AÇÕES CULTURAIS EM M BOI MIRIM E CAMPO LIMPO: DIVERSIDADES E CONEXÕES

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ESTAÇÃO DE PESQUISA URBANA M BOI SÉRIE DOCUMENTOS DE TRABALHO WORKING PAPERS, N o 11, OUTUBRO / 2016 AÇÕES CULTURAIS EM M BOI MIRIM E CAMPO LIMPO: DIVERSIDADES E CONEXÕES Tiago Matheus, Lúcio Bittencourt e Roberth Tavanti Programa de Vulnerabilidade Urbana e Ação Pública: Eixo Juventude, Educação e Cultura Centro de Estudos em Administração Pública e Governo (CEAPG) da FGV-EAESP e Universidade Federal do ABC (UFABC)

Ações Culturais em M Boi Mirim e Campo Limpo: diversidades e conexões Contribuições iniciais para a discussão sobre estratégias de enfrentamento da vulnerabilidade juvenil na região de M Boi Mirim e Campo Limpo eixo da cultura e ação social Tiago Matheus, Lúcio Bittencourt e Roberth Tavanti Programa de Vulnerabilidade Urbana e Ação Pública: Eixo Juventude, Educação e Cultura; Centro de Administração Pública e Governo (CEAPG) da FGV-EAESP e Universidade Federal do ABC (UFABC) Em nossa circulação pela região de M Boi Mirim e proximidades, fizemos um retrato inicial das ações culturais ali existentes, considerando cultura a partir dos discursos e práticas de seus próprios moradores e agentes envolvidos com atividades artístico-culturais nos distritos de Jardim Ângela, São Luís e Capão Redondo. Vale dizer que levamos em conta o contexto social e histórico que caracteriza o cotidiano dos bairros e comunidades desta abrangente região da zona sul da capital paulista. 1. A vulnerabilidade socioeconômica da região de M Boi Mirim marca de modo inequívoco a realidade de seus moradores e se mostra em diversos recortes. Um destes é que entre os cinco distritos com maior concentração de famílias incluídas no Cadastro Único do Ministério do Desenvolvimento Social, em 2013, estão os dois distritos dessa subprefeitura: Grajaú (29.180 famílias cadastradas), Jardim Ângela (25.496 famílias cadastradas), Brasilândia (23.627 famílias cadastradas), Capão Redondo (23.453 famílias cadastradas) e Jardim São Luís (19.596 famílias cadastradas) - PMSP/UNICAMP, 2014. 2. A juventude local está particularmente exposta à violência: 40% das mortes observadas nas subprefeituras de Capela do Socorro, M' Boi Mirim, Freguesia do Ó/Brasilândia, Campo Limpo e Cidade Ademar, estão entre grupos etários jovens (15-19; 20-24; 25-29), conforme as taxas de mortalidade dos anos de 2005-2010 (Mapa da Juventude de São Paulo - PMSP/UNICAMP, 2014). Neste indicador, a maioria dos óbitos por causas externas envolvem jovens do sexo masculino e estão relacionadas a eventos ou atos violentos (acidentes de trânsito, agressões, homicídios, etc.), incluindo aqui os óbitos por homicídios decorrentes de intervenção legal. 3. A educação não chega a ser uma possibilidade efetiva para boa parte da população jovem local sair de uma condição de alta vulnerabilidade social. Como ilustração, pode-se comparar que enquanto no Jd. São Luís e Jd. Ângela há apenas 6,8 e 3,5% de jovens com 2

superior completo, nos distritos de Santo Amaro e Pinheiros este índice alcança as taxas de 31,7 e 41,3%; a remuneração, por sua vez, acompanha tal retrato desigual: enquanto 33,22 e 27,88% de jovens ganham entre um e dois salários mínimos em Santo Amaro e em Pinheiros, respectivamente, no Jd. São Luís e no Jd. Ângela estes índices chegam a 63,94 e 71,78% (PMSP/UNICAMP, 2014). 4. Cultura no âmbito das políticas públicas é considerada um campo de fomento recente na região, considerando a tradição de reivindicações sociais promovidas pelos seus moradores, associações e comunidades há décadas. Há poucos equipamentos públicos exclusivamente voltados para a produção cultural (3, segundo o site Nossa São Paulo), considerando a população que possui (cerca de 600 mil em M Boi). 5. Na última década, foram construídos equipamentos públicos sob a gestão da educação mais que oferecem ações em áreas complementares cultura e esporte - como os CEUs, que, no entanto, encontram pouca porosidade às demandas locais, pois mostram-se, de modo geral, pouco receptivos à efervescência das ações culturais nesses territórios. Além de insuficientes, os equipamentos públicos nessas áreas (educação, cultura e esporte) frequentemente se mostram tolhidos de suas possibilidades em função de acordos políticos e de gestores pouco comprometidos com as ações locais. 6. Há uma efervescência de produções culturais na região do M Boi Mirim e Campo Limpo, que funciona como reação local à precariedade de oportunidades de lazer, de oportunidades de usufruir de realizações culturais com teatro, cinema, museus e apresentações artísticas como um todo, bem como da falta de canais de expressão que possibilite a seus moradores serem escutados em seus dilemas e desafios pelos demais segmentos da sociedade paulistana. A quantidade de saraus realizados regularmente, na região, é uma comprovação da capacidade de mobilização e ação por parte de seus moradores, que se mostram como sujeitos ativos diante de uma realidade pouco permeável e pouco acessível aos menos favorecidos. São realizações que contam com pouco apoio institucional, sustentando-se frequentemente a partir da iniciativa e disposição das redes de relações informais entre seus moradores. 7. Uma das demandas que observamos a partir do diálogo com diferentes agentes e coletivos que ligados à cultura na região era a dificuldade em acessar as informações referentes à quanto de recursos chegam para esse tema. No levantamento realizado junto à Prefeitura de São Paulo e a partir da experiência contada por esses agentes e coletivos, 3

constatamos que a presença de investimentos (fomento) em cultura realizados ao longo do ano de 2015, como os programas VAI, Pontos de Cultura e Agentes Comunitários de Cultura. A soma desses recursos na região, em comparação com as demais regiões menos centrais da cidade, indica um percentual relevante (20%), dando a impressão da visibilidade alcançada daqueles subdistritos nas políticas municipais da área. 8. VAI 1 13 M'Boi Mirim Campo Limpo Município Quantos Recursos 1 Quantos Recursos Quantos Recursos 390.000,00 11 330.000,00 175 5.250.000,00 VAI 2 6 360.000,00 3 180.000,00 63 3.800.000,00 Pontos de Cultura 10 1.600.000,00 6 960.000,00 85 13.600.000,00 Agentes Comunitários de Cultura 12 144.000,00 16 192.000,00 151 1.800.000,00 9. No entanto, ao considerar o total dos investimentos públicos municipais e estaduais em cultura, nota-se que a parcela dirigida para os bairros mais afastados é ínfima, indicando, desta vez, invisibilidade. Os programas de fomento representam menos de 10% ( 24 milhões) dos gastos em todas as regiões da cidade pela Secretaria Municipal de Cultura em 2015 ( 305 milhões). E diversos equipamentos municipais voltados para a cultura, isoladamente, produzem gastos maiores do que os recursos que chegam à região por meio desses programas - como o Centro Cultural da Juventude ( 5 milhões), a Biblioteca Mário de Andrade ( 9 milhões), o Centro Cultural São Paulo ( 10 milhões) e a Fundação Theatro Municipal de São Paulo ( 85 milhões), em valores aproximados. 10. Além dos investimentos serem relativos, as políticas públicas de cultura têm sofrido inconstâncias entre as diferentes gestões municipais e estaduais. Exemplo desta questão é o equipamento Sacolão das Artes. Como constante, nota-se a dificuldade do poder público estabelecer um diálogo regular e efetivo com os agentes locais de cultura, a fim de dar escuta a suas demandas e promover a construção de políticas públicas de cultura que operem como caminho efetivo de empoderamento simbólico da região, fortalecendo os laços 1 Os recursos foram estimados a partir do valor individual oferecido em cada tipo de fomento, multiplicado pelo número de fomentos existentes em cada subprefeitura. 4

sociais locais e dando visibilidade às manifestações culturais locais, que, por sua natureza, problematizam os dilemas vividos pela população menos favorecida. 11. O eixo cultural mostra ser um poderoso recurso para políticas e ações realizadas na região. Por sua capilaridade entre agentes, coletivos e organizações que atuam nesse território, é capaz de agir como eixo mediador de políticas de diferentes áreas, como educação, esporte, saúde, assistência social e transporte, entre outros, tanto na micro, quanto na macro gestão; é um vetor capaz de mobilizar atores locais, aproximando-os e empoderando-o em favor de objetivos compartilhados, fortalecendo as redes de relações locais e mediando tensões entre atores locais ou entre sociedade civil e poder público. A ação cultural tem se mostrado também como vetor estratégico ao ganhar frequente apoio dos atores locais, sobretudo quando as ações trazem como tema ou lócus a própria região, servindo assim como meio de apropriação pela população do espaço local, suas características, seus valores e singularidades. 12. Ainda que tenha função estratégica, cultura é frequentemente considerada uma necessidade suplementar, não básica, sofrendo as vicissitudes de um olhar instrumental ou imediatista do poder público, conforme sua gestão; também é usada para desviar o olhar da população frente a questões sociais complexas, como negação destas, desqualificando a força expressiva e crítica das produções artísticas. 13. A desigualdade social incide nos caminhos de acesso aos fomentos e incentivos fiscais voltados às ações culturais: seja para ter conhecimento dos programas de apoio, seja para elaborar projetos a serem apreciados, os agentes e coletivos locais são cotidianamente desafiados a ultrapassar as várias barreiras que o sistema social estabelece para a hierarquia entre os diferentes segmentos sociais. 14. Nota-se um movimento na região em favor da construção de uma rede de agentes culturais dispostos e capazes de construir um diálogo sistemático entre pares, abertos ao diálogo com seus pares de outras regiões, a fim de produzir e encaminhar as demandas da juventude e demais segmentos para o poder público, na esperança de que seus representantes levem adiante o projeto de uma democracia efetiva e participante. Exemplo é a articulação em defesa da criação da Lei Municipal de Fomento às Periferias. Nota-se, porém, a dificuldade destes agentes serem reconhecidos de modo efetivo pelos representantes públicos na formulação de suas políticas, bem como de sustentarem eles próprios a responsabilidade de levar adiante o desafio desta tarefa. 5

15. Cultura é, portanto, um caminho de combate à vulnerabilidade social. Tem se mostrado alternativa para práticas ilícitas, frequentemente associadas à criminalidade. Não é um recurso capaz de resolver questões complexas como o tráfico e a criminalidade, mas é fecundo quando associado a outras políticas públicas voltadas para a promoção do bem-estar social e de um Estado que combata a desigualdade de oportunidades distribuídas em nossa sociedade. Desta forma, ao dar visibilidade aos problemas da região, a cultura se mostra como um eixo estratégico para políticas públicas fecundas, capazes de atuar numa perspectiva intersetorial e, dessa maneira, de reduzir também vulnerabilidades institucionais presentes, pressionando e construindo maior conectividade entre ações e equipamentos públicos locais. Junho de 2016 6