Dança no Moulin Rouge (1890), de Henri de Toulouse-Lautrec, Museu de Arte de Filadélfia

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Correção Atividades. Língua Portuguesa DIREITO CONSTITUCIONAL = FANATISMO RELIGIOSO. Busca de novos personagens. Grandes Secas + Povo Carente

Transcrição:

Profª Neusa

Dança no Moulin Rouge (1890), de Henri de Toulouse-Lautrec, Museu de Arte de Filadélfia

Parnasianismo Simbolismo

Parnasianismo PROFISSÃO DE FÉ Olavo Bilac Le poète est ciseleur, Le ciseleur est poète. Victor Hugo

Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto relevo Faz de uma flor. Imito-o. E, pois, nem de Carrara A pedra firo: O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro.

(...) Torce, aprimora, alteia, lima A frase; e, enfim, No verso de ouro engasta a rima, Como um rubim. Quero que a estrofe cristalina, Dobrada ao jeito Do ourives, saia da oficina Sem um defeito: (...)

(...) Não! Morra tudo que me é caro, Fique eu sozinho! Que não encontre um só amparo Em meu caminho! Que a minha dor nem a um amigo Inspire dó... Mas, ah! que eu fique só contigo, Contigo só!

(...) Celebrarei o teu ofício No altar: porém, Se inda é pequeno o sacrifício, Morra eu também! Caia eu também, sem esperança, Porém tranquilo, Inda, ao cair, vibrando a lança, Em prol do Estilo! Olavo Bilac

Simbolismo Um Sonho Na messe, que enlourece, estremece a quermesse... O sol, celestial girassol, esmorece... E as cantilenas de serenos sons amenos Fogem fluidas, fluindo a fina flor dos fenos... As estrelas em seus halos

Brilham com brilhos sinistros... Cornamusas e crótalos, Cítolas, cítaras, sistros, Soam suaves, sonolentos, Sonolentos e suaves, Em Suaves, Suaves, lentos lamentos De acentos Graves Suaves... Eugênio de Castro

Vozes veladas, veludosas vozes, volúpias dos violões, vozes veladas, vagam nos velhos vórtices velozes dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. Cruz e Sousa

Profª Neusa

Os sertões (Euclides da Cunha)

A TERRA "Ao sobrevir das chuvas, a terra, como vimos, transfigura-se em mutações fantásticas, contrastando com a desolação anterior. (...) E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono. Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora; e (...) - o espasmo assombrador da seca."

O HOMEM "O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. (...). É o homem permanentemente fatigado."

A LUTA "Decapitaram-nos. Queimaram os corpos. Alinharam depois, nas duas bordas da estrada, as cabeças, regularmente espaçadas, fronteando-se, faces volvidas para o caminho. (...). Um pormenor doloroso completou essa encenação cruel: a uma banda avultava, empalado, erguido num galho seco, de angico, o corpo do coronel Tamarindo. Era assombroso... Como um manequim terrivelmente lúgubre, o cadáver desaprumado, braços e pernas pendidos, oscilando à feição do vento no galho flexível e vergado, aparecia nos ermos feito uma visão demoníaca.

Urupês (Monteiro Lobato) (...) Jeca Tatu é um piraquara do Paraíba, maravilhoso epítome de carne onde se resumem todas as características da espécie. Ei-lo que vem falar ao patrão. Entrou, saudou. Seu primeiro movimento após prender entre os lábios a palha de milho, sacar o rolete de fumo e disparar a cusparada d'esguicho, é sentar-se jeitosamente sobre os calcanhares. Só então desbrava a língua e a inteligência. "Não vê que..." De pé ou sentado, as idéias se lhe entramam, a língua emperra e não há de dizer coisa com coisa.

(...) Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade! Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo... (...) Seu grande cuidado é espremer todas as conseqüências da lei do menor esforço e nisto vai longe. Começa na morada. Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram em toca e gargalhar ao joão-de-barro. Pura biboca de bosquímano. Mobília, nenhuma. (...)

Nenhum talher. Não é a munheca um talher completo colher, garfo e faca a um tempo? (...) Se pelotas de barro caem, abrindo seteiras na parede, Jeca não se move a repô-las. Ficam pelo resto da vida os buracos abertos, a entremostrarem nesgas de céu.

Triste fim de Policarpo Quaresma (Lima Barreto) Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da pátria tomou-o todo inteiro.(...); o que Quaresma pensou, ou melhor: o que o patriotismo o fez pensar foi num conhecimento inteiro do Brasil, levando-o a meditações sobre os seus recursos, para depois então apontar os remédios, as medidas progressivas, com pleno conhecimento de causa. (...) Durante os lazeres burocráticos, estudou,

mas estudou a Pátria, nas suas riquezas naturais, na sua história, na sua geografia, na sua literatura e na sua política. (...) Defendia com azedume e paixão a proeminência do Amazonas sobre todos os demais rios do mundo. Para isso ia até ao crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo e era com este rival do "seu" rio que ele mais implicava. (...). Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-guarani.(...). Na repartição, os pequenos empregados, amanuenses e escreventes, tendo notícia desse estudo do idioma tupiniquim, deram não se sabe por que em chamá-lo Ubirajara.

Autor Região Temática abordada Estilo retratada Monteiro Interior de SP Caipira indolente e sem Transgressão ortográ- Lobato iniciativa, mas vítima do fica e uso de expresdescaso governamen- sões regionais. tal, na decadência do (estilo regional) Vale do Paraíba. Lima Barreto Subúrbio do Abuso do poder dos Acusado de incorreção Rio de militares e a prepo- gramatical e excesso Janeiro tência dos mais abas- de oralidade. tados. (estilo informal) Euclides da Sertão da O sertanejo forte e Vocabulário técnico e Cunha Bahia corajoso frente ao construção gramatical homem do litoral na por vezes elegante, Revolta de Canudos por vezes rebuscada. (estilo formal)

O morcego Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. "Vou mandar levantar outra parede..." - Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre minha rede! Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?! Augusto dos Anjos A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto!

Versos Íntimos Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!