Centros de Evangelização, Niveis de Coordenação Serviços Pastorais e Estruturas de Corresponsabilidade



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Transcrição:

SEGUNDA PARTE Centros de Evangelização, Niveis de Coordenação Serviços Pastorais e Estruturas de Corresponsabilidade Capítulo I CENTROS DE EVANGELIZAÇÃO Introdução O primeiro centro de evangelização é a Família. pela união conjugal sacramental forma-se a menor parte da Igreja - a Igreja Doméstica. É nela que subsistem os demais níveis da Igreja Paroquial, Diocesana e Universal. É uma instituição divina. Porém, Jesus veio reunir toda a humanidade numa única e grande família. Por isso, a partir da família a Igreja cria outros centros de evangelização, para possibilitar uma ação pastoral mais efetiva.

Assim, como primeiro passo, aparecem as Comunidades Eclesiais de Base, não simplesmente como um nível intermediário entre a Família e a Paróquia, mas como uma nova forma de ser Igreja. Nova forma que renova a maneira de ser e de atuar da Paróquia, da Diocese e até da Igreja Universal. A partir das CEBs, a Paróquia aparece como centro de coordenação e animação de Comunidades. E a Diocese, como parte do povo de Deus num contexto sócio-cultural. São as CEBs, que renovando e mudando as estruturas da Igreja, fazem com que ela seja aquela mesma Igreja que Jesus Cristo instituiu e que as comunidade primitivas viveram e de que deram testemunho. 1. A FAMÍLIA A evangelização encontrou seu primeiro centro de irradiação na Família. A Família é ao mesmo tempo sujeito e objeto da Evangelização, como também centro evangelizador de comunhão e participação (DP 569, 602). Pelo Sacramento do Matrimônio, a Família torna-se a menor parcela da Igreja a Igreja Doméstica que gera e defende a vida, sustenta as demais estruturas eclesiais, cultiva a paternidade, educa as pessoas para a sociedade e a Igreja e cultiva as sementes do Reino Definitivo (LG 11). 1.1. A Família no Plano de Deus A Família é imagem de Deus, que no mais íntimo do seu Mistério não é uma solidão, mas uma comunidade de amor. A Família, constituída pelo Sacramento do Matrimônio, vive o amor, não em forma de contrato, mas de Aliança. É uma íntima comunidade de vida e de amor, cujo modelo é o amor de Cristo por sua Igreja (GS 48). A instituição familiar está inserida no Plano de Deus a partir de seu desejo de transmitir a vida através do homem, criado a sua imagem e semelhança (Gn 1). Criou-os homem e mulher e os abençoou dizendo: crescei e multiplicai-vos (Gn 2). Assim, pelo Matrimônio os esposos se tornam cocriadores com Deus no que existe de mais nobre na criação: o Homem. É a Família, como Igreja Doméstica, que permite fazer a experiência de quatro relações fundamentais da pessoa e do cristão: paternidade - maternidade, filiação, irmandade, nupcialidade. Experiência de ter um pai e de ter Deus como Pai, experiência de ter irmãos e ter Cristo como irmão, experiência de ter ou ser filho em, com e pelo Filho e, por fim, experiência de ser esposo ou esposa e ter Cristo como esposo da Igreja (DP 583). 1.2. Características da união conjugal sacramental

A união conjugal, no Sacramento do Matrimônio, tem quatro características fundamentais, que a diferenciam do mero contrato, no casamento civil. 1.2.1.União exclusiva Cada um dos cônjuges se doa total e exclusivamente ao outro, sem reservas. Este vínculo de amor torna-se a imagem e o símbolo da Aliança que une Deus e o seu povo (FC 13). Assim, a prostituição é idolatria, a infidelidade é adultério, a desobediência à lei é abandono do amor feito aliança no Senhor. 1.2.2.União indissolúvel Pelo Sacramento do Matrimônio os esposos já não são dois, mas uma só carne unidos pelo amor (Gn 2, 24). E como todo amor quando é autêntico não tem fim, assim o Sacramento do Matrimônio, enquanto indissolúvel, não quer ser um jugo aos esposos, mas quer proteger esse amor (FC 20). 1.2.3.União fecunda O amor conjugal não é estéril, produz frutos de amor. E dentre todos os frutos, o mais precioso, são os filhos, pelo qual se tornam cooperadores com Deus no dom da vida a uma nova pessoa humana. Deste modo, os Cônjuges, enquanto se doam entre si, doam para além de si mesmo a realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e inseparável de ser pai e mãe (FC 14). 1.2.4.União fraterna O amor transborda, e o amor conjugal não pode fechar-se na Família. Seus frutos devem contribuir para edificação da comunidade de amor na sociedade (FC 21). 1.3.Deveres da Família Cristã A grande missão, confiada à Família, comunidade de vida e de amor, é a de guardar, revelar e comunicar o amor. Assim, cada dever particular da Família é a expressão e a atuação concreta de tal missão fundamental. Entre outros tantos deveres, põe-se em evidência os seguintes: - dever de formar uma comunidade de pessoas, pelo amor entre os esposos, que se estende entre todos os membros da família (FC 18). - dever de comunhão conjugal pela complementariedade natural que existe entre o homem e a mulher e, pela fidelidade cotidiana à promessa matrimonial (FC 19). - dever de viver em comunhão indissolúvel, como fruto, sinal e exigência do fiel amor de Deus para conosco e que Cristo vive para com a Igreja, sua esposa, por Ele amada até o fim. - dever de acolher, respeitar e promover a dignidade de cada um dos membros da família, imagem de Deus, especialmente a mulher e os anciãos. - dever de serviço a vida, pela procriação, transmitindo às gerações, a imagem divina em cada filho que nasce. - dever de educar os filhos na vida fraterna, na responsabilidade comunitária e no amor às pessoas.

- dever de formar e cultivar uma consciência política para assumir a responsabilidade de restaurar continuamente a sociedade a partir do Projeto de Deus. - dever de participar na vida e na missão da Igreja, acolhendo, vivendo e anunciando a Palavra de Deus e tornando-se, assim, cada dia mais uma comunidade evangelizadora. 1.4.Direitos da Família Cristã A Igreja reconhece que existe um número imenso de famílias, impedidas de cumprirem os seus deveres, porque lhes foram usurpados os seus direitos e reduzidas à vítima da sociedade. Por isso, a Igreja defende aberta e fortemente, entre outros, os seguintes direitos da família (FC 46): - direito, mesmo dos pobres, de fundar uma família e ter os meios adequados para à sustentar. - direito à intimidade da vida conjugal e familiar e à estabilidade matrimonial. - direito de decidir sobre o número de filhos e educa-los segundo as próprias tradições e valores religiosos e culturais. - direito à segurança física, social, política, econômica e a uma habitação digna. - direito de criar associações com outras famílias e associações para resguardar os seus direitos e cumprir os seus deveres. - direito de proteção dos filhos contra a pornografia, os tóxicos, o alcoolismo, etc., mediante instituições e legislações adequadas. - direito ao lazer honesto que favoreça também os valores da família. - direito das pessoas idosas a viver e morrer dignamente. 2. COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE (CEBs) As Comunidades Eclesiais de Base são a mais nova e significativa criação do Espírito Santo, enquanto renovam e reestruturam toda a Igreja. Como uma reunião de Igrejas-Domésticas, tornaram-se uma esperança para a Igreja da América Latina, na medida em que nelas acontece um aprofundamento da fé, um maior compromisso com o processo de libertação dos mais pobres e um campo para novos ministérios (DP 640). A formação e o acompanhamento das CEBs se tornaram uma prioridade em nossa prática pastoral, até para que os sacramentos possam ser dignamente celebrados e os demais serviços pastorais tenham significância e sejam eficazes em vista do Reino. Pois ninguém nega que hoje as Paróquias, de verdadeiras comunidades de pessoas que se conheciam, se auxiliavam e celebravam a mesma fé, quando foram criadas há mais de 1.500 anos atrás, passaram a ser um aglomerado de cristãos desconhecidos e descomprometidos entre si. Realidade também presente em muitas Capelas, mesmo que suas famílias, sejam todas católicas. Assim, a Paróquia Renovada que se quer alcançar será formada por um determinado número de CEBs, que permita na prática, a inter-comunhão, entre as pessoas e entre as próprias comunidades. Por sua vez, a Capela será uma ou várias CEBs, um Bairro será

sempre várias CEBs, e a Paróquia, a soma deste conjunto de CEBs (CEBs na Igreja do Brasil 14). 2.1. O que é Comunidade Eclesial de Base CEB é Igreja. É comunidade de fé, esperança e caridade (Puebla 641), que, em seu próprio meio, exerce a Evangelização, a Liturgia e o serviço fraterno. As CEBs representam uma nova forma de ser Igreja, hoje. São a própria Igreja de Jesus Cristo, estruturalmente reformulada, para que seja possível nela, através das CEBs, o relacionamento fraterno entre seus membros e a participação de todos. Nas CEBs os cristãos são pessoas concretas, conhecidas por todos, com seus problemas, suas dúvidas e seus carismas e que buscam salvar-se em comunhão. O padre, o religioso ou o líder leigo é o irmão mais velho com o cuidado de garantir que a comunidade se reúna não em nome próprio, mas em nome de Cristo e em comunhão com a Igreja Universal (CEBs na Igreja do Brasil 83 a 88). Desde seu inicio as CEBs floresceram mais entre as populações simples e pobres; junto às populações dispersas pelo interior e nas periferias pobres das grandes cidades. As CEBs são, de verdade, expressão do amor preferencial da Igreja pelo Povo simples: nelas se expressa, valoriza e purifica sua religiosidade e se lhe oferece possibilidade concreta de participação na tarefa eclesial e no compromisso de transformar o mundo (Puebla 643). Não seria certo, porém, concluir-se daí que as CEBs sejam apenas possíveis entre as classes pobres. Pior ainda seria pensar se em duas Igrejas separadas. Uma dos pobres, nas CEBs, e outra das classes médias e ricas, na Paróquia e em outras organizações. É possível CEB entre os ricos também, desde que estes assumam um trabalho de libertação dos oprimidos, com os oprimidos. Assim, as CEBs se dirigem como ideal de vida comunitária a todos os cristãos. Todos são chamados a viver intensamente a comunhão fraterna e a integração entre a Fé e a realidade da vida concreta (CEBs na Igreja do Brasil 43 a 54). 2.2. Elementos que constituem uma CEB O batizado, a partir da Igreja-Doméstica, é chamado à primeira experiência de comunhão na fé, no amor e no serviço Porém, quando é que uma pequena comunidade pode ser considerada verdadeira comunidade eclesial de base? 2.2.1. Enquanto comunidade, integra famílias, adultos, jovens e crianças, numa íntima relação interpessoal na fé (DP 641). Entre seus membros há interesse e objetivos comuns. Seus líderes não são prepotentes e impositivos, mas sabem coordenar dando vez e voz a todos. Há uma preocupação com os problemas comuns de sobrevivência, trabalho e vida social. 2.2.2. Enquanto eclesial, é comunidade de fé, esperança e caridade; celebra a Palavra de Deus e se nutre com a Eucaristia; realiza a Palavra de Deus na vida, mediante a solidariedade e o compromisso com a libertação dos irmãos; tem leal e sincera vinculação com seus legítimos pastores, fiel compromisso com a missão de Cristo e da Igreja, total abertura a outras comunidades e à comunidade da Igreja Universal (DP 641).

2.2.3. Enquanto base, pode ser entendida de dois modos. Primeiro, enquanto formada a partir do ambiente ou lugar onde as famílias moram, se encontram e se relacionam. Segundo, enquanto organizada a partir das classes populares, em vista da libertação de todos, a partir dos pobres. 2.3. Dos Grupos de Reflexão às CEBs Há dois caminhos básicos para se criar uma Comunidade Eclesial de Base. Um caminho, talvez o mais difícil, é começar a organizar a comunidade como um todo, através da conscientização, da criação dos diversos ministérios, da distribuição dos serviços e da celebração comum da Fé. Outro caminho é começar por organizar a futura Comunidade Eclesial de Base em vários Grupos de Reflexão para um período de educação na fé, de educação política e conscientização, de integração de pessoas e de descoberta dos carismas de cada um a serem transformados em ministérios para o bem de todos. Os Grupos de Reflexão são grupos de família. Eles podem se formar e crescer tanto a partir da conscientização, como a partir da evangelização. A partir da conscientização, começa-se pelo conhecimento da realidade, passase pela iluminação dessa realidade a partir da Bíblia para chegar a um engajamento na busca de uma vida fraterna. A partir da Evangelização, começa-se pelo conhecimento da mensagem da salvação, passa-se pelo confronto da mesma com a realidade vivida, para chegar a uma ação transformadora desde as causas iluminadas pela Fé. A medida que os Grupos de Reflexão vão amadurecendo, eles devem ir se nucleando com os demais, de modo que possam formar uma Comunidade Eclesial de Base, organizada em pequenos grupos-de-família e outros grupos eclesiais que porventura existirem. 2.4. As CEBs e os demais Grupos Eclesiais Os Grupos de Reflexão não são uma forma única e totalitária para se chegar às CEBs. Uma CEB necessitará sempre, por certo, de muitos grupos de trabalho, além dos Grupos de Reflexão: grupos de jovens, de crianças, de mulheres, de desempregados, de agricultores, de alcoólatras... Todos podem estar organizadas, só que apenas serão eclesiais enquanto estiverem engajados na comunidade eclesial (CEBs na Igreja do Brasil 78 a 82). 2.5. As CEBs e os Movimentos Populares Para ser membro de uma CEB não basta a prática da justiça. É preciso também explicitar esta prática na pessoa e na obra de Cristo. Durante o anúncio e a promoção dos valores do Reino os membros da CEB se encontrarão com pessoas e grupos que lutam pelos mesmos valores ou semelhantes, mas que não comungam da mesma fé, ou são membros de outras Igrejas. São normalmente pessoas de boa vontade pertencentes a Movimentos Populares que igualmente lutam por uma sociedade justa. Sem destruir os laços fraternos existentes é necessário manter clara distinção entre CEBs e Movimentos Populares (CEBs na Igreja do Brasil 76, 77).

Os Movimentos Populares são movimentos sociais, entre as classes mais pobres, e seus objetivos são a libertação e promoção sócio-política do povo. Embora com características semelhantes às das CEBs, não são grupos da Igreja e não dependem dela em sua organização e atuação. Assim sendo, a Igreja, especialmente a CEB, precisa tomar consciência disso para não ocupar um espaço que não é seu e não imprimir um ritmo de vida eclesial a um movimento secular. Correria, inclusive, o risco de perder sua própria identidade, somando-se simplesmente aos Movimentos Populares, alterando suas características de vida e seus valores explícitos de fé. Isso não quer dizer que o Evangelho e o Cristão não devam estar presentes nos Movimentos Populares. Pelo contrário, tanto os Movimentos Populares como os ambientes de trabalho e as organizações são campos a serem fermentados pelas CEBs, com as energias do Evangelho que conhecem o significado profundo da vida e que propõem a libertação de toda espécie de escravidão, inclusive do pecado. 3. PARÓQUIA A partir das CEBs, a Paróquia está conseguindo diversas formas de renovação, adequadas às mudanças desses últimos anos. Hoje, ela já tende a ser centro de coordenação e animação de comunidade, grupos e movimentos (DP 644). Os Conselhos de Pastoral, tanto nas comunidades, quanto em nível paroquial têm conseguido ampliar o horizonte de comunhão e participação, superando as limitações próprias às pequenas comunidades. As lideranças leigas e as Coordenações de Pastoral em seus diversos setores tem permitido uma ação eclesial orgânica e de conjunto. O Dízimo fez crescer a corresponsabilidade na missão evangelizadora, que é de todos, e tem suscitado, um sentido maior de pertencer à Igreja. É a Nova imagem da Paróquia. 3.1. Paróquia centro de comunhão pastoral A Paróquia nasceu no século IV devido ao grande número de conversões ao Cristianismo. Confiaram-se os fiéis de determinada região territorial a um Pároco. A Paróquia era um pequeno número de famílias que tinha um bom relacionamento entre si. Com o passar do tempo, principalmente, devido à escassez de clero, as paróquias ficaram extensas e o relacionamento entre os fiéis e o padre tornouse frio e distante. 3.1.1. A Paróquia Renovada As CEBs renovam as estruturas da velha paróquia, fechada em si mesma e caracterizada pela primazia do administrativo sobre a pastoral (DP 649), pela falta de preparação para os sacramentos, pela massificação e pelo autoritarismo de certos padres. A concepção de uma Igreja do Povo de Deus, toda ministerial, ganha força e ressalta a dimensão comunitária e

participativa da Paróquia. Os Leigos ocupam seu espaço, passam a ter voz e vez e o Padre se faz presente no meio do povo, como o coordenador dos diversos ministérios. 3.1.2. Funções da Paróquia A primeira função da Paróquia é ser centro de coordenação e animação de comunidades, grupos e movimentos (DP 644). Em relação às CEBs torna visível o mistério da Igreja como comunhão de comunidades e exerce todos os serviços que não estão ao alcance das comunidades menores (DP 650). Em relação à Igreja Universal, a Paróquia tem a função de formar a comunhão eclesial concreta e significativa, tornando presente a totalidade da Igreja pela evangelização, celebração da Eucaristia e demais sacramentos. 3.2. Conselhos de Pastoral A nova concepção de Igreja, como Povo de Deus e corpo de serviço levou a comunidade eclesial a desenvolver a ação pastoral na colegialidade, na participação e na comunhão. Surgiram os Conselhos de Pastoral Diocesano, Paroquial e de Comunidades, como instrumentos de participação, de corresponsabilidade e comunhão, para assegurar a execução das decisões feitas em Assembléia (DP 649). 3.2.1. O que é um Conselho de Pastoral É um grupo de pessoas, representantes dos diversos serviços de pastoral da comunidade, da paróquia ou da Diocese que assume ativa e participativa, em corresponsabiliade, a condução da vida pastoral (DP 654). 3.2.2. Funções do Conselho de Pastoral Cabe ao Conselho de Pastoral dirigir, coordenar e representar a comunidade, como também atuar em continua reflexão sobre a realidade global, promovendo o planejamento pastoral e assegurando sua execução (DP 807, 808). O Conselho de Pastoral deverá promover a participação dos fiéis na missão da Igreja, a descentralização das decisões quanto à vida e à ação pastoral e à organicidade da ação. 3.3. Coordenações de Pastoral Os diversos ministérios dos fiéis, organizados nos diferentes serviços pastorais fizeram aparecer o ministério da Coordenação de Pastoral. A descentralização das decisões no seio da Igreja e especialmente a descentralização da Pastoral da pessoa do Padre deu oportunidade à comunidade toda sentir-se corresponsável dos diversos serviços. 3.3.1. O que é uma Coordenação de Pastoral É um grupo de pessoas, responsáveis por um determinado setor de pastoral, tanto em nível de comunidade local, como em nível Paroquial, Regional e Diocesano. Em geral a equipe coordenadora é presidida por um

coordenador. Assim, cada comunidade terá tantas coordenações quantos forem os serviços pastorais, que tiverem organizados. 3.3.2. Funções de uma Equipe Coordenadora Cabe à Equipe Coordenadora de qualquer setor de pastoral e de qualquer nível animar e dinamizar a ação de todos os fiéis a ele ligados. Tem a responsabilidade de fazer acontecer o planejamento e cobrar as tarefas assumidas na sua execução. Cabe-lhe, ainda, estar em contínuo contato com o Pároco, o Vigário Episcopal ou o Bispo e, participar do Conselho de Pastoral. 4. A IGREJA PARTICULAR A Igreja é o Povo de Deus, que manifesta sua vida de comunhão e serviço evangelizador em diversos níveis. O primeiro nível é a família, Igreja-Doméstica, a menor parte da Igreja. O segundo é a Comunidade Eclesial de Base, reunião de Igrejas-Domésticas. O terceiro nível é a Paróquia centro de animação e coordenação de Comunidades. E o quarto é a Diocese, composta por um determinado número de Paróquias, situadas num contexto sócio-cultural homogêneo. Entretanto, embora a Diocese seja uma Igreja Particular juridicamente autônoma em relação a outras Dioceses, pastoralmente busca situar-se dentro de outros níveis. Assim, as Dioceses de uma determinada região, com realidades afins, formam um Regional e os diversos Regionais de um país formam a Igreja do País. Em alguns casos, as diversas Igrejas dos Países de um Continente também estão agrupados num único organismo, como o CELAM, no caso da América Latina. Entretanto, são as Dioceses que, unidas a Santa Sé, constituem a Igreja Católica (DP 656) 4.1.Funções de uma Diocese A primeira função de uma Diocese é ser imagem da Igreja Universal - a única, santa, católica e apostólica Igreja de Cristo no contexto sócio-cultural da região, onde se encarna (DP 645). Em vista disso, como primeira instância jurídica em relação à Igreja Universal, ela tem a primazia em relação às demais comunidades eclesiais. Sua primazia no conjunto de Comunidades Eclesiais de Base e das Paróquias deve-se o fato de ser presidida pelo Bispo, dotado de forma plena e sacramental do tríplice ministério de Cristo, Cabeça do Corpo Místico, Profeta, Sacerdote e Pastor. O Bispo é, em cada Igreja Particular, princípio e fundamento de unidade da mesma (DP 645). Entretanto, essa primazia não significa que as Paróquias devam existir em função da Diocese, pelo contrário, a Diocese existe em função das Paróquias que a compõe. Em primeiro lugar, a Diocese existe para prestar um serviço de integração das diversas Paróquias, para que elas não se fechem em si mesmas, mas possam atuar em estreita comunhão com as diretrizes da Igreja Regional, Nacional, Continental e Universal. Em segundo lugar, a Diocese existe para garantir a constante formação e renovação dos agentes de pastoral e exercer todos os serviços que dinamizem a evangelização e a ação eclesial e, que não estão no alcance das Paróquias (DP 654).

4.2. Elementos constitutivos de uma Diocese Uma Igreja local constitui-se a partir de três elementos básicos. 4.2.1 A Colegialidade Como imagem da Igreja Universal, a Diocese também precisa ser una. Sendo que sua finalidade é fazer acontecer a Igreja de Jesus Cristo, numa determinada região, todos os cristãos Leigos, Religiosos, Padres e Bispos, unidos e a partir de um objetivo comum, devem viver na colegialidade. 4.2.2. Unidade na Pastoral A colegialidade em torno de uma missão comum só existirá se houver sintonia e unidade na pastoral. Entretanto, a unidade na pastoral só será possível a partir de um planejamento diocesano participativo, que resulte num Plano de Pastoral Orgânico e de Conjunto, assumido por todos. A unidade na pastoral, não significa uniformidade na ação, mas o exercício da evangelização a partir de diretrizes comuns (DP 650). 4.2.3 Ação encarnada em seu contexto sócio-cultural A unidade na pastoral terá sua base na fidelidade ao homem e a realidade da Diocese, através de uma ação evangelizadora que seja resposta às suas necessidades. Neste particular, o que constitui uma Diocese é uma ação pastoral de todos, encarnada em seu contexto sócio-cultural. 4.3. As Regiões Pastorais dentro de uma Diocese A Diocese, no esforço de uma maior fidelidade ao homem, situado num contexto sócio-cultural, mais amplo, precisa subdividir-se em tantas regiões quantas forem as suas realidades mais especificas, tais como: região agrícolas, região urbana, região pesqueira, região mineira, etc. (DP 632). Essas regiões, em geral são coordenadas por um Vigário Episcopal, que pode assessorar-se de um Conselho Regional de Pastoral. 4.3.1. Critérios para a criação de uma Região Uma determinada Região pastoral só terá razão de ser se for criada para desenvolver uma ação eclesial mais encarnada e conivente com as realidades humanas, específicas daquela região. A região será determinada enquanto reúne situações e problemas humanos e sociais comuns e grupos homogênios que visam somar forças na solução dos mesmos. Ela sempre será necessária enquanto facilitar a realização de uma pastoral mais orgânica e de conjunto, em vista da comunhão eclesial, mais difícil de ser alcançada em nível diocesano. 4.3.2. Funções de uma Região Em primeiro lugar, a Região deverá ser um lugar de participação das Paróquias da região, tanto na ação pastoral comum, quanto na formação de agentes mais específicos, como na reflexão e no planejamento. Em segundo lugar, a Região deverá ser um lugar de comunhão, onde como Igreja a fidelidade a Jesus Cristo é buscada conjuntamente na fidelidade ao homem daquela região. Terceiro, deverá ser um elo de ligação, um nível intermediário, entre a Diocese e a Paróquia e entre a Paróquia e a Diocese.