REMEDOANDO Arrecadação, doação e descarte apropriado de medicamentos em Botucatu - SP

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REMEDOANDO Arrecadação, doação e descarte apropriado de medicamentos em Botucatu - SP Barbara Catalano Damasceno (UNESP-Câmpus de Botucatu, Instituto de Biociências, Curso de Nutrição,baah.damasceno@gmail.com, Bolsa Extensão Universitária PROEX), Luana Daré (UNESP- Câmpus de Botucatu, Instituto de Biociências, Curso de Ciências Biológicas), Lidia Raquel de Carvalho (UNESP-Câmpus de Botucatu, Instituto de Biociências, Departamento de Bioestatística), Ana Angelica Henrique Fernandes, Ana Maria Lopes, Luciana Francisco Fleuri, Fernanda Mani (UNESP-Câmpus de Botucatu, Instituto de Biociências, Departamento de Química e Bioquímica, femani@ibb.unesp.br ). Eixo:Eixo 2 - "Os Valores para Teorias e Práticas Vitais" Resumo Sabemos que a utilização de medicamentos em geral é essencial para a saúde. Porém atualmente vivemos em uma sociedade que é estimulada ao consumo excessivo, o que gera um acumulo desses medicamentos nas residências. A população não sabe como deve ser feito o descarte correto desses compostos, o que leva-os a descartar em vasos sanitários ou no lixo comum, o que pode trazer várias consequências ao meio ambiente, como contaminação de solos e rios, e consequentemente de vegetais e animais. Ainda não há regulamentação ou campanhas que incentivem o consumidor desses remédio a realizar o descarte de forma adequada. Uma solução que vem aparecendo por diversos lugares para tal problemática são as farmácias comunitárias, onde há a arrecadação de medicamentos que não estão sendo utilizados nas residências e então são descartados corretamente os medicamentos que se encontram fora do prazo de validade; e reutilizados (doados)os que ainda se encontram dentro do prazo estipulado.neste trabalho relatamos a arrecadação, triagem e reutilização de medicamentos coletados no Instituto de Biociências da UNESP, Campus de Botucatu-SP e sua doação a postos de distribuição gratuita da cidade, beneficiando pessoas carentes. PalavrasChave: Medicamentos, contaminação Introdução O uso de medicamentos é essencial para a manutenção da saúde, porém hoje há uma grande Abstract We know that, when needed, the use of medicines is essencial for health, however we live in a society that is a roused to an abusive consumption, that creates an accumulation of this remedies. The population do not know how to correctly dispose this compounds, what bring them to do the improperly disposal in toilet sand ordinary thrash, such action may convey to several consequences as environment contamination like in the ground and rivers, and consequently affects the vegetation and the animals. Still haven t laws or many campaigns that encourage the consumer of these remedies to do the proper disposal. A solution that is showing up in several places for such problematical is the community drugstores, where occur the ring of medicines that aren t still being used in houses, and so the out sell-buy date are properly disposed and that ones that still are in their sell-buy dates are reused (donated). This paper discuss about the gathering and the reuse of medicines done in Botucatu SP with the collection done inside UNESP in the Instituto de Biociências. Keywords: Medicines, contamination facilidade de aquisição e incentivo da mídia que geram um uso excessivo e, com isso, o acúmulo nas residências. (GASPARINI et al, 2011). O Brasil está entre os maiores consumidores mundiais de medicamentos e o aumento do consumo que trará 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. REMEDOANDO Arrecadação,doação e descarte apropriado de

como consequência, maior quantidade de embalagens e sobras de medicamentos (Alvarenga & Nicoletti, 2010); Muitos desses medicamentos são utilizados sem considerar prazo de validade ou são descartados de maneira inadequada, gerando um problema ambiental e de saúde pública (DEZOTTI, 2003).Inúmeros danos ambientais são decorrentes de práticas inadequadas de descarte dos mais diversos tipos de resíduos encontradas na formulação dos medicamentos(melo et al, 2005) Além dos danos ambientais, o descarte de forma incorreta é de grande preocupação para a saúde pública, já que podem ser considerados resíduos tóxicos de acordo com sua composição. De acordo com os estudos realizados, os destinos mais freqüentes de descarte de medicamentos vencidos são o lixo comum e o vaso sanitário. Outras formas de descarte citadas foram a pia e o tanque de lavar roupa. Houve também relato de utilização do medicamento mesmo vencido (VAZ et al, 2011). O problema não ocorre apenas no Brasil: segundo JOAO(2011) Foram identificados 36 fármacos diferentes em diversos rios, na Alemanha, dentre os quais estão antilipidêmicos, analgésicos-antipiréticos, anti-inflamatórios e anti-hipertensivos. No Reino Unido, estudos realizados revelaram a presença de fármacos em concentrações maiores que um micrograma por litro no meio aquático. Segundo Heberer (2002) os aterros sanitários ou sistemas de tratamento de águas residuais, não são capazes de eliminar resíduos de medicamentos que porventura tenham sido depositados no lixo comum, pia ou vaso sanitário. Em ambos os casos as substâncias presentes nos medicamentos acabam sendo transferidas para os meios receptores hídricos ou para o solo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é a responsável pela regulamentação dos meios de descarte desses medicamentos, que através da resolução RDC 306/04, exige que estabelecimentos de serviços saúde disponham de Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS), porém, ainda não há normas que envolvam o consumidor final com relação ao descarte de medicamentos, nem alguma forma de conscientização de como e onde esses medicamentos devem ser descartados (VAZ et al, 2011). Ainda há falta de informação sobre o procedimento correto de descarte de medicamentos vencidos por uma grande parte da população. (Alvarenga & Nicoletti, 2010). Segundo Alvarenga & Nicoletti (2010): A conscientização da população quanto ao descarte de medicamentos não é somente um problema verificado em nosso país. Em Londres, 80% dos entrevistados reconheceram que a disposição final de medicamentos é um problema, entretanto não necessariamente ambiental, e a maioria dos medicamentos indesejáveis é descartada pelo sistema de lixo e esgoto doméstico. Há dois possíveis destinos para os medicamentos em desuso: a reutilização e o descarte. A OMS publicou em 1999 um guia sobre descarte de medicamentos e resíduos médicos (o Safe Management of Wastes from Health-care Activities ) seus métodos de descarte são: retorno à indústria, disposição em aterro (quando o resíduo for encapsulado ou inativado), em aterro sanitário com proteção ao aquífero e em esgotos, incineração em containers fechados, incineração em média temperatura e decomposição química (JOAO, 2011). Uma iniciativa pioneira no Brasil é o Programa Farmácia Solidária, que apesar de tímido, já existe há 10 anos em municípios brasileiros. O programa surgiu de uma parceria entre os Conselhos Regionais de Farmácia, as Associações de Farmacêuticos Magistrais e Homeopatas,o poder público, médicos, organizações da sociedade civil e empresariais. O programa tem por objetivos a orientação sobre o destino correto dos medicamentos, a arrecadação e doação dos mesmos dentro do conceito de farmácia solidária. Voluntários recolhem sobras de medicamentos, nas residências e nas empresas, e montam pequenas farmácias cujos produtos são distribuídos, gratuitamente e com orientação farmacêutica a pessoas carentes (CARVALHO et al, 2009). Num estudo feito por Proença et al (2011), onde é feita uma pesquisa com alguns indivíduos, 11,7% dos participantes das pesquisas acreditam que a reutilização dos remédio por pessoas necessitadas seria uma solução mais viável. Seria importante uma ação efetiva dos órgãos responsáveis, como a implantação de projetos municipais que estabeleçam normas e campanhas de conscientização visando à orientação da população quanto ao uso e ao descarte correto dos medicamentos. Outro ponto a considerar é o estabelecimento de uma estrutura para que se realize esse descarte (GASPARINI, 2011).

Objetivos Este projeto tem como principal objetivo a arrecadação de medicamentos que não estão mais sendo utilizados, os mesmos serão encaminhados para um posto de distribuição gratuita assim evitando o descarte inadequado destes medicamentos para que se reduza os possíveis danos ambientais; além de auxiliar famílias carentes que necessitam de tais medicamentos. Material e Métodos O projeto foi constituído das seguintes etapas: divulgação, coleta dos medicamentos e triagem. 1.DIVULGAÇÃO Para que houvesse uma arrecadação efetiva de medicamentos, foram feitas diversas divulgações do projeto para os alunos do Instituto de Biociências da UNESP de Botucatu com diversas abordagens, elas foram: Por redes sociais: folders virtuais encaminhados em grupos de alunos da UNESP, explicando um pouco sobre o projeto, informando onde se encontram os locais de coleta. Abordagem direta: apresentação do projeto e pedido de doação de remédios feita diretamente para os alunos da UNESP, dentro das salas de aula em um breve momento cedido pelo professor que ministrava a aula naquele momento. Pôsteres: Foram espalhados nos painéis do Instituto de Biociências alguns painéis, que assim como os folder virtuais, informavam os locais de coleta dos medicamentos e que os mesmos seriam encaminhados para doação. 2.COLETA Para a coleta dos medicamentos, foram encaminhadas algumas caixas coletoras devidamente identificadas à locais que foram estipulados como pontos de coleta: departamentos de química e bioquímica, biblioteca e SAEP que são pontos de fácil acesso, as caixas, de papelão, foram customizadas e acrescidas do nome e logo do projeto. então passam por uma triagem onde os vencidos são descartados e encaminhados para incineração, e os que se encontram dentro do prazo de validade são separados de acordo com sua finalidade farmacológica. Todos os medicamentos que são coletados ficam registrados. Após a triagem os medicamentos são encaminhados para o Banco de Remédios, localizado na cidade de Botucatu SP, uma instituição não governamental que repassará os medicamentos para famílias necessitadas sob apresentação de receita médica. Resultados e Discussão A coleta de medicamentos ocorreu entre os meses de abril e julho de 2015, resultando em 29 caixas fechadas, 71 cartelas completas, 27 cartelas incompletas, 52 sachês, 12 frascos (medicamentos líquidos e colírio), 10 flaconetes, 4 supositórios e 3 tubos de pomada. De todos os medicamentos coletados, considerando unidades individuais como comprimidos, drágeas e cápsulas, daqueles mais consumidos pela população, arrecadamos 825 unidades. No gráfico 1 estão distribuídos os números do que foi coletado, em unidades individuais, divididos de acordo com sua classe terapêutica: analgésicos, antibióticos, anti-hiperglicemiantes, diuréticos, suplementos, colírios, laxantes, relaxantes musculares, anti-hipertensivo, ansiolíticos e antiepiléticos. Dos medicamentos coletados os diuréticos (principalmente o hidroclorotiazida) foram os mais descartados, em torno de 21,8%, o que pode ser reflexo do fácil acesso à essa classe terapêutica, por distribuição gratuita na rede pública além da possibilidade de sua compra sem necessidade de receituário médico, o uso abusivo feito apenas por necessidade estética evitando retenção hídrica. Grafico 1. 3.TRIAGEM Os remédios doados, são coletados duas vezes na semana: segunda-feira e quarta-feira, os mesmos Quantidade de comprimidos/drágeas/cápsulas recolhidas de acordo com classe terapeutica.

Observamos também, ainda no gráfico1, que a quantidade de antibióticos é a menor dentre os medicamentos doados, isso se deve pois as cartelas já vem com quantidades adequadas para os dias de tratamento, essa sobra que foi doada talvez de deva por algum tratamento interrompido ou por alguma reação adversa durante ao remédio. Do total de 179 medicamentos arrecadados (entre cartelas completas ou incompletas, sachês, frascos, flaconetes, supositórios e pomadas) podemos observar no gráfico 2 que uma parcela das doações foram de medicamentos vencidos, os quais possivelmente foram encaminhados para que houvesse o descarte, uma vez que não há programas de conscientização sobre o descarte adequado e como fazê-lo. Apesar de ser uma pequena quantidade desses fármacos fora do prazo de validade, não se sabe dizer se as pessoas estão com poucos medicamentos fora de validade guardados ou se simplesmente tem descartado-os incorretamente e por isso não houve uma quantidade maior. Gráfico 2. Com relação a quantidade de cartelas de comprimidos arrecadadas, podemos observar que a maioria constitui cartelas completas, ou seja, não falta nenhum comprimido na mesma, porém observamos que há pessoas que doaram cartelas pela metade ou com poucos comprimidos o que pode indicar um excesso de medicamentos ou tratamentos interrompidos, o que pode levar a desperdício e a possibilidade de descarte incorreto em alguns casos, podemos observar isso na tabela 1. O ideal seria a venda/distribuição de medicamentos com a quantidade de comprimidos exata para que se faça o tratamento completo, evitando assim sobras e desperdícios. Tabela 1. Cartelas completas Cartelas incompletas Abril Maio Junho 36 20 15 16 8 3 Do total de 179 medicamentos arrecadados (entre cartelas completas ou incompletas, sachês, frascos, flaconetes, supositórios e pomadas) podemos observar no gráfico 2 que uma parcela das doações foram de medicamentos vencidos, os quais possivelmente foram encaminhados para que houvesse o descarte, uma vez que não há programas de conscientização sobre o descarte adequado e como fazê-lo. Apesar de ser uma pequena quantidade desses fármacos fora do prazo de validade, não se sabe dizer se as pessoas estão com poucos medicamentos fora de validade guardados ou se simplesmente tem descartado-os incorretamente e por isso não houve uma quantidade maior. Analisando outros estudos sobre recolhimento medicamentos e farmácias comunitárias, pudemos observar que os medicamentos mais presentes nas residencias e que conseguentemente serão descartados ou doados variam de acordo com cada região; em um estudo feito por TESSARO&ZANCANARO (2013) em Caçador - SC o medicamento mais recolhido foi o cloridrato de metiformina (antihiperglicimiante), já um estudo feito por BUENO et al (2009) indica que em Ijuí RS o medicamento mais presente nas residencias são os para tratamento do trato alimentar e metabolismo e em nosso estudo o mais presente foram os diuréticos, ou seja, há variação nos medicamentos que, infelizmente, podem ser descartados de forma incorreta, podendo assim contaminar o ambiente com resíduos tóxicos. Conclusões Ainda há muito a ser feito para que se evite a contaminação do meio ambiente e os riscos para a população que se originam graças ao descarte de medicamentos feito de forma errônea. Concluímos que uma saída para tal problemática é investir em campanhas de conscientização da população sobre a forma correta de descarte de medicamentos vencidos, implantando pontos de coleta em instituições que possam ser responsáveis por incinerar ou dar um fim adequado para os medicamentos vencidos entregues, além de normas voltadas para a população, que responsabilizê-os

de cuidar dos próprios medicamentos de forma segura ao meio ambiente. Outro ponto a ser destacado é o excesso de medicamentos presentes nas residências: como observado a maioria das doações vieram em cartelas inteiras, isso talvez se deva a forma como são comercializados esses remédios, uma forma de se evitar que haja esse excesso, e consequentemente diminuir a quantidade de medicamentos que podem poluir o meio ambiente caso não sejam descartados corretamente, é a venda da quantidade exata de remédio necessário para o tratamento do indivíduo, diminuindo também assim o desperdício de dinheiro no caso de medicamentos distribuídos pela rede pública de saúde. Enquanto essas medidas ainda não são tomadas, nos resta contar com a existência de farmácias comunitárias, como as citadas anteriormente, que recebem os medicamentos e doam os não vencidos para os mais carentes e descartam os que não podem mais ser utilizados de forma correta. Agradecimentos PROEX (Pró Reitoria de Extensão da UNESP) ALVARENGA, L. S. V.; NICOLETTI, M. A. DESCARTE DOMÉSTICO DE MEDICAMENTOS E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O IMPACTO AMBIENTAL DECORRENTE. Revista Saúde Ung, Guarulhos, v. 3, n. 4, p.34-39,2010. GASPARINI, J. C.; GASPARINI, A. R.; FRIGIERI, M. C. Estudo do descarte de medicamentos e consciência ambiental no município de Catanduva-SP. Ciência & Tecnologia: Fatec-jb, Jaboticabal, v. 2, n. 1, p.38-51, 2011 JOÃO, W. S. J. Descarte de medicamentos. Pharmacia Brasileira, Brasil, n. 82, p.14-16, ago. 2011. TESSARO, P. R.; ZANCANARO, V. RECOLHIMENTO E DESCARTE DOS MEDICAMENTOS DAS FARMÁCIAS CASEIRAS NO MUNICÍPIO DE CAÇADOR - SC. Saúde Meio Ambiente, Caçador- Sc, v. 2, n. 1, p.118-128, jun. 2013. VAZ, K. V.; FREITAS, M. M.; CIRQUEIRA, J. Z. INVESTIGAÇÃO SOBRE A FORMA DE DESCARTE DE MEDICAMENTOS VENCIDOS. Cenarium Pharmacêutico, Taguatinga, v. 4, n. 4, p.3-26, nov. 2011