caminhos A busca por novos Negócios

Documentos relacionados
Pesquisa Arbitragem em Números e Valores. Seis Câmaras. 8 anos. Período de 2010 (jan./dez) a 2017 (jan./dez.)

ARBITRAGEM EM CONFLITOS SOCIETÁRIOS 2016, 2017 E 2018 (ATÉ JULHO)

A Prova Técnica na Arbitragem

Câmara de Mediação e Arbitragem da Fundação COGE

ARBITRAGEM NA BRASIL Arbitragem no Brasil

Arbitragem no Brasil. Uma visão geral _1.docx

A importância da escolha do árbitro e da instituição arbitral. Palestrante: Alvaro de Carvalho Pinto Pupo

Arbitragem Institucionalizada: o melhor modelo para a resolução de litígios comerciais e de investimento. José Miguel Júdice

ARBITRAGEM E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Análise da Pesquisa Arbitragem em Números de 2010 a Câmara de Mediação, Conciliação e Arbitragem de Sâo Paulo- CIESP/FIESP (CIESP/FIESP)

Arbitragem de Rito Sumário ou de Escopo Limitado? Futuro?

Solução de Controvérsias na Área de Propriedade Intelectual Tatiana Campello Lopes Todos os Direitos Reservados.

Panorama da Arbitragem em Portugal e países da CPLP. José Carlos Soares Machado SRS Advogados

SILVIA RODRIGUES PEREIRA PACHIKOSKI

Arbitragem Internacional. Renato Leite Monteiro

ATUALIDADES SOBRE ARBITRAGEM E O MERCADO

QUADRO COMPARATIVO. Vinculada à Confederação das Associações Comerciais e Empresariais. Vinculada à. Associação

CURRICULUM VITAE. Especialização em Direito Processual Civil Pós-Graduação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC/SP ( ).

O BRAÇO FORTE DA INDÚSTRIA

INTRODUÇÃO 1 ARBITRAGEM E TUTELA JURISDICIONAL

Câmara de Arbitragem do Mercado

A Prova Técnica na Arbitragem

ANÁLISE ECONÔMICA DA ARBITRAGEM EXPEDITA

Arbitragem em Contratos Metroferroviários

Câmara de Arbitragem do Mercado

Arbitragem no México. Uma visão geral

Arbitragem no Chile. Uma visão geral _1.docx

Clemenceau Chiabi Saliba Junior Presidente da CMA CREA-MG

PAINEL 5. Nome de Domínio Solução de Conflitos pelo Sistema Administrativo de Conflitos de Internet (SACI), Mediação ou Arbitragem

Reunião Técnica ANEFAC

Em dez anos, arbitragem amadurece e vira saída para solução de conflitos na construção

3. - Quanto custa executar a decisão arbitral? Quanto custa uma ação judicial?

Arbitragem na Colômbia. Uma visão geral _1.docx

MÓDULO I 40 h/a presenciais

Arbitragem no Chile. Uma visão geral _1.docx

RESOLUÇÃO DE CONFLITOS. FACULDADE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE NOVA POST-GRADUAÇÃO DE GESTÃO PARA JURISTAS José Miguel Júdice

22/10/2013. O que estudar? Dinâmica dos conflitos. Tema 6: O Envolvimento de uma Terceira Parte no Conflito. Profª Msc.

7 th ICC BRAZILIAN ARBITRATION DAY

A Contribuição do INPI para a Mediação e a Arbitragem em Disputas de PI. 5 de junho de 2013

Manual de Negociação

Manuel Pereira Barrocas. Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

DA OAB SP 28 de Maio de 2010 A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA NA ARBITRAGEM INTERNA E INTERNACIONAL

_1.docx. Arbitragem no México. Uma visão geral

a atuação do setor público em arbitragens

ARBITRAGEM CONCEITOS E CAMPO DE ATUAÇÃO

PARCERIA E COMPROMISSO

CURRICULUM VITAE DE JOSÉ EMILIO NUNES PINTO. José Emilio Nunes Pinto é advogado em São Paulo e sócio fundador de José Emilio Nunes Pinto Advogados.

CÂMARA DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM DO IBDE

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Plano de Ensino - DIREITO

Brasil e a vigência, em 2014, da Convenção de Viena das Nações Unidas de 1980 sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias (CISG)

CARTILHA DE ARBITRAGEM

1ª Conferência de Arbitragem ICC em Moçambique

Mediação no cotidiano dos profissionais liberais e empresários

Arbitragem na Argentina. Uma visão geral _1.docx

Arbitragem liberta os juízes de questões time consuming

Painel 5 - Análise e Gestão de Riscos de Contratos (Pleitos) Henrique Frohnknecht

A mediação e a conciliação também compõem estes métodos; contudo, eles diferem entre si.

Insegurança tributária e investimentos em infraestrutura

Balanço do Mercado Imobiliário de São Paulo 2017

Direito Processual Civil CERT Regular 4ª fase

A ATUAÇÃO DO CONTADOR NA ARBITRAGEM

A ARBITRAGEM MARÍTIMA NAS RELAÇÕES EXTRACONTRATUAIS. Sérgio Ferrari

5 EXCELENTES MOTIVOS PARA VOCÊ TRABALHAR COM ARBITRAGEM. 1 Diversas opções de trabalho Solução contra a crise... 5

3ª Conferência de Arbitragem e Mediação Marítima 26 de outubro de 2016 Auditório do Tribunal Marítimo Rio de Janeiro RJ

Arbitragem na Argentina. Uma visão geral _1.docx

Resumo da intervenção Miguel Romão Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

GRUPO DE ESTUDOS DE MEDIAÇÃO EMPRESARIAL PRIVADA MEDIAÇÃO EMPRESARIAL

CONSELHO ARBITRAL DO ESTADO DE SÃO PAULO CAESP LISTA DE ÁRBITROS

Eng o /Adv Francisco Maia Neto Adv Mauro Cunha Azevedo Neto

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DE CONCILIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM CIESP/FIESP

Câmara de Indústria de Comércio do Mercosul e Américas

OS TERCEIROS INTERESSADOS E A HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA

NOVIDADES DO CAM-CCBC

CABIMENTO DA AÇÃO ANULATÓRIA CONTRA SENTENÇA ARBITRAL PARCIAL

STJ FLAVIA Foz MANGE

Direito Internacional Público. D. Freire e Almeida

A EXPERIÊNCIA DA ARBITRAGEM COM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM 10 PROCEDIMENTOS ARBITRAIS. Felipe Moraes

SUMÁRIO AGRADECIMENTOS APRESENTAÇÃO... 13

ARBITRAGEM. TIRE SUAS DÚVIDAS

ANEXO 30-XXXIII Comunicação sobre transações com partes relacionadas

Expectativa de empregadores brasileiros continua a cair

CÓDIGO DE ÉTICA. O comportamento do árbitro deverá ser pautado de forma condizente com um profissional de reputação ilibada.

2. Arbitragem na atividade portuária visão do terminal;

A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição.

Apresentação. Esperamos vê-los em Gramado. Cordialmente,

DECISÃO. Juiz(a) de Direito: Dr(a). Fernando França Viana. Vistos.

Painel 8: Tendências e melhores práticas na administração de procedimentos arbitrais em arbitragem comercial internacional

ANEXO II CÓDIGO DE ÉTICA

Meios de solução de controvérsias nas relações de consumo de seguros GUSTAVO DA ROCHA SCHMIDT

1.2. Objetivo da pesquisa

Transcrição:

Negócios Compliance SHUTTERSTOCK A busca por novos caminhos Meio de resolução de conflitos sem a participação do Poder Judiciário, a arbitragem movimentou mais de R$ 24 bilhões em 2016. Mecanismo aumenta a segurança jurídica de investidores estrangeiros e locais, atraindo a atenção de grandes empresas que procuram rapidez e discrição para solucionar disputas C Por Felix Ventura, de São Paulo eleridade e sigilo. Por estes termos, empresas de grande porte têm recorrido cada vez mais a um método bastante eficaz para a resolução extrajudicial de conflitos. A arbitragem é um meio privado de solucionar litígios onde as partes envolvidas irão ao juízo arbitral escolhido por elas sem a participação do Poder Judiciário e com a finalidade de estabelecer acordos que contemplem os anseios de seus litigantes. Conforme pesquisa elaborada pela professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Selma Lemes, a soma de todos os valores transacionados em arbitragens nas seis câmaras arbitrais de maior representatividade nacional pesquisadas atingiu R$ 24,27 bilhões em 2016 e 44 AméricaEconomia

no comparativo com o montante registrado no ano de 2010 (R$ 2,8 bilhões), os resultados demonstram um crescimento exponencial de aproximadamente nove vezes. No intervalo entre 2010 e 2016, o total de valores apurados nas câmaras consultadas superou a marca de R$ 62 bilhões. Ainda em relação ao número de arbitragens iniciadas, em 2010 foram identificados 128 novos casos ante 249 do ano de 2016, o que representa um aumento de 95% no número de procedimentos entrantes. Ao avaliar o desempenho entre 2015 e 2016, o levantamento apontou uma elevação de 222 para 249 novos casos, respectivamente, aferindo um crescimento de 12%. Este percentual expressa reflexos significativos já que, em 2015, a monta alcançada pelas arbitragens foi de R$ 10,72 bilhões, enquanto que no ano seguinte chegou ao patamar de R$ 24,27 bilhões, ultrapassando o dobro dos resultados da performance anterior sinal de que os novos conflitos faziam referência a contratos de grande porte. Assuntos mais comuns Segundo a pesquisa elaborada por Lemes, é importante atentar para um certo perfil setorial assumido pelas câmaras de arbitragem quanto aos assuntos que a elas são submetidos. O Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CAM-CCBC) lidera em número e valores de arbitragens e tem como demandas mais comuns os conflitos societários, empresariais e com a administração pública. Já na Câmara de Arbitragem Empresarial Brasil (Camarb), se concentraram os casos que envolvem a construção civil e de energia (46%). Na Câmara de Mediação, Conciliação e Arbitragem de São Paulo - Ciesp/Fiesp (CAM-Ciesp/ Fiesp), mais de 47% das disputas foram originadas de contratos de fornecimento de bens e serviços e contratos empresariais em geral. Para a Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM- Bovespa), quase 71% da demanda são referentes a casos de conflitos societários. Como funciona Ao optar pela arbitragem, os litigantes elegerão árbitros de sua confiança para o julgamento do conflito. A decisão tomada pelo árbitro tem a mesma relevância que a sentença de um juiz de Direito, constituindo uma determinação obrigatória e definitiva, sem a possibilidade de se recorrer da deliberação em instâncias superiores como ocorre na Justiça comum. Contudo, se houver a violação de certos direitos, o Poder Judiciário poderá anular a decisão do árbitro. No Brasil, a prática da arbitragem está regulada pela Lei nº 9.307/1996 que foi alterada pela Lei nº 13.129/2015, trazendo em sua última atualização aprimoramentos, como sua aplicação à administração pública, dando início a uma nova fase de desenvolvimento para a arbitragem nacional. O uso da arbitragem vem crescendo, com resultados positivos. A doutrina jurídica a respeito se diversificou. Algumas câmaras, como a Brasil-Canadá e a da Fundação Getúlio Vargas, foram se consolidando. Há hoje uma lista de árbitros bastante respeitados e experientes. E há DIVULGAÇÃO Em 2016, as seis câmaras arbitrais mais representativas do país alcançaram R$ 24,2 bi em valores transacionados, enquanto que em 2010, o montante foi de R$ 2,8 bi Carlos Ari Sundfeld: Há espaço para a arbitragem crescer mais Julho 45

Negócios Paulo Nasser: A arbitragem tem um viés de alta para o atual momento econômico do Brasil, principalmente porque o início de novas disputas decorre do clima de instabilidade FOTOS DIVULGAÇÃO muitos advogados especializados e respeitados na área. Por isso, há espaço para crescer mais, diz Carlos Ari Sundfeld, professor da escola de Direto de São Paulo da FGV. Das vantagens e desafios A possibilidade de escolha de árbitros mais especializados e de confiança das partes em detrimento a juízes generalistas, a rapidez do processo que leva, em média, 18 meses e o sigilo que pode salvaguardar a reputação de empresas como em casos de disputas societárias são fatores que acentuam o interesse das companhias pelo procedimento arbitral. Existem, porém, questões limitantes como o alto custo empenhado para a realização do procedimento, o que dificulta a utilização da arbitragem em casos menores e também, alguns desafios relativos à publicidade dos casos envolvendo órgãos da administração pública. Ainda não está muito claro como cumprir a norma, introduzida pela lei de 2015, que sujeita ao princípio da publicidade as arbitragens envolvendo a administração pública. Outro ponto a ser considerado, versa sobre a lisura e transparência na escolha dos árbitros. A indicação de um profissional com relações impróprias pode ser impugnada pela outra parte. Além disso, existe uma atuação séria e eficiente das Câmaras, que têm muita agilidade para eliminar de seu quadro árbitros que tenham comportamentos inadequados explica Sundfeld. Segurança jurídica para investidores Uma das grandes questões sobre a utilização da arbitragem por grandes corporações que desejam investir em países onde as regras do poder público se apresentam morosas, e muitas vezes dúbias, diz respeito ao aumento da segurança jurídica determinado pela celeridade na resolução de controvérsias. Uma vez que os mecanismos arbitrais configuram uma forma mais ágil de dirimir conflitos, os investidores estrangeiros e locais sentem-se motivados a explorar esta alternativa. A arbitragem tem um viés de alta para o atual momento econômico do Brasil, princi palmente porque o início de novas disputas decorre do clima de instabilidade, afirma Paulo Nasser, sócio da área de arbitragem do Miguel Neto Advogados. Atuação expressiva Em 1979, um grupo de advogados e professores da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) com o apoio da Câmara de Comércio Brasil-Canadá fundou o Centro de Arbitragem e Mediação (CAM-CCBC), considerada atualmente como a maior instituição arbitral do país que, em 2016, registrou R$ 13,85 bilhões em 98 disputas realizadas, respondendo por 57,10% do valor das arbitragens efetuadas, seguida pela Câmara de Arbitragem Empresarial-Brasil (Camarb) com quase 13% e, em terceiro lugar, a Câmara de Arbitragem da Fundação Getúlio Vargas 46 AméricaEconomia

O MAIOR CENTRO DE ARBITRAGEM BRASILEIRO CUIDOU DE ATIVOS QUE SOMAM R$ 13,85 BILHÕES NO ANO PASSADO, EM 98 DISPUTAS REALIZADAS E É O RESPONSÁVEL POR 57,10% DOS CASOS NO PAÍS As perspectivas apontadas por Forbes para o término de 2017 são de um crescimento que ultrapassará os 100 procedimentos arbitrais na instituição que dirige, bem como é esperado um aumento substancial dos valores em disputa que deve ser mantido pelos próximos dois anos e que serão caracterizados por litígios de maior complexidade. Diante do contexto global, há países conhecidos pela forte atividade arbitral como os Estados Unidos (EUA) que, diferentemente do Brasil, também agregam pequenas causas; a Inglaterra que trata principalmente de casos relacionados ao comércio internacional; a França que sedia a maior câmara de arbitragem do mundo (International Chamber of Commerce ICC) e, por fim, Hong Kong e Cingapura que constituem dois dos mais representativos polos asiáticos no exercício dos procedimentos arbitrais, completa. Carlos Forbes: Nossos centros de prática arbitral são conhecidos por bem administrar o procedimen to e este fator contribui para o desenvolvimento dos negócios tanto para o mercado interno como em escala mundial (CAM-FGV), com aproximadamente 9%. No acumulado da série histórica 2010-2016, as disputas realizadas somente pelo CAM-CCBC totalizaram R$ 33,87 bilhões. Como referência, a média por processo em valores computada pela instituição no ano de 2016 foi de US$ 60 milhões. A comunidade internacional de arbitragem vê no Brasil um case de enorme sucesso, muito em razão do conhecimento geral sobre a aprovação da lei de arbitragem no país e de sua eficácia. Nossos centros de prática arbitral são conhecidos por bem administrar o procedimento e este fator contribui para o desenvolvimento dos negócios tanto para o mercado interno como em escala mundial. Do ponto de vista jurídico, estamos inseridos na comunidade internacional quanto a utilização das melhores práticas para a resolução de conflitos, afirma Carlos Forbes, presidente do Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá. Julho 47

Negócios Adriana Braguetta: Princí pios como a não intervenção estatal e de que o controle da arbitragem é sempre feito a poste riori pelo Estado se houver alguma irregularidade formal, são exemplos desta consonância DIVULGAÇÃO Congresso Pan-Americano de Arbitragem Com objetivo de fomentar discussões sobre as práticas da arbitragem, o Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CAM-CCBC) realizou o III Congresso Pan-Americano de Arbitragem em outubro de 2016, no Hilton Hotel, em São Paulo. O evento se tornou uma referência quando se trata de arbitragem na América Latina, contando com a participação especial do International Center for Dispute Resolution (ICDR), com 32 palestrantes distribuídos em oito painéis e um público estimado em 300 pessoas. Ao todo, oito debatedores de 15 nacionalidades diferentes participaram das palestras para abordar assuntos de grande relevância para profissionais da área jurídica com atuação em arbitragem internacional e doméstica, acadêmicos e estudantes, empresários em geral, profissionais e especialistas interessados nas práticas de arbitragem. Os principais temas tratados durante o evento foram: Táticas de guerrilha: quais os limites éticos?, Arbitragem e administração pública: uma realidade nos países da América Latina?, Jurisprudência e postura do Poder Judiciário, Árbitro de emergência: análise sobre a sua necessidade e a sua eficiência no Brasil e nos países Pan-Americanos, entre outros. Referências históricas Considerada como um grande avanço por representar a solução de diversos problemas existentes na arbitragem internacional, a Lei Modelo da Uncitral instaurada em 1985 e elaborada sob os auspícios da Organização das Nações Unidas (ONU) foi um aprimoramento contemporâneo fundamental representando o resultado de esforços anteriores como o Protocolo de Genebra (1923), a Convenção de Gênova (1927) e a Convenção de Nova Iorque (1958), que simbolizaram contribuições significativas para a padronização da arbitragem internacional com o intuito de mitigar as incertezas das atividades comerciais em espectro mundial. O Brasil está alinhado ao sistema global regido pela Lei Modelo, embora apenas se inspire em seus preceitos, porém, mais de 70 países fizeram a sua adoção de maneira integral. Princípios como a não intervenção estatal e de que o controle da arbitragem é sempre feito a posteriori pelo Estado se houver alguma irregularidade formal, são exemplos desta consonância. Vale ressaltar que a Lei Modelo é um padrão legislativo amplamente adaptável para cada país. A percepção do histórico da arbitragem é medieval e veio do Direito Público. Casos de fronteira entre países como Paquistão e Índia, logo após a Primeira Guerra Mundial, foram solucionados através do procedimento arbitral. Na verdade, o número de arbitragens do século XX tem um crescimento vertiginoso depois da Segunda Guerra Mundial, explana Adriana Braguetta, advogada e sócia da área de arbitragem da L.O. Baptista Advogados. 48 AméricaEconomia