Desempenho de Espécies Forrageiras do Gênero Brachiaria: Características morfogênicas e de crescimento José Messias de Rezende¹; Emerson Alexandrino² 1 Aluno do Curso de Zootecnia; Campus de Araguaína; email: messyas10@hotmail.com PIBIC/UFT 2 Orientador(a) do Curso dezootecnia; Campus de Araguaína; email: e_alexandrino@yahoo.com.br RESUMO: Objetivouse avaliar as características morfogênicas de gramíneas do gênero Brachiaria. O delineamento foi em blocos casualisados, em esquema de parcelas subdivididas, 5x5, sendo cinco espécies forrageiras (Brachiaria decumbens, Brachiaria humidicola, e três cultivares de Brachiaria brizantha cv. Marandu, Xaraés e Piatã) e cinco períodos de rebrotação de 30 dias, com quatro repetições, totalizando 20 unidades experimentais. As variáveis analisadas foram taxa de aparecimento foliar (TApF), de alongamento foliar (TAlF), senescência foliar (TSF), alongamento de colmo (TAlC), número de perfilhos (NP), índice de área foliar (IAF) e taxa de crescimento cultural (TCC). As taxas avaliadas variaram em função das espécies forrageiras, e essa resposta, foi diferenciada em função dos cortes de rebrotação. Os valores médios encontrados para as espécies e cortes de rebrotação foram de 0,092 folhas/perfilho/dia para a TApF, sendo superiores para a B. decumbens e as Brachiaria brizantha cv. Marandu e cv. Piatã com valores médios de 0,108; 0,099 e 0,102 folhas/perfilho/dia, respectivamente, e médias de 24,38; 5,94 e 3,02 mm/perfilho/dia para a TAlF, TSF e TAlC, respectivamente. Destacase que a TAlF atingiu os maiores valores para as espécies de brizantha, e o menor desempenho foi observado para a humidicola. Para NP o valor médio foi de 790,7 perfilhos/m 2. O IAF médio observado foi de 3,86, observandose maior valor de IAF para a B. decumbens e as Brachiaria brizantha cv. Marandu e cv. Xaraés. A TCC média encontrada foi de 92,01 kg de MS/ha/dia, demonstrando alto potencial produtivo. Palavraschave: Índice de área foliar; morfogênese; número de perfilhos; taxa de aparecimento foliar; taxa de crescimento cultural INTRODUÇÃO O gênero Brachiaria tem destaque nas pastagens brasileiras, sendo o gênero mais cultivado, pois apresenta vantagens, como grande adaptabilidade a solos ácidos e de baixa fertilidade (DA SILVA et al., 2011). Apesar da grande importância econômica deste gênero, constatamse, com relativa frequência, falhas no sistema de produção de pastagens, pela adoção de técnicas e estratégias não adequadas, (MOREIRA et al.,
2009), além de escolhas, na maioria das vezes, precipitada de uma espécie/cultivar não adaptada às condições de clima e solo de uma determinada região, levando a um desempenho nãosatisfatório com relação à produtividade dessas pastagens. Em função disso, escolher adequadamente a espécie/cultivar forrageira a ser utilizada, com adequada formação do pasto, livre de invasoras, respeitandose a capacidade de suporte do pasto e mantendose níveis de nutrientes compatíveis com o extraído da pastagem, proporcionam um aumento na longevidade e maior produtividade das pastagens. A técnica de perfilhos marcados (DAVIES, 1993) para o estudo e entendimento das variáveis morfogênicas e de crescimento das plantas, auxilia na tomada de decisões relacionadas ao manejo da pastagem. Assim, objetivouse avaliar as características morfogênicas e de crescimento de cinco forrageiras do gênero Brachiaria (B. decumbens, B. humidicola, e as B. brizantha cv. Marandu, Piatã e Xaraés) ao longo de sucessivos cortes de rebrotação no ecótono CerradoAmazônia. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Federal do Tocantins, Campus Universitário de Araguaína, na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, sob 07º12 28 Latitude Sul e 48º12 26 Longitude Oeste. O clima da região, segundo a classificação de Köeppen é AW Tropical de verão úmido e período de estiagem no inverno, com temperaturas máximas de 40ºC e mínimas de 18ºC, umidade relativa do ar com média anual de 76%. As precipitações pluviais chegam a 1.830 mm/ano, com estação seca e chuvosa bem definida. O solo da área é um NEOSSOLO QUARTZARÊNICO órtico típico. Avaliouse o desempenho de diversas gramíneas do gênero Brachiaria às condições edafoclimáticas da região de Araguaína. Adotouse delineamento experimental em blocos casualizados, onde as espécies forrageiras foram distribuídas nas parcelas, com quatro repetições, totalizandose 20 unidades experimentais. As espécies avaliadas foram constituídas por forrageiras do gênero Brachiaria (Brachiaria humidicola, Brachiaria decumbens cv. Basilisk, Brachiaria brizantha cv. Marandu, Brachiaria brizantha cv. Piatã e Brachiaria brizantha cv. Xaraés), as quais foram avaliadas por cinco cortes de rebrotação, como medidas repetidas no tempo. Durante o período de avaliação foi realizada uma adubação fosfatada na dose de 40 kg/ha/período de P 2 O 5, utilizandose superfosfato simples aplicado no primeiro período de avaliação e cinco aplicações de N na dose de 30 kg/ha/corte de N, via
formulado (20: 0: 20). O período experimental teve início após o corte de uniformização (Dezembro 2011), estendendose por toda estação das águas e início das secas. As espécies/cultivares foram avaliadas durante o período de rebrota. O parâmetro utilizado para definir o momento dos cortes foi baseado no tempo de rebrota, estipulandose 30 dias de intervalo entre cortes, realizados de forma mecânica na altura de 20 cm. Para a avaliação das características morfoestruturais foi utilizada a técnica de perfilhos marcados (DAVIES, 1993), marcandose, cinco dias após o corte, sete perfilhos ao acaso por repetição, totalizandose 28 perfilhos marcados por espécie/cultivar, avaliandose a cada sete dias durante o período de descanso. Com esses registros foram estimados: taxa de aparecimento foliar (TApF folhas/perfilho/dia); taxa de alongamento foliar (TAlF) e de colmo (TAlC), ambas expressas em mm/perfilho/dia; número de perfilhos (NP perfilhos/m 2 ), índice de área foliar (IAF m 2 lâmina foliar/m 2 de solo) e taxa de crescimento cultural (TCC kgms/ha/dia). Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste Tukey à 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO A taxa de aparecimento foliar (TApF) variou de forma dependente (P<0,05) da espécie e do período em que foi realizado o corte. A maior TApF foi observada para as Brachiaria decumbens e as B. brizantha cv. Piatã e Marandu, com valores médios de (0,108; 0,102 e 0,099) folhas/perfilho/dia, respectivamente (Tabela 1). A taxa alongamento foliar (TAlF) variou de forma independente (P>0,05) da espécie/cultivar e momento da realização da avaliação. Nesse sentido, a TAlF foi superior (P<0,05) para o capimxaraés em relação às demais, com valor médio de 32,51 mm/perfilho/dia. As B. brizantha cv. Marandu e Piatã apresentaramse de forma intermediária, tendo a Brachiaria humidicola apresentado o menor desempenho para esta variável com valor médio de 14,84 mm/perfilho/dia (Tabela 1). Os melhores valores para TAlF do presente trabalho, são compatíveis com os encontrados para o capim do gênero Brachiaria (FAGUNDES et al., 2006). A taxa de senescência foliar TSF variou de forma significativa (P<0,05) para espécie/cultivar e o momento de avaliação do corte. O valor médio encontrado foi de 5,94 mm/perfilho/dia, onde as maiores senescências foram observadas para as B.
brizantha, tendo o maior valor médio sido observado para o capimmarandu com 7,88 mm/perfilho/dia. A taxa de alongamento TAlC variou de forma dependente (P<0,05) em função das espécies e momento do corte, com valor médio de 3,02 mm/perfilho/dia, sendo que as B. brizantha cv. Marandu e Piatã apresentaram menor TAlC ao longo do período experimental, com valores médios de 1,25 e 2,01 mm/perfilho/dia, respectivamente. O capimxaraés apresentou valores intermediários, tendo as maiores TAlC, as Brachiaria decumbens e Brachiaria humidicola. Destacase que, o alongamento do colmo apresenta efeito indesejável na qualidade da forragem, por diminuir a relação lâminacolmo, e consequentemente, o valor nutritivo da forragem, devendo assumir a importância de controlar a produção de colmo na pastagem (CÂNDIDO et al., 2005). O número de perfilhos (NP) variou de forma independente (P>0,05) entre as espécies/cultivar e momento da avaliação, no qual, a Brachiaria humidicola apresentou maior perfilhamento, com valor médio de 1376,8 perfilhos/m², em relação às demais gramíneas avaliadas, no entanto, possivelmente devido à estrutura (tamanho, densidade, largura e comprimento) dos componentes folha e colmo serem inferiores às demais Brachiaria, a Brachiaria humidicola não conferiu desempenhos satisfatórios para utilização na região estudada. O menor perfilhamento foi verificado para as B. brizantha cv. Piatã, Xaraés e Marandu, sendo a última também similar a Brachiaria decumbens. O índice de área foliar (IAF) variou de forma dependente (P<0,05) da espécie/cultivar e momento da realização da avaliação. O valor médio para as Brachiaria foi de 3,86 m²/m² (Tabela 1), onde os melhores resultados foram obtidos para a Brachiaria decumbens e as B. brizantha cv. Marandu e cv. Xaraés, valores superiores aos encontrados por (FAGUNDES, et al., 2005). Contrariamente, o capimhumidicola apresentou os menores valores de IAF ao longo do período experimental. A taxa de crescimento cultural (TCC) variou de forma dependente (P<0,05) da espécie/cultivar e momento da realização da avaliação, com valor médio de 92,01 KgMS/ha/dia, (Tabela 1). A maior TCC foi observada para as B. brizantha cv. Xaraés e Piatã com valores médios de 112,92 e 98,51 KgMS/ha/dia, respectivamente. Ademais, não houve diferenças significativas entre a Brachiaria decumbens, Brachiaria humidicola e a B. brizantha cv. Marandu, ao longo dos ciclos avaliativos. Com base no exposto, verificase que as Brachiaria brizantha, e em particular, as cultivares Xaraés e Piatã, apresentaram melhor desempenho em relação às
demais forrageiras estudadas, sendo alternativas de diversificação de pastagem às condições edafoclimáticas da região norte de Tocantins. Tabela 1 Valores médios de taxa de aparecimento foliar (TApF); alongamento foliar (TAlF); senescência foliar (TSF); alongamento colmo (TAlC); número de perfilhos (NP); índice de área foliar (IAF) e taxa de crescimento cultural (TCC) de capins do gênero Brachiaria avaliados ao longo da estacão de crescimento de 2011/2012 TApF TAlF TSF TAlC NP IAF TCC Variável Capim folha/perf/dia mm/perf/dia perf/m 2 m 2 /m 2 kgms/ha/dia decumbens 0,108a 20,16c 5,26b 4,64a 787,4b 4,13ab 85,37c humidicola 0,073b 14,84d 2,33c 3,74ab 1376,8a 2,68c 78,68c Marandu 0,099a 25,68b 7,88a 1,25c 698,8bc 4,12ab 84,56c Piatã 0,102a 26,30b 6,66ab 2,01c 648,2c 3,93b 98,51b Xaraés 0,074b 32,51a 6,68ab 3,63b 589,0c 4,47a 112,92a Média 0,092 24,38 5,94 3,02 790,7 3,86 92,01 Médias seguidas de letras iguais na coluna não diferem pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. LITERATURA CITADA CÂNDIDO, M.J.D.; GOMIDE, C.A.M.; ALEXANDRINO, E. et al. Morfofisiologia do dossel de Panicum maximum cv Mombaça sob lotação intermitente com três períodos de descanso. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2,p.406415, 2005. DA SILVA, T.C; Perazzo, A.F; Macedo, C.H.O. et al. MORFOGÊNESE E ESTRUTURA DE BRACHIARIA DECUMBENS EM RESPOSTA AO CORTE E ADUBAÇÃO NITROGENADA. Archivos de zootecnia vol. 61, núm. 233, p. 92, 2011. DAVIES, A. Tissue turnover in the sward. In: DAVIES, A. et al.(eds.). Sward measurement handbook. 2.ed. Reading: British Grassland Society,. p.183216, 1993. FAGUNDES, J.L.; FONSECA, D.M.; MISTURA, C. et al. Índice de área foliar, densidade de perfilhos e acúmulo de forragem em pastagem de capimbraquiária adubada com nitrogênio. Boletim de Indústria de animal, N. Odessa,v.62, n.2, p.125133, 2005. FAGUNDES, J.L.; FONSECA, D.M.; MISTURA, C. et al. Características morfogênicas e estruturais do capimbraquiária em pastagem adubada com nitrogênio avaliadas nas quatro estações do ano. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1, p.2129, 2006. MOREIRA, L.M.; MARTUSCELLO, J.A.; FONSECA, D.M. et al. Perfilhamento, acúmulo de forragem e composição bromatológica do capimbraquiária adubado com nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.9, p.16751684, 2009. AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT