Estudo térmico da pirita da região carbonífera de Criciúma

Documentos relacionados
LIXIVIAÇÃO DA PIRITA COM BACTÉRIAS DO GENERO Acidithiobacillus, EM BIO-REATOR CONTROLADO: NOVAS PERSPECTIVAS.

ESTUDO E OBTENÇÃO DE PRODUTOS DE VALOR AGREGADO APARTIR DA DRENAGEM ÁCIDA DE MINA DO SUL DE SANTA CATARINA. Peterson.

2. Revisão da Literatura - Conceitos Gerais

PRODUÇÃO DE SULFATO FERROSO A DA MINERAÇÃO DE CARVÃO

Referências Bibliográficas

LIXIVIAÇÃO DA PIRITA COM BACTÉRIAS DO GENERO Acidithiobacillus, EM BIO-REATOR CONTROLADO: NOVAS PERSPECTIVAS.

3º Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente. Bento Gonçalves RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012

Uso de coberturas secas em resíduos

INTERPRETAÇÃO DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DE EFLUENTES GERADOS EM SISTEMAS DO TIPO REJEITO-COBERTURA

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Márcio R. Nunes, Luiz F. S. Pinto, Eloy A. Pauletto, e Flavia F. Fernandes

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e Materiais

INTEMPERISMO QUÍMICO MUDANÇAS QUÍMICAS DE MINERAIS DA SUA FORMA MAIS INSTÁVEL PARA MAIS ESTÁVEL

EXPERIMENTOS EM LISÍMETROS VISANDO AO

Exercícios de Revisão - 2

O que você deve saber sobre

1ª Série Ensino Médio. 16. O sistema a seguir mostra a ocorrência de reação química entre um ácido e um metal, com liberação do gás X:

PUCRS FACULDADE DE QUIMICA

BENEFICIAMENTO DE PIRITA PROVENIENTE DA MINERAÇÃO DE CARVÃO

12 GAB. 1 1 o DIA PASES 2 a ETAPA TRIÊNIO QUÍMICA QUESTÕES DE 21 A 30

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

SELEÇÃO DE LINHAGENS DE ACIDITHIOBACILLUS FERROOXIDANS RESISTENTES A ÍONS CLORETO

4 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

Predição do Potencial de Drenagem Ácida de Minas Utilizando o Método Cinético da Coluna de Lixiviação

Reações Químicas GERAL

AULA DE RECUPERAÇÃO PROF. NEIF NAGIB

5. Apresentação e Análise dos Resultados

Avaliação da Reatividade do Carvão Vegetal, Carvão Mineral Nacional e Mistura Visando a Injeção em Altos- Fornos

FLOTAÇÃO DE MINÉRIO DE CHUMBO

METALURGIA EXTRATIVA DOS NÃO FERROSOS

Prof. Dr. Marco Antônio Siqueira Rodrigues. Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas. Departamento de Engenharia Química

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Metalurgia de Metais Não-Ferrosos

ANÁLISE TÉRMICA Sumário

Revista Brasileira de Ciência do Solo ISSN: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo Brasil

QUÍMICA - 1 o ANO MÓDULO 30 ESTEQUIOMETRIA: REAÇÕES CONSECUTIVAS

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA PROVA DE SELEÇÃO/2010 DO CURSO DE MESTRADO

Fabrício Abella Lopes

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALÚRGICA. Introdução à metalurgia dos não ferrosos

GRUPO 15 NITROGÊNIO E SEUS COMPOSTOS

processo sub-produtos rejeitos matérias primas e insumos

PRODUÇÃO DE COAGULANTE FÉRRICO A PARTIR DE REJEITOS DA MINERAÇÃO DE CARVÃO. 21/08 24/08 de 2011.

IMPLANTAÇÃO DE LABORATÓRIO PARA PREDIÇÃO DO POTENCIAL DE DRENAGEM ÁCIDA EM UMA UNIDADE DE MINERAÇÃO DE COBRE E OURO

IME Professora Sonia.

3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Qui. Allan Rodrigues Xandão (Gabriel Pereira)

ESTEQUIOMETRIA (Conceitos básicos) QUÍMICA A 1415 ESTEQUIOMETRIA

HIDROMETALURGIA E ELETROMETALURGIA. Prof. Carlos Falcão Jr.

Fe 3+ (aq) + H 2 O + hv Fe 2+ (aq) HO H + Reação 2

Energia para metalurgia

METALURGIA EXTRATIVA DOS NÃO FERROSOS

Parte 2. Química Aplicada. Professor Willyan Machado Giufrida

ESTUDO DA APLICAÇÃO DE RESÍDUOS DE ARDÓSIA COMO FONTE DE MAGNÉSIO PARA SÍNTESE DE FERTILIZANTES MINERAIS

PROFESSOR: FELIPE ROSAL DISCIPLINA: QUÍMICA CONTEÚDO: PRATICANDO AULA 1

O uso de Lama Vermelha ativada a diferentes temperaturas como meio adsorvedor de baixo custo para corante reativo

Cálculos envolvendo reações

Cálculos envolvendo reações

PROTECÇÃO DOS METAIS

Figura 19 - Difratogramas das camadas dos perfis representativos das zonas: a) alagada, e b) contato mangue-encosta, na transeção do rio Iriri.

QUÍMICA Exercícios de revisão resolvidos

COMISSÃO PERMANENTE DE SELEÇÃO COPESE PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO PROGRAD CONCURSO VESTIBULAR 2010 PROVA DE QUÍMICA

LEI DA CONSERVAÇÃO DAS MASSAS

Reações Redox Número de Oxidação Semi-Reações

CORROSÃO ATMOSFÉRICA. É extremamente dependente das condições no local de exposição.

3º Trimestre Sala de estudos Química Data: 03/12/18 Ensino Médio 3º ano classe: A_B Profª Danusa Nome: nº

INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS METALÚRGICOS. Prof. Carlos Falcão Jr.

TRATAMENTO DA ÁGUA PARA GERADORES DE VAPOR

LIMPEZA QUÍMICA E PASSIVAÇÃO. Em Sistemas Críticos de Alta Pureza

(a) Calcule a percentagem de urânio na carnotita. (b) Que massa de urânio pode ser obtida a partir de 1350 g de carnotita.

Qui. Semana. Allan Rodrigues Gabriel Pereira (Victor Pontes)

Energia para Metalurgia

Resolução de Questões de Provas Específicas de Química (Aula 5)

EXERCÍCIOS DE REVISÃO P/ Avaliação 01/06

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA COMISSÃO PERMANENTE DE SELEÇÃO 2 o CONCURSO VESTIBULAR DE Questões de Química

Processos Pré-Extrativos

4 Resultados e discussões

PMT 2420 Metalurgia Geral

FLOTAÇÃO DE REJEITOS DO BENEFICIAMENTO GRAVIMÉTRICO DE CARVÃO MINERAL

Fuvest 2009 (Questão 1 a 8)

QUÍMICA PRIMEIRA ETAPA

Processos Pré-Extrativos

Programa Analítico de Disciplina SOL492 Geoquímica Ambiental e Monitoramento da Qualidade do Solo Departamento de Solos - Centro de Ciências Agrárias

Tratamento do resíduo da drenagem ácida de mina para recuperação de urânio

XXVI Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa Poços de Caldas-MG, 18 a 22 de Outubro 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PRODUÇÃO DE SULFATO FERROSO A PARTIR DA PIRITA: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Cálcio Magnésio Enxofre

FUVEST 1980 Primeira fase e Segunda fase

AULA 12 PRECIPITAÇÃO FRACIONADA E TRANSFORMAÇÕES METATÉTICAS

2º Trimestre Sala de Estudo Data: 22/05/18 Ensino Médio 3º ano classe: A_B Profª Danusa Nome: nº

Controle da geração de drenagem ácida de minas na mineração de carvão com cinzas de termoelétrica Machado, L. A. 1, Schneider, I. A. H.

Combustíveis e Redutores ENERGIA PARA METALURGIA

Professora Sonia IME 1981 FOLHA DE DADOS. Volume molar de um gás ideal nas condições normais de pressão e temperatura... 22,4 L

A mineralogical study of industrial Portland clinker produced with non-traditional raw-materials (carbonatite) and fuels (coal, pet coke, waste tires)

PROPRIEDADES ESPECTRAIS DE MINERAIS E ROCHAS

ESTEQUIOMETRIA - 3C13 - Profª

FACULDADE ISRAELITA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ALBERT EINSTEIN 2019

Professora Sonia ITA 1964

MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO (MOS) Fertilidade do Solo Prof. Josinaldo

LISTA DE EXERCÍCIOS 1º ANO

Transcrição:

Bento Gonçalves RS, Brasil, 9 a 31 de Outubro de 008 Estudo térmico da pirita da região carbonífera de Criciúma Michael Peterson 1, ; Guilherme Colle Nascimento 3 ; Adílson Oliveira da Silva 4 ; Humberto Gracher Riella. 1 Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC / Departamento de Engenharia de Materiais (mpe@unesc.net) Programa de Pós-Graduação em engenharia química - UFSC 3 SENAI/CTCmat Criciúma (gcn@sc.senai.br) 4 Fórmula Indústria Química do Brasil Resumo No processo de extração de carvão ocorre a geração de rejeitos, entre eles o rejeito piritoso, que é considerado o resíduo mais poluente. Até o momento este rejeito não tem valor agregado significativo para a sua comercialização, não despertando assim interesse em empresários da região carbonífera. A valoração deste rejeito inicia-se com o estudo térmico da pirita com diferentes controles atmosféricos, em equipamento de análise térmica silmutânea. Palavras-chave: Pirita, Ustulação, Análise Térmica. Área do Conhecimento: Química. 1 Introdução O processo de extração de carvão na região sul catarinense gerou um passivo ambiental equivalente a 4700 hectares, estando dentro desta área degradada as principais bacias hidrográficas completamente poluídas, e nas incontáveis nascentes e cursos de água que desapareceram devido sua mineração. Apesar de o carvão situado na região sul catarinense não apresentar boa qualidade, 70 % da produção é remanescente desta região, onde aproximadamente 35 % é aproveitado enquanto o restante é rejeito. O rejeito piritoso é considerado o resíduo mais poluente, apresentando cerca de 10 % de enxofre e uma concentração de carvão em torno de 8 %. Soma-se a isto a presença de outros materiais de características carbonosas, argila, arenitos e xisto, que expostos ao oxigênio e à umidade geram condições perfeitas para a oxidação da pirita, causando a formação de águas ácidas. (CORREA, 007). As reações que contribuem para a formação da acidez nas águas estão descritas nas equações [1] a [4]. FeS 7 ++ - O + H ( ) O ( ) ( l ) Fe + SO s g 4 + [1] Fe + O + H Fe + H Fe ++ 1 + +++ 4 ( g ) ( l) +++ + 3H O( l) Fe( OH ) 3 + 3H + [3] -- + 4FeS ( s) 15O( g ) + 14H O( l ) 4Fe( OH ) 3( s) + 8SO4 + 16H + [4] O [] O íon ferroso gerado na equação 1 pode ser oxidado ao estado férrico (equação ) que se hidrolisa gerando mais acidez (equação 3). Os hidróxidos ferrosos e férricos, associados na equação, dão a cor vermelho-alaranjada que é característica da drenagem ácida da mina. Esta pode ser observada geralmente nos córregos e nas áreas da mina de carvão. Uma vez que os produtos da oxidação estão na solução, a etapa que determina a reação ácida é a oxidação do íon ferroso (Fe + ) ao íon férrico (Fe 3+ ). Os produtos solúveis da oxidação da pirita são

Bento Gonçalves RS, Brasil, 9 a 31 de Outubro de 008 removidos pela água, conseqüentemente, na ausência de materiais alcalinos, as reações de produção de ácidos podem prosseguir por períodos de tempo indefinidos. A intenção deste estudo é iniciar o processo de valoração da pirita proveniente da extração de carvão na região sul catarinense, por meio de controle atmosférico num ciclo térmico controlado, caracterizando o produto formado por análise térmica simultânea, e análise química, vislumbrando possíveis aplicações para agregar valor comercial deste produto. Revisão Bibliográfica.1 Pirita (FeS ) Minerais sulfetados como é o caso da pirita estão geralmente associados com carvão e outros tipos de minerais. No caso de minas de carvão, a forma pirítica dos sulfetos está associada com estratos geológicos imediatamente acima ou abaixo do feixe de carvão. Os cristais de pirita podem variar de 5 µm até 400 µm (CARUCCIO e GEIDEL, 1978). O formato destes pode também variar de cúbico à poliédrico com uma arranjo molecular octaédrico (AINSWORTH, 1979). Cada átomo de ferro em sua forma divalente (Fe ++ ), está rodeado por seis dissulfetos, cada um com uma carga -. De outro modo, cada dissulfeto está rodeado por seis átomos de ferro (LOWSON, 198; LUTHER, 1987). Pirita pode ser encontrada em várias formas que variam na forma e tamanho. A forma mais reativa da pirita é a framboidal. Trata-se de um formato parecido com uma uva, uma aglomeração de aproximadamente 0,5 µm de diâmetro de cristais (CARUCCIO e GEIDEL, 1978). A maior área específica deste tipo de partícula, exposta às condições ambientais oxidativas (H O e Ar) produz grandes taxas de reatividade. Por este motivo, muitos geoquímicos acreditam que esta forma (framboidal) é a que tem a maior contribuição na degradação da qualidade da água. As conclusões de estudos de vários autores (Singer e Stumm (1970); McKibben e Barners (1986); Moses et al. (1987); Silverman (1967) e Nordstrom (198)) concluíram que a oxidação da pirita é controlada pela superfície mas com alguns mecanismos que podem variar de acordo com a natureza dos oxidantes (O, Fe +++ e H O ). De acordo com Singer e Stumm (1970), Fe +++ é o maior oxidante da pirita na região ácida enquanto o O é esperado como oxidante em condições de ph neutro e alcalino. O mecanismo essencial para oxidação em condições de ph baixo ou elevado é o início da reação pela adsorção de O na superfície parcialmente protonada da pirita (GOLDHABER, 1983). 3 Materiais e Métodos 3.1 Análise Térmica Simultânea (STA) Os ensaios de (STA) foram realizados no SENAIsc/Criciúma em um STA marca NETZSCH modelo STA 40 EP. O ensaio foi dotado de uma taxa de aquecimento de 10 C/min., sendo empregado controle atmosférico de: atmosfera estática; fluxo de 60 cm³/min. de argônio; fluxo de 60 cm³/min. de ar sintético e fluxo de 0 cm³/min. de ar sintético. 3. Análise Química As análises químicas (excluindo-se análise de enxofre) serão realizadas por um equipamento de FRX da marca Philips modelo PW 400, equipamento disponível no SENAIsc/Criciúma. O Chumbo foi determinado por espectrofotometria de absorção atômica de chama equipamento da marca VARIAM.

Bento Gonçalves RS, Brasil, 9 a 31 de Outubro de 008 4 Resultados e Discussões 4.1 Análise Térmica Simultânea (STA) 4.1.1 ATD/TG da amostra de dissulfeto de ferro em atmosfera de argônio (inerte). O resultado está relacionado com a decomposição do dissulfeto de ferro para formação da pirrotita (FeS) segundo a seguinte reação química: FeS + [5] 1 FeS S O gráfico de ATD/TG mostra uma reação fortemente endotérmica a partir de 600 C. A literatura indica esta temperatura como sendo a decomposição térmica da pirita para a formação de pirrotita (FeS) e enxofre (S ). A termogravimetria realizada simultaneamente indicou uma perda de massa em torno de 18 % entre as temperaturas de (600 e 800) C. A figura 1 mostra o gráfico de ATD/TG da amostra de dissulfeto de ferro em atmosfera inerte. Figura 1 - ATD/TG do dissulfeto de ferro em atmosfera de argônio. 4.1. ATD/TG de amostra do dissulfeto de ferro em atmosfera estática (sem fluxo de ar) Este resultado diferentemente ao anterior (atmosfera inerte) apresenta ainda alguns eventos endotérmicos. Estes eventos aconteceram em duas etapas, o primeiro a partir de 500 C e o segundo a partir de 600 C. Este resultado indica a presença de oxigênio no forno, ou seja, ocorreu a reação de oxidação do dissulfeto de ferro em conjunto a decomposição térmica deste. As reações são as seguintes: FeS 1 FeS+ S (6) FeS + 11 O Fe O + SO (7) 3 4 3O FeSO4 SO FeS + + (8) Verifica-se a partir de 300 C um forte componente exotérmico, que indica o processo de oxidação do dissulfeto de ferro. Como a atmosfera está estática, a transferência de oxigênio

Bento Gonçalves RS, Brasil, 9 a 31 de Outubro de 008 não foi suficiente para o processo de oxidação total da amostra de pirita. A figura mostra o ensaio do dissulfeto de ferro em atmosfera estática, ou seja, sem fluxo de ar. O forno do equipamento esteve aberto ao ambiente sem fluxo de gás de arraste. Figura - ATD/TG do dissulfeto de ferro em atmosfera estática. 4.1.3 ATD/TG em atmosfera dinâmica de Ar sintético Figura 3 - ATD/TG do dissulfeto de ferro em atmosfera de Ar sintético, fluxo de 0 cm 3 /min. Este gráfico mostra o processo oxidativo (exotérmico) com uma relação pronunciada em relação ao processo de decomposição (endotérmico). Entre as temperaturas de (300 e 70) C houve um forte evento exotérmico indicando a oxidação da amostra de pirita. O fluxo de Ar sintético contribuiu para esta oxidação devido à transferência de oxigênio para a reação de oxidação. Percebe-se ainda um pequeno evento endotérmico com pico de 555 C que é devido possivelmente ainda à decomposição da pirita. A transferência de oxigênio por intermédio do

Bento Gonçalves RS, Brasil, 9 a 31 de Outubro de 008 mecanismo de convecção de massa facilitou a reação de oxidação da pirita. 4.1.4 ATD/TG de amostra do dissulfeto de ferro em atmosfera de ar sintético com fluxo de 60 cm 3 /min. Este resultado confirmou a oxidação da pirita e o fluxo de massa de oxigênio sendo importante para esta reação. A análise do gráfico de termogravimetria (figura 4) mostra uma perda de massa de 30,95 % entre as temperaturas de (00 e 800) C. A reação de oxidação do dissulfeto de ferro mostra: FeS + + SO (9) 11 O FeO3 4 A estequiometria indica que para uma oxidação completa do dissulfeto de ferro segundo a reação acima, existe uma perda de massa teórica de 33,6 %. Considerando impurezas e ainda reações que ocorreram paralelamente há coerência entre o resultado da termogravimetria e o resultado estequiométrico teórico. Outro detalhe importante foi a coloração da amostra após o ensaio de ATD/TG, esta se apresentou com cor vermelha, forte indicativo da presença de hematita (Fe O 3 ) corroborando a reação química apresentada. Figura 4 - ATD/TG do dissulfeto de ferro em atmosfera de Ar sintético, fluxo de 60 cm 3 /min. 4. Análise Química A pirita estudada apresenta a análise química conforme tabela 1. Tabela 1 - Análise Química da Pirita. Elemento Químico (% em massa) Fe S Si Al Ca K Ti Pb Outros * PF Valores (%) 39,80 39,70 5,0,0 0,54 0,13 0,13 0,10 < 0,05 1,0 * Elementos com valores individuais < 0,05 % (W, Mg, Mn, Cr, Zi, Ni, P).

Bento Gonçalves RS, Brasil, 9 a 31 de Outubro de 008 5 Conclusão Conforme apresentado pelos gráficos de análise térmica, vários são os materiais com maior valor agregado que podem ser obtidos pelo tratamento térmico da pirita. Dentre estes, os que mais se destacam são o sulfato ferroso (FeSO 4 ) que pode ser destinado a alimentação, a Hematita (Fe O 3 ) que pode ser destinado a fabricação de corantes e a Pirrotita (FeS) que pode ser utilizada como matéria prima para a produção de sulfato ferroso pelo método hidrometalúrgico. Referências AINSWORTH, C.C. Pyrite Forms and Oxidation Rates in Missouri Schales, 1979, p. 144, M.S. Thesis, Agronomy Dept. University of Missouri, Columbia. CARUCCIO, F. T. and GEIDEL, G. Geochemical Factors Affecting Coal Mine Drainage Quality, in Reclamation of Drastically Disturbed Lands, SCHALLER, F.W. and SUTTON, P. (Eds), American Society of Agronomy, Madison, WI, p. 19, 1978. CORRÊA, Jacson. Atividade minerária no sul de Santa Catarina: impactos ambientais decorrentes da exploração do carvão. Disponível em <http://www.mp.sc.gov.br/portal/site/portal/portal_detalhe.asp?campo=5815&secao_id=35>. Acesso em 30/10/007. GOLDHABER, M. B. Experimental Study of Metastable Sulfur Oxyanion Formation During Pyrite Oxidation at ph 6-9 and 30 C. American Journal Science, v. 83, p. 193, 1983. LOWSON, R. T. Aqueous Oxidation of Pyrite by Molecular Oxygen. Chemical Rev, p. 461, 198. LUTHER, G. W. III, Pyrite Oxidation and Reduction: Molecular Orbital Theory Consideration. Geochimica et Cosmochimica Acta, p. 665, 198. MCKIBBEN, M. A.; BARNES, H. L. Oxidation of Pyrite in Low Temperature Acidic solutions: Rate Laws and Surfaces Textures. Geochimica et Cosmochimica Acta, v. 50, p. 1509, 1986. MOSES, C. O.; NORDSTROM, D. K.; HERMAN J. S.; MILLS, A. Aqueous Pyrite Oxidation by Dissolved Oxygen and by Ferric Iron. Geochimica et Cosmochimica Acta, v. 54, p. 395, 1968. NORDSTROM, D. K. Aqueous Pyrite Oxidation and the Consequent Formation of Secondary Iron Minerals, in Acid Weathering, Pedogeochemistry and Relationship to Manipulation of Soil Minerals. HOSSNER, L.R., KITTRICK, J. A. e FANNING, D. F., Soil Science Society of America Press. Madison, WI, p. 46, 198. SILVERMAN, M. P. Mechanisms of Bacterial Pyrite Oxidation. Journal Bacteriol, v. 94, p. 1046, 1967. SINGER, P.C.; STUMM, W. Acid Mine Drainage: the Rate Determining Step. Science, v. 167, p. 111-113, 1970.