Unidade: A literatura Infanto-Juvenil no mundo Unidade I: e no Brasil 0
Unidade: A literatura Infanto-Juvenil no mundo e no Brasil Nesta unidade, trataremos como a Literatura Infanto-Juvenil se manifesta no mundo e no Brasil. Como dito na unidade anterior, a criação da literatura para crianças surge na França na segunda metade do século XVII. As Fábulas (1668) de La Fontaine; os Contos da Mãe Gansa (1696/1697) de Charles Perrault; os Contos de Fadas (1696/1699) de Mme. D Aulnoy e Telêmaco (1699) de Fénelon são os livros pioneiros do mundo literário infantil. Essa literatura construída a partir de textos da Antiguidade Clássica ou de narrativas orais entre o povo é contrastada com a alta literatura clássica que era produzida nesse momento, como o teatro de Corneille ou de Racine. A esse respeito, a pesquisadora Nelly Novaes Coelho salienta: Entretanto, vista dentro do panorama geral das idéias e correntes que caracterizam o século XVII, tal literatura torna-se perfeitamente justificada. Conhecendose esse panorama e como nasceu essa literatura infantil, descobre-se a seriedade e os altos objetivos que nortearam a construção de cada um de seus títulos. Não há nada, nessa produção, que seja gratuito ou tenha surgido como puro entretenimento sem importância, como muitos vêem a Literatura Infantil em geral. Na França, na primeira metade do século XVII, o Discurso de Descartes ilustra a tendência filosófica da época, influenciando a produção literária, especialmente, a poesia e o teatro. Há, nesse momento, uma tensão centralizada entre o idealismo da vida heróica e o realismo da vida prática. Essa dualidade vai aparecer na novela satírica que surge na Espanha de Felipe III, El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha (publicado entre 1605 e 1615), de Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616). Cervantes escreve uma das obras mais famosas do mundo e, ao satirizar os valores, os temas, as atitudes, as personagens e as convenções literárias que caracterizavam as novelas de cavalaria em seu apogeu, ele 1
acaba por traçar um dos quadros mais pungentes e significativos da falência humana, ao tornar evidente a terrível distância que vai da grandeza do ideal sonhado à estreiteza ou mesquinhez da realidade alcançada. Entre os anos de 1621 e 1692, surgem as fábulas de La Fontaine, que restituiu à fábula em verso todo o seu relevo literário e também a elevou ao nível da alta poesia, alimentada por um novo pensamento filosófico, cujos valores, posteriormente, seriam reconhecidos e, com o tempo, minimizados pelos contemporâneos. No Brasil e em Portugal, o século XVII circulava, em questão de obras literárias, a mesma, vinda da Idade Média e do renascimento como: novelas de cavalaria, novelas pastoris, estórias de proveito e exemplo e, principalmente, as obras edificantes. Agora, deem uma olhada no seguinte artigo Literatura infantil e juvenil brasileira: os caminhos da produção e o resgate da memória disponível em http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno11-10.html Este artigo aborda as influências que o Brasil teve dos clássicos antigos como também de outros países. É bem interessante. É no século XVIII que a Inglaterra surge com um novo gênero, o romance, que irá superar todos os demais. Entretanto, antes de aparecerem os primeiros modelos do romance moderno, surgem duas obras de ficção que, pela originalidade e enraizamento na Vida Real, foi um sucesso absoluto entre os leitores e até hoje circula pelo mundo, estamos nos referindo ao Robison Crusoé (1719) de Daniel Defoe e as Viagens de Gulliver (1726) de Jonathan Swift. O século XVIII também abre caminho para o reconhecimento da criança como um ser com características próprias e de cuja educação dependeria, no futuro, a personalidade. Sendo assim, a criação literária para crianças está intimamente ligada às diretrizes educacionais. Em Portugal, com influência francesa e italiana, renasce o gênero teatral seguindo uma linha popular da comédia de costumes, da farsa e da comédia clássica latina. O gênero de maior repercussão popular em Portugal, na primeira metade do século, foi a ópera de fantoches de origem italiana. No Brasil, a primeira metade do século não apresenta grande diferença do século anterior. Na segunda metade, é com os árcades mineiros que se 2
pode dizer que a Literatura Brasileira começa efetivamente. A literatura acessível às crianças ainda era de natureza popular e de transmissão oral trazida pelos portugueses. No século XIX, a literatura é voltada para o Romantismo e Realismo; conhecido como o século de ouro do romance e da novela, é marcado pela convergência de diferentes tendências e correntes literárias, que mesclam o culto e o popular. E é no convívio desse processo renovador que a criança realmente é descoberta como um ser que precisava de cuidados específicos para sua formação humanística, cívica, espiritual, ética e intelectual. Os novos conceitos de Vida, Educação e Cultura abrem caminho para os novos e ainda tateantes procedimentos na área pedagógica e na literária. Pode-se dizer que é nesse momento que a criança entra como um valor a ser levado em consideração no processo social e no contexto humano. Mas, essa descoberta não se fez de chofre, a criança ainda era encarada como um adulto em miniatura. A descoberta da qualidade específica do ser criança ou do ser adolescente será feita no século XX. As obras que marcaram o século XIX, que influenciaram a leitura de crianças e jovens tanto no mundo como no Brasil, em sua maioria, nasceu como obra para adultos, e, por um desses processos misteriosos que fazem de um livro sucesso, acabou por conquistar o público jovem. Foram traduzidas e adaptadas; com o tempo tais obras transformaram-se em clássicos infantis ou juvenis. Bom! As narrativas conhecidas como Narrativas do fantásticomaravilhoso são as que decorrem do mundo da fantasia cujos autores são os Irmãos Grimm Jacob (1785/1863) e Wilhelm (1786/1859) com sua obra mais famosa Contos de Fadas para Crianças e Adultos (Kinder-und Hausmärchen), publicado entre os anos 1812 e 1822. Nessas narrativas, encontramos as que tanto conhecemos, como: A Bela Adormecida; Os músicos de Bremem, Branca de Neve e os Sete Anões; O Chapeuzinho Vermelho; entre outras tão famosas no mundo todo até hoje. Outro autor desse tipo de narrativa é Hans Christian Andersen que foi um dos mais famosos escritores para crianças em todo o mundo. Uma de suas obras mais conhecidas é: O Patinho feio. 3
Nesse mesmo século, temos as Narrativas do Realismo-maravilhoso cujos autores principais são: Lewis de Carroll (1832/1898), sua grande obra foi Alice no País das Maravilhas; o criador do clássico Peter Pan, James M. Barrie(1860/1937) e Collodi (1826/1890) que criou o famoso boneco Pinóquio. Existiram outros autores que iremos comentar em outra unidade. Agora você, aluno, poderá acessar o link http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol9/9_9.pdf que irá mostrar um perfil do leitor infanto-juvenil na década de 80 e entre os anos de 1994 e 2004 para você ver o que mudou nesses vinte anos. Assim, não precisamos ficar apenas nas informações contextuais e sim acrescentar para você a questão do papel da literatura no processo de aprendizagem da criança e do adolescente. 4
Referências CUNHA, Maria Antonieta Antunes.Literatura Infantil: teoria e prática.5 ed. São Paulo: Ática, 1986, p. 19-39. COELHO, Nelly Novaes.Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil. 4 ed. São Paulo: Ática 1991. D ÁVILA, Antônio. Literatura Infanto-Juvenil. São Paulo: Editora do Brasil, 1969. 5
6 Responsável pelo Conteúdo: Profª Esp. Denise Jarcovis Pianheri Revisão Textual: Profª. Dra. Roseli F. Lombardi www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000