MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS O CASO DAS FACHADAS REVESTIDAS COM PINTURAS

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I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO 18-21 julho 2004, São Paulo. ISBN 85-89478-08-4. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS O CASO DAS FACHADAS REVESTIDAS COM PINTURAS RESUMO Ana Maria de Sousa Santana de Oliveira (1) Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE; E-Mail: ana@unioeste.br Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar as manifestações patológicas mais frequentes em fachadas e verificar a sua incidência. O trabalho foi realizado na cidade de Cascavel no Paraná, realizando inicialmente um levantamento dos principais edifícios da cidade que apresentavam manifestações patológicas em fachadas revestidas com pintura, a identificação das manifestações e finalmente a apresentação de dados e gráficos com as manifestações patológicas e seus índices de incidência nas edificações. O estudo foi realizado através de vistorias técnicas nas edificações com o registro fotográfico das manifestações patológicas e ainda a aplicação de um questionário. Como resultado apresentam-se as manifestações mais comuns presentes nas fachadas revestidas com pinturas e os índices de ocorrência. Palavras chave: manifestações patológicas, fachadas de edificações, pinturas, vistorias, incidências de manifestações patológicas. 1. INTRODUÇÃO O estudo das patologias vem, principalmente ao longo dos últimos anos, recebendo uma relevância maior por parte do meio técnico de engenharia, em virtude do grau de comprometimento do profissional com o seu produto final, no que se refere principalmente as questões de qualidade e durabilidade da edificação. Em relação a fachadas, sabe-se que a maioria dos revestimentos utilizados apresentam um desempenho pouco satisfatório, não garantindo assim, uma vida útil longa para estes componentes. Neste sentido o estudo das patologias fornece subsídios capazes de fomentar as reais necessidades de qualquer obra de engenharia, como: resistência, durabilidade, qualidade e estética. Para o engenheiro é fundamental ter o pleno conhecimento sobre os aspectos pertinentes à uma edificação pois apesar das patologias se manifestarem durante toda a vida útil das edificações, estas têm sua origem, na maioria das vezes, surgidas em etapas anteriores, principalmente durante a concepção do projeto e continua até o processo de execução da obra. As edificações são constituídas por materiais e componentes que quando em contato com o meio sofrem um processo de deterioração, o qual leva a uma redução do desempenho inicial, até ser atingido um nível mínimo de desempenho, a partir do qual se caracteriza uma deficiência ou manifestação patológica. Segundo Flauzino (1988), a vida útil de uma edificação é condicionada pela vida útil de seus constituintes. Neste contexto, um componente ou elemento estrutural cuja reposição ou manutenção seja onerosa ou complexa deve possuir vida útil igual ao da edificação. Por outro lado, um componente sem função estrutural pode apresentar vida útil inferior à da edificação, desde que os serviços de manutenção sejam de fácil execução.

As fachadas por estarem mais expostas ao meio ambiente e as ações atmosféricas têm uma probabilidade maior de deterioração durante sua vida, prejudicando a vida útil da edificação. Apartir de observações feitas nos edifícios habitacionais da cidade de Cascavel verificou-se a presença de diversas manifestações patológicas nas fachadas e pode-se perceber visualmente estas manifestações, devido ao fato destas áreas estarem expostas. Desta forma percebeu-se a necessidade de realizar um estudo com o intuito de identificar as manifestações mais frequentes e qual a incidência das mesmas nas fachadas. Para tornar este estudo mais específico foram escolhidas apenas as fachadas revestidas com pinturas, procurando assim subsidiar nos procedimentos corretivos e preventivos destes sistemas. 2. METODOLOGIA Com o objetivo de fazer um levantamento dos problemas existentes nas fachadas dos edifícios revestidos com pinturas, considerou-se necessário primeiramente criar uma metodologia prática que conduzisse a um resultado eficaz para o desenvolvimento da pesquisa. Nesta fase serão descritas as ferramentas utilizadas na pesquisa voltadas ao objetivo do trabalho. 2.1. Escolha e seleção das edificações para obtenção dos dados: O local escolhido para o desenvolvimento do estudo foi à região central da cidade de Cascavel. Esta escolha se deu, por esta ser a região que apresenta a maior concentração de edifícios habitacionais da cidade, garantindo assim a representatividade pretendida. Um dos fatores que delimitou ainda mais a área a ser pesquisada foi à escolha dentro desta região, de uma área que concentrasse o maior número de edifícios com as fachadas revestidas com pintura. A escolha das edificações deu-se, primeiramente por selecionar todos os edifícios localizados na região de estudo que apresentassem suas fachadas revestidas por qualquer tipo de revestimento de pintura. Em seguida, buscou-se quantificar o número total de edifícios localizados nesta região para a escolha da amostra. Para o trabalho não foram levados em consideração aspectos como: padrão dos edifícios, tipologias, números de pavimentos, idade da edificação, nível de satisfação dos usuários. A definição da amostra foi estabelecida em 15 edifícios para serem usados na pesquisa. A seleção dos edifícios foi feita de forma aleatória, visto que as edificações acabaram não se concentrando em uma determinada área pré-estabelecida inicialmente, pois a escolha ocorreu conforme a disposição de alguns síndicos em colaborarem com a pesquisa, participando da entrevista e permitindo o livre acesso aos edifícios durante a fase de vistoria. A seguir, na Tabela 01 estão descritos os 15 edifícios usados no desenvolvimento da pesquisa. Para efeito de sigilo, de modo que resguardasse a identificação dos edifícios, estes tiveram, seus nomes substituídos por letras maiúsculas em ordem alfabética e o número do endereço ocultado. A Tabela 01 também descreve outras características das edificações como: área total e tipo de revestimento de pintura. Tabela 01: Edifícios da amostra IDENTIFICAÇÃO ENDEREÇO ÁREA(m2) TIPO DE FACHADA Edifício A Rua Mato Grosso 3.576,54 Textura Edifício B Rua Dom Pedro II 4.042,44 Textura Edifício C Rua São Paulo 3.796,15 Textura Edifício D Rua São Paulo 3.379,27 Textura e látex Edifício E Rua Carlos de Carvalho 3.851,66 Textura Edifício F Rua Carlos de Carvalho 4.123,36 Textura Edifício G Rua Carlos de Carvalho 3.672,12 Granilha Edifício H Rua Castro Alves 4.047,39 Textura Edifício I Rua Rio de Janeiro 2.855,24 Textura Edifício J Rua Rio de Janeiro 9.696,57 Grafiatto Edifício K Rua Visconde de Guarapuava 3.647,10 Textura

Edifício L Rua Dom Pedro II 3.913,57 Granilha Edifício M Rua Minas Gerais 6.406,93 Textura Edifício N Rua Paraná 5.010,83 Textura Edifício O Visconde do Rio Branco 3.174,34 Textura 2.2 Elaboração de questionário: Foi elaborado um questionário com a finalidade de obter maiores informações sobre os edifícios pesquisados. Para elaboração do questionário a principal preocupação foi transformar em pergunta todas as informações necessárias e não obtidas na vistoria técnica, que pudessem auxiliar no desenvolvimento da pesquisa, e dessa maneira garantir a disponibilidade de acesso aos respondentes e o grau de detalhamento e natureza das informações pretendidas e o prazo para acesso aos resultados. A coleta de dados realizada através da aplicação do questionário estruturado utilizou-se do método de abordagem, ou seja, o entrevistador tomou a iniciativa de convidar as pessoas para responder ao questionário, ficando a critério destas responder ou não. Este questionário foi aplicado junto aos síndicos dos edifícios, obtendo-se inúmeros dados dos mais variados tipos como; características dos edifícios, informações sobre os projetos, tipos de manifestações patológicas observadas nas fachadas, consequências causadas pelos problemas, datas de manutenção dos edifícios entre outras. As informações obtidas com a aplicação dos questionários foram utilizadas na análise dos dados e serviu de instrumento para a avaliação do número de incidências de manifestações patológicas nas edificações, bem como, os maiores problemas que estão sendo causados aos usuários dos apartamentos. O modelo do questionário elaborado para vistoria está representado na Figura 01 abaixo. Edifício: Data da entrevista: / / Função do entrevistado: QUESTIONÁRIO 1) Há quanto tempo foi construído o edifício? 2) Existem todos os projetos deste edifício? Todos estão acessíveis ao síndico? 3) Há quanto tempo você mora neste edifício? E quanto exerce a função de síndico? 4) Durante o seu tempo de moradia neste local você tem observado mudanças nas fachadas? Há quanto tempo? 5) Quais das manifestações patológicas abaixo você pode identificar presente nas fachadas deste edifício? ( ) Mofo e bolor ( ) Descolamento, pulverulência e gretamento ( ) Formação de bolhas ( ) Ferrugem do concreto aparente ( ) Manchas ( ) Eflorescências ( ) Criptoflorescências ( ) Outros, Quais ---------------------------------- 6) Você já recebeu reclamações dos moradores quanto aos problemas e falhas existentes nas fachadas? Quais? 7) Devido as manifestações patológicas existentes nas fachadas, em decorrência destas, estão causando outros problemas na parte interna dos edifícios? Se a resposta for sim, quais? 8) Qual foi a data da última manutenção feita na fachada do edifício? Figura 01 - Questionário aplicado aos síndicos dos edifícios pesquisados

2.3 Vistoria Técnica: As vistorias consistiram em análise minuciosa das fachadas dos edifícios pesquisados, visando identificar e analisar criteriosamente todas as manifestações patológicas presentes nas fachadas revestidas por pintura. Nas vistorias foram observadas todas as fachadas que o acesso fosse possível (leste, norte, oeste e sul), e todos os elementos que localizado nestas fachadas pudessem ter causado as manifestações patológicas além de considerar a facilidade de percepção do pesquisador aos problemas existentes. Para identificar e documentar as manifestações presentes nas diversas fachadas utilizou-se primeiramente o recurso visual, ou seja, a observação a olho nú visto que as manifestações patológicas de pinturas são de fácil identificação. Em seguida uma análise mais criteriosa pôde ser feita com a utilização do recurso fotográfico. Para padronizar as características gerais da edificação, foi elaborada e aplicada uma planilha, apresentada abaixo (Figura 02), de modo que facilitasse e organizasse a coleta dos dados correspondentes a cada edifício pesquisado. Esta planilha procurou identificar as principais características de cada edificação, apresentando diversos dados como: características gerais (identificação, data da vistoria, localização e outras características do edifício, características da fachada (tipo de revestimento da pintura, fachadas vistoriadas), manifestações patológicas observadas, croqui de identificação (utilizando diferentes cores para diferenciar os tipos de manifestações) e posicionamento das manifestações patológicas em suas respectivas fachadas. Características gerais da edificação Identificação: Data da vistoria: / / Localização: Outras características do imóvel: Características da fachada Tipo de revestimento: Área vistoriada: Fachada Leste ( ) Fachada Oeste ( ) Fachada Norte ( ) Fachada Sul ( ) a) Descolamento ( ) b) Esfarelamento ( ) c) Bolor ( ) d) Fissuras ( ) Manifestações Patológicas Observadas e) Criptoflorescências ( ) f) Manchas ( ) g) Eflorescências ( ) Esquema de Incidências de Manifestações Patológicas nas Fachadas Legenda: Descolamento Eflorescência Gretamento Criptoflorecência Manchas Fissuras Bolor Pulverulência Figura 02 - Características gerais da edificação

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados e discussões desta pesquisa baseiam-se nos dados obtidos através dos questionários e vistorias técnicas realizadas nos edifícios pesquisados. Apesar de parcial, estes resultados permitem uma avaliação em caráter exemplificativo para a cidade de Cascavel. Entre os edifícios pesquisados, cerca de 76% apresentavam padrões construtivos normal e classe média e idade de utilização inferior a 15 anos. Os dados foram analisados inicialmente para as entrevistas realizadas com os síndicos e depois os dados retirados das vistorias e registros fotográficos. 3.1 Análise dos dados com o uso dos questionários: Durante a pesquisa foram respondidos 15 questionários pelos síndicos de cada prédio. Na aplicação dos questionários percebeu-se que os usuários tinham uma dificuldade de relatar abertamente os problemas em suas edificações, alguns ocultavam falhas na edificação mesmo em situações onde estas eram facilmente identificáveis ou perceptíveis. Na Tabela 02, são apresentados os dados referentes à aplicação dos questionários para podermos compreender de que modo às manifestações patológicas eram vistas por síndicos e usuários, visto que as reclamações de usuários chegavam diretamente ao síndico. Estas reclamações na maioria das vezes eram apenas em relação ao aspecto estético da fachada, sem considerar questões técnicas e desempenho. Estes itens são quase que totalmente desconhecido entre os usuários, o que leva a perceber uma condescendência no que diz respeito às falhas, afirmando assim a conotação normal aos problemas. Tabela 02: Dados obtidos com a aplicação do questionário Edifício Idade do edifício Manifestações Patológicas presentes nas fachadas Problemas internos causados pelas manifestações patológicas Última data de manutenção das fachadas A 15 anos Fissuras e manchas Manchas e infiltrações 1995 B 15 anos Fissuras e descolamentos Infiltrações - C 13 anos - - - D 12 anos Fissuras e manchas Infiltrações - E 13 anos Fissuras - 1997 F 15 anos - Infiltrações - G 13 anos - - 1999 H 12 anos Mofo, bolor, manchas e Infiltrações e manchas - fissuras I 04 anos Fissuras - 2001 J 11 anos Fissuras - - K 11 anos Descolamentos e fissuras Manchas e infiltrações - L 12 anos Fissuras, manchas e bolor Infiltrações 1998 M 14 anos - - - N 07 anos Descolamentos, bolor e fissuras Mofo no interior dos - apartamentos O 10 anos Fissuras - Durante a pesquisa, trabalhou-se com a possibilidade de existir uma relação direta entre o aparecimento das manifestações patológicas e a idade da edificação, porém observou-se que o fator indicador ao aparecimento destes problemas está na ausência de manutenção e não na idade da mesma. Na figura 03 abaixo apresenta-se um gráfico com a relação entre a idade da edificação e as manifestações patológicas apresentadas.

Idade x Manifestações Patológicas 12 a 15 anos Idade 08 a 11 anos 04 a 07 anos 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% % de Edifícios com manifestações patológicas Figura 03 Relação entre a idade e as manifestações patológicas Pode-se notar na figura 03 que a idade não é necessariamente um agravante para o aparecimento das manifestações patológicas, pois em todos os edifícios de 04 a 07 anos, observou-se à presença de problemas nas fachadas. Vale ressaltar também que estes dados foram obtidos a partir da resposta dos síndicos e que durante a vistoria foram identificadas algumas manifestações patológicas que não foram mencionadas pelo mesmo. Pode-se especular que tal situação resultou da falta de experiência do usuário em virtude do seu desconhecimento do assunto e pelo fato do produto ser único ou quase único na vida do mesmo. Na figura 04 abaixo apresentam-se as incidências de manifestações patológicas presentes nas fachadas dos 15 edifícios pesquisados. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS 35,0% % Incidência 30,0% 25,0% 20,0% 15,0% Manchas Fissuras Descolamentos Eflorescências Criptoflorescências Bolor 10,0% 5,0% 0,0% Manifestações Patológicas Figura 04 Manifestações Patológicas dos edifícios pesquisados Na figura 04 pode-se observar que as manchas com 31,2% das incidências são os problemas que mais incidem nas fachadas, visto que a mesma está presente em todos os edifícios analisados, isto sugere que as fachadas apresentam uma maior predisposição ao aparecimento desta manifestação patológica

em função da sua direta exposição a intempéries. Vale ressaltar também que o próprio material utilizado para o revestimento tem uma tendência natural ao favorecimento do aparecimento desta manifestação. As fissuras com cerca de 26% das incidências também estão presentes em todas as fachadas analisadas, mas em concentração menores, sendo a maioria delas causadas por expansão ou retração da argamassa de revestimento. As presenças de bolores nas fachadas só eram observadas naquelas em que a incidência de sol era bem pequena, o que justifica apenas 16,3% de incidência. Os descolamentos geralmente são associados à aplicação e qualidade da tinta utilizada e neste estudo de caso apareceram com 10,8% de incidência. As eflorescências com 13,10% de incidência geralmente estão associadas à presença de fissuras que facilitam a percolação destes sais solúveis à superfície. Nota-se que sua incidência foi inferior ao aparecimento das fissuras. Com uma incidência de cerca de 2,62% as criptoflorescências se manifestaram também nas fachadas pesquisadas, porém em índices ainda muito baixo se comparados a outras manifestações mais presentes. 4. CONCLUSÕES Pode-se dizer que a metodologia empregada para a realização deste trabalho, mostrou-se adequada, permitindo desta forma a identificação das manifestações patológicas mais comuns nas fachadas revestidas com pinturas nos edifícios da cidade de Cascavel. Toda edificação tem na sua composição materiais e componentes com características bastante diferentes e que necessitam de manutenção e cuidados durante todo sua vida útil. Cada material ou componente possui características físicas e químicas que em contato com o meio ambiente e agentes de deterioração, provocam a diminuição global de suas propriedades. As fachadas por estarem mais expostas contribuem de maneira favorável ao aparecimento das mais diversas manifestações patológicas, principalmente aquelas causadas pela presença de umidade. Como resultado da pesquisa apresentam-se as seguintes conclusões: As manchas são as manifestações que mais incidem nas fachadas e isto estão diretamente relacionadas à qualidade das tintas aplicadas e ao tempo de vida útil deste material que na maioria dos casos está ultrapassado; Salvo exceções, a grande maioria das manifestações patológicas nas edificações são causadas pela falta de manutenção preventiva dos edifícios; O número de manifestações patológicas detectadas tende a aumentar progressivamente com a idade da edificação e a falta de manutenção; Os problemas patológicos encontrados, em geral, não apresentam origem estrutural, apenas estético, o que deixa, sem dúvida o cliente insatisfeito; O custo para realizar o reparo nas manifestações patológicas, muitas vezes é bem maior do que o custo de manutenção periódica nas edificações; São necessárias ações que contemplem as deficiências no processo construtivo como um todo, desde a concepção do projeto até o uso da edificação; A presença de água nas fachadas é sem dúvida o fator originador da grande maioria das manifestações patológicas identificadas; A pesquisa evidenciou que apesar das dificuldades na realização das entrevistas, as informações geradas são de grande valor para a administração dos condomínios, possibilitando assim a realização de manutenções corretivas; A ausência de controle de qualidade na execução dos serviços está diretamente relacionada ao aparecimento de manifestações patológicas e das falhas externas em fachadas; A ausência de manutenção pode muitas vezes agravar quadros patológicos eliminando na maioria dos casos a possibilidade de reformas, restando como única alternativa à reconstituição total do componente onde atua o agente patológico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS I. EDUARDO, Incidências de manifestações patológicas em edificações habitacionais. In: Tecnologia de edificações. São Paulo: PINI/IPT, 1988. L. NORBERTO. Patologia das Construções. Boletim Técnico. EPUSP, Universidade de São Paulo. 1986. FLAUZINO, W.D. Durabilidade de materiais e componentes das edificações. In: Tecnologia de edificações. São Paulo: PINI/IPT, 1988. V.J.ENIO. Patologia das Edificações. Porto Alegre. Editora sagra, 1991. P.J. IVO. Patologia na Construção: a falta de qualidade. Seminário de Desempenho de edificações. Anais. UFSC. 1991. T. ERCIO. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. PINI. São Paulo, 1989.