RECURSO CFJN Nº001 /09 R Acordam no Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional A Mesa do Conselho Regional da Região, do CNE, através do seu Presidente, endereçou datado de 5/6/09 e através do ofício nº um pedido de impugnação imediata de todo o processo eleitoral pedindo ao CFJN que declare nulo todo o processo eleitoral para os Órgãos Regionais, com base numa série de actos que enumera, que vão desde o não cumprimento de prazos regulamentares no processo eleitoral, até á recontagem dos votos e anulação dos resultados de uma mesa de voto e a apresentação da homologação dos resultados. O instruído o processo procedeu-se á sua análise seguida de debate e deliberação deste Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional. Conhecendo. Questões prévias: 1- Da incompetência do CFJN O CFJN exerce o poder jurisdicional como último órgão de recurso artº 27º f) ECNE e artº 39º1 f (RG). No que respeita ao contencioso eleitoral como é o caso, rege nesta matéria o artº 35º RE, de acordo com o qual para que haja recurso para os Conselhos Fiscais e Jurisdicionais é necessário primeiramente que: 1- O recorrente tenha impugnado perante a CER um acto do processo eleitoral/ votação, que ainda não tenha sido decido; 2- Que essa impugnação ocorra no prazo de 2 dias após o encerramento acto eleitoral;
3- Que a CER decida dessa impugnação; 4- É apenas dessa decisão da CER sobre a impugnação deduzida, que cabe recurso e não de qualquer outro acto. 5- O recurso dessa decisão é obrigatoriamente para o CFJ Regional, que deve proferir uma decisão/acórdão. 6- Apenas da decisão/ acórdão do CFJR cabe recurso para o Conselho Fiscal Jurisdicional Nacional, que decide em última instância (artº 27ºf) ECNE). Assim o CFJN só é competente para apreciar, por via do recurso, as decisões do CFJR, e não pode conhecer directamente da decisões da CER, pois é o último órgão de recurso artº 39º 2 f) RG. Donde interposto recurso/impugnação directamente para o CFJN é este hierarquicamente incompetente para conhecer do mesmo, e da impugnação em causa. 2- Da Ilegitimidade e da falta de interesse em agir da MCR. As competências da MCR, sem prejuízo de outras disposições regulamentares, estão previstas no artº 32º ECNE e 42º RG, e nem ali nem especificamente no Regulamento Eleitoral, lhe são atribuídas competências ou funções de intervenção no processo eleitoral para a Junta Regional e para o CFJR para além da fixação da data da eleição (ou antecipação de eleição de um órgão) artº 2º 2 e 4 RE de receber a acta final e global de apuramento - artº 32º3 RE - e da fixação da data de tomada de posse e de empossar os eleitos artº 37º 1 e 2 RE (salvo caso especial do artº 33º RE) O único caso de intervenção total no processo eleitoral é o de inexistência da CER (art. 10º RE).
No que respeita ao processo eleitoral o órgão interveniente e regulador do mesmo é na essência a CER, a quem compete gerir todo o processo eleitoral e tomar todas as decisões a ele relativas (artºs 6º e 35º RG). Ora sendo a legitimidade um conceito jurídico que deriva do interesse directo que o assunto lhe suscita em virtude da utilidade que para si imediatamente deriva do mesmo, ou resulta directamente dos estatutos e regulamentos que lhe conferem essa legitimidade (por lhe ter posto a seu cargo a obrigação de cuidar ou zelar por tal matéria ou assunto - sendo que no que respeita aos órgãos colegiais rege o principio da especialidade), ou por ser interveniente nos factos dos quais emerge a relação jurídica em litigio (pertencendo-lhe ou sendo titular dessa relação) verifica-se que o MCR não tem legitimidade para deduzir a presente impugnação, pois não intervindo a MCR de outro modo no processo eleitoral nem nele participa, nem lhe interessa o resultado do mesmo, pois os ECNE e Regulamentos não lhe dão essa competência, nem lhe pertence ou é parte na relação jurídica eleitoral (os intervenientes eleitorais são as listas candidatas / eleitores e órgãos eleitorais e de recurso), para além de enquanto órgão não tem interesse em agir na impugnação, pois a sua actividade é a mesma qualquer que seja o resultado eleitoral, pois que este consiste na necessidade objectiva de acautelar um direito concreto e próprio (seu) que foi ameaçado ou violado, e precisa de ser protegido, não havendo outro modo de o fazer (utilidade e imprescindibilidade), e no caso nenhum direito da MCR foi violado ou está em perigo. + Da Falta de objecto do recurso. O objecto de impugnação/recurso são decisões, que foram tomadas e afectam os interessados directos em causa.
Não há nem pode haver uma impugnação do processo eleitoral, como faz a recorrente, mas uma impugnação de certas e determinadas decisões, tomadas pelos órgãos. Ao impugnar in toto o processo eleitoral, o recurso não tem por objecto qualquer decisão e logo fica sem objecto, pois a indicação feita no recurso não é mais do que um vago e genérico levantar de questões sobre que discorda, sendo certo que se tratam de questões que não podem ser conhecidas porque não foram devida e atempadamente impugnadas. + Nestes termos, o Conselho Fiscal e Jurisdicional Nacional do CNE, decide: Declarar a incompetência do CFJN para conhecer da impugnação do processo eleitoral pela MCR; Julgar a Mesa do Conselho Regional parte ilegítima e com falta de interesse em agir para impugnar o processo eleitoral, e; Não conhecer da impugnação por falta de objecto/decisão recorrível; e em consequência absolve da instância a recorrida e determina o arquivamento dos autos; Notifique o Presidente da MCR e da CER; Dê conhecimento ao Presidente do CFJR, e ao Exmo. Chefe Nacional e Junta Central Arquivem os Serviços Centrais uma cópia deste acórdão em pasta própria (impresso e em formato digital) e publique-se no sítio do CFJN na Internet com omissão da identificação dos interessados; DN. + CFJN, 18 /07/2009 José A. Vaz Carreto (vogal Relator)
F. Saul Mouro (vogal) Rita V. Luís (Vice Presidente) F. Calado Lopes (Presidente)