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1 de 29 07/11/2017 16:13 Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 13ª Vara Federal de Curitiba Av. Anita Garibaldi, 888, 2º andar - Bairro: Cabral - CEP: 80540-400 - Fone: (41)3210-1681 - www.jfpr.jus.br - Email: prctb13dir@jfpr.jus.br AÇÃO PENAL Nº 5021365-32.2017.4.04.7000/PR AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉU: PAULO ROBERTO VALENTE GORDILHO RÉU: LUIZ INACIO LULA DA SILVA RÉU: ROGERIO AURELIO PIMENTEL RÉU: ALEXANDRINO DE SALLES RAMOS DE ALENCAR RÉU: JOSE ADELMARIO PINHEIRO FILHO RÉU: CARLOS ARMANDO GUEDES PASCHOAL RÉU: MARCELO BAHIA ODEBRECHT RÉU: EMYR DINIZ COSTA JUNIOR RÉU: ROBERTO TEIXEIRA RÉU: AGENOR FRANKLIN MAGALHAES MEDEIROS RÉU: FERNANDO BITTAR RÉU: JOSE CARLOS COSTA MARQUES BUMLAI RÉU: EMILIO ALVES ODEBRECHT DESPACHO/DECISÃO 1. Recebi a denúncia em 01/08/2017 (evento 7). Apresentaram resposta: 1) Carlos Armando Guedes Paschoal (evento 51); 2) Emilio Alves Odebrecht (evento 81); 3) Emyr Diniz Costa Junior (evento 52); 4) Luiz Inácio Lula da Silva (evento 54); 5) Agenor Franklin Magalhães Medeiros (evento 55); 6) Alexandrino de Salles Ramos de Alencar (evento 57); 7) Fernando Bittar (evento 77);

2 de 29 07/11/2017 16:13 8) José Adelmário Pinheiro Filho (evento 41); 9) José Carlos Costa Marques Bumlai (evento 87); 10) Marcelo Bahia Odebrecht (evento 44); 11) Paulo Roberto Valente Gordilho (evento 49); 12) Roberto Teixeira (evento 92); e 13) Rogério Aurélio Pimentel (evento 78). A Petróleo Brasileiro S/A - Petrobrás formulou pedido de habilitação como interessado (evento 25). Decido. 2. Concedo ao MPF e Defesas o prazo de cinco dias para que se manifestem a respeito do pedido de habilitação formulado pela Petróleo Brasileiro S/A - Petrobrás. 3. Decido sobre as respostas preliminares apresentadas. A presente fase processual não permite cognição profunda sobre fatos e provas, bem como sobre questões de direito envolvidas, sendo impertinente um exame aprofundado. Relativamente à adequação formal da peça inicial e a presença de justa causa, entende este Juízo que foram examinadas quando do recebimento da denúncia (evento 7). Transcrevo, por oportuno, o que consignei naquela ocasião: 2. Tramitam por este Juízo diversos inquéritos, ações penais e processos incidentes relacionados à assim denominada Operação Lavajato. Em grande síntese, na evolução das apurações, foram colhidas provas, em cognição sumária, de um grande esquema criminoso de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da empresa Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras cujo acionista majoritário e controlador é a União Federal. Grandes empreiteiras do Brasil, entre elas a OAS, UTC, Camargo Correa, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Queiroz Galvão, Engevix, SETAL, Galvão Engenharia, Techint, Promon, MPE, Skanska, IESA e GDK teriam formado um cartel, através do qual teriam sistematicamente frustrado as licitações da Petrobras para a contratação de grandes obras. Além disso, as empresas componentes do cartel, pagariam sistematicamente propinas a dirigentes da empresa estatal calculadas em percentual, de um a três por cento em média, sobre os grandes contratos obtidos e seus aditivos. A prática, de tão comum e sistematizada, foi descrita por alguns dos envolvidos como constituindo a "regra do jogo". Na Petrobrás, receberiam propinas dirigentes da Diretoria de Abastecimento,

3 de 29 07/11/2017 16:13 da Diretoria de Engenharia ou Serviços e da Diretoria Internacional, especialmente Paulo Roberto Costa, Renato de Souza Duque, Pedro José Barusco Filho, Nestor Cuñat Cerveró e Jorge Luiz Zelada. Surgiram, porém, elementos probatórios de que o caso transcende a corrupção - e lavagem decorrente - de agentes da Petrobrás, servindo o esquema criminoso para também corromper agentes políticos e financiar, com recursos provenientes do crime, partidos políticos. Aos agentes e partidos políticos cabia dar sustentação à nomeação e à permanência nos cargos da Petrobrás dos referidos Diretores. Para tanto, recebiam remuneração periódica. Nesse quadro amplo, vislumbra o MPF uma grande organização criminosa formada em um núcleo pelos dirigentes das empreiteiras, em outro pelos executivos de alto escalão da Petrobrás, no terceiro pelos profissionais da lavagem e o último pelos agentes políticos que recebiam parte das propinas. A presente ação penal tem por objeto uma fração desses crimes. Em nova grande síntese, alega o Ministério Público Federal que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva teria participado conscientemente do esquema criminoso, inclusive tendo ciência de que os Diretores da Petrobrás utilizavam seus cargos para recebimento de vantagem indevida em favor de agentes políticos e partidos políticos. A partir dessa afirmação, alega o MPF que, como parte de acertos de propinas destinadas a sua agremiação política em contratos da Petrobrás, o Grupo Odebrecht e o Grupo OAS teriam pago vantagem indevida ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva consubstanciada em reformas no Sítio de Atibaia por ele utilizado. Reporta-se a denúncia aos seguintes contratos da Petrobrás nos quais teria havido acertos de corrupção e que teriam também beneficiado o ex-presidente. Do Grupo Odebrecht: a) contratos da Petrobrás com o Consórcio RNEST-CONEST para obras na Refinaria do Nordeste Abreu e Lima/RNEST; b) contrato da Petrobrás com o Consórcio Pipe-Rack para obras no Complexto Petroquímico do Rio de Janeiro/COMPERJ; e c) contrato da Petrobrás com o Consórcio TUC para obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro/COMPERJ. Do Grupo OAS: a) contrato da TAG - Transportadora Associada de Gás, subsidiária da Petrobrás, com a Construtora OAS para construção do Gasoduto Pilar- Ipojuca (Pilar/AL a Ipojuca/PE); b) contrato da Transportadora Urucu Manaus S/A, subsidiária da Petrobrás, com o Consórcio GASAM, integrado pela Construtora OAS, para construção do GLP Duto Urucu-Coari (Urucu/AM a Coari/AM); e c) contrato da Petrobrás com o Consórcio Novo Cenpes para a construção

4 de 29 07/11/2017 16:13 predial para ampliação do CENPES (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello). Estima o MPF o percentual de 1 a 3% de propinas pagas nos aludidos contratos. Parte dos valores de vantagem indevida acertados nos referidos contratos teria sido destinada a agentes da Petrobrás e parte a "caixas gerais de propinas" mantidas entre os grupos empresariais e agentes do Partido dos Trabalhadores. Parte dos valores foram utilizados, segundo a denúncia, em reformas do aludido Sítio de Atibaia. O referido Sítio de Atibaia seria composto por dois imóveis rurais contíguos, "Sítio Santa Bárbara" e "Sítio Santa Denise", no Município e Atibaia/SP. O sítio de matrícula 19.720 (Santa Denise) do Registro de Imóveis de Atibaia foi adquirido, em 29/10/2010, por Jonas Leite Suassuna Filho. O sítio de matrícula 55.422 (Santa Bárbara) do Registro de Imóveis de Atibais foi adquirido, em 29/10/2010, ou seja na mesma data, por Fernando Bittar. Apesar do sítio ter por proprietários as referidas pessoas, foi constatado, segundo a denúncia, ser ele ocupado com frequência pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por sua família. Afirma o MPF que o Sítio de Atibaia seria, de fato, de propriedade do ex-presidente. O Sítio em Atibaia passou a sofrer reformas significativas ainda em 2010, ou seja, durante o mandato presidencial e que prosseguiram até meados de 2014. Cerca de R$ 150.500,00 foram gastos em reformas por José Carlos Costa Marques Bumlai com o auxílio de Rogério Aurélio Pimentel e de Fernando Bittar, e com o conhecimento de Luiz Inácio Lula da Silva. Cerca de R$ 700.000,00 foram gastos em reformas pelo Grupo Odebrecht, com o envolvimento específico de Emílio Alves Odebrecht, Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, dos subordinados Carlos Armando Guedes Paschoal e Emyr Diniz Costa Júnior, com o auxílio de Rogério Aurélio Pimentel, Roberto Teixeira e Fernando Bittar, e com o conhecimento de Luiz Inácio Lula da Silva Cerca de R$ 170.000,00 foram gastos em reformas pelo Grupo OAS, com o envolvimento específico de José Adelmário Pinheiro Filho e do subordinado Paulo Roberto Valente Gordilho, com o auxílio de Fernando Bittar, e com o conhecimento de Luiz Inácio Lula da Silva. Individualiza ainda o MPF as responsabilidades. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, seria o benefíciários das reformas havidas no Sítio de Atibaia e o responsável pelo esquema de corrupção instaurado na Petrobrás. Marcelo Bahia Odebrecht, Presidente do Grupo Odebrecht, seria o responsável pela decisão de pagamento de vantagem indevida na forma de uma conta geral de propinas a agentes do Partido dos Trabalhadores, inclusive ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

5 de 29 07/11/2017 16:13 Emílio Alves Odebrecht, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Odebrecht, manteria relacionamento pessoal com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e teria participado diretamente da decisão dos pagamentos das reformas do Sítio de Atibaia, com ocultação de que o custeio seria da Odebrecht. Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, executivo do Grupo Odebrecht, seria o o principal interlocutor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o Grupo Odebrecht e teria participado diretamente da decisão dos pagamento das reformas do Sítio de Atibaia, com ocultação de que o custeio seria da Odebrecht. Carlos Armando Guedes Paschoal, Diretor da Construtora Norberto Odebrecht em São Paulos, estaria envolvido na reforma do Sítio de Atibaia com mecanismos de ocultação de que o beneficiário seria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de que o custeior era da Odebrecht. Emyr Diniz Costa Júnior, Diretor de contratos da Construtora Norberto Odebrecht, supervisionou a obra de reforma do Sítio de Atibaia com ocultação do real beneficiário e de que o custeio seria proveniente da Odebrecht. José Adelmário Pinheiro Filho, vulgo Léo Pinheiro, Presidente do Grupo OAS, foi o responsável pela decisão de pagamento de vantagem indevida ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na forma de custeio de reformas no Sítio de Atibaia. Agenor Franklin Magalhães Medeiros, executivo do Grupo OAS, participou dos acertos de corrupção nos contratos da Petrobrás, tendo ciência de que parte da propina era direcionada a agentes políticos do Partido dos Trabalhadores. Paulo Roberto Valente Gordilho, Diretor Técnico da OAS, encarregou-se da reforma do Sítio em Atibaia, com ocultação do real beneficiário e da origem do custeio. José Carlos Costa Marques Bumlai teria participado de crime de corrupção no âmbito da Petrobrás, pelo qual já foi condenado na ação penal 5061578-51.2015.4.04.7000, e seria amigo próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Teria sido o responsável pela realização de reformas no Sítio de Atibaia de cerca de R$ 150.000,00, ciente de que o ex-presidente seria o real beneficiário. Para ocultar a sua participação e o benefício ao então Presidente os fornecedores contratados foram pagos por terceiros e foram utilizados terceiros para para figurar nas notas fiscais. Fernando Bittar, um dos formais proprietários do Sítio de Atibaia, participou das reformas, ocultando que o real beneficiário seria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que o custeio provinha de José Carlos Costa Marques Bumlai, do Grupo Odebrecht e do Grupo OAS. Roberto Teixeira, advogado e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teria participado da reforma do sítio, ocultado documentos que demonstravam a ligação da Odebrecht com a reforma e orientado engenheiro da Odebrecht a celebrar contrato fraudulento com Fernando Bittar para ocultar o envolvimento da Odebrecht no custeio e que o ex-presidente era o beneficiário. Rogério Aurélio Pimentel, auxiliar de confiança do ex-presidente Luiz Inácio

6 de 29 07/11/2017 16:13 Lula da Silva, participou das reformas do Sítio em Atibaia e teria participado da ocultação da custeio por José Carlos Costa Marques Bumlai e pelo Grupo Odebrecht das reformas, assim como do real beneficiário. Imputa a denúncia aos acusados os crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro. É a síntese da denúncia. 3. Nessa fase processual, não cabe exame aprofundado das provas, algo só viável após a instrução e especialmente o exercício do direito de defesa. Basta, nessa fase, analisar se a denúncia tem justa causa, ou seja, se ampara-se em substrato probatório razoável. Juízo de admissibilidade da denúncia não significa juízo conclusivo quanto à presença da responsabilidade criminal. Tais ressalvas são oportunas pois não ignora o julgador que, entre os acusados, encontra-se ex-presidente da República, com o que a propositura da denúncia e o seu recebimento podem dar azo a celeumas de toda a espécie. Tais celeumas, porém, ocorrem fora do processo. Dentro, o que se espera é observância estrita do devido processo legal, independentemente do cargo outrora ocupado pelo acusado. É durante o trâmite da ação penal que o ex-presidente poderá exercer livremente a sua defesa, assim como será durante ele que caberá à Acusação produzir a prova acima de qualquer dúvida razoável de suas alegações caso pretenda a condenação. O processo é, portanto, uma oportunidade para ambas as partes. Examina-se, portanto, se presente ou não justa causa. Já há prova razoável de que a integridade da gestão da Petrobrás foi contaminada por um esquema sistemático de pagamento de propinas e de lavagem de dinheiro. A esse respeito, podem ser citadas as sentenças já prolatadas nas ações penais 5083258-29.2014.4.04.7000, 5083376-05.2014.4.04.7000, 5083838-59.2014.4.04.7000, 5012331-04.2015.4.04.7000, 5083401-18.2014.4.04.7000, 5083360-51.2014.404.7000, 5083351-89.2014.404.7000, 5036528-23.2015.4.04.7000, 5061578-51.2015.4.04.7000, nas quais restou comprovado o pagamento de milhões de reais e de dólares em propinas por dirigentes das empreiteiras Camargo Correa, OAS, Mendes Júnior, Setal Óleo e Gás, Galvão Engenharia, Engevix Engenharia, Odebrecht e Schahin Engenharia a agentes da Diretoria de Abastecimento, da Diretoria de Engenharia e da Diretoria Internacional da Petrobrás. Quatro ex-diretores da Petrobrás já foram condenados criminalmente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, todos com contas secretas no exterior pelas quais transitaram milhões de dólares ou euros. Três desses ex-diretores são confessos e descreveram o esquema criminoso em linhas gerais. Pelo menos dois deles fazem referência expressa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como tendo ciência do esquema criminoso.

7 de 29 07/11/2017 16:13 Em alguns poucos casos, relativamente a agentes políticos sem mandato ou cargo e, portanto, sem foro por prerrogativa de função, responderam eles a ações penais perante este Juízo, tendo sido condenados. É o caso, por exemplo, de José Dirceu de Oliveira e Silva (ação penal 5045241-84.2015.4.04.7000), João Luiz Correia Argolo dos Santos (ação penal 5023162-14.2015.4.04.7000), Pedro da Silva Correa da Oliveira Andrade Neto (ação penal 5023135-31.2015.4.04.7000), Eduardo Cosentino da Cunha (ação penal 5051606-23.2016.4.04.7000), Sergio de Oliveira Cabral Santos Filho (ação penal 5063271-36.2016.4.04.7000) e Antônio Palocci Filho (ação penal 5054932-88.2016.4.04.7000). Duas sentenças já prolatadas merecem especial referência. Provado na ação penal 5036528-23.2015.4.04.7000, acima de qualquer dúvida razoável, que empresas do Grupo Odebrecht teriam pago propinas de pelo menos R$ 108.809.565,00 e USD 35 milhões em propina às Diretorias de Abastecimento e de Engenharia e Serviços da Petrobrás, como reconhecido na sentença. Também provada a responsabilidade pessoal de Marcelo Bahia Odebrecht, Presidente do Grupo Odebrecht, e de Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, executivo do Grupo Odebrecht, que foram condenados por crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Provado na ação penal 5083376-05.2014.4.04.7000, acima de qualquer dúvida razoável, que a Construtora OAS teria pago propinas de cerca de R$ 29.223.961,00 à Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, como reconhecido na sentença. Também provada a responsabilidade pessoal de José Adelmário Pinheiro Filho, Presidente do Grupo OAS, e de Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Diretor da Construtora OAS, que foram condenados por crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Considerando apenas os casos já julgados, forçoso reconhecer a presença de prova razoável não só da existência do esquema criminoso de cobrança sistemática de propinas, mas em linhas gerais de que ele servia não só aos agentes da Petrobrás, mas também a agentes e a partidos políticos, bem como que o Grupo Odebrecht e o Grupo OAS encontram-se entre os responsáveis pelo pagamento de vantagem indevida nos contratos da Petrobrás. Questão diferenciada diz respeito ao envolvimento consciente ou não do ex-presidente no esquema criminoso e se acertos de corrupção em contratos da Petrobrás geraram ou não benefícios materiais diretos ao ex-presidente. Na primeira parte da denúncia, argumenta o MPF que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha conhecimento e participação direta no esquema criminoso. Descreve os arranjos partidários realizados durante o mandato presidencial, aponta os fatos similares apurados na Ação Penal 470 e destaca a magnitude do presente esquema criminoso, a responsabilidade do ex-presidente na indicação dos diretores da Petrobrás, a proximidade do ex-presidente com alguns dos dirigentes das empreiteiras envolvidas, bem como os benefícios advindos ao ex-presidente em decorrência do esquema criminoso, especificamente o suporte político obtido através dele e o financiamento ilegal da agremiação partidária da qual fazia parte, bem como das eleições nas quais

8 de 29 07/11/2017 16:13 concorreu. Cita ainda o MPF os depoimentos de criminosos colaboradores, especificamente dos ex-parlamentares federais Pedro da Silva Correa de Oliveira Andrade Neto e Delício Gomez do Amaral, no sentido de que o ex-presidente tinha conhecimento e participação dolosa no esquema criminoso. Também faz referência aos depoimentos de Marcelo Bahia Odebrecht e de José Adelmário Pinheiro Filho, Presidentes do Grupo Odebrecht e do Grupo OAS, respectivamente e que confessaram o pagamento de vantagem indevidas a agentes políticos e a existência, no âmbito de cada empresa, de uma espécie de conta corrente geral de propinas em favor de agentes do Partido dos Trabalhadores e que pagamentos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram debitados dessas contas. Certamente, tais elementos probatórios são questionáveis, mas, nessa fase preliminar, não se exige conclusão quanto à presença da responsabilidade criminal, mas apenas justa causa. Na segunda parte da denúncia, reporta-se o MPF especificamente à relação do ex-presidente da República com o Sítio em Atibaia e com as reformas nele realizadas. Foram, em cognição sumária, juntados elementos probatórios expressivos desta relação, ilustrativamente: - a proximidade dos formais proprietários com Luiz Inácio Lula da Silva e seus familiares; - a informação de que veículos de utilização do ex-presidente teriam comparecido cerca de 270 vezes no Sítio de Atibaia entre 2011 a 2016 e que agentes de segurança pessoal dele também lá estiveram em mais de uma centena de oportunidades; - a colocação de câmaras de segurança no Sítio de Atibaia por ação dos agentes de segurança pessoal do ex-presidente; - as mensagens eletrônicas trocadas entre o caseiro da propriedade rural e o Instituto Lula, inclusive acerca de obras e eventos corriqueiros no sítio; - a localização, na busca e apreensão autorizada judicialmente, de diversos bens pessoais de Luiz Inácio Lula da Silva e de seus familiares, inclusive vestuários com o nome do ex-presidente, na suíte do Sitio; - a apreensão de notas fiscais emitidas contra a esposa do ex-presidente relativamente a bens encontrados no Sítio; - a apreensão de notas fiscais emitidas contra auxiliares do ex-presidente e empregados da Odebrecht no apartamento dele em São Bernardo relativamente a bens encontrados no Sítio de Atibaia; - mensagens eletrônicas relativas à reforma do Sítio de Atibaia encaminhadas a auxiliares do ex-presidente; e - a apreensão no apartamento em São Bernardo do ex-presidente de minuta de escritura de compra e venda do imóvel de matrícula 55.422, ou seja, parte do

9 de 29 07/11/2017 16:13 Sítio de Atibaia, de Fernando Bittar para o ex-presidente. Por outro lado, foram também colacionados elementos probatórios que, em cognição sumária, revelam que José Carlos Costa Marques Bumlai, o Grupo OAS e o Grupo Odebrecht realizaram reformas no Sítio em Atibaia em benefício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva arcando com os custos correspondentes e utilizando mecanismos para ocultação de sua participação e do real benefíciário. Ilustrativamente: - depoimentos nesse sentido de Emílio Alves Odebrecht (evento 2, anexo351), Alexandrino Salles de Alencar (evento 2, anexo339), Emyr Diniz Costa Júnior (evento 2, anexo281), e José Adelmário Pinheiro Filho (evento 2, anexo 354); - notas fiscais relativas a serviços, obras e materiais de construção para as reformas no Sítio em Atibaia emitidas contra a OAS, emitidas contra empregados do Grupo Odebrecht e emitidas contra pessoas contratadas por José Carlos Costa Marques Bumlai; - mensagens eletrônicas entre os denunciados e entre estes e pessoas encarregadas dos serviços e obras no Sítio de Atibaia; - notas fiscais apreendidas no apartamento do ex-presidente em São Bernardo do Campo de bem utilizado no sítio e emitidas contra engenheiro da Odebrecht e contra arquiteto contratado por José Carlos Costa Marques Bumlai; - notas fiscais emitidas em nome de Fernando Bittar para aquisição de cozinha no Sítio em Atibaia, mas com pagamento suportado pela OAS. Observa-se que, pelos relatos e pelos documentos, as reformas no Sítio efetuadas por José Carlos Costa Marques Bumlai e pela Odebrecht começaram antes do final do mandato presidencial. Segundo o depoimento de Emílio Alves Odebrecht e de Alexandrino Salles de Alencar, o compromisso de realização das reformas em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi assumido enquanto ele ainda era Presidente da República. Já, segundo relato de José Adelmário Pinheiro Filho, os custos das reformas do Sítio de Atibaia foram abatidos de conta geral de propinas que tinha entre outras causas os contratos da OAS com a Petrobrás, estes celebrados ao tempo em que Luiz Inácio Lula da Silva exercia o mandato presidencial. Por outro lado, não há qualque registro de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha pago qualquer valor por essas reformas realizadas no Sítio de Atibaia. Os elementos probatórios juntados pelo MPF e também colacionados pela Polícia Federal permitem, em cognição sumária, conclusão de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comportava-se como proprietário do Sítio de Atibaia e que pessoas e empresas envolvidas em acertos de corrupção em contratos da Petrobrás, como José Carlos Cosa Marques Bumlai, o Grupo Odebrecht e o Grupo OAS, custearam reformas na referida propriedade, tendo por propósito beneficiar o ex-presidente. Doutro lado, até o momento, não se ouviu, em princípio, uma explicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do motivo de José Carlos Cosa Marques Bumlai, do Grupo Odebrecht e do Grupo OAS, terem custeado reformas de cerca de R$ 1.020.500,00 no Sítio de Atibaia, este de sua frequente utilização, e que se iniciaram ainda durante o mandato presidencial.

10 de 29 07/11/2017 16:13 Rigorosamente, quando ouvido na fase de investigações, após a condução coercitiva, afirmou, em princípio, desconhecer as reformas ("essa pergunta tem que ser feita aos proprietários), o que, em princípio, não parece convergir com as provas. Evidentemente, trata-se apenas de elementos probatórios aqui elencados em exame sumário, diante da necessidade de verificar se há justa causa na imputação contra o ex-presidente e demais acusados. Há, portanto, justa causa para o recebimento da denúncia. Evidentemente, não se trata de conclusão quanto às provas, pois elas estão sujeitas a críticas e ao contraditório e, por exemplo, se o ex-presidente da República arcou com as despesas da reforma terá facilidade para produzir a prova documental pertinente durante o curso da ação penal, uma vez que, usualmente, transações da espécie são feitas mediante registros documentais e transferências bancárias. Duas considerações adicionais. Mesmo nessa fase de cognição sumária, cabe destacar dúvidas relevantes sobre o dolo de lavagem em relação aos acusados, especialmente em relação aqueles de atuação subordinada, ilutrativamente Carlos Armando Guedes Paschoal, Emyr Diniz Costa Júnior, Rogério Aurélio Pimentel e Paulo Roberto Valente Gordilho, sendo de se lembrar que recentemente este Juízo absolveu o último por falta de prova de dolo na ação penal conexa 5046512-94.2016.4.04.7000. Não obstante, nessa fase processual, na qual a prova não precisa ser cabal, o correto é receber a denúncia, sem prejuízo de, se for o caso, absolver após a instrução.assim e como é óbvio, o recebimento da denúncia não significa juízo de culpa. Segundo, relativamente à imputação contra Roberto Teixeira, há indícios de que participou, conscientemente, de fraudes para ocultar quem custeava as reformas do Sítio de Atibaia e quem era o real beneficiário. Não ignora este Juízo a necessidade de se proteger juridicamente a relação entre cliente e advogado, mas não há imunidade desta relação, conforme jurisprudência consolidada nos tribunais pátrios, bem como como assim se procede no Direito Comparado, quando o próprio advogado se envolve em ilícitos criminais, ainda que a título de assessoramento de seu cliente, havendo fundada suspeita no presente caso em relação às condutas de Roberto Teixeira. Nos Estados Unidos, por exemplo, a proteção jurídica da relação cliente/advogado, o assim denominado "attorney/client privilege" fica sujeito a, assim denominada, "crime-fraud exception": "Nós devemos sempre ter em mente que o propósito da exceção crime-fraude é a de assegurar que o 'selo' do segredo entre advogado e cliente não se estende à comunicação do advogado para o cliente e feita pelo advogado com o propósito de dar conselho para o cometimento de uma fraude ou de um crime. O selo é quebrado quando a comunicação do advogado é dirigida a facilitar malfeitorias pelo cliente." (Haines v. Ligget Group, Inc. 975 F.2d 81, 90-3.º Circuito Federal, 1992) Além disso, a proteção jurídica restringe-se à relação entre advogado e cliente que seja pertinente à assistência jurídica lícita, não abrangendo a prática de atividades criminosas. Nessa última hipótese, o advogado não age como tal, ou

11 de 29 07/11/2017 16:13 seja, não age em defesa de seu cliente ou para prestar-lhe assistência jurídica, mas sim como associado ao crime. Em feliz síntese, a proteção jurídica aplica-se somente: "(1) o titular do direito é ou deve tornar-se um cliente; (2) a pessoa para quem a comunicação foi feita (a) é inscrito na Ordem ou é seu subordinado e (b) em conexão com a comunicação está agindo como advogado; (3) a comunicação está relacionada a um fato do qual o advogado foi informado (a) por seu cliente (b) sem a presença de estranhos (c) para o propósito de obter primeiramente (i) um opinião legal ou (ii) serviços jurídicos ou (iii) assistência em processos legais, e não (d) para o propósito e cometer um crime ou um ilícito; e (4) o direito foi (a) invocado e (b) não renunciado pelo cliente." (SULLIVAN, Julie R. Federal White Collar Crime: Cases and Materials. West Group, 2001, p. 863-864.) Esse entendimento está conforme a jurisprudência reiterada do Egrégio Supremo Tribunal Federal. A esse respeito, cite-se como exemplo o decidido pelo Plenário desta Egrégia Suprema Corte no Inquérito 2424/RJ, Plenário, 26/11/2008, Relator, o eminente Ministro Cezar Peluzo, admitindo a validade de investigações contra advogado que assessora cliente na prática de crimes, o que significa, em outras palavras, a ausência de qualquer imunidade no contexto: "(...) 8. PROVA. Criminal. Escuta ambiental e exploração de local. Captação de sinais óticos e acústicos. Escritório de advocacia. Ingresso da autoridade policial, no período noturno, para instalação de equipamento. Medidas autorizadas por decisão judicial. Invasão de domicílio. Não caracterização. Suspeita grave da prática de crime por advogado, no escritório, sob pretexto de exercício da profissão. Situação não acobertada pela inviolabilidade constitucional. Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF, art. 150, 4º, III, do CP, e art. 7º, II, da Lei nº 8.906/94. Preliminar rejeitada. Votos vencidos. Não opera a inviolabilidade do escritório de advocacia, quando o próprio advogado seja suspeito da prática de crime, sobretudo concebido e consumado no âmbito desse local de trabalho, sob pretexto de exercício da profissão. (...)" Então, a condição de advogado de Roberto Teixeira não o imuniza contra a imputação. Relativamente à adequação formal, reputo razoável a iniciativa do MPF de promover o oferecimento separado de denúncias a cada grupo de fatos no esquema criminoso que vitimou a Petrobrás. Apesar da existência de um contexto geral de fatos, a formulação de uma única denúncia, com dezenas de fatos delitivos e acusados, dificultaria a tramitação e julgamento, violando o direito da sociedade e dos acusados à razoável duração do processo. Apesar da separação da persecução, oportuna para evitar o agigantamento da ação penal com dezenas de crimes e acusados, remanesce o Juízo como competente para todos, nos termos dos arts. 80 e 82 do CPP. Quanto à realização da imputação mesmo contra quem celebrou acordo de

12 de 29 07/11/2017 16:13 colaboração, observa-se que este, como regra, não impede a denúncia, sem prejuízo da avaliação, no caso de condenação, dos benefícios cabíveis na sentença. Ainda sobre questões de validade, cabe jutificar, provisoriamente, a competência da Justiça Federal e a territorial deste Juízo. Em primeiro lugar, trata-se de imputação de crime de corrupção no qual as vantagens indevidas teriam sido pagas a ex-presidente da República em decorrência de seu cargo, o que determina a competência da Justiça Federal após o fim do mandato. Em segundo plano, a denúncia insere-se no contexto do esquema criminoso que vitimou a Petrobrás, relacionando o MPF as supostas vantagens concedidas ao ex-presidente a acertos de propinas em contratos da Petrobrás com o Grupo Odebrecht e com o Grupo OAS, e para o qual [o esquema criminoso] houve prevenção deste Juízo, já que o primeiro crime investigado nesse aspecto envolvia operação de lavagem consumada em Londrina/PR. Considerando os termos da denúncia, é evidente a conexão com os demais processos envolvendo o esquema criminoso que vitimou a Petrobrás e em especial com as ações penais acima citadas, 5036528-23.2015.4.04.7000 e 5083376-05.2014.4.04.7000, além da conexão com ações penais pendentes contra dirigentes da Odebrecht e da OAS sobre acertos de corrupção em contratos da Petrobrás, como a 5063130-17.2016.4.04.7000. Não há como, sem dispersar as provas e dificultar a compreensão dos fatos, espalhar processos envolvendo esse mesmo esquema criminoso perante Juízos diversos no território nacional, considerando a conexão e continência entre os diversos fatos delitivos. Nesse aspecto, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar habeas corpus impetrado em relação à ação penal conexa, já reconheceu a conexão/continência entre os processos da assim denominada Operação Lavajato (HC 302.604/PR - Rel. Min. Newton Trisotto - 5.ª Turma do STJ - un. - 25/11/2014). De todo modo, eventuais questionamentos da competência deste Juízo poderão ser, querendo, veiculados pelas partes através do veículo próprio no processo penal, a exceção de incompetência, quando, então, serão, após oitiva do MPF, decididos segundo o devido processo. Questões mais complexas a respeito do enquadramento jurídico dos fatos, com a configuração ou não, por exemplo, de crime de corrupção e de lavagem de dinheiro, acerca de possível confusão entre corrupção e lavagem de dinheiro ou a quantidade dos crimes de corrupção e de lavagem, o que depende de profunda avaliação e valoração das provas, devem ser deixados ao julgamento, após a instrução e o devido processo. 4. Presentes indícios suficientes de autoria e materialidade, recebo a denúncia contra os acusados acima nominados". É o quanto basta nessa fase. manifesta. Nesta fase cabe absolvição sumária apenas diante de causa

13 de 29 07/11/2017 16:13 Apesar da relevância de parte das alegações das Defesas, forçoso reconhecer que não há descrição de situações que justificam absolvição sumária, sendo necessário para todas elas a prévia instrução probatória A resposta preliminar não serve para esgotar toda a matéria da defesa (para tanto, há alegações finais) e nem para forçar a apreciação prematura pelo Juízo do mérito. Aprecio pontualmente o conteúdo das respostas preliminares. 1) José Adelmário Pinheiro Filho (evento 41). Paulo/SP. Protestou pela oitiva de uma testemunha, residente em São Requereu, posteriormente, acesso ao processo 5005978-11.2016.4.04.7000 (evento 80). O acesso já foi garantido nos termos do despacho do evento 61. 2) Marcelo Bahia Odebrecht (evento 44). Alega haver firmado acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República e que foi homologado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal. Requereu a juntada dos termos de colaboração nºs 13 e 40, que alega serem pertinentes aos fatos objeto desta ação penal. Deverá o MPF promover a juntada aos autos dos termos de colaboração de nºs 13 e 40 de Marcelo Bahia Odebrecht ou esclarecer eventual impossibilidade. Prazo: 5 dias. Protestou pela oitiva de quinze testemunhas, residentes em São Paulo/SP, Salvador/BA e Brasília/DF. Observo que parte dessas testemunhas já foi ouvida na ação penal 5063130-17.2016.4.04.7000. Esclareça a Defesa acerca da possibilidade de utilização de prova emprestada. Prazo de cinco dias. 3) Paulo Roberto Valente Gordilho (evento 49). Aduz que a denúncia é inepta ou que lhe falta justa causa, o que já foi acima afastado. Alega cerceamento de defesa por não ter sido concedido prazo dilatado para que a defesa apresentasse resposta à acusação, reputado imprescindível em virtude da complexidade e extensão da peça acusatória. Ocorre que a Defesa sequer peticionou a este Juízo requerendo mais prazo para apresentar sua resposta, que foi efetivamente apresentada no

14 de 29 07/11/2017 16:13 prazo legal, o que faz presumir que o interregno foi suficiente. Ainda que assim não fosse, cabe salientar que a finalidade da resposta não é esgotar todas as matérias de defesa, o que somente é possível após a instrução, por ocasião das alegações finais. A resposta tem por objeto principal veicular os requerimentos probatórios da Defesa e, excepcionalmente, invocar hipóteses ensejadoras de absolvição sumária, vale dizer, atipicidade da conduta, manifestas causas excludentes de ilicitude ou de culpabilidade, salvo inimputabilidade, e de extinção da punibilidade do agente, nos termos do artigo 397 do CPP. Além disso, a alegação da Defesa de que o pleito de prazo adicional estaria em consonância com o entendimento do STF, v.g., no Inquérito 4112 AgR não corresponde à realidade. O Supremo Tribunal Federal, no Inquérito 4112 AgR, colmatou lacuna da Lei nº 8.038/1990, que trata das regras dos processos de ações penais originárias, e não propriamente do Código de Processo Penal, e ainda relativamente ao prazo para resposta preliminar antes do recebimento da denúncia, o que também não é o caso aqui. Tratando especificamente do Código de Processo Penal, é de se questionar a aplicação analógica do artigo 229 do novo CPC (artigo 191 do antigo CPC) ao processo penal, uma vez que o código contém regras expressas quanto ao prazo, mesmo quando há duplicidade de partes. Ainda que fosse aplicável, por analogia, o referido dispositivo do NCPC, a Defesa ainda assim não teria direito ao prazo em dobro, eis que o parágrafo 2º do artigo 229 do NCPC expressamente dispõe que "Não se aplica o disposto no caput [prazo em dobro] aos processos em autos eletrônicos." Assim, os dez dias contados da citação pessoal são - e foram concretamente - mais do que suficientes para apresentar uma resposta, não havendo que se falar em cerceamento de defesa. Protestou pela oitiva de doze testemunhas, residentes em Salvador/BA, Porto Alegre/RS, São Paulo/SP e Rio de Janeiro/RJ. Observo que parte dessas testemunhas já foi ouvida na ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000. Esclareça a Defesa acerca da possibilidade de utilização de prova emprestada. Prazo de cinco dias. 4) Carlos Armando Guedes Paschoal (evento 51). Alega haver firmado acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República e que foi homologado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal. Aduz que a denúncia é inepta ou que lhe falta justa causa, o que já

15 de 29 07/11/2017 16:13 foi acima afastado. Relativamente à alegada ausência do dolo na conduta de lavagem de dinheiro imputada ao acusado, cumpre destacar que se trata de questão já referenciada por este Juízo na decisão que recebeu a denúncia, acima transcrita, em que consignei que, apesar de haver dúvida, resolve-se, nessa fase, em favor da sociedade, somente podendo ser decidida a questão ao final, após regular instrução, na fase decisória. Quanto à alegação de atipicidade objetiva do crime de lavagem de dinheiro por "ação neutra", é questão que igualmente só pode ser decidida ao final, na fase de julgamento. Alega, ainda, prescrição da pretensão punitiva retroativa virtual, pois entre os fatos (outubro de 2010 a junho de 2011) e o recebimento da denúncia (agosto de 2017), teriam decorrido mais de seis anos, possuindo o acusado 70 anos, e, portanto, direito à contagem do prazo prescricional pela metade. Não há que se falar em prescrição da pretensão punitiva retroativa entre a data dos fatos e o recebimento da denúncia desde a alteração promovida pela Lei 12.234, de 05 de maio de 2010, no artigo 110, 1º, do Código Penal. Não acolho, assim, a alegação de que teria havido prescrição da pretensão punitiva retroativa no caso. Não arrolou testemunhas. 5) Emyr Diniz da Costa Junior (evento 52). Alega haver firmado acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República e que foi homologado pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal. Relativamente à alegada ausência do dolo na conduta de lavagem de dinheiro imputada ao acusado, cumpre destacar que se trata de questão já referenciada por este Juízo na decisão que recebeu a denúncia, acima transcrita, em que consignei que, apesar de haver dúvida, resolve-se, nessa fase, em favor da sociedade, somente podendo ser decidida a questão ao final, após regular instrução, na fase decisória. Refuta, ainda, que tenham sido praticados dezoito crimes de lavagem de dinheiro, reputando única a conduta criminosa, e igualmente questiona a incidência da figura majorada, prevista no 4º, artigo 1º, da Lei 9613/1998. Novamente, trata-se de questões que somente podem ser analisadas na fase de julgamento. Não arrolou testemunhas.

16 de 29 07/11/2017 16:13 6) Luiz Inácio Lula da Silva (evento 54). Em longa petição, de setenta e cinco páginas, levanta a Defesa diversas questões. 6.1. Quanto à alegação de inépcia e falta de justa causa, já foram superadas pela decisão de recebimento da denúncia, acima transcrita. A denúncia é no fundo singela, afirmando, em apertada síntese, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi beneficiado materialmente por reformas e benfeitorias no Sítio de Atibaia e relacionando tais benefícios materiais a acertos de corrupção em contratos da Petrobrás com José Carlos Costa Marques Bumlai, a OAS e a Odebrecht. Apesar da extensão da resposta, faltou, em princípio, melhor esclarecimento pela Defesa da eventual relação de Luiz Inácio Lula da Silva com as aludidas reformas e benfeitorias ou o esclarecimento acerca da causa delas. 6.2. Alega que a ação penal seja sobrestada até a finalização das investigações referentes à compra e venda dos lotes do Sítio Santa Denise e Santa Bárbara. A denúncia vincula, como adiantado, as reformas e benfeitorias havidas no Sítio em Atibaia com acertos de corrupção em contratos da Petrobrás com a OAS e a Odebrecht. Para resolução do caso, não é absolutamente necessário determinar se Luiz Inácio Lula da Silva era o real proprietário do Sítio em Atibaia, bastando esclarecer se ele era ou não o real beneficiário das reformas. Então não cabe a suspensão pretendida. Rigorosamente, a pretensão da Defesa de suspensão desta ação penal pelo motivo apontado não encontra qualquer previsão legal, razão pela qual deve ser indeferida. O art. 93 do CPP citado pela Defesa diz respeito a questão prejudicial no Juízo cível, sem relação com a pretensão da Defesa. 6.3. Alega que a a ação penal deve ser sobrestada pois a pertinência do acusado Luiz Inácio Lula da Silva no grupo criminoso organizado do esquema que vitimou a Petrobrás seria objeto do Inquérito 4.325 em trâmite perante o Supremo Tribunal Federal. Observo que, supervenientemente à resposta, a Procuradoria Geral da República ofereceu denúncia, por pertinência à organização criminosa, contra Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito do Inquérito 4.325. Embora tramite o referido inquérito perante o Supremo Tribunal Federal, tendo por objeto suposta organização criminosa responsável pelo esquema criminoso que vitimou a Petrobrás, a presente ação penal tem por objeto crimes diferenciados, crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro

17 de 29 07/11/2017 16:13 específicos. Não há identidade de objetos, nem há necessidade de sobrestamento da presente ação penal para que se aguarde o trâmite de inquérito no Supremo Tribunal Federal. Rigorosamente, a pretensão da Defesa de suspensão desta ação penal pelo motivo apontado não encontra qualquer previsão legal, razão pela qual deve ser indeferida. O art. 93 do CPP citado pela Defesa diz respeito a questão prejudicial no Juízo cível, sem relação com a pretensão da Defesa. Portanto, indefiro o pedido de suspensão da ação penal. Examino os requerimentos probatórios. 6.4. Reclama a Defesa acesso ao sistema de contabilidade paralela do Grupo Odebrecht já que o MPF afirmaria que os valores utilizados na reforma e nas benfeitorias do Sítio em Atibaia seriam deles provenientes. Relativamente ao ponto, deverá o MPF esclarecer, previamente, há documentos ou lançamentos no sistema de contabilidade paralela do Grupo Odebrecht que dizem respeito às reformas ou benfeitorias no Sítio em Atibaia, se positivo, produzindo a documentação. Prazo de cinco dias. 6.5. Reclama acesso ao processo 5009065-72.2016.4.04.7000. Trata-se de processo no qual houve a homologação do acordo de colaboração de Maria Lúcia Guimarães Tavares. Observo que tal pessoa trabalhava, como secretária, no Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht. Não foi arrolada como testemunha na denúncia e também não pela Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva. Não há direito ao acesso ao próprio processo de colaboração, visto que necessário o resguardo até mesmo para proteção do colaborador. De todo modo, defiro o traslado para estes autos de cópia do acordo e da decisão de homologação e dos principais depoimentos da colaboradora. Promova a Secretaria o traslado para estes autos dos arquivos termcompr2, termotranscdep3 e termotranscdep4 do evento 1 e do arquivo termoaud1 do evento 16 do processo 5009065-72.2016.4.04.7000, o que já é, em princípio, suficiente para ampla defesa. Pretendendo algum elemento adicional, deve a Defesa esclarecer em cinco dias. 6.6. Pleiteia o acesso ao processo 5003682-16.2016.404.7000. Tal processo não está submetido a sigilo. Certifique a Secretaria se a Defesa já não tem acesso ao referido processo. Caso negativo, promova o

18 de 29 07/11/2017 16:13 necessário. 6.7. Pleiteia o acesso ao processo 5005978-11.2016.404.7000. O acesso a este processo já foi franqueado à Defesa no âmbito da ação penal conexa 5046512-94.2016.404.7000. De todo modo, promova a Secretaria o cadastramento da Defesa para acesso direto aquele feito. 6.8. Pleiteia o acesso ao processo 5061501-42.2015.404.7000. Trata-se de processo no qual houve a homologação do acordo de colaboração de Ricardo Pernambuco Júnior da Carioca Engenharia. Não foi arrolada como testemunha na denúncia e também não pela Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva. Não há direito ao acesso ao próprio processo de colaboração, visto que necessário o resguardo até mesmo para proteção do colaborador. De todo modo, defiro o traslado para estes autos de cópia do acordo e da decisão de homologação e dos principais depoimentos do colaborador. Promova a Secretaria o traslado para estes autos dos arquivos decsstjstf3, termo4 e termo6 do evento 1 e do arquivo out2 do evento 20 do processo 5061501-42.2015.404.7000, o que já é, em princípio, suficiente para ampla defesa. Pretendendo algum elemento adicional, deve a Defesa esclarecer em cinco dias. 6.9. Pleiteia o acesso ao processo 5003562-36.2017.404.7000. Defiro. Baixe a Secretaria o sigilo do referido processo para nível 1 e vincule-se o mesmo a este feito. 6.10. Pleiteia a juntada de de cópias de todas as propostas de acordos de colaboração premiada, acordos e depoimentos. Observo que a denúncia já está instruída com com cópias de acordos de colaboração firmados e termos de colaboração específicos relativamente aqueles que deporão como testemunhas. Então a Defesa deve esclarecer a quais acordos ou termos de depoimento se refere e que estariam faltando, discriminadamente. Prazo de cinco dias. Quanto às propostas de acordos de colaboração premiada, deverá o MPF se manifestar a respeito em cinco dias. Prazo de cinco dias. 6.11. Pleiteia a juntada do depoimento prestado por João Nicola Rizzi em 03/02/2017 em vídeo e a transcrição. Consta no evento 2, anexo 238, depoimento por escrito por ele

19 de 29 07/11/2017 16:13 tomado em 27/01/2016. Deverá o MPF esclarecer se há outro depoimento e, se positivo, juntá-lo nas formas disponíveis. Prazo de cinco dias. 6.12. Pleiteia a juntada do Relatório da Comissão de Licitação do contrato 0858.0072004.11.2 e do contrato 0800.0038335.07.2. Deverá a Petrobrás promover a juntada em 10 dias. 6.13. Pleiteia que seja juntada cópia da íntegra dos procedimentos licitatórios relativamente aos contratos discriminados na inicial, bem como de toda a documentação sobre eles disponível, além de várias outras centenas de documentos da Petrobrás. Reporta-se a denúncia aos seguintes contratos (fls. 59-60): Do Grupo Odebrecht: a) contratos da Petrobrás com o Consórcio RNEST-CONEST para obras na Refinaria do Nordeste Abreu e Lima/RNEST; b) contrato da Petrobrás com o Consórcio Pipe-Rack para obras no Complexto Petroquímico do Rio de Janeiro/COMPERJ; e c) contrato da Petrobrás com o Consórcio TUC para obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro/COMPERJ. Do Grupo OAS: a) contrato da TAG - Transportadora Associada de Gás, subsidiária da Petrobrás, com a Construtora OAS para construção do Gasoduto Pilar- Ipojuca (Pilar/AL a Ipojuca/PE); b) contrato da Transportadora Urucu Manaus S/A, subsidiária da Petrobrás, com o Consórcio GASAM, integrado pela Construtora OAS, para construção do GLP Duto Urucu-Coari (Urucu/AM a Coari/AM); e c) contrato da Petrobrás com o Consórcio Novo Cenpes para a construção predial para ampliação do CENPES (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello). Do Grupo Schahin: a) contrato de operação do Navio-Sonda Vitória 10.000. Da Braskem: a) contrato de fornecimento de Naft, renegociação em 2009. Observo que a denúncia contém vários documentos relativos aos contratos em questão. Trata-se de contratos de bilhões de reais ou de dólares. Não faz

20 de 29 07/11/2017 16:13 sentido a juntada integral de milhares de documentos sem que haja um propósito definido em tal juntada. Relativamente a esses contratos, defiro a juntada dos seguintes documentos e que tenho por suficiente para o exercício da ampla defesa: a) relatório da comissão de licitação, da comissão de negociação do contrato ou do aditivo ou ausente licitação, do relatório da contratação; b) de todas as atas de Diretoria que digam respeito aos contratos acima discriminados e aos aditivos; c) relatórios de auditoria ou apurações internas da Petrobrás, além daqueles já juntados na denúncia sobre os contratos acima discriminados (evento 2, anexo8, anexo92, anexo93, anexo139, anexo154, anexo155, anexo332); d) de relação sintética com os pagamentos efetuados, indicando valor, data e meio de pagamento, relativamente aos contratos acima discriminados; e) cópia do histórico funcional de Renato de Souza Duque, Jorge Luiz Zelada e Eduardo Costa Vaz Musa. Deverá a Petrobrás, intimada na pessoa de seus defensores, providenciar a juntada deles em 30 dias. Tenho que esses documentos, além dos que já constam nos autos, são suficiente para conhecer os contratos e a partir deles, se for o caso, a Defesa poderá especificar outros que eventualmente se mostrem relevantes. Traslade a Secretaria para estes autos cópia do histórico funcional completo de Delcídio do Amaral, Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa e Pedro José Barusco Filho, da ação penal 5046512-94.2016.4.04.7000, já que está prova foi ali requisitada (evento 257). Quanto ao anexos dos relatórios de comissão internas de apuração, deverá a Defesa esclarecer os anexos específicos desejados a fim de se verificar previamente a pertiência e relevância. Prazo de cinco dias. Relativamente ao pedido para que a Petrobrás indique "quais foram as empresas responsáveis pelas Operações de Seguro ou de Resseguro" ou de "contratos de financiamento" dos contratos acima discriminados, deverá a Defesa previamente esclarecer pertinência e relevância dessa prova. Prazo de cinco dias. Quanto ao pleito para que a Petrobrás forneça a listagem de todos os valores mobiliários emitidos pela Petrobrás a partir de 2003, dos prospectos de emissão, e cópia dos relatórios da estatal submetidas à SEC, deve a Defesa esclarecer se já não obteve tais elementos nas ações penais