I FÓRUM OCPCA DOS PROFISSIONAIS DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE ANGOLA DISCURSO DE ABERTURA SECRETÁRIA DE ESTADO DO ORÇAMENTO Saudações Protocolares Exmo. Senhor Presidente do Conselho Directivo da Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola; Exmos. Membros dos Demais Corpos Sociais da Ordem; Digníssimas Autoridades; Ilustres Palestrantes; Minhas Senhoras e Meus Senhores: Tenho a honra em nome de Sua Excelência o Senhor Ministro das Finanças, Dr. Archer Mangueira de vos dirigir esta breve alocução na abertura do I Fórum dos Profissionais de Contabilidade e Auditoria de Angola. Página 1 de 7
Prevaleço-me desta oportunidade para procurar sinalizar as principais preocupações do Governo no domínio do relato financeiro e actividades relacionadas. Em boa hora decidiu a Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola instituir este Fórum, num domínio a que o Executivo atribui a maior importância tanto no plano estritamente técnico, como no plano da ética e deontologia profissional. O relato financeiro e a certificação legal das contas são instrumentos da maior importância para a economia, na medida em que colocam as empresas em igualdade de circunstâncias, favorecendo a sã concorrência e a justa tributação das actividades económicas. É por isso da maior importância o caminho da harmonização contabilística, que desde há muito empreendemos no nosso País e um pouco por todo o mundo, em resposta a uma preocupação que não é só dos Governos. A harmonização é, principalmente, uma importante ferramenta dos profissionais, permitindo-lhes relatar os factos patrimoniais de forma clara e perceptível a todas as partes interessadas, incluindo as entidades públicas. Minhas Senhoras e Meus Senhores O quadro das alterações económicas que o nosso País, naturalmente, tem vindo a conhecer durante as últimas décadas, bem como as transformações impostas pela globalização, fazem com que a harmonização da contabilidade materialize as melhores práticas internacionais e sirva os beneficiários do Relato Financeiro. Página 2 de 7
Tem por isso particular importância a adopção das regras do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB na sua sigla em língua inglesa), o organismo de referência na produção de normas internacionais de contabilidade, designadamente das Internacional Financial Reporting Standard (IFRS). A sua boa compreensão e adequada adopção é particularmente importante por parte dos profissionais, académicos e organismos públicos, na medida em que se vêem, de forma inevitável, forçados à utilização do Quadro Normativo de harmonização da contabilidade. Cabe salientar o desenvolvimento do sector financeiro, que nos últimos anos se te diversificado e especializado. Como exemplo, temos a Banca e os Seguros que, por força das suas actividades e transacções transnacionais cada vez mais complexas, têm vindo a exigir a execução da sua contabilidade de forma cada mais sofisticada. Facto digno de realce é também o papel de relevante importância que o Mercado de Capitais desempenha como corolário do desenvolvimento de um sistema financeiro robusto e sustentável, constituindo-se como terceiro segmento desse mesmo sistema financeiro e uma importante fonte alternativa para o financiamento da economia angolana. E, neste particular, é louvável o trabalho que tem sido desenvolvido pela Comissão do Mercado de Capitais, com a qual recomendamos que a Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas estabeleça uma parceria muito estreita, pois indubitavelmente contribuirá para o Página 3 de 7
surgimento de uma classe de contabilistas e peritos contabilistas de prestígio e permitirá que muitas empresas angolanas possam vir a ser cotadas na Bolsa de Valores. De resto, a certificação legal de contas por um período de tempo prudencial é condição obrigatória para que seja autorizada a dispersão de capital na Bolsa de Valores de Luanda. Ilustres Participantes neste Fórum, Minhas Senhoras e Meus Senhores: Actualmente, temos em uso na República de Angola vários planos de Contas, dos quais referencio, a título de exemplo, o PGC (Plano Geral de Contabilidade), CONTIF (Plano de Contabilidade das Instituições Financeiras) e o PCE (Plano de Contas do Estado). Sobre estes três gostaria de enunciar umas breves notas: O PGC, segundo opinião dos profissionais, na sua estrutura conceptual já se aproxima, em muitos critérios contabilísticos, dos referenciais internacionais de contabilidade. O CONTIF, aplicável ao sector bancário, encontra-se em fase de transição, sendo brevemente descontinuado e substituído por um outro que adoptará as IASB e IFRS. De acordo com o BNA Banco Nacional de Angola, a sua implementação deverá ficar concluída em 2017/2018. O PCE, Plano de Contas do Estado, preparado para uma lógica Patrimonial, e considerando a actual importância do processamento da Contabilidade com Base no Principio do Acréscimo como a melhor Página 4 de 7
de forma de reportar as contas Públicas, ainda não se encontra totalmente implementado. Deixo para reflexão, neste importante evento, uma preocupação no que se refere à relação sobre as políticas contabilísticas, a sua adopção face às demais leis que afectam direitos e obrigações de sócios e accionistas, gestores e entidades públicas. Por exemplo, as sugestões problemáticas dos impostos diferidos. Como evidência, quero referenciar a necessidade que a globalização impôs à contabilidade, com a adopção de normativos contabilísticos diferentes que visem a minimização dos riscos, a pressão sobre a gestão das empresas para cumprir as melhores práticas e os objectivos das empresas na obtenção de melhores resultados. Uma das responsabilidades técnicas, legais e éticas dos Contabilistas e Auditores é a conformidade fiscal das contas, bem como a denúncia de situações que possam configurar corrupção, financiamento do terrorismo e branqueamento de capitais. A evasão fiscal, a corrupção, o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo são eventos fortemente interligados. Além de estarem catalogados como crimes económicos, a sua prática tem consequências que transcendem as perdas financeiras e a destruição de valor económico para a comunidade. Erradicar este tipo de crime é, portanto, um imperativo ético e legal em que os profissionais do relato financeiro e da certificação legal têm o dever de participar, abrindo caminho para uma sociedade mais Página 5 de 7
justa e equitativa e protegendo o bem jurídico da confiança nas instituições. Minhas Senhoras e Meus Senhores Termino esta minha breve intervenção informando que o Governo da República de Angola, deparando-se com a necessidade de adequar o processo de harmonização através da adaptação das normas IASB e IFRS, está já a constituir a Comissão Nacional de Contabilidade. Neste domínio, este será um dos maiores desafios imediatos em Angola, para o qual esperamos contar com a participação empenhada de todos os que estão hoje aqui presentes. A todos os convidados e participantes neste I Fórum dos Profissionais de Contabilidade e Auditoria de Angola, desejo um extraordinário momento de troca de conhecimento, fortalecimento dos princípios técnicos e deontológicos da profissão, e que, em conjunto, consigamos reforçar a capacidade de no nosso País se reportarem as contas em todos os sectores de actividade, pública e privada, de forma exacta, tempestiva e tanto quanto possível certificada. Votos de bom trabalho. Muito obrigada. Aia-Eza da Silva Página 6 de 7
Secretária de Estado do Orçamento Página 7 de 7