INFORMATIVO TÉCNICO REGIONAL ESREG Santa Maria RESPONSÁVEIS: EngºAgrº Luiz Antônio Rocha Barcellos Biól a Sônia Thereza Bastos Dequech - Profª Adjª Depto Defesa Fitossanitária CCR - UFSM ASSUNTO: Milho: controle biológico da lagarta-do-cartucho CONTROLE BIOLÓGICO DE Spodoptera frugiperda NO MILHO COM Trichogramma Spodoptera frugiperda, a lagarta-do-cartucho do milho, é uma das principais pragas da cultura do milho no Brasil. Ataca o cartucho da planta na forma larval, podendo causar perdas significativas no rendimento da cultura. Muitos agricultores usam controle químico, porém nem sempre os resultados têm sido satisfatórios em função dos custos e dos riscos da poluição ambiental. O inseto também ataca outras culturas, tais como sorgo, trigo, arroz, alfafa, amendoim, feijão, tomate, espinafre, repolho, batata, abóbora e couve. Uma das alternativas indicadas pela EMBRAPA - Centro Nacional de Milho e Sorgo é a utilização do controle biológico através de um parasitóide de ovos chamado Trichogramma, que é uma minúscula vespinha (Figura ). Figura. Trichogramma parasitando ovos. À direita, em postura de Spodoptera frugiperda. Como o inseto-praga ataca o milho? S. frugiperda é um inseto com metamorfose completa, isto é, durante seu ciclo de vida passa por quatro fases distintas: ovo, larva, pupa e adulto. Os insetos adultos (mariposas) (Figura ) medem cerca de mm de envergadura. Não são ativos durante o dia, podendo ser encontrados entre as folhas fechadas do cartucho das plantas de milho. (A) (B) Figura. Adultos de Spodoptera frugiperda. (A): macho, (B): fêmea.
O número de posturas depositadas por fêmea varia bastante. Já foi observado um máximo de posturas por fêmea e que um só indivíduo pode depositar até oito posturas em um só dia. O número de ovos por postura também varia, com média entre a 0 ovos. Os ovos são depositados em massa, geralmente em três ou mais camadas, na folha do milho (Figura ). Após alguns dias ( a 0, dependendo da temperatura), as lagartas eclodem (Figura ) e alimentam-se dos tecidos verdes ocasionando o sintoma de folhas raspadas (Figura A). À medida que a larva vai crescendo, ataca o cartucho provocando sérios danos (Figura B e C). Também pode atacar outras partes da planta como as raízes adventícias, pendões e espigas. A fase larval dura em torno de dias, a uma temperatura aproximada de C. Quando completamente desenvolvida, a larva usualmente dirige-se para o solo e se transforma em pupa. A nova geração de mariposas, que emerge das pupas, geralmente voa para longe da área de origem, antes de fazer as posturas. Figura. Posturas de Spodoptera frugiperda. (A) (B) Figura. Lagartas de Spodoptera frugiperda. (A): recém eclodidas, (B): próximo a empupar. (A) (B) (C) Figura. Danos de Spodoptera frugiperda. (A): folha raspada, (B) e (C): folha perfurada.
Como usar o controle biológico para combater a lagarta-do-cartucho? O controle biológico pode ser feito com Trichogramma, uma vespinha que parasita os ovos de S. frugiperda, onde se desenvolve durante todo o ciclo, que é de aproximadamente 0 dias (Figura ). Cada fêmea da vespinha parasita, aproximadamente, 0 ovos de S. frugiperda. O tempo de vida do adulto de Trichogramma, no campo, é de cerca de dias. Figura. Ciclo biológico de Trichogramma. As vespinhas são criadas em laboratórios da EMBRAPA - Milho e Sorgo e outros da iniciativa privada. São remetidas pelos laboratórios, via correio, em cartelas (Figura ), onde estão acondicionados os ovos dos hospedeiros, parasitados pelas vespinhas. Cada cartela abriga cerca de 0.000 vespinhas. Figura. Cartelas sem ovos (esquerda), com ovos (centro) e com ovos parasitados (direita).
Abaixo, estão listadas algumas das pragas que puderam ser controladas, com comprovação científica, pela atuação de Trichogramma (Fonte: http://www.megabio.com.br/pragas). CULTURAS Maracujá Ervilha Algodão Soja Cana-de-Açúcar Milho Tomate Repolho Mandioca Abacate Citros PRAGAS Agraulis vanillae (lagarta-das-folhas) e Dione juno juno Agrotis sp (lagarta-rosca) Alabama argillacea (curuquerê), Heliothis virescens (lagarta-damaçã), Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho-do-milho) Anticarsia gemmatalis (lagarta-da-soja) Diatraea saccaralis (broca-da-cana) Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), Helicoverpa zea (lagarta-da-espiga) Helicoverpa zea (broca-grande), Neoleucinodes elegantalis (broca-pequena), Tuta absoluta (traça-do-tomateiro) Plutella xylostella (traça-das-crucíferas) Erinnyis ello (mandarová) Stenoma catenifer (lagarta-do-fruto) Ecdytolopha aurantiana (bicho-furão) Quando utilizar Trichogramma no milho? Trichogramma deve ser distribuído na lavoura quando aparecerem os primeiros sintomas de folha raspada e os primeiros ovos e/ou adultos de S. frugiperda. O milho poderá ter aproximadamente a folhas. A folha raspada é indicativa de que a forma larval vai atacar o cartucho. Não devemos esperar a lagarta atacar o cartucho. Para lavouras do cedo (milho safra), a recomendação é que dias após a emergência sejam encomendadas as cartelas, que deverão chegar ao produtor no prazo de uma semana. Nas lavouras do tarde (milho safrinha), a liberação deve ocorrer mais cedo, ou seja, dias após a emergência. A EMBRAPA recomenda a liberação de cerca de 0.000 indivíduos por hectare ( cartelas). Conforme a intensidade do ataque da lagarta-do-cartucho será necessária uma segunda distribuição das vespinhas na lavoura de milho, uma semana depois. Se o agricultor optar por controlar a lagarta-da-espiga é necessário reforçar a distribuição das vespinhas a partir do início do espigamento do milho. Como proceder após o recebimento de Trichogramma? Após o recebimento, as cartelas devem ser armazenadas em recipientes de plástico ou de vidro (de, a litros de capacidade), de boca larga. Os recipientes devem ser envolvidos num pano preto, preso por um elástico ou goma, e guardados em local fresco. Como distribuir Trichogramma na lavoura de milho? A distribuição pode ser de duas maneiras:
. Através de cartelinhas. Esta forma de distribuição das vespinhas prevê a colocação da própria cartela, antes da emergência dos adultos. São utilizadas cartelas/ha. Cada cartela deve ser recortada com tesoura em pequenas cartelinhas quadradas conforme indicam as linhas escuras da Figura. Cada cartelinha é colocada no cartucho do milho (Figura ), cobrindo toda área de cultivo. Em função do alcance de vôo das vespinhas ser de, aproximadamente, 0 m, cada cartelinha deve ficar a uma distância mínima de 0 m uma da outra. Figura. Colocação das cartelinhas com Trichogramma no cartucho. (Fonte: http://www.megabio.com.br/trichogramma_no_campo). Através das vespinhas já emergidas das cartelas. Assim que houver grande número de adultos de vespinhas emergidos, os recipientes devem ser levados à lavoura, onde se caminha na linha de cultivo, abrindo e fechando os vidros. Deve-se caminhar devagar, permitindo que as vespinhas saiam proporcionalmente e liberando-as até a borda da lavoura, cobrindo-se uniformemente toda a área. Ao terminar a liberação, os vidros devem ser novamente embrulhados no pano preto e guardados até o outro dia. Como as vespinhas não emergem todas no mesmo dia, no dia seguinte os recipientes devem novamente ser levados ao local, para distribuição das vespinhas que emergiram. Esse repasse deve ser realizado em sentido contrário à liberação do dia anterior. É necessário que o operador aproxime, ao máximo, a boca do vidro à planta, para facilitar o abrigo da vespinha nas folhas. Ao caminhar, o recipiente deve estar na posição horizontal, com a boca em direção contrária àquela em que se caminha. Após a conclusão do repasse, quase todas as vespinhas já devem ter emergido. A EMBRAPA recomenda que a liberação das vespinhas seja realizada nas horas mais frescas do dia, de preferência pela manhã, uma vez que Trichogramma apresenta máxima atividade de oviposição durante o dia. A liberação pode, no entanto, ser feita também ao entardecer. Como realizar a avaliação da eficiência de Trichogramma? No Anexo podem ser encontradas instruções para avaliação do uso de Trichogramma nas áreas experimentais. Ler com atenção e proceder conforme recomendado! Referências Bibliográficas Cruz, I.; Feigueiredo, M.L.C.; Matoso, M. Controle Biológico de Spodoptera frugiperda utilizando o parasitóide de ovos Trichogramma. Sete Lagoas:EMBRAPA-CNPMS,999. 0 p. (EMBRAPA-CNPMS, Circular Técnica, 0) EMBRAPA. Inimigos naturais de pragas nas culturas de milho e sorgo. Técnicas de liberação de Trichogramma spp. nas culturas de milho e sorgo. Controle Biológico,.
ANEXO METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO USO DE Trichogramma A avaliação deve ser realizada em três momentos: ) no dia (ou um dia antes) da liberação das vespinhas ) 0 (vinte) dias após a liberação ) em data próxima à colheita Procedimento a ser adotado em cada avaliação: Determinar quatro locais por hectare de lavoura e, a partir do ponto estabelecido, avaliar as próximas plantas quanto à presença ou não de dano causado pela lagarta-do-cartucho. Se ocorrer dano na planta, verificar se é folha raspada ou folha perfurada (ou ambas). Os quatro pontos, de cada hectare, devem ser em locais diferentes e representativos da área, e a não menos que dez metros da margem da lavoura (bordadura) (Figura ). plantas plantas plantas plantas LAVOURA Figura. Exemplo da localização dos pontos de amostragem em hectare de lavoura. Preencher quadro conforme modelo a seguir (um quadro em cada avaliação, por hectare). Se for possível, pela disponibilidade de tempo e de avaliador, realizar avaliações também em áreas de mesma época de plantio e sem liberação das vespinhas, em datas equivalentes às das áreas com liberação. Esta informação permitirá futuras comparações entre áreas com liberação e sem liberação.
FICHA DE AVALIAÇÃO Produtor: Local: Área com cultivo de milho: Híbrido (variedade): Data da semeadura do milho: Data de liberação das vespinhas: Data da avaliação das plantas: Assinale com um X o resultado da avaliação de cada planta: pontos planta 9 0 9 0 9 0 9 0 folhas com dano raspada perfurada folhas sem dano
AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR Esta avaliação, complementar à anterior, pode ser realizada dependendo da disponibilidade do produtor e/ou técnico da EMATER. Deve ser efetuada em dois momentos: antes da liberação das vespinhas (ou no dia anterior) e cerca de 0 dias após a liberação. Esta forma é mais precisa, em função de avaliar diretamente o parasitismo de ovos nas posturas da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). Consta dos seguintes passos:. Percorrendo a lavoura por meia hora, observar se existe postura de Spodoptera frugiperda (nos dois lados das folhas de plantas de milho).. Coletar as posturas encontradas, recortando a parte da folha com a postura.. Armazenar as posturas em cápsulas de remédio, de preferência transparentes (vendidas em farmácias de manipulação ou fornecidas por técnicos da EMATER).. Colocar uma postura em cada cápsula e guardar, para se r entregu e para técnicos da EMATER, que repassarão aos pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria na próxima reunião de avaliação do programa, a ser realizada em Santo Ângelo em 00. Em laboratório, será avaliado pelos pesquisadores se houve emergência de vespinhas dos ovos das posturas.. Guardar todas as cápsulas coletadas num mesmo dia num pote de vidro ou de plástico, mantendo dentro do recipiente uma ficha onde deve ser anotado: Produtor: Local: Área com cultivo de milho: Híbrido (variedade): Data da semeadura do milho: Data de liberação das vespinhas: Data da avaliação das plantas: Número de posturas coletadas:. Se for possível, pela disponibilidade de tempo e de avaliador, realizar esta avaliação também em áreas sem liberação das vespinhas, em da tas equivalentes às das áreas com liberação. Esta informação permitirá futuras comparações entre áreas com liberação e sem liberação. CONTATOS: EngºAgrº Luiz Antônio Rocha Barcellos EMATER Av. Medianeira, 900 000 - Santa Maria - RS Tel: () -0 e-mail: larbarcellos@emater.tche.br Profª Drª Sônia Thereza B. Dequech Depto de Defesa Fitossanitária / CCR / UFSM Prédio - CCR / Sala Campus Universitário - Camobi 90 900 - Santa Maria - RS Tel: () 0 0 Res: () Celular: () 0 e-mail: soniabd@terra.com.br