Utilização de Sistema de Informação Geográfica Para Composição do Atlas Pluviométrico do Distrito Federal Brasil. Resumo



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Transcrição:

Utilização de Sistema de Informação Geográfica Para Composição do Atlas Pluviométrico do Distrito Federal Brasil Valdir Adilson Steinke Instituto de Geociências, UnB Centro de Sensoriamento Remoto, IBAMA Brasília/DF Brasil valdir@csr.ibama.gov.br Ercília Torres Steinke Departamento de Geografia, UnB Brasília/DF Brasil ercília@unb.br Resumo O presente trabalho teve como objetivo proporcionar um produto capaz de representar a distribuição espacial da pluviosidade no Distrito Federal do Brasil de maneira a fornecer subsídios de apoio a pesquisa, no que se refere ao comportamento da dinâmica climática local, na investigação dos recursos naturais e a todas as áreas de interesse que possam estar utilizando esta informação. Como produto final obteve-se um conjunto de mapas representativos do comportamento pluviométrico em diferentes épocas do ano. Para chegar a este produto final, aqui denominado de Atlas Pluviométrico, partiu-se dos dados pluviométricos disponibilizados pela Empresa Brasileira de Agropecuária EMBRAPA/DF. Para elaboração das isoietas foi utilizado um método conhecido como interpolação spline gerando, assim, os mapas de pluviosidade. Esses mapas foram cruzados com o MNT da área de estudo, o qual foi elaborado a partir das cartas topográficas do SICAD (Sistema Cartográfico do DF) escala 1:25.000 e eqüidistância de 40m. O trabalho foi realizado utilizando-se as técnicas de geoprocessamento disponíveis no software ArcView 3.1 (extensões 3D analisys e Spatial Analyst). A importância da elaboração do Atlas Pluviométrico do DF reside no fato de que se constitui num instrumento que se pode servir de apoio a qualquer estudo que venha a ser realizado não só na área ambiental quanto social do Distrito Federal. Palavras chave: climatologia, sistemas de informação geográfica, pluviosidade. 1

Introdução: Segundo Almeida (2000), a precipitação pluviométrica configura-se como o elemento climático mais irregular, espacial e temporalmente, causando impactos em diversas atividades humanas. Por exemplo, dos componentes climáticos, a precipitação pluviométrica é um dos fatores que mais afetam a produção agrícola, devido ao seu caráter aleatório, aumentando, conseqüentemente, os riscos na produção. Tratando-se de fenômenos pluviométricos, a primeira grande preocupação, segundo Assad (1994), é quanto à exatidão dos dados das estações meteorológicas, principalmente quanto à confiabilidade e à magnitude do período de observações. A confiabilidade dos dados é fundamental e, quanto à magnitude da série a ser estudada, é evidente que, quanto maior for o período, mais representativa será a série. Vale lembrar, portanto, que Monteiro (1951) indica que o período de observação ideal para dados climáticos é de 30 anos. Todavia, as duas principais barreiras enfrentadas por quem se aventura a realizar trabalhos de cunho climatológico são, exatamente, a obtenção de dados meteorológicos de boa qualidade, sem falhas, e que venham cobrir a área estudada de maneira satisfatória e a espacialização desses dados. Apesar da variabilidade inerente, na grande região do Cerrado brasileiro, é possível identificar um padrão de precipitação pluviométrica, ocorrendo em dois períodos marcantes seco e chuvoso os quais variam, temporalmente, de região para região. No Distrito Federal, especificamente, o período seco ocorre de maio a setembro e o período chuvoso de outubro a abril, apresentando, como oferta pluviométrica anual, uma precipitação variando de 1.200 a 1.800 mm (Assad, 1994). Para representar espacialmente as informações pluviométricas referentes à variação do total anual de chuvas e à variação das chuvas nos dois períodos, pode-se lançar mão de técnicas de espacialização disponíveis em Sistemas de Informação Geográfica. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi espacializar as informações pluviométricas georeferenciadas do Distrito Federal e analisar sua abrangência geográfica. No caso, as precipitações anuais, foram regionalizadas através de um método de interpolação, o que possibilitou a elaboração de mapas de pluviosidade os quais, além de fornecer 2

informações pontuais, podem ser utilizados como banco de dados primários, com informações climáticas que podem ser utilizadas por terceiros. Geoprocessamento: O geoprocessamento pode ser definido como um conjunto de tecnologias voltadas à coleta, tratamento e geração de informações espaço-temporais para um objetivo específico. Neste contexto o geoprocessamento de ser visto como um conceito abrangente e, que representa todas as tecnologias desenvolvidas com a finalidade de processar dados georreferenciados. Atualmente o termo geoprocessamento passou a ter alguns sinônimos, que estão sendo utilizados com mais freqüência, estes são as geotecnologias e a geomática, neste trabalho especificamente adotamos ainda o tradicional termo geoprocessamento. O desenvolvimento do geoprocessamento está ligado diretamente a evolução da informática, Cartografia, Sensoriamento Remoto, da Geografia, entre outros. Este desenvolvimento esta intrinsecamente relacionado com a necessidade de uma disseminação maior das informações, para uma melhor organização e compreensão das variáveis espaciais. Notoriamente os países mais abastados financeiramente e também aqueles que investem com mais vigor em pesquisa, estão alguns passos a frente do Brasil no que diz respeito ao desenvolvimento das tecnologias que o geoprocessamento se utiliza. Estando este século sob o estigma de ser considerado a era da informação gerenciada de maneira ótima, surge no âmbito do geoprocessamento um componente capaz de permitir este gerenciamento em se tratando de informações espacialmente referenciadas, são os Sistemas de Informações Geográficas SIG. O objeto de estudo da Geografia preocupa-se com todas as manifestações naturais e artificiais que ocorrem na Terra, a análise de informações, neste caso, é tratada como um sistema, com passado-presente-futuro. As funções básicas de um SIG são a entrada, manipulação e a visualização de dados e, ainda, o armazenamento e gerenciamento destes dados. Dentre estas funções não se pode elencar qual a mais importante, contudo, a manipulação e análise de dados em SIG são a sua essência, pois possibilita uma série de soluções possíveis. 3

Diversos setores da sociedade têm adotado os SIG s para o gerenciamento de suas informações, assim são inúmeras as aplicações que se pode encontrar. Também não é possível afirmar qual o setor mais obtém benefícios com a utilização desta tecnologia, as instituições governamentais tem muito a ganhar com a sua implementação, pois poderá adequar, por exemplo, a sua alocação de investimentos identificando de maneira mais precisa as regiões mais carentes. No caso específico de mapas climáticos gerados por técnicas de geoprocessamento, estes podem servir como uma fonte de informação versátil, rápida e atualizável para estudos sobre conservação e gestão de recursos tais como, água, fauna e flora. Entretanto, cabe salientar que os mapas representam padrões espaciais de distribuição da variável chuva e devem ser interpretados levando-se em consideração que a resolução espacial é, freqüentemente, de dezenas de quilômetros. Caracterização da área de estudo: O Distrito Federal encontra-se já bastante caracterizado na literatura existente, dispensando maiores aprofundamentos, estando sintetizada a seguir a sua caracterização básica: O DF ocupa uma área de 5.783 km², localizando-se entre os paralelos 15 30 e 16 03 de latitude sul e entre o meridiano de 47 25 e 48 12 de longitude oeste (figura 1). Apresenta topografia suave, onde 57% do território é constituído de terras altas, conhecidas como Chapadas, que se apresentam como dispersoras das principais bacias. Seu clima, Alternadamente Úmido e seco, de acordo com a classificação de Strahler, apresenta duas estações: uma chuvosa e quente, que se prolonga de outubro a abril, e outra, fria e seca, de maio a setembro. Ocorrem várias classes de solos no DF, sendo o Latossolo e o Cambissolo as classes predominantes, correspondendo, conjuntamente, a mais de 85% da área total. Quanto à vegetação, basta citar que o DF encontra-se no centro da região dos Cerrados, apresentando as diversas fitofisionomias que este bioma apresenta. Metodologia: Os dados pluviométricos utilizados foram disponibilizados pela Empresa Brasileira de Agropecuária EMBRAPA/DF. Após a análise da consistência dos dados, os anos com valores anômalos foram eliminados através de uma maneira simples de 4

Figura 1: Localização do Distrito Federal 5

controlar as médias mensais e as médias das máximas, eliminando os valores e meses com valores aberrantes. Para este trabalho, o volume de dados coletados chegou a 20 postos (dados diários), e o período estudado foi de 18 anos, não necessariamente coincidentes e subseqüentes, uma vez que, considerando-se os problemas de consistência de dados, alguns foram eliminados. Para o cálculo da pluviosidade média, utilizou-se uma série histórica contínua de dados consistidos de precipitação dos anos de 1979 a 1996, para cada um dos 20 postos pluviométricos, e o programa Chuvazio, também disponibilizado pela empresa. Para elaboração das isoietas foi utilizado um método conhecido como interpolação spline. Este método foi adotado porque mostrou resultados razoáveis dentro do conhecimento do clima regional e, sobre tudo, porque não gerou resultados errôneos. Os mapas gerados foram cruzados com o MNT da área de estudo, o qual foi elaborado a partir das cartas topográficas do SICAD (Sistema Cartográfico do DF) escala 1:25.000 e eqüidistância de 40m. O trabalho foi realizado utilizando-se as técnicas de geoprocessamento disponíveis no software ArcView 3.1 (extensões 3D analisys e Spatial Analyst). Este software constitui-se num gerenciador de informações geográficas que possui uma interface gráfica com o usuário, o que torna fácil carregar dados espaciais e tabulares. Esses dados podem ser exibidos como mapas, tabelas ou gráficos. Este software oferece as ferramentas necessárias para realizar pesquisas, analisar dados e apresentar seus resultados em mapas de qualidade. Resultados: Foram elaborados os seguintes mapas: (em anexo) Precipitação média anual Precipitação média anual do período seco Precipitação média anula do período chuvoso Precipitação máxima registrada Precipitação mínima registrada Modelo numérico do terreno 6

Observou-se que a pluviosidade no Distrito Federal, no aspecto espacial, apresenta uma tendência leste-oeste de crescimento. Esta tendência, de acordo com Steinke e Steinke (2001) pode ser explicada pela influência do relevo, representado aqui pelo MNT, que, interagindo com os sistemas regionais de circulação atmosférica, age sobre a região, determinando os padrões de distribuição da chuva. Os sistemas regionais de circulação atmosférica atuantes na região podem ser resumidos da seguinte forma segundo Steinke (2000): para a região Centro-Oeste do Brasil tem-se como principais massas de ar atuantes: equatorial continental (mec), tropical atlântica (mta) e a polar atlântica (mpa). Associados à essas massas de ar, segundo Nimer (1989), encontram-se os três sistemas de circulação que determinam o clima da região, são eles: os sistemas de correntes perturbadas de oeste (W) de linhas de instabilidades tropicais, representado por tempo instável no verão; sistemas de correntes perturbadas de norte (N), representado pela ZCIT, que provoca as chuvas no verão; e sistemas de correntes perturbadas de sul (S), do anticiclone polar e frentes polares, responsáveis pela estabilidade do tempo no inverno. Considerações finais: através de uma análise espacial dos documentos cartográficos aqui elaborados é possível direcionar a ocupação do território sob o aspecto de conservação dos solos, das águas, fauna e flora, uma vez que o Distrito Federal apresenta duas características marcantes que merecem atenção. A primeira e mais perceptível está relacionada com a questão da distribuição temporal da pluviosidade, representando um período de alta oferta de água seguido de um período de baixa, este período de estiagem exige um racionamento consciente do uso da água. O segundo aspecto refere-se à distribuição espacial das chuvas. De acordo com a espacialização das informações, a tendência é um direcionamento leste-oeste, certamente o fator topográfico contribui para este comportamento. Tais características mapeadas contribuem para a elaboração de planos de ação capazes de direcionar o uso dos recursos hídricos de maneira sustentável. Referências bibliográficas: ALMEIDA, I. R. Variabilidade pluviométrica interanual e produção de soja no estado do Paraná. Anais do IV Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica. CD-ROM, 2000. 7

ASSAD, E. D. Chuva nos Cerrados: análise e espacialização. Brasília: EMBAPA CPAC, 1994. MONTEIRO, C. A. Notas para o estudo do clima do Centro-Oeste brasileiro. Revista Brasileira de Geografia, 1951. NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1989. STEINKE, E. T. e STEINKE, V. A. Aspectos determinantes do período de seca no Distrito Federal. Boletim Gaúcho de Geografia. Porto Alegre. V. 26, p. 244-254. 2000. STEINKE, V. A. Geoprocessamento aplicado à análise dos condicionantes da variação da pluviosidade no Distrito Federal Brasil. In IX Congresso Latino americano e ibérico de meteorologia e VII congresso argentino de meteorologia. Buenos Aires. CD-ROM, 2001. 8

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