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Transcrição:

BuscaLegis.ccj.ufsc.br Contribuição de melhoria - uma forma eficaz de realizações de obras públicas Rafael Frazzon Giacomelli* Sumário: 1. Conceito 2. Breve Visualização Histórica 3. Distinção 4. Fato Gerador 5. Base de Cálculo - Limite Total e Individual 6. Contribuinte 7. Requisitos 8. Jurisprudências 9. Conclusão 10. Bibliografia 1. CONCEITO A contribuição de melhoria descrita em nosso ordenamento jurídico, na Constituição Federal art. 145, inciso III e no Código Tributário Nacional art. 81 e 82; respectivamente transcritos: Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Art. 81 - A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Art. 82 - A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação, pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. 1º - A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. 2º - Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integraram o respectivo cálculo.

Nota-se que contribuição de melhoria é uma espécie autônoma e compulsória, distinguindo-se das demais, quais sejam os impostos, as taxas, o empréstimo compulsório e as contribuições sociais. Conceitua-se contribuição de melhoria por grande parte dos doutrinadores como: poder impositivo de exigir o tributo dos proprietários de bens imóveis beneficiados com a realização da obra pública. Assim sendo, toda vez que o poder público realiza uma obra pública que traga benefícios para os proprietários de bens imóveis poderá ser instituída a contribuição de melhoria, desde que vinculada a exigência por lei. 2. BREVE VISUALIZAÇÃO HISTÓRICA A contribuição de melhoria foi idealizada por lei em 1605 na Inglaterra, para fazer face às despesas de tornar o Rio Tâmisa mais navegável. O termo "Contribuição de Melhoria" foi lançado em 1896 pelo italiano Roncali em artigo publicado na revista "Riforma Sociale". No Brasil, a contribuição de melhoria vê-se inserida na Constituição Federal pela primeira vez em 1946, no plano da "Ordem Tributária", determinado no art. 30, I, e parágrafos. Em 1949, a União, através da Lei n 854 de, 10.10.49, legislou sobre o tributo procurando completar a Carta Magna vigente. No art. 19 da EC. n 18/65, contribuição de melhoria é definitivamente elencada como espécie tributária distinta de impostos e taxas. Com esta emenda, delimitouse a imposição estatal, criando o limite total e o limite individual, que serão discorridos posteriormente no item 4. Em 1966 ocorre a promulgação da Lei n 5.172, surge o Código Tributário Nacional, que tem em seu texto nos arts. 81 e 82 a instituição da contribuição de melhoria.

A Constituição de 24/01/1967, trouxe normalmente regulamentada a contribuição de melhoria, sem quaisquer alterações sobre seu contexto anterior. O Decreto-lei n 195 publicado em fevereiro de 1967 revogou a lei 854/49, e detalhou a contribuição de melhoria, complementando o CTN. Em 1969, é publicada EC n 1, donde em seu art. 18 II, alenca expressamente os limites geral e individual da exigência fiscal, igualmente ao Código Tributário Nacional. Finalmente adentrando à Carta Magna de 5/10 de 1.988, não diferente das anteriores, firma a contribuição de melhoria como espécie tributária autônoma (art. 145, III), ao lado dos demais gêneros tributários. Deste modo, vemos a possibilidade de aplicação à CF/88, o CNT e o DEC-lei n 195/67 para tratar do assunto em voga. 3. DISTINÇÃO Contribuição de melhoria desde a CF/46 e da EC n 18/65, passou a ser tratada como espécie autônoma de tributo. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA Esta relacionada com atividade do Poder Público - realização de obra pública - IMPOSTOS É cobrado independentemente de atuação estatal específica ao contribuinte CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA Tem como fato gerador o benefício advindo ao imóvel, benefício este em TAXAS Fato gerador é o serviço público específico e divisível, posto a

conseqüência da obra pública disposição do contribuinte ou o exercício do poder de polícia CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA Restituição não é prevista EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO Há restituição ao contribuinte do montante pago no empréstimo CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA Destina custear obras públicas que tragam benefício imobiliário para o contribuinte Instrumentos de intervenção no domínio econômico ou são instituídas nos interesses das categorias profissionais ou econômicas Deste modo vê-se a distinção clara da natureza jurídica da contribuição de melhoria comparado com as demais espécies tributárias. 4. FATO GERADOR O fato gerador da contribuição de melhoria é visivelmente, o benefício acrescido a um bem imóvel particular decorrente de obra pública. Este benefício, abrange um espaço maior do que o de valorização imobiliária. Pois, "pode ocorrer benefício no imóvel particular, sem ocorrer necessariamente uma valorização imobiliária neste bem." Arx Tourinho. Contudo, o texto normativo da Constituição atual não faz menção a valorização, nem a benefício do imóvel; a que faz referência expressa é a Emenda

Constitucional n 23/83, sendo esta, recepcionada pela nova ordem constitucional como elemento estrutural do fato gerador. 5. BASE DE CÁLCULO - LIMITE TOTAL E INDIVIDUAL A base de cálculo da contribuição de melhoria é o limite total, o custo, observando a valorização proporcional individual e particular de cada imóvel, auferido pela obra pública. No artigo 3, caput e parágrafos 1 e 2 do Decreto-lei n 195/67, redigem a base de cálculo da contribuição de melhoria. Art. 3º - A Contribuição de Melhoria a ser exigida pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para fazer face ao custo das obras públicas, será cobrada pela Unidade administrativa que as realizar, adotando-se como critério o benefício resultante da obra, calculado através de índices cadastrais das respectivas zonas de influência, a serem fixados em regulamentação deste Decreto-Lei. 1º - A apuração, dependendo da natureza das obras, far-se-á levando em conta a situação do imóvel na zona de influência, sua testada, área, finalidade de exploração econômica e outros elementos a serem considerados, isolada ou conjuntamente. 2º - A determinação da Contribuição de Melhoria far-se-á rateando, proporcionalmente, o custo parcial ou total das obras, entre todos os imóveis incluídos nas respectivas zonas de influência. Com a leitura deste artigo, nota-se que o núcleo para a base de cálculo é o benefício real que a obra pública somatizou ao bem imóvel da zona beneficiada pela obra. Decorre da contribuição de melhoria o ressarcimento ao poder público do custo total que a obra teve aos cofres públicos, este custo deve ser dividido

proporcionalmente entre todos os imóveis beneficiados ( art. 3, 2 ), cada proprietário dos imóveis devem constituir com o máximo do benefício advindo da obra. Assim, a obra pública: a) não poderá exceder ao custo da obra ( limite total, limite global) b) não poderá exceder o benefício, imobiliário ( limite individual ) Reafirmando esta posição, encontramos a regulamentação no CTN, em seu artigo número 81. Art. 81 - A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Segundo o Dec-lei n 195/67, em seu art. 4, traz alguns critérios a serem tomados, para a realização do auferimento do custo total da obra empreendida. Art. 4º - A cobrança da Contribuição de Melhoria terá como limite o custo das obras, computadas as despesas de estudos, projetos, fiscalização, desapropriações, administração, execução e financiamento, inclusive prêmios de reembolso e outras de praxe em financiamento ou empréstimos e terá a sua expressão monetária atualizada na época do lançamento mediante aplicação de coeficientes de correção monetária. 1º - Serão incluídos, nos orçamentos de custo das obras, todos os investimentos necessários para que os benefícios delas decorrentes sejam integralmente alcançados pelos imóveis situados nas respectivas zonas de influência. 2º - A percentagem do custo real a ser cobrada mediante Contribuição de Melhoria será fixada tendo em vista a natureza da obra, os benefícios para os

usuários, as atividades econômicas predominantes e o nível de desenvolvimento da região. Neste mesmo decreto, em seu, "Art. 3º - A Contribuição de Melhoria a ser exigida pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para fazer face ao custo das obras públicas, será cobrada pela Unidade administrativa que as realizar, adotando-se como critério o benefício resultante da obra, calculado através de índices cadastrais das respectivas zonas de influência, a serem fixados em regulamentação deste Decreto-Lei". ; regula o cálculo a ser realizado a partir do benefício individual resultante da obra, este cálculo como cita o artigo, deverá ser calculada através de índices. Determina também que estes índices devam ser explicitados por diploma regulamentador do Dec-lei 195/67. Contudo, ocorre que tal regulamento não veio a ser elaborado, apesar disso, o STF decidiu que a instituição de contribuição de melhoria independeria de regulamentação do Dec-lei 195/67, entendendo o STF ser este diploma auto-aplicável ( cf. RE n 76.278 - RJT 69/814 ). 6. CONTRIBUINTE O contribuinte da contribuição de melhoria é o proprietário do imóvel que foi beneficiado pela realização da obra pública. Deverá ser ele proprietário ao tempo do lançamento do tributo ( lançamento ex officio ). Se houver transferência de domínio do imóvel ocorrerá a transferência da responsabilidade tributária ( art. 8 caput Dec-lei 195/67 ). Art. 8º - Responde pelo pagamento da Contribuição de Melhoria o proprietário do imóvel ao tempo do seu lançamento, e esta responsabilidade se transmite aos adquirentes e sucessores, a qualquer título, do domínio do imóvel.

7. REQUISITOS Têm com competência para instituir a contribuição de melhoria, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, inciso III, art. 145 CF. Art. 145 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Contribuição de melhoria por ser um tributo, encontra-se sujeita aos princípios constitucionais tributários, onde encontra-se o princípio da legalidade, inserido na Constituição Federal no inciso I do artigo 150. Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; O CNT regula os requisitos mínimos para a instituição da contribuição de melhoria em seu artigo 82. Art. 82 - A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;

d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação, pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. 1º - A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. 2º - Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integraram o respectivo cálculo. Ainda deve se ressaltar, o Decreto-lei n 195/67, que regula conjuntamente ao CNT os requisitos para a contribuição de melhoria. Artigo 5 DL - 195/67 Art. 5º - Para cobrança da Contribuição de Melhoria, a Administração competente deverá publicar edital, contendo, entre outros, os seguintes elementos: I - delimitação das áreas direta e indiretamente beneficiadas e a relação dos imóveis nelas compreendidos; II - memorial descritivo do projeto; III - orçamento total ou parcial do custo das obras; IV - determinação da parcela do custo das obras a ser ressarcida pela contribuição, com o correspondente plano de rateio entre os imóveis beneficiados.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, também, aos casos de cobrança da Contribuição de Melhoria por obras públicas em execução, constantes de projetos ainda não concluídos. 8. JURISPRUDÊNCIAS 18.486) EXECUÇÃO FISCAL. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. Sendo o fato gerador do tributo a valorização produzida no imóvel pela obra pública (calçamento), o ressarcimento pelo beneficiário é devido, sob pena de enriquecimento ilícito. Se por ocasião da aquisição do imóvel pelo demandado a obra estava em andamento e, em tendo havido a comunicação regular pelo poder público aos contribuintes, de que procederá à arrecadação, responde pelo lançamento feito oportunamente, o contribuinte em nome de quem esteja registrado o imóvel por ocasião do lançamento feito, ainda que não comunicado o fato pelo alienante. Certidão negativa de ônus expedida pela Diretoria da Fazenda Municipal, antes de lançado o débito em dívida ativa, não tem o condão de absolver o proprietário do débito instituído. (Apelação Cível e Reexame Necessário nº 196054761, 2ª Câmara Cível do TARS, Campo Bom, Rel. Marco Aurélio dos Santos Caminha. Apelante: Município de Campo Bom. Apelado: Jorge Jair Schuch. j. 22.08.96) 36.3684) APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA - CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA - FALTA DE CUMPRIMENTO DAS ETAPAS EXIGIDAS PELO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL E DECRETO-LEI FEDERAL N. 195/67 - INEXIGIBILIDADE DO TRIBUTO -REMESSA EX OFFICIO E RECURSO VOLUNTÁRIO IMPROVIDOS. (Apelação cível em mandado de segurança nº 4.200, 1ª Câmara Civil do TJSC, Balneário Camboriú, Rel. Des. Álvaro Wandelli, 16.08.94).

26.350) CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. OBRA. ANTERIORIDADE DA LEI. TERMO DE INSCRIÇÃO DA DÍVIDA. Pavimentação asfáltica configura obra. Como tal, dá ensejo à cobrança de contribuição de melhoria. Demonstrada a anterioridade da lei e, preenchendo o Termo de Inscrição os requisitos obrigatórios legalmente previstos de sorte a autorizar, em conjugação com a Certidão de Dívida Ativa, a compreensão do lançamento feito, improcedem os embargos opostos pelo executado com vistas a nulificar o título exeqüendo. Apelo provido. Prejudicado o reexame. (Apelação Cível nº 196243927, 2ª Câmara Cível do TARS, Venâncio Aires, Rel. Marco Aurélio dos Santos Caminha. j. 05.06.97). 30.673) TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. PAVIMENTAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. LANÇAMENTO. NOTIFICAÇÃO. A contribuição de melhoria não é imposto, nem taxa. Não é imposto, porque seu critério informativo não é a capacidade contributiva. Não é taxa, porque não é forma de repartir o custo da obra. É contribuição especial, porque só são obrigados a pagá-la os proprietários que receberam o especial benefício consistente na valorização de seus imóveis, causada por obra pública (Doutrina). Com a nova ordem constitucional, partindo do pressuposto de que os arts. 81 e 82 do CTN e o Decreto-Lei nº 195/67, não foram recepcionados, a contribuição de melhoria a ser instituída por um ente público com esta nova característica, deve, necessariamente, observar os princípios da legalidade (art. 150, I) e o da anterioridade (art. 150, III, "b"). Fere o princípio da anterioridade a cobrança de Contribuição de Melhoria no mesmo exercício da sua instituição. Não havendo

outro prazo fixado em lei, consoante o art. 160 do CTN, o vencimento do crédito tributário ocorre 30 (trinta) dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Recurso não provido. Unânime. (Apelação Cível nº 196243935, 1ª Câmara Cível do TARS, Venâncio Aires, Rel. Arno Werlang. j. 19.08.97). 36.8752) Tributário. Contribuição de Melhoria. Ausência de formalidade essencial. Ilegalidade. Nulidade do lançamento confirmada. Reexame necessário. O processo que visa a cobrança da contribuição de melhoria é ato jurídico complexo, que compreende uma série de atos preparatórios e declaratórios, previstos em lei, cuja preterição pode determinar a anulação do lançamento do tributo. (Apelação cível em mandado de segurança nº 5.521, 4ª Câmara Civil do TJSC, Criciúma, Rel. Des. Pedro Manoel Abreu, 24.08.95). 9. CONCLUSÃO Aqui analisamos o instituto jurídico tributário da contribuição de melhoria, donde vimos respectivamente o seu conceito, a evolução histórica com ênfase na sua legalidade no Brasil, realizamos um comparativo para a diferenciação da contribuição de melhoria com as demais espécies tributárias, chegamos ao cerne do fato gerador, adentrando na base de cálculo, distinguindo o contribuinte deste tributo e vendo os requisitos necessários para a constituição da contribuição de melhoria. Assim realizamos um estudo global sobre a contribuição de melhoria, pois vimos na totalidade o seu contexto e finalizamos com a afirmativa de que, a contribuição de

melhoria é uma contraprestação estatal geradora de obra pública que beneficiou seus contribuintes, e nada melhor que os próprios beneficiados tenham o ônus dos custos da obra, e não toda a coletividade, que em muitas ocasiões não tem por si o benefício alcançado por aqueles, assim a contribuição de melhoria é um tributo justo, se não o0 mais justo do nosso sistema tributário, pois atinge apenas aqueles que tiveram benefício imobiliário com a obra pública, não onerando o restante da sociedade que são alheios a esta vantagem; ainda tem a faculdade o poder público de exigir ou não do contribuinte o ressarcimento da obra. 10. BIBLIOGAFIA BALEEIRO, Aliomar, - "Direito Tributário Brasileiro" - 10ª ed. Ed. Forense - Rio de Janeiro - 1981; BASTOS, Celso Ribeiro - "Curso de Direito Financeiro e de Direito Tributário" - Ed. Saraiva - 1991; GANDRA e BASTOS - Ives da Silva Martins e Celso Ribeiro - "Comentários à Constituição do Brasil" - 6º volume - Tomo I - Ed. Saraiva - 1990; NUSDEO, Fábio - "Contribuição de Melhoria" in "Comentários ao Código Tributário Nacional - Vol. 3" - Coordenação: Hamilton Dias de Souza, Henry Tilbery e Ives Gandra da Silva Martins - Livraria e Editora Jurídica José Bushatsky Ltda. - 1977 - pp. 53/69; Revista Trimestral de Jurisprudência - Vol. 69 - Setembro 1974; TOURINHO, Arx da Costa - "Contribuição de Melhoria" in "Tributos Municipais" - Coordenador: Carlos Valder do Nascimento - Editora Forense - 1ª edição - 1988, pp. 127/199. *IV semestre de Direito URI - Santiago

GIOCOMELLI, Rafael Frazzon. Contribuição de melhoria - uma forma eficaz de realizações de obras públicas Disponível em <http://www.ufsm.br/direito/artigos/tributario/contribuicao.htm>. Acesso em 02 de outubro de 2006.