gota, porque ali só chove quando Deus quer, quando Ele não quer, resta ao povo esperar. Mas aí tu me perguntas: E de onde vem a água pra esse povo usar? ah, espera um pouco que eu já vou falar. Nesse lugar tem areias preciosas, espalhadas nos leitos dos rios e riachos, areias mais valiosas que joias de coroas, que tesouros de piratas, só não são mais valiosas do que aquilo que ela guarda. Estas areias guardam águas subterrâneas de nascentes de rios que com a construção de cacimbas podem acabar ajudando para que não falte água nesse nosso sertão tão quente, essas areias podem servir para filtrar a água e para que as cacimbas não acabem desmoronando. Pois bem, nesse lugar vive uma família que convive com a dura realidade do semiárido. O pai, seu Manoel, tem uma pequena criação além de um cultivo de subsistência com o qual consegue alimentar sua família e os animais. A mãe, dona Olivia, costura pra fora e ajuda o marido na lida diária. O calor é intenso e a produção é pouca. Dos três filhos que têm, apenas as duas mais novas, Julia e Luiza, moram com eles, mas estudam em outro local porque perto não tem escola e, quando retornam, ajudam a mãe na costura. Já o mais velho, Pedro, tomou seu rumo, migrou pra capital em busca de outro futuro. A sobrevivência da família do seu Manoel e da dona Olívia por aqui, como de qualquer outra, depende da água, mas além de fortes, eles têm sorte por morar tão próximo a um rio. Um rio intermitente cabe aqui dizer que um rio intermitente é aquele que durante o período de chuvas apresente bastante água em seu curso, entretanto durante o período de estiagem desaparece temporariamente. Como receber água encanada é bastante complicado neste lugar, é preciso ser inteligente e astuto. E seu Manoel besta não é, tratou logo de buscar suas alternativas pra se manter no local.

Bem, seu Manoel logo tratou de implantar uma cacimba, para que com isso possa usufruir das águas subterrâneas do rio que passa perto da sua casa. Ele buscou construir a cacimba da melhor maneira possível, sendo utilizado na construção concreto, para diminuir os riscos de acidentes que poderiam acontecer se a construísse com tijolos. Então você percebe né, como é complicado conviver com as intempéries desse local. Agora imagine só, se ainda com tudo isso, chegasse um cabra pra lhe tirar o que tens para se manter? De uns tempos pra cá, a família de seu Manoel tem convivido com uma extração de areia bem perto da sua casa. Daí tu te perguntas o que danado isso vai afetar na vida deles? A gente sabe da importância que a areia tem para as construções, pro desenvolvimento do munícipio onde eles vivem e até mesmo seu Manoel utilizou areia para construir sua cisterna. O que acontece é que Seu Gregório, dono de uma empresa na região, começou a extrair areia com o uso de draga no meio do leito do rio seco, isso fez com que a água que fica embaixo da areia aparecesse para fora, criando um verdadeiro lago. Numa terra onde água é coisa rara, ter um lago no quintal é motivo de festa, não é mesmo? Mas com a extração da areia a água ficará exposta e como o clima é quente a água evaporará e acabará secando tudo, pois bem, isto gera prejuízo não só para seu Manoel, mas para todos os moradores da região que ficarão sem água para criar seus animais. Como a coisa tava complicada, o caso foi parar na Justiça. Cada lado defende o que é seu com unhas e dentes. O Juiz deve ser imparcial e ouvir com atenção cada lado. Seu Gregório: Meritíssimo, a intenção que tenho é usar a areia retirada para construções e isto vai gerar lagos que nos ajudarão a conviver com a seca. Seu Manoel: Meritíssimo, o que o meu amigo não sabe é que se retirar muita areia, a água ficará exposta ao Sol e evaporará e não teremos água para manter nosso sustento. Outras pessoas presentes: Seu Manoel está certo, precisamos da água para viver e não adianta gerar lagos se com o tempo tudo vai secar. Após ouvir tudo, a justiça foi feita e ficou decidido que... Por fim, o juiz decidiu que seu Gregório pare de tirar areia para que não prejudique as pessoas que vivem por perto e precisam da água para seu sustento.

Histo ria 3 Bruno Gomes da Silva, Daniel Silva Barbosa e Tainara Barbosa da Silva. Era uma vez... Não, não, não dá! Essa história não é um conto de fadas no qual temos um final feliz, se trata de uma história real, com pessoas reais lidando com situações difíceis até para um sertanejo, que antes de tudo é um forte. Agora imagine cá comigo, um lugarejo de mata branca, branco não é pela cor das folhas de suas árvores, mas sim pela escassez das mesmas, um solo batido, por vezes rachado, uma chuva que não cai nem uma gota, porque ali só chove quando Deus quer, quando Ele não quer, resta ao povo esperar. Mas aí tu me perguntas: E de onde vem a água pra esse povo usar? ah, espera um pouco que eu já vou falar. Nesse lugar tem areias preciosas, espalhadas nos leitos dos rios e riachos, areias mais valiosas que joias de coroas, que tesouros de piratas, só não são mais valiosas do que aquilo que ela guarda. A água é um recurso muito importante para os seres vivos, no sertão nordestino a sua falta é frequente devido à falta de chuva, por isso deve-se evitar o seu desperdício e economizá-la ao máximo. Nos leitos dos rios, a água pode ser facilmente encontrada mesmo em períodos de seca, ela fica acumulada na areia com alguns metros de profundidade, mas devido à sua extração e à seca, essa água pode diminuir; é ai que entra a importância das areias de aluvião que abastecem a água que está submersa. A areia também tem sua importância no rio, pois ela exerce uma pressão sobre a água fazendo com que ela venha à superfície quando é escavada. Pois bem, nesse lugar vive uma família que convive com a dura realidade do semiárido. O pai, seu Manoel, tem uma pequena criação além de um cultivo de subsistência com o qual consegue alimentar sua família e os animais. A mãe, dona Olivia, costura pra fora e ajuda o marido na lida diária. O calor é intenso e a produção é pouca. Dos três filhos que têm, apenas as duas mais novas, Julia e Luiza, moram com eles, mas estudam em outro local porque perto não tem escola e, quando retornam, ajudam a mãe na costura. Já o mais velho, Pedro, tomou seu rumo, migrou pra capital em busca de outro futuro. A sobrevivência da família do seu Manoel e da dona Olívia por aqui, como de qualquer outra, depende da água, mas além de fortes, eles têm sorte por morar tão próximo a um rio. Um rio intermitente cabe aqui dizer...

Um rio intermitente é um rio que tem seus períodos de cheias e de secas, um rio pequeno que tem seu curso de água interrompido pela estiagem. (sic) Como receber água encanada é bastante complicado neste lugar, é preciso ser inteligente e astuto. E seu Manoel besta não é, tratou logo de buscar suas alternativas pra se manter no local... Mesmo com o leito do rio seco, seu Manoel sabia que ainda havia água debaixo da areia, então ele teria que dar um jeito de pegar essa água, para isso ele poderia cavar um buraco no meio do rio (cacimba), pois tirando a terra de um único ponto a uma certa profundidade, seu Manoel encontraria água, ele poderia revestir as paredes da cacimba com uma parede de tijolos ou de anéis de concreto, assim ele poderia continuar a cavar sem correr riscos do buraco ser aterrado. Então você percebe né, como é complicado conviver com as intempéries desse local. Agora imagine só, se ainda com tudo isso, chegasse um cabra pra lhe tirar o que tens para se manter? De uns tempos pra cá, a família de seu Manoel tem convivido com uma extração de areia bem perto da sua casa. Daí tu te perguntas o que danado isso vai afetar na vida deles? A gente sabe da importância que a areia tem para as construções, pro desenvolvimento do munícipio onde eles vivem e até mesmo seu Manoel utilizou areia para construir sua cisterna. O que acontece é que Seu Gregório, dono de uma empresa na região, começou a extrair areia com o uso de draga no meio do leito do rio seco, isso fez com que a água que fica embaixo da areia aparecesse para fora, criando um verdadeiro lago. Numa terra onde água é coisa rara, ter um lago no quintal é motivo de festa, não é mesmo? Mas... Por incrível que pareça a água de aluvião depende da areia, pois é ela que esconde a água impedindo que ela entre em contato direto com a luz solar e seja evaporada, se uma parte da água evaporar-se, o sal que estava nas duas partes ficará apenas pra uma, deixando a água envenenada com uma grande quantidade de sal. Outra coisa que pode acontecer é a água ser totalmente evaporada deixando o rio completamente seco. (sic) Como a coisa tava complicada, o caso foi parar na Justiça. Cada lado defende o que é seu com unhas e dentes. O Juiz deve ser imparcial e ouvir com atenção cada lado. Seu Gregório: V. Excelência, como o senhor sabe é muito importante que uma cidade tenha construções públicas como: parques, praças, hospitais, prefeitura, calçamento, etc., e tudo isso é e foi construído com areia, ela é o principal material das construções. Seu Manoel: V. Excelência, eu vivo no meu sítio com minha família, minha mulher e duas filhas, e com essa seca todas as fontes de água secaram e eu preciso regar minha plantação para alimentar meus animais e minha família, mas falta água até pra minhas filhas beberem, a única solução que encontrei foi fazer

um cacimbão, deu trabalho, mas pelo menos deu pra manter a casa. Mas seu Gregório começou a tirar a areia do leito do rio e a água já está aparecendo e com esse calor que tá ela vai evaporar rapidinho deixando somente o sal e vai acabar faltando água pra minha casa ou então só vai ter água salgada. Sócio de Gregório: Seu Gregório e eu somos donos de uma empresa de construções, começamos do zero e tudo que conseguimos foi vendendo areia, hoje temos vários edifícios com o nome da nossa empresa, não podemos simplesmente parar. Agricultores: Nós não conhecemos seu Manoel, mas pelo que ouvimos dele ficou claro que a extração de areia deve parar, pelo menos no meio do rio, seu Gregório deveria tirar terra de outro lugar, a família de seu Manoel depende disso!. Após ouvir tudo, a justiça foi feita e ficou decidido que... Depois de ouvir todos ficou decidido que seu Gregório não poderá mais tirar terra do rio, apenas de lugares que não interfiram na vida de alguém. E seu Manoel poderá continuar na fazenda.

Histo ria 4 Bruno Jean Barbosa, José Alcenildo dos Santos e Romualdo Eleutério da Silva Júnior. Era uma vez... Não, não, não dá! Essa história não é um conto de fadas no qual temos um final feliz, se trata de uma história real, com pessoas reais lidando com situações difíceis até para um sertanejo, que antes de tudo é um forte. Agora imagine cá comigo, um lugarejo de mata branca, branco não é pela cor das folhas de suas árvores, mas sim pela escassez das mesmas, um solo batido, por vezes rachado, uma chuva que não cai nem uma gota, porque ali só chove quando Deus quer, quando Ele não quer, resta ao povo esperar. Mas aí tu me perguntas: E de onde vem a água pra esse povo usar? ah, espera um pouco que eu já vou falar. Nesse lugar tem areias preciosas, espalhadas nos leitos dos rios e riachos, areias mais valiosas que joias de coroas, que tesouros de piratas, só não são mais valiosas do que aquilo que ela guarda. É a areia de aluvião que é trazida pelas enchentes dos rios, e que é a água que extraída das rochas e percorre seus caminhos. (sic) Pois bem, nesse lugar vive uma família que convive com a dura realidade do semiárido. O pai, seu Manoel, tem uma pequena criação além de um cultivo de subsistência com o qual consegue alimentar sua família e os animais. A mãe, dona Olivia, costura pra fora e ajuda o marido na lida diária. O calor é intenso e a produção é pouca. Dos três filhos que têm, apenas as duas mais novas, Julia e Luiza, moram com eles, mas estudam em outro local porque perto não tem escola e, quando retornam, ajudam a mãe na costura. Já o mais velho, Pedro, tomou seu rumo, migrou pra capital em busca de outro futuro. A sobrevivência da família do seu Manoel e da dona Olívia por aqui, como de qualquer outra, depende da água, mas além de fortes, eles têm sorte por morar tão próximo a um rio. Um rio intermitente cabe aqui dizer... É aquele que fica seco durante todo ano e só enche quando chove muito. Como receber água encanada é bastante complicado neste lugar, é preciso ser inteligente e astuto. E seu Manoel besta não é, tratou logo de buscar suas alternativas pra se manter no local... Seu Manoel que besta não é, procurou um local para cavar um poço, para que pudesse ter água durante todo o ano para manter sua criação e sua plantação, para sustentar sua família.

Então você percebe né, como é complicado conviver com as intempéries desse local. Agora imagine só, se ainda com tudo isso, chegasse um cabra pra lhe tirar o que tens para se manter? De uns tempos pra cá, a família de seu Manoel tem convivido com uma extração de areia bem perto da sua casa. Daí tu te perguntas o que danado isso vai afetar na vida deles? A gente sabe da importância que a areia tem para as construções, pro desenvolvimento do munícipio onde eles vivem e até mesmo seu Manoel utilizou areia para construir sua cisterna. O que acontece é que Seu Gregório, dono de uma empresa na região, começou a extrair areia com o uso de draga no meio do leito do rio seco, isso fez com que a água que fica embaixo da areia aparecesse para fora, criando um verdadeiro lago. Numa terra onde água é coisa rara, ter um lago no quintal é motivo de festa, não é mesmo? Mas... Mal sabia seu Gregório que com a extração da areia, o lençol de água iria ficar exposto ao Sol e iria evaporar. Como a coisa tava complicada, o caso foi parar na Justiça. Cada lado defende o que é seu com unhas e dentes. O Juiz deve ser imparcial e ouvir com atenção cada lado. Seu Gregório: Não faz mal tirar a areia do rio, isso é tudo besteira de seu Manoel. Seu Manoel respondeu: Esse homem só está pensando um si mesmo e a sua ignorância irá prejudicar a todos nós que dependemos do rio. A maioria das pessoas concordou com seu Manoel, porque nos tempos de seca o rio é nossa salvação e o que Gregório está fazendo prejudica não só o rio, mas todos nós. Após ouvir tudo, a justiça foi feita e ficou decidido que... O juiz ouviu os dois lados e percebeu que seu Gregório extraia a areia para seu próprio bem e não o bem de todos como queria seu Manoel, e decidiu então que seu Manoel estava correto e era justo ele ganhar a causa.

Histo ria 5 Ana Elizabeth, Eduarda Freitas e Natally Jusiara. Era uma vez... Não, não, não dá! Essa história não é um conto de fadas no qual temos um final feliz, se trata de uma história real, com pessoas reais lidando com situações difíceis até para um sertanejo, que antes de tudo é um forte. Agora imagine cá comigo, um lugarejo de mata branca, branco não é pela cor das folhas de suas árvores, mas sim pela escassez das mesmas, um solo batido, por vezes rachado, uma chuva que não cai nem uma gota, porque ali só chove quando Deus quer, quando Ele não quer, resta ao povo esperar. Mas aí tu me perguntas: E de onde vem a água pra esse povo usar? ah, espera um pouco que eu já vou falar. Nesse lugar tem areias preciosas, espalhadas nos leitos dos rios e riachos, areias mais valiosas que joias de coroas, que tesouros de piratas, só não são mais valiosas do que aquilo que ela guarda. As areias são mais preciosas que tudo, porque elas são importantes para plantação de novas árvores e novas plantas, que é muito importante para a natureza e para as pessoas. Pois bem, nesse lugar vive uma família que convive com a dura realidade do semiárido. O pai, seu Manoel, tem uma pequena criação além de um cultivo de subsistência com o qual consegue alimentar sua família e os animais. A mãe, dona Olivia, costura pra fora e ajuda o marido na lida diária. O calor é intenso e a produção é pouca. Dos três filhos que têm, apenas as duas mais novas, Julia e Luiza, moram com eles, mas estudam em outro local porque perto não tem escola e, quando retornam, ajudam a mãe na costura. Já o mais velho, Pedro, tomou seu rumo, migrou pra capital em busca de outro futuro. A sobrevivência da família do seu Manoel e da dona Olívia por aqui, como de qualquer outra, depende da água, mas além de fortes, eles têm sorte por morar tão próximo a um rio. Um rio intermitente cabe aqui dizer... Como receber água encanada é bastante complicado neste lugar, é preciso ser inteligente e astuto. E seu Manoel besta não é, tratou logo de buscar suas alternativas pra se manter no local...

Buscando algum meio de manter mais água, seu Manoel e suas duas filhas mais novas tiveram uma grande ideia de se economizar mais água e guardá-la para precisão. Os três resolveram cavar um poço bem baixo para quando a água da chuva cair, cair dentro do poço para que quando no período de estiagem eles tivessem água para sobreviverem. (sic) Então você percebe né, como é complicado conviver com as intempéries desse local. Agora imagine só, se ainda com tudo isso, chegasse um cabra pra lhe tirar o que tens para se manter? De uns tempos pra cá, a família de seu Manoel tem convivido com uma extração de areia bem perto da sua casa. Daí tu te perguntas o que danado isso vai afetar na vida deles? A gente sabe da importância que a areia tem para as construções, pro desenvolvimento do munícipio onde eles vivem e até mesmo seu Manoel utilizou areia para construir sua cisterna. O que acontece é que Seu Gregório, dono de uma empresa na região, começou a extrair areia com o uso de draga no meio do leito do rio seco, isso fez com que a água que fica embaixo da areia aparecesse para fora, criando um verdadeiro lago. Numa terra onde água é coisa rara, ter um lago no quintal é motivo de festa, não é mesmo? Mas... A luz solar bate na areia e faz com que a água de aluvião evapore, deixando algas envenenadas no solo. (sic) Como a coisa tava complicada, o caso foi parar na Justiça. Cada lado defende o que é seu com unhas e dentes. O Juiz deve ser imparcial e ouvir com atenção cada lado. Seu Manoel diz que vai tentar manter a água no local onde ele mora. As alunas Eduarda, Ana Elizabeth e Natally da escola EREM José Lopes de Siqueira dizem que a areia é essencial para o adubo das plantas, para a extração da água, é muito importante para todos que cuidem bem da terra. (sic) Após ouvir tudo, a justiça foi feita e ficou decidido que...