Opinião à Mão Livre: Webdocumentário sobre caricatura, Charge e Cartum em Curitiba 1

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Opinião à Mão Livre: Webdocumentário sobre caricatura, Charge e Cartum em Curitiba 1 Lucyllen REIS 2 Paula dos SANTOS 3 Hendryo ANDRÉ 4 Faculdades Integradas do Brasil, Curitiba, PR RESUMO O objetivo deste trabalho é apresentar três dentre os mais importantes tipos de textos gráficos: caricatura, a charge e o cartum por meio do webdocumentário Opinião à Mão Livre, apresentando o processo de produção de um desenho jornalístico, assim como revelar de qual modo as informações são transmitidas ao leitor. O recurso utilizado neste trabalho mostra o universo do humor em um texto gráfico na cena do jornalismo curitibano, visando levar ao leitor o interesse de ler e refletir sobre as críticas e sátiras contidas nos desenhos, sempre contextualizado com algum fato histórico, ou apenas um desenho de humor, no seu modo opinativo. PALAVRAS CHAVE: Texto gráfico, jornalismo opinativo, webdocumentário. INTRODUÇÃO O webdocumentário Opinião à Mão Livre 5 visa apresentar os textos gráficos 6 como fontes de notícia e almeja revelar de quais maneiras as informações são produzidas e transmitidas para o leitor. Apresenta-se o universo do texto e do humor gráfico no jornalismo curitibano, como todo o processo de criação desses jornalistas que, em sua maioria, utiliza o humor para uma profunda crítica social. Durante o processo é apresentada a evolução e o contexto histórico das caricaturas, charges e cartuns. Os textos gráficos são utilizados no jornalismo opinativo como um modo de transcrever a notícia ou o fato ocorrido, de uma forma mais fácil, rápida e dinâmica. Os artistas foram escolhidos por meio de uma pesquisa realizada com moradores de Curitiba e Região Metropolitana, divulgada via rede social. São eles: Benett, Paixão, Solda e Tiago Recchia, que contam um pouco sobre seus traços, características e inspirações na 1 Trabalho submetido ao XXI Prêmio Expocom 2014, na Categoria Produção Transdisciplinar, modalidade Produção Multimídia 2 Aluno líder do grupo e estudante do 8º. Semestre do Curso de Jornalismo da UniBrasil, email: lureis30@yahoo.com.br. 3 Estudante do 8º. Semestre do Curso de Jornalismo da UniBrasil, email:pauleenhah_@hotmail.com. 4 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo da UniBrasil, email: hendryoandre@gmail.com. 5 O endereço do webdocumentário na internet é http://www.opiniaoamaolivre.com.br/. 6 Os textos gráficos deste trabalho serão delimitados por: caricatura, charge e cartum. 1

criação. Para compor o contexto histórico, participam deste projeto a historiadora Aparecida da Silva Bahls e a pesquisadora e artista plástica Mariane Cristina Buso. As ilustrações fazem parte de um período na história, identificando um contexto social, histórico e político, sempre com a pretensão de chamar a atenção do leitor para o raciocínio e a leitura do texto escrito. Dessa maneira, percebe-se que é mais fácil lembrar-se do que se vê, do que o que se ouve. A ferramenta webdocumentário foi escolhida como uma melhor forma de demonstrar e apresentar todos os temas propostos, que reúnem informações complementares em diferentes formatos. A plataforma possibilita uma interação maior sobre o assunto, apresentando os vídeos na página inicial e, para quem se interessar, mais informações sobre os ilustradores. OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi compreender, por meio de um webdocumentário, a relevância dos textos gráficos (caricaturistas, chargistas e cartunistas) no jornalismo em Curitiba, explicando as diferenças entre caricatura, charge e cartum e sua história, e apresentar os bastidores do processo de produção dos textos gráficos e, consequentemente, os detalhes do brainstormings desses ilustradores gráficos e opinativos. Além disso, buscar estabelecer vínculos entre os textos gráficos e o jornalismo opinativo. JUSTIFICATIVA O ritmo intenso com que as notícias são expostas a nós diariamente, minuto a minuto ou frame a frame, como num processo de edição de vídeo, com intervalos de segundos até a próxima notícia, remete à falta de tempo para absorver essas informações e reportagens jornalísticas, e abre discussão, pois com a internet vive-se a fase do reinado e do império das opiniões. Para Melo (1985, p. 120), o uso da imagem como instrumento de opinião atende, muitas vezes, ao imperativo de influenciar um público maior que aquele dedicado à leitura atenta dos gêneros opinativos convencionais: editorial, artigo, crônica, etc. Sabe-se que a primeira forma de jornalismo foi o opinativo e no Brasil não foi diferente, para Bahia (apud ROMUALDO, 2004, p. 14), a ilustração, na imprensa brasileira, teve seu momento máximo a partir da segunda metade do século XIX [...] A imprensa somente voltou a interessar o leitor pela ilustração, abandonada em prol da fotografia, com a segunda guerra. 2

Nessa trajetória do jornalismo opinativo, caricato e contemporâneo, O Pasquim foi lançado em 26 de junho de 1969, período em que o Brasil vivia o auge da repressão política, período do Regime Militar 1964 a 1985 e fundado em plena vigência do Ato Institucional número 5 (AI-5), por um grupo de jornalistas composto por Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Claudius e Carlos Prosperi, O irreverente tablóide revolucionou o jornalismo brasileiro, como destaca Melo (1985 p 126), o modelo do Pasquim constitui uma síntese do jornalismo caricato: o traço e o texto, lado a lado, ironizam o cotidiano, satirizam os protagonistas da notícia, registram com humor a emergência de um novo projeto de sociedade. Hoje em dia, é fácil abrir jornais impressos ou visitar veículos de informações na internet e se deparar com vários tipos de ilustrações, como fotografias, desenhos, gráficos, entre outros. Essas ilustrações nunca conseguiam acompanhar o texto escrito. Desenhos e fotografias dos acontecimentos aparecem com tanta frequência nas televisões, revistas noticiosas e nos jornais atuais, que muitas vezes não somos capazes de fazer uma ideia da aparência monótona que tinham os jornais dos primeiros tempos. Estas foram ganhando espaço na imprensa, devido a fatores como o aperfeiçoamento nas técnicas de reprodução e a propensão do público a consumir jornais ilustrados (ROMUALDO, 2004, p. 09). No início, não houve nenhum privilégio. As imagens eram usadas como uma forma de ilustração. Outro problema era a dificuldade dos leitores em entender qual a mensagem que a imagem queria passar. Para Ramos (2009), o conteúdo das ilustrações se transformou em um desafio de interpretação. É certo que a imprensa ilustrada conquistou um leitor diferenciado. São leitores que compreendem, por meio de imagens gráficas, a mesma notícia que foi dada, mas em forma de texto. O fato é que a utilização de caricaturas, charges e cartuns é um meio muito importante e uma forma de noticiar um fato. De fato, uma análise atenta das xilogravuras publicadas num grande número de pasquins e sempre deixadas de lado pelos pesquisadores de hoje prova que o discurso visual também desempenha um papel extremamente importante nesses periódicos, que as imagens contribuem muito, graças ao seu poder de ênfase e de síntese, para tornar as críticas e os ataques ainda mais eficazes (RAMOS, 2009, p. 292). Nas ilustrações, os ataques são diversos, seja para um grupo político, uma classe social ou seguidor de uma mesma ideia. Nelas, encontram-se imagens irônicas, com conteúdo satírico, zombarias e reflexões. Com isso, Ramos (2009, p. 298) enfatiza o fato de 3

que as palavras só conseguem dizer, e as imagens reforçam o poder evocativo das críticas e dos ataques, agindo, assim, de uma maneira ainda muito mais direta e enfática sobre a imaginação do leitor. A partir do século XX, as ilustrações se modernizam. De forma mais artística e literária, outras técnicas começam a ser utilizadas, como o uso da zincografia (forma de impressão de gravuras através de chapas de materiais econômicos, como o zinco e o alumínio), em substituição ao uso da litografia. É nessa época também que a intenção de tais ilustrações é, primeiro, divertir, para depois informar. O final do século XX e início do XXI foi o que criou o marco nesse tipo de imprensa, mediante o avanço digital e tecnológico. Foi isso que permitiu o ingresso das caricaturas, charges e cartuns nas novas mídias. Em contrapartida, os vários meios de comunicação tiveram que passar por um processo de adaptação, como uma forma de estratégia, para chamar a atenção dos leitores de internet. Essa nova mídia compreende um universo com ampla possibilidade de variedades e experimentações tanto de textos quanto de informações. Nesse cenário, surgem as charges eletrônicas, com a junção de elementos audiovisuais como som e animações gráficas para encorpar ainda mais a charge tradicional (FAUSTO NETO; SANCHOTENE, 2008, p. 18). Os três tipos de textos gráficos já citados, associam o verbal, juntamente com o não verbal. É uma maneira de fazer com que a leitura seja feita mais rapidamente, porém, não menos compreensível. Vários recursos são utilizados, como o humor, o tom irônico e as figuras de linguagem. O problema é a reação que uma charge pode causar, seja por parte de um indivíduo, ou de um grupo mais amplo. Nem sempre eles estão preparados para encarar uma crítica, muito menos quando ela diz respeito a um assunto polêmico. Um dos principais e mais antigos alvos dos chargistas, quer pelo aspecto físico, quer pelo papel que representa na política nacional, são os políticos em geral (MORAES; RODRIGUES, 2009, p. 04). A nomeação dos artistas que produzem os humores gráficos pode ser considerada incerta. Quem produz charge, é chargista; caricatura, caricaturista; e cartum, cartunista. De acordo com McCloud (apud SIMÕES, 2010, p. 04), nem sempre foi assim. A expressão histórias em quadrinhos foi, por muito tempo, vista como algo negativo, como material de consumo infantil, com desenhos ruins, barato e descartável. 4

Com isso muitos de seus artistas tinham vergonha de admitir que produziam histórias em quadrinhos, e, por isso, preferiam ser conhecidos como ilustradores e não como cartunistas. Essa designação confusa pode ter colaborado para uma futura dificuldade de teorização dos referidos gêneros, como percebe hoje as áreas da linguagem (SIMÕES, 2010, p. 04). De acordo com Fausto Neto e Sanchotene (2008, p. 20), a qualidade artística e o humor de personalidade se mantiveram iguais. O que mudou foram os traços dos desenhistas, principalmente pelas mudanças tecnológicas na impressão, onde [sic] foram possibilitadas e talvez até impostas formas diferentes de desenhar frente ao mundo contemporâneo (Ibid.). As ilustrações foram se modernizando e se adaptando cada vez mais. Isso foi necessário para que essa imprensa tão crítica e humorística entrasse em diferentes meios de comunicação de massa. O texto gráfico se torna uma excelente ferramenta para transmitir informações, ocupando um papel fundamental nas editorias de jornais e revistas, sendo estas veiculadas na internet ou no impresso. Romualdo (2004, p. 12) indaga que o objetivo de uma caricatura não é só ilustrar a notícia, mas também interpretá-la. O texto gráfico tem, como objetivo, informar utilizando o humor, sátira e a crítica, normalmente de forma subjetiva, o que gera uma maior aproximação com o leitor. Para compreender o universo editorial dessas expressões jornalísticas é necessário traçar o contexto histórico, cultural e social no surgimento da caricatura, da charge e do cartum. No caso da caricatura e da charge, principalmente, a contextualização do tema a ser tratado é totalmente indispensável ou, ao menos, ter um pequeno conhecimento geral sobre o assunto para compreender o fato que está sendo retratado. O cartum, como é atemporal, não necessita de um conhecimento histórico para entender a mensagem que está sendo passada, pois muitas vezes são histórias retratadas de um cotidiano, contadas através de um desenho ou de "tirinhas". A leitura do texto gráfico chama a atenção do leitor para entender do que se trata. Muitas vezes, quando não entendem, por não estarem contextualizados com o tema tratado, vão atrás do texto escrito. Os textos gráficos estão sendo bastante consumidos como conteúdo de informação, principalmente com a entrada destas ilustrações na internet, que é o meio de comunicação que contém mais visualizações de caricaturas, charges e cartuns. Como as leituras e consumo de informações têm sido cada vez mais rápidas e dinâmicas, é essencial conhecer a diferença entre estes textos gráficos, para compreender 5

quando se trata de um aspecto político, social ou histórico. As ilustrações tendem a ter uma leitura mais rápida, com uma compreensão diferente daquilo que é passado através do texto escrito. Por meio da produção de um webdocumentário, apresenta-se o processo de construção dos textos gráficos elaborados por estes ilustradores. Busca-se entender, com esta pesquisa, a real relevância jornalística que os caricaturistas, chargistas e cartunistas exercem na imprensa curitibana e de que forma o jornalismo opinativo está ligado a estes profissionais. O webdocumentário foi escolhido como produto final, por se tratar de uma ampla plataforma multimídia, que possibilita reunir informações em diversos formatos, como vídeos, fotos, texto escrito e, ainda, um espaço para que os visitantes do site possam mandar seus próprios vídeos. Para Tomba (2010, p. 62), o "webdocumentário deve ser, antes de tudo, um documentário de acordo com as concepções e características consagradas em relação ao gênero, tal particularidade deve ser observada também, em tese, no webdocumentarismo. O webdocumentário vai permitir romper a linearidade da narrativa do cinema e da televisão. O objetivo deste webdocumentário é que o leitor receba as informações e navegue pelas mensagens de forma não linear, escolhendo a ordem de exibição do conteúdo. E também permitir que o usuário crie uma relação mais próxima e pessoal com esse universo gráfico e jornalistas. MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS Para entender melhor qual o perfil das pessoas que iriam consumir o webdocumentário e traçar o direcionamento do produto foi construído um questionário com vinte e uma perguntas num período de dez dias e 192 entrevistados o que possibilitou toda a construção, produção, escolha de personagens e execução do produto final..entendemos que esta variável do jornalismo opinativo cumpre,um papel importante na sociedade já que 95% dos entrevistados identificaram o texto gráfico como jornalismo. A internet se mostrou sempre forte, 98% dos entrevistados dizem assistir vídeos na rede e com relação à vontade do público em conhecer o trabalho dos cartunistas de Curitiba, 79% disseram ter interesse, o que demonstra que o webdocumentário Opinião à mão livre pode fomentar o hábito e reflexão da leitura deste gênero, por meio do conhecimento do processo e a proximidade do leitor com os cartunistas, chargistas e caricaturistas de Curitiba. 6

Os desenhistas escolhidos para compor o webdocumentário foram: Benett, que trabalha na Gazeta do Povo e Folha de São Paulo, com tiras e ilustrações; Paixão, que trabalha na Gazeta do Povo há 23 anos; Tiago Recchia, que trabalha com os Los Tres Inimigos, na Gazeta do Povo e com As aventuras do Delegado Altamira Bezerra, na Tribuna do Paraná; e Solda, que trabalha atualmente com ilustrações para livros. Esses são os quatro artistas que ficaram entre os cinco mais votados como conhecidos em Curitiba Um dos questionamentos foi sobre a duração de cada vídeo, por meio desta questão, foi possível identificar que os vídeos com 5 minutos tem boa aceitação (28%), em segundo lugar, os vídeos de 20 minutos com 24% dos resultados, em terceiro lugar os de 10 minutos, com 20% no resultado da pesquisa,. Com estes dados, consegue-se chegar a conclusão de que o tempo de duração de um vídeo pode variar de 5 a 20 minutos, respectivamente o que vai prender a atenção do público será o conteúdo exposto no webdocumentário. DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO Opinião à Mão Livre é um produto audiovisual que conta com quatro vídeos principais sendo eles: O que é?, A produção, Um capítulo à parte, Os leitores. Os dois primeiros vídeos são sobre o contexto em que os cartunistas produzem seus textos gráficos, e visando aproximar o leitor deste universo as gravações aconteceram em suas residências. No terceiro vídeo Um capítulo a parte as protagonistas são: a historiadora Aparecida Vaz da Silva Bahls, a artista plástica e pesquisadora Mariane Cristina Buso, contextualizando a importância do texto gráfico para o jornalismo e retrata a história da caricatura, charge e cartum no Brasil e no Paraná. As gravações ocorreram na Livraria Dario Velloso em Curitiba. O quarto vídeo Os leitores traz, como personagens centrais, as opiniões dos próprios leitores ou não de textos gráficos. As gravações aconteceram na Gibiteca em Curitiba, um espaço que une cenário e temática abordado. Os vídeos com os personagens foram gravados sempre com a intenção de ser o mais natural possível, onde todas as entrevistas ocorreram em clima de bate papo, com a ausência de ensaios, criando um ambiente de intimidade com o telespectador. A mistura de formatos, como vídeo, foto, texto contribui para a narrativa explorando a interatividade com o público. As fotografias também tiveram a mesma proposta: registrar as situações que compõem o documentário da forma mais real possível. 7

A identidade visual do webdocumentário foi criada a partir do conceito dado através do nome Opinião à Mão Livre. que se deu por esses desenhistas fazerem um rascunho de seus desenhos, sempre se utilizando do lápis e papel. O logotipo foi criado pelo cartunista Benett, contribuindo para uma estética visual já reconhecida pelo público. As fontes usadas nos vídeos são as CITID e GFAMComic, baixada no site www.netfontes.com.br. Elas possuem a mesma linha de expressão que o logotipo desenhado pelo cartunista Benett O layout do webdocumentário Opinião à Mão Livre foi construído com elementos contextualizados aos textos gráficos. Com um fundo branco e cinza, visando não contrastar com as imagens dos personagens. As cores escolhidas também integram o conceito de contextualizações implícitas com o tema do webdocumentário. O branco, cor leve apresenta a liberdade de expressão. Ela também equilibra o layout, tornando a leitura visual mais agradável ao fundo. O webdocumentário inicia com uma tela com um clipe com os personagens centrais e imagens do seu trabalho, visando despertar a curiosidade do telespectador para conhecer a plataforma do documentário. O uso dos vídeos na primeira página da plataforma agrega um maior valor artístico ao projeto, realçando sua linguagem de documentário. Nas gravações foi utilizada uma câmera fixa, com captação em Full HD, permitindo muito mais qualidade na imagem. Uma segunda câmera, no mesmo sistema de captação, fez detalhes subjetivos acompanhando os gestos dos personagens, o que possibilitou a intimidade tão desejada com os ilustradores O modo de texto escrito está no link O projeto que conta como deu início desse trabalho, assim como uma história resumida sobre caricatura, charge e cartum. No link Os artistas cada jornalista gráfico, tem uma mini-biografia e ao lado uma foto produzida durante as gravações do webdocumentário, O acesso principal do webdocumentário é através de computadores, pois foi produzido no formato Flash. A opção pelo formato teve, como objetivo, a qualidade no produto, pois o mesmo traz vídeos e imagens e textos e links com as redes sociais. O endereço de acesso é www.opiniaoamaolivre.com.br CONSIDERAÇÕES Tendo como pretensão inicial apresentar ao leitor/telespectador o trabalho de caricaturistas, chargistas e cartunistas, o projeto foi muito além dessas expectativas, já que trouxe à tona um universo criativo e jornalístico. Esse universo no qual esses jornalistas 8

gráficos possuem o hábito de consumir cultura é tão voraz que ficaram presentes durante os dias de gravação, com tanto conhecimento e generosidade de transmitir, as entrevistas iam muito aquém do horário programado. O pré-roteiro estabelecido inicialmente foi alterado em muitos momentos devido às histórias narradas pelos personagens Podemos citar como exemplo um dos personagens do webdocumentário, o cartunista Solda, esteve presente em um momento histórico do jornalismo opinativo, contemporâneo com seus cartuns veiculados no Pasquim, o semanário que corajosamente esteve presente em plena ditadura militar que completa 50 anos. Para um maior entendimento sobre o tema, as análises apresentadas foram expostas nos quatro vídeos veiculados no webdocumentário Opinião à Mão Livre, justificando sempre a importância destes profissionais para o jornalismo opinativo e a exposição dos textos gráficos como fonte de notícia e informação. A ideia principal do projeto foi apresentar a relevância dos textos gráficos, e como são feitas as escolhas de notícias, temas e formatos para apresentar a notícia para o público final. Com a ajuda das diversas ferramentas que pertencem a um webdocumentário, o projeto apresenta o caricaturista, chargista e cartunista como jornalista gráfico e opinativo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FAUSTO NETO, Antônio; SANCHOTENE, Carlos Renan Samuel. O ingresso da charge na mídia: da litografia ao ciberespaço. 2008. GREGOLIN, Maíra; SACRINI, Marcelo; TOMBA, Rodrigo Augusto. Web- Documentário: Uma ferramenta pedagógica para o mundo contemporâneo. 2010. MELO, José Marques. A opinião no jornalismo brasileiro. ed. 1. Petrópolis: Editora Vozes, 1985. RAMOS, Everardo; Origens da imprensa ilustrada brasileira (1820-1850). 2009 ROMUALDO, Edson Carlos. Charge Jornalística: polifonia e intertextualidade. Maringá: Editora Universidade Estadual de Maringá SIMÕES, Alex Caldas. 170 anos da caricatura no Brasil: personagens, temas e fatos, 2010 disponível em: http www.letras.ufscar.br: Acesso em 11 nov 2014 9