RELATO DE EXPERIÊNCIA: a importância do estágio no Instituto Municipal Nise da Silveira na Formação do estudante de biblioteconomia.

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Transcrição:

XIV Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação - Região Sul - Florianópolis - 28 de abril a 01 de maio de 2012 RELATO DE EXPERIÊNCIA: a importância do estágio no Instituto Municipal Nise da Silveira na Formação do estudante de biblioteconomia. Pablo Mastrangelo Silva de Moraes 1 Nathália Lima Romeiro 2 RESUMO O trabalho apresenta o relato de experiência do estágio de biblioteconomia, evidenciando a função de preservação e conservação de acervos bibliográficos como essencial na formação do estudante de bacharelado e licenciatura em Biblioteconomia. O objetivo é dissertar sobre as práticas de higienização para preservação do acervo da biblioteca do Instituto Municipal Nise da Silveira, localizado no bairro Engenho de Dentro, cidade do Rio de Janeiro - RJ. Dissertaremos sobre as condições do acervo, e a tarefa executada como estagiários desta biblioteca, que tem como principal missão preservar a memória de mais de um século de artigos, livros e periódicos da área médica, mais especificamente a Psiquiatria, bem como demais temas que envolveram a história da loucura no Rio de Janeiro, no Brasil e em diversos países. A metodologia adotada são os procedimentos de higienização descritos no decorrer do trabalho bem como o estudo teórico a cerca da importância da preservação de acervos. Assumimos como resultados a higienização de aproximadamente 30.000 periódicos no período de seis meses como estagiários no Instituto. A experiência neste estágio tornou possível criar uma mentalidade preservadora para que não seja necessário reparos maiores como a conservação e restauração de acervos físicos, aos quais poderemos trabalhar no decorrer de nossas carreiras. Palavras-chave: Preservação. Conservação. Estágio. Acervo. 1 Graduando do segundo período de Biblioteconomia- bacharelado da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e estagiário no Instituto Nise da Silveira. E-maill: Pablo.mastrangelo@hotmail.com 2 Graduando do quarto período de Biblioteconomia- Licenciatura da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e estagiária no Instituto Nise da Silveira. E-mail: ntromeiro@yahoo.com.br

1 INTRODUÇÃO As práticas da preservação e conservação de acervos é uma tarefa tão antiga que antecede a utilização do papel, como suporte da escrita, e o formato em códice para registro do conhecimento. Acredita-se que tais práticas tenham iniciado durante a Idade Média, como nos comprova Caldeira (2006, p.92) Na Idade Média (476-1453), o elemento primordial de identidade cultural, na civilização ocidental, na Europa, foi encarnado pela Igreja Católica, que dominava toda a sociedade européia econômica, social e culturalmente. Desejando a manutenção do poder era interessante para a Igreja transmitir e perpetuar suas regras, inclusive por meio de suas bibliotecas e da longevidade física dos materiais nelas existentes. A partir do século XVII, iniciaram-se pesquisas sobre as causas da degradação das obras de arte na Europa (CALDEIRA, 2006, p.92). Entretanto no Brasil, a preocupação com a preservação é relativamente recente, segundo registros do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), apenas no governo do presidente Getúlio Vargas (por volta de 1937) houve real preocupação com a preservação e conservação de acervos bibliográficos. Desde então, o IPHAN trabalha com um diversificado conjunto de bens culturais voltando suas ações para a identificação, documentação, restauração, conservação, preservação, fiscalização e difusão de bens imóveis (núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais) e bens móveis (acervos museológicos, documentais, arquivísticos, bibliográficos, videográficos, fotográficos e cinematográficos). Em contraposição a isto, [...] acredita-se que a preservação no Brasil ainda não é considerada como uma atividade administrativa, estando ainda voltada para reparos de restauração (NASSIF, 1992 p. 42.). O que pode justificar a ausência de preocupação de algumas instituições em relação ao assunto declarado. Dentre as medidas adequadas para a longevidade de um acervo estão a preservação, a conservação e a restauração. Segundo Sá apud Sarmento (2003, p.2), entende-se por: Preservação é uma consciência, mentalidade, política (individual ou coletiva, particular ou institucional) com o objetivo de proteger e salvaguardar o Patrimônio. Resguardar o bem cultural, prevenindo possíveis malefícios e proporcionando a estes condições adequadas de saúde. Conservação é o conjunto de intervenções diretas, realizadas na própria estrutura física do bem cultural, com a finalidade de tratamento, impedindo, restaurando ou inibindo a ação nefasta ocasionada pela ausência de uma preservação. É composta por tratamentos curativos, mecânicos e/ou químicos, tais como: higienização ou desinfestação de insetos ou microorganismos, seguidos ou não de pequenos reparos. Restauração é um tratamento bem mais complexo e profundo, constituído de intervenções mecânicas e químicas, estruturais e/ou

estéticas, com a finalidade de revitalizar um bem cultural, resgatando seus valores históricos e artísticos. [...] Deve ser feito por especialistas. Muitos bibliotecários e bibliófilos acreditam que a preservação é a prática de maior importância para a sobrevivência de um acervo, se realizada com freqüência adequada, é de grande importância para maior durabilidade física dos livros, compete a tarefa de preservar a higienização que, de acordo com Seripieri & Luccas (1995) é sem duvida a tarefa de maior importância dentro da biblioteca, pois nos permite entrar em contato direto com o acervo. O presente trabalho tem por objetivo dissertar sobre a pratica de higienização para preservação do acervo da biblioteca do Instituto Municipal Nise da Silveira, localizado no bairro Engenho de Dentro, cidade do Rio de Janeiro- RJ. Dissertaremos sobre as condições do acervo, e a tarefa executada como estagiários desta biblioteca, que tem como principal missão preservar a memória de mais de um século de artigos, livros e periódicos da área medica, mais especificamente a Psiquiatria, bem como demais temas que envolveram a história da loucura no Rio de Janeiro, no Brasil e em diversos países. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 O Relato de Experiência O estágio de 20 horas semanais na biblioteca do Instituto Nise da Silveira tem por principais tarefas a higienização de fascículos bem como a revisão de planilhas correspondente aos mesmos. O acervo conta com o total de 60.000 itens entre livros, livretos e periódicos. O processo de higienização atende como procedimento: Pegar o material cuidadosamente na estante, seguindo a sua ordem de disposição; Acomodar o item sobre a mesa higienizadora;

Sala de Higienização Passar o pincel de maciez adequada sobre o corte, o cabeceado, a capa e contracapa - de dentro para fora; A higienização com o pincel, as 15 primeiras e as 15 últimas folhas de cada fascículo; Após a higienização das páginas, é realizada a oxigenação da obra, folheando-a varias vezes, a fim de proporcionar sua aeração. No que se refere à revisão e organização de planilhas, compete à atividade a ordenação por data e número do fascículo em ordem alfabética, para a catalogação dos mesmos no banco de dados, a fim de evitar perdas de material do acervo. 2.2 O Acervo e a Função de Higienizar A biblioteca tem como finalidade ser apenas um acervo de memória, ou seja, sua preocupação principal não é com o atendimento ao usuário e sim para a preservação da memória científica do instituto, já que trata-se de uma instituição de referência no que tange os estudos da Psiquiatria e história da loucura no Estado do rio de Janeiro. O acervo está dividido em sete salas: três para periódicos e quatro para livros e arquivos. No que se refere às condições adequadas de preservação do acervo as salas estão em situação desfavorável: não possuem climatização adequada (18 graus celcius). Durante o dia há grande incidência de luz solar nas estantes.

Estrutura da sala pouca proteção de luz solar e entrada da poluição pelo ar. Não há controle de pragas (muitos fascículos apresentam roeduras de ratos, além de sinais de que pelas obras passaram insetos bibliófagos ), as janelas da biblioteca ficam abertas e com isto, a entrada de poluentes químicos advindos do ar ocorre com maior facilidade nos fascículos, haja vista que próximo a biblioteca há uma rodovia de grande movimento de automóveis. O clima tropical também é um grande contribuinte para a proliferação de fungos no acervo, durante o verão a temperatura pode atingir 40 graus celcius no bairro. E a sala de higienização não apresenta condições adequadas para proteção individual dos higienizadores: Não há capela para todos os estagiários; A máscara utilizada para a higienização é a máscara cirúrgica, que não oferece a devida proteção ao higienizador como a máscara de filtro N95 ou PFF2; A luva utilizada é a de látex, neste caso a mais adequada seria a de algodão. 2.3 Os Fascículos A biblioteca é composta por 60.000 fascículos, contendo obras do final do século XIX aos anos iniciais no século XXI (até 2007). As condições físicas dos livros e periódicos, não apresentam nível satisfatório de preservação tendo em vista que alguns fascículos contem danos estruturais devido ao manuseio errôneo da obra

(pela coifa), e as condições de preservação desfavoráveis da sala já citadas anteriormente. Outro fator agravante para a deteriorização dos fascículos foi a grave infiltração que sofreu o prédio da biblioteca à alguns anos. Diante disto alguns livros apresentam páginas coladas o que dificulta o manuseio para a sua higienização. Estado de conservação de alguns fascículos O Acervo 2.4 Elementos Encontrados nos Livros Tendo contato com os fascículos, encontramos elementos que permitem caracterizar os antigos usuários do acervo. A maioria das obras pertencentes ao acervo foi doada, sendo assim, muitas delas possuem marca de propriedade de um antigo dono, carimbo de outra instituição, ou até mesmo dedicatórias. Também foram encontrados: certidão de nascimento, cartões de felicitações, notas

promissórias e selos. Estas características evidenciam um diferencial artístico de memória, no que refere a estória da formação do acervo. Elementos encontrados nos livros. 3 CONCLUSÃO Entendemos que o estágio no Instituto Municipal Nise da Silveira, nos proporcionou ampliar o conhecimento a respeito da preservação e conservação de acervos bibliográficos, praticando assim os conhecimentos adquiridos no curso de biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) tanto no curso de Bacharelado como o de Licenciatura. Tendo contato com este acervo também despertou-nos o interesse pelo estudo de História do livro remetente as marcas de propriedade identificando cada obra como única, diante de suas características físicas (encadernação, qualidade do papel...) e marcas de propriedade (ex libris, ex donos, dedicatórias e ate documentos encontrados nos livros) o que nos permite estudar a trajetória percorrida pelo fascículo até os dias atuais. Assumimos como resultados a higienização de aproximadamente 30.000 periódicos no período de seis meses como estagiários no Instituto. Ainda que a estrutura do Instituto não forneça condições favoráveis de preservação e conservação para o acervo, é possível criar uma mentalidade preservadora para que não seja necessário reparos maiores como a conservação e restauração de acervos físicos, aos quais poderemos trabalhar no decorrer de nossas carreiras.

REFERÊNCIAS CALDEIRA, C. C. Conservação preventiva: histórico. Rev. CPC [online]. 2006, n.1, pp. 91-102. ISSN 1980-4466. LUCCAS, L.; SERIPIERRI, D. Conservar para não restaurar. Brasília: Thesaurus, 1995. NASSIF, M. E. Subsídios para a formulação de políticas de preservação de acervo de bibliotecas: estudo de caso. 1992. 130f. Dissertação (Mestrado em Biblioteconomia) Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 1992. SARMENTO, A. G. S. Preservar para não restaurar. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PROPRIEDADE INTELECTUAL, INFORMAÇÃO E ÉTICA, 2. 2003, Florianópolis. Anais eletrônico. Florianópolis: Associação Catarinense de Bibliotecários, 2003. Disponível em: <http://www.ciberetica.org.br/trabalhos/anais/1-20-c1-20.pdf.> Acesso em: 02 fev. 2012.