CONHECIMENTO, ATITUDES E PRÁTICAS COM RELAÇÃO AO USO DO PRESERVATIVO NO IEE PROFESSOR ANNES DIAS

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Transcrição:

CONHECIMENTO, ATITUDES E PRÁTICAS COM RELAÇÃO AO USO DO PRESERVATIVO NO IEE PROFESSOR ANNES DIAS KRABBE, Elisete Cristina 1 ; RODRIGUES, Kelly Silva 2 ; SCHNEIDER, Fátima Rosimari Lemos 2 ; BONALDI, Jenifer 2 ; BAPTISTA, Julia 2 ; MARASCA, Luana 3 ; TORREL, Lauren 3 ; MENDES, Jefferson 4 ; WINK, Diego 5 ; CARVALHO, Themis Goretti Moreira Leal 6. RESUMO Segundo o Ministério da Saúde, a camisinha é o método mais eficaz para se prevenir das IST s, portanto este estudo teve como objetivo verificar o conhecimento, as atitudes e as práticas dos alunos matriculados no Ensino Médio e Técnico Profissionalizante do IIE Professor Annes Dias, em relação à importância do uso do preservativo durante as suas relações sexuais. Foi realizada a aplicação de um questionário, elaborado pelos autores, validado por especialistas da área, e aplicado em sala de aula. A amostra total do estudo foi composta por 615 estudantes. Destes, 63% relataram que a primeira relação sexual ocorreu antes dos 18 anos. Apenas 37% afirmaram fazer uso de preservativo em todas as suas relações. Pôde-se concluir com a presente pesquisa, que os adolescentes, embora conheçam e tenham fácil acesso aos preservativos, o utilizam com pouca frequência, e que, com o passar dos tempos abdicam cada vez mais o uso do mesmo. Palavras-Chave: Sexualidade. Prevenção. Proteção. Relação Sexual. ABSTRACT According to the Ministry of Health, condoms are the most effective method to prevent STIs, so this study aimed to verify the knowledge, attitudes and practices of students enrolled in Secondary Education and Vocational Technician IIE Professor Annes Dias, in Relation to the importance of using condoms during their sexual relations. A questionnaire was elaborated by the authors and applied in the classroom. The total sample of the study was composed of 615 students. Of these, 63% reported that the first intercourse occurred before the age of 18 years. Only 37% reported using condoms in all their relationships. It was concluded that adolescents, although they know and have easy access to condoms, use it infrequently, and that with the passage of time they are giving up more and more the use of condoms. 1 Acadêmica do 10 semestre do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta-UNICRUZ. Participante do Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva. Bolsista PIBEX/UNICRUZ. eli7krabbe@gmail.com. 2 Acadêmicas do Curso de Biomedicina da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ) 3 Acadêmicas do curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ) 4 Acadêmico do curso de Farmácia da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ) 5 Acadêmico do 4 semestre do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Paulista (UNIP). diegowink@yahoo.com.br 6 Prof.ª Adjunta do Centro de Ciências da Saúde e Agrárias da Universidade de Cruz Alta- UNICRUZ. Líder do Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva da UNICRUZ. carvalhothemis@gmail.com - Orientadora da pesquisa. ISSN 2358-6036 v.5, n.1, 2017, p.102-111 102

Keywords: Sexuality. Prevention. Protection. Sexual Relationship. INTRODUÇÃO A sexualidade é um assunto recorrente no nosso cotidiano, assim como os riscos que a falta de proteção durante o ato sexual traz para o indivíduo. Normalmente é durante a adolescência que surgem as primeiras curiosidades a respeito do sexo e é nesse momento também que o jovem tem sua primeira relação sexual. O início da vida sexual é um dos marcos da juventude (BRANDÃO; HEILBORN, 2006). Identifica-se na literatura estudos que enfatizam o tema, fazendo uma forte relação entre o comportamento adotado na ocasião da primeira relação sexual e práticas que podem perdurar por toda a vida do indivíduo, em especial quanto ao uso do preservativo (TEIXEIRA, et al. 2006). A iniciação sexual é um evento marcante na vida de um adolescente. Ao mesmo tempo em que lhe permite adentrar em um mundo de novas descobertas, pode inseri-lo em um grupo de vulnerabilidade a Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e aids. Essa inserção pode ter como desfecho, também, a ocorrência de gravidez na adolescência, aborto e outros problemas de ordem biológica, socioeconômica e psicológica (MARINHO; AQUINO; ALMEIDA, 2009). Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2017) a camisinha é o método mais eficaz para se prevenir contra muitas IST s, como a aids, alguns tipos de hepatites e a sífilis, por exemplo. Além de prevenir as IST s, os preservativos, masculino e feminino, também atendem à função de proteger do risco de uma gravidez indesejada. Segundo Belo e Silva (2004), dentre os motivos pelos quais as adolescentes engravidam estão: falta de conhecimento sobre métodos contraceptivos, objeção ao uso de preservativos pelo parceiro e pensarem que não engravidam. Apesar da disponibilidade de informações, o conhecimento efetivo sobre as formas de funcionamento e de uso dos métodos contraceptivos parece ser insatisfatório (PATIAS e DIAS, 2014). A atividade sexual e o risco a ela associado estão relacionados com um sistema de gênero que confere ao homem maior poder e impede a mulher de tomar iniciativas como, ISSN 2358-6036 v.5, n.1, 2017, p.102-111 103

por exemplo, negociar o uso de preservativo nas relações sexuais (TAQUETTE; VILHENA, 2007). Observa-se na sociedade que a questão de gênero está diretamente relacionada ao uso, ou não do preservativo, visto que muitas mulheres não conseguem impor ao seu parceiro a utilização do mesmo, além de correr o risco de ser mal vista aos olhos da sociedade caso tenha preservativo masculino ou feminino na bolsa. Segundo Koerich, et al. (2010) entre os homens, observa-se a existência de crenças que geram uma divisão entre as parceiras: não confiáveis com as quais eles utilizam o preservativo e as confiáveis ou estáveis, com as quais o preservativo não é utilizado. O objetivo desse trabalho foi verificar o conhecimento e as atitudes dos alunos do Instituto Estadual de Educação Professor Annes Dias, a respeito do uso do preservativo nas relações sexuais, bem como da sua importância durante as relações sexuais. Considerando a influência de questões de gênero no conhecimento e utilização desses métodos, também foi investigada a existência de associações entre conhecimento sobre métodos contraceptivos e gênero do participante. METODOLOGIA Participaram do estudo 615 alunos do Ensino Médio (1º, 2º e 3º anos) e Técnicos Profissionalizantes (Contabilidade, Química, Secretariado, Segurança do Trabalho e Enfermagem), matriculados no IEE Professor Annes Dias, no ano de 2017. A coleta de dados foi realizada a partir de um questionário, aplicado em sala de aula e de maneira individual, durante o horário em que os alunos frequentavam a escola, com o propósito de colher informações a respeito do conhecimento, atitudes e práticas dos integrantes da pesquisa em relação ao uso do preservativo (masculino e feminino). Figura 1: Aplicação do questionário ISSN 2358-6036 v.5, n.1, 2017, p.102-111 104

A análise dos dados foi feita a partir do programa estatístico Microsoft Excel, e será apresentado a seguir em formas de percentuais. O projeto teve apreciação do comitê de ética e pesquisa CEP - da UNICRUZ, sob o número CAAE 0014.0.417.000-10. Não houve risco à saúde física ou psicológica dos participantes da pesquisa e, a fim de manter a confidencialidade das informações, os questionários não continham nomes. RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa teve como amostra 615 alunos: 63% (n=389) do gênero feminino e 37% (n=229) do gênero masculino. 62% (n=379) dos entrevistados são adolescentes com idade entre 14 e 18 anos, conforme descrito na Tabela 1, sendo que destes, 60% (n=372) cursavam predominantemente o 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio. Tabela 1: Gênero, idade e curso dos participantes. Variáveis N=615 % ISSN 2358-6036 v.5, n.1, 2017, p.102-111 105

Gênero M 226 27 F 389 63 Idade 14 29 5 15 93 15 16 120 20 17 82 13 18 55 9 19 46 7 20 34 6 21-30 93 15 31-40 35 6 41 ou + 20 3 Sem resposta 8 1 A primeira relação sexual para 63% (n=387) dos adolescentes ocorreu antes dos 18 anos, fato que comprova a teoria de Taquette, et al. (2005) que diz que normalmente é na fase da adolescência que alguns indivíduos começam a vivenciar as primeiras práticas sexuais. Em relação a quem o adolescente recorre para tirar dúvidas sobre sexo e/ou sexualidade, 44% (n=269) relataram que procuram os pais quando surge algum novo questionamento a respeito da temática, em seguida 39% (n=243) procuram seus amigos mais próximos para sanar suas curiosidades, fato preocupante, pois geralmente os amigos mais próximos também são jovens adolescentes e possuem pouco conhecimento sobre o assunto, podendo transmitir informações errôneas. Outra questão relevante é que 66% (n=411) dos entrevistados afirmaram procurar informações principalmente na Internet, conforme a Tabela 2. Essa busca de informações na Internet pode ser considerada um problema sério, visto que todos nós podemos produzir e receber informações, aumentando os índices dos conteúdos serem falsos ou incompletos, em razão de a informação muitas vezes ser procurada em fontes não confiáveis, e desta forma o leitor acaba ficando prejudicado por não ter uma informação verdadeira. Tabela 2. Com quem e onde os entrevistados tiram suas dúvidas sobre sexo. Variáveis N % ISSN 2358-6036 v.5, n.1, 2017, p.102-111 106

Com quem tira as dúvidas sobre sexo? Onde predominantemente tem acesso à informação sobre sexo? Pais 268 44 Tios 20 3 Professores 29 5 Amigos 243 39 Sem resposta 55 9 Revistas 11 2 Internet 410 66 Redes Sociais 67 11 Escola 73 12 Sem resposta 54 9 Quanto ao uso do preservativo, observou-se que 73% (n=449) afirmaram que já tiveram contato com algum tipo de preservativo, 43% (n=265) relataram que o utilizaram em sua primeira relação sexual e 37% (n=228) que não o utilizam em todas as suas relações. Verifica-se uma grande decadência quanto ao número de jovens que já tiveram algum contato com preservativos comparando aos que utilizaram na primeira relação sexual e também dos que utilizam o mesmo em todas as relações sexuais. Também é significativo o número de adolescentes que relataram nunca ter possuído contato com algum preservativo, conforme descrito na Tabela 3. Tronco e Dell'Aglio (2012) verificaram que a maioria dos jovens refere ter utilizado algum método contraceptivo no momento de sua iniciação sexual, contudo, alguns fatores levam os jovens a abandonarem o uso ou a revisarem o método utilizado. Tabela 3. Informações quanto ao uso do preservativo Variáveis N=615 % Teve contato com Sim 449 73 preservativos em algum Não 104 17 momento da vida? Sem resposta 62 10 Usou preservativo na primeira relação sexual? Usa preservativo em todas as suas relações? Sim 314 51 Não 174 28 Sem resposta 127 21 Sim 265 43 Não 228 37 Sem resposta 122 20 ISSN 2358-6036 v.5, n.1, 2017, p.102-111 107

Sobre a importância do uso do preservativo, 45% (n=275) sabem que ele é de grande valor no auxílio à prevenção de doenças e gravidez indesejada, 32% (n=198) acreditam que seja para prevenir doenças e outros 4% (n=26) informaram que o preservativo tem mais relevância na prevenção da gravidez. Se tratando do preservativo feminino, apresentaram-se dados espantosos, já que 75% (n=295) das mulheres entrevistadas revelaram que nunca o utilizaram, e como não obtivemos resposta em 16% (n=60) dos questionários, esse número tende a ser ainda maior. Ainda falando sobre as mulheres, 71% (n=277) afirmaram que não carregam preservativo consigo e apenas 13% (n=52) disseram portá-lo, como representado na Tabela 4. Estes resultados podem ser explicados pelo preconceito enraizado na sociedade, principalmente por parte dos homens que caracterizam a mulher que transporta preservativo como uma mulher que busca apenas relações esporádicas e sem envolvimento afetivo. Para Oliveira e Wiezorkievicz (2010) dizem que existe uma dupla moral sexual que classifica as mulheres que sugerem o uso do preservativo na relação sexual como "fáceis", resultando em uma avaliação moral negativa. Tabela 4. Quanto ao uso do preservativo pelas mulheres Mulheres que transportam preservativo consigo Mulheres que utilizam ou já utilizaram o preservativo feminino Variáveis N= 389 % Sim 52 13 Não 277 71 Sem resposta 60 16 Sim 34 9 Não 295 75 Sem resposta 60 16 Sobre as IST s, 1% (n=7) revelou já ter apresentado alguma infecção, porém, este fato não poder ser comemorado, já que segundo o Ministério da Saúde, algumas IST podem não apresentar sinais e sintomas, e se não forem diagnosticadas e tratadas, podem levar a graves complicações, como infertilidade, câncer ou até a morte (BRASIL, 2017). Essa informação, juntamente com os dados levantados causou espanto nos pesquisadores, já que a maioria, 47% (n=291), dos entrevistados afirmaram nunca ter realizado qualquer exame específico para detecção de alguma IST, conforme Tabela 5. Por ISSN 2358-6036 v.5, n.1, 2017, p.102-111 108

isso, como prevê Teixeira, et al. (2006) os números que vêm à tona sobre a gravidez e IST, sem dúvida são menores que os números reais. Tabela 5. Quanto aos índices de IST Apresentou alguma IST Realização de exames Variáveis N= 615 % Sim 7 1 Não 483 79 Sem resposta 124 20 Nunca fez 291 47 Fez a mais de um ano 65 11 Faz uma vez ao ano 112 18 Faz a cada seis meses 67 11 Sem resposta 79 13 Os dados encontrados nesta pesquisa são muito relevantes, pois trouxeram aos olhos dos pesquisadores, e a todos aqueles que tiveram ou terão acesso aos resultados, a importância da construção de políticas públicas e ações na escola, visando uma disseminação de informações capazes de levar a uma diminuição da vulnerabilidade desta população. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo realizado apontou que os alunos do IEE Professor Annes Dias, embora tenham amplo conhecimento sobre a importância do uso dos preservativos não levam para a prática aquilo que sabem e acabam estando em risco constante tanto de contração de alguma IST quanto ao acometimento de uma gravidez indesejada. Pôde-se concluir também que muitos adolescentes buscam informações de maneira errônea, já que como apontado acima à maioria acessa a internet para sanar suas dúvidas sobre a temática, e embora esse meio seja uma boa ferramenta para alcançar os jovens, alguns sites não são confiáveis, e passam informações falsas e muitas vezes contraditórias, causando ainda mais dúvidas aos adolescentes. Portanto, o uso do preservativo na adolescência e em todas as fases da vida, é um assunto de importante discussão no meio social, já que pode afetar toda população e ISSN 2358-6036 v.5, n.1, 2017, p.102-111 109

prejudicar, inclusive, gerações futuras. Faz-se necessários então, maiores reflexões e atitudes dos gestores a fim de proteger e resguardar a saúde e o bem-estar de todos. REFERÊNCIAS BELO, M.A.V. SILVA, J.L.P. Conhecimento, atitude e prática sobre métodos anticoncepcionais entre adolescentes gestantes. Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 38, n.4, p.479-487, 2004. BRANDAO, E.R.; HEILBORN, M.L. Sexualidade e gravidez na adolescência entre jovens de camadas médias do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública [online]. v.22, n.7, p.1421-1430, 2006. ISSN 1678-4464. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/s0102-311x2006000700007>. Acesso em: 25 de jul. 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. 2017. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pagina/por-que-usar>. Acesso em: 29 de jun. 2017. KOERICH, M. S.; BAGGIO, M. A.; BACKES, M. T. S.; BACKES, D. S.; CARVALHO, J. N.; MEIRELLES, B. H. S.; ERDMANN, A. L. Sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis e contracepção: atuação da enfermagem com jovens de periferia. Revista de Enfermagem UERJ, vol. 18, n. 2, p. 265-271, 2010. MARINHO, L.F.B.; AQUINO, E.M.L.; ALMEIDA, M.C.C. Práticas contraceptivas e iniciação sexual entre jovens de três capitais brasileiras. Cad. Saúde Pública. 2009. OLIVEIRA, J. C. P.; WIEZORKIEVICZ, A. M. O conhecimento das mulheres sobre o uso do preservativo feminino. Revista Ágora, v. 17, n. 2, p. 69-74. 2010. PATIAS, N.D.; DIAS, A.C.G. Sexarca, informação e uso de métodos contraceptivos: comparação entre adolescentes. Psico-USF, v. 19, n.1, p. 13-22, 2014. TAQUETTE, S.R.; ANDRADE, R.B.; VILHENA, M.M.; PAULA, M.C. A relação entre as características sociais e comportamentais da adolescente e as doenças sexualmente transmissíveis. Revista Assoc. Med. Bras., v.51, n.3, p.148-52, 2005. Doi: 10.1590/S0104-42302005000300015. ISSN 2358-6036 v.5, n.1, 2017, p.102-111 110

TAQUETTE, S.R.; VILHENA, M.M. Sexualidade na adolescência na contemporaneidade. In: Taquette SR, organizadora. Violência contra a mulher adolescente e jovens. Rio de Janeiro: EdUerj, p.107-14, 2007. TEIXEIRA, A.M.F.B. et al. Adolescentes e uso de preservativos: as escolhas dos jovens de três capitais brasileiras na iniciação e na última relação sexual. Cad. Saúde Pública. v.22, n. 7, p. 1385-96, 2006. TRONCO, C. B.; DELL'AGLIO, D. D. Caracterização do Comportamento Sexual de Adolescentes: Iniciação Sexual e Gênero. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, v.5, n. 2, p.254-269, 2012. ISSN 2358-6036 v.5, n.1, 2017, p.102-111 111