Mecanismos de Supervisão e Regulação do Sistema Financeiro Conferência Organizada pela Representação da Comissão Europeia em Portugal e pelo IFB - Instituto de Formação Bancária Lisboa, 29 de Setembro de 2011 Carlos Alves
Introdução Para onde queremos ir? [Objectivos de um sistema ideal de supervisão e regulação do sistema financeiro e adequação da nova arquitectura a esses objectivos.] Onde estamos? [Principais i i características ti da nova arquitectura t europeia de supervisão e regulação do sistema financeiro.] [Qual o papel de Instituições como a CMVM?] Quão longe estamos do destino? [Estamos melhor ou pior do que antes de 2008?] [Avanços que foram efectivamente conquistados e lacunas que se tornaram entretanto emergentes.] [Uma Perspecti a (a Minha) com Enfoq e na S per isão dos [Uma Perspectiva (a Minha) com Enfoque na Supervisão dos Mercados de Valores Mobiliários] 2
Objectivos da Reforma Regulatória (i) Objectivos Gerais de Construção Europeia [Assegurar a unicidade do mercado de serviços financeiros. Assegurar estabilidade financeira para os Estados-membro e para a EU no seu todo. Assegurar que a UE disponha de mercados para o financiamento dossectoresprivadoepúblico.] (ii) Objectivos Gerais para o Sistema de Regulação e Supervisão [Melhorar o funcionamento do mercado interno através de um nível são, eficaz e coerente de regulação e de supervisão. iã Evitar a arbitragem regulamentar e promover a igualdade das condições de concorrência. Assegurar a protecção dos investidores. Assegurar a integridade, a transparência, a eficiência e o bom funcionamento dos mercados financeiros.] 3
Objectivos da Reforma Regulatória (iii) Objectivos Específicos Decorrentes da Crise [Incorporar as dimensões do risco sistémico ité i na área da supervisão iã comportamental e aumentar a eficácia do sistema de identificação e gestão desse risco sistémico.] [Redução da assimetria de informação, designadamente no que respeita a transacções OTC.] [Eliminação dos gaps regulatórios (vg, CRA e OTC).] [Minimizar o impacto sistémico da falência de certas instituições e criação de mecanismos que permitam lidar com essas situações.] [Minimizar conflitos de interesses e custos de agência evidenciados com a crise (vg, governo das instituições bancárias).] [Eliminar as dificuldades sentidas na troca de informações e na coordenação entre diferentes jurisdições da tomada de medidas de urgência.] 4
Nova Arquitectura Europeia de Supervisão e Regulação O (novo) Sistema Europeu de Supervisores Financeiros (SESF) é composto: (i) Por três Autoridades Europeias de Supervisão (ESA), uma para o sector bancário (EBA), uma para o sector dos valores mobiliários (ESMA) e uma terceira para o sector dos seguros e pensões complementares de reforma (EIOPA); (ii) Pelo Comité Conjunto das Autoridades Europeias de Supervisão (Comité Conjunto); (iii) Pelo Conselho Europeu do Risco Sistémico (ESRB); (iv) Pelas autoridades competentes ou de supervisão dos Estados- Membros. [E o Sistema Europeu de Reguladores Financeiros?] 5
Nova Arquitectura Europeia de Supervisão e Regulação Regulação Central e Supervisão Local - Distinção entre «Regulação» de «Supervisão» [Neste contexto, «Regulação» refere-se à criação de regras (lei ou soft law), e «Supervisão» refere-se às actividades quotidianas dos supervisores (muitas vezes também reguladores) relativamente ao cumprimento das regras.] - Porquê Centralizar a Regulação? [O objectivo é ter um único rulebook, requisito indispensável à construção de um mercado único.] [Eliminar i «gaps» regulatórios.] [Responder Celeremente a Novos Desafios e a Actividades Cross Border.] [Há diferentes culturas de regulação: Qual prevalecerá? Haverá uma regulação coerente? Que papel subsistirá para a autoregulação?] [Estamos longe ou perto de um rulebook único?] [Ainda há gaps?] 6
Regulação Central e Supervisão Local Nova Arquitectura Europeia de Supervisão e Regulação - Porquê Descentralizar a Supervisão? [É, desde logo, uma consequência do «federalismo» à Europeia.] [Necessidades práticas dos mercados: a proximidade do supervisor, o conhecimento das condições do mercado local, as barreiras linguísticas, o peso da tradição e da história estão entre os factores que podem ser mencionados neste contexto.] -Excepções à Descentralização da Supervisão? [Agências de Rating (descentalização seria ineficiente).] [O mesmo raciocínio será provavelmente seguido para a supervisão das outras entidades que, embora em número reduzido, têm uma cobertura pan-europeia (vg, trade repositories for derivatives).] [Colégios de Reguladores e Supervisores.] 7
Nova Arquitectura Europeia de Supervisão e Regulação Regulação Central e Supervisão Local - Quem é o Regulador Central? [As 3 ESA, e em particular a ESMA, têm competências para: - Elaborar projectos de normas técnicas de regulamentação; -Elaborarprojectos de normas técnicas de execução; - Emitir orientações e recomendações (guidelines).] [As normas técnicas de regulamentação têm umcarácter át técnico, não implicam decisões estratégicas ou escolhas políticas eoseu conteúdo é delimitado pelos actos legislativos em que se baseiam (ie, pelos actos legislativos em que o Parlamento Europeu e o Conselho delegam poder normativo na Comissão).] [Normas de Short Selling (em discussão desde 15 de Setembro de 2010), têm um carácter técnico ou implicam escolhas políticas que devam ser assumidas pelo Parlamento e pelo Conselho? (Contraponto com a SEC) Não deveria eria a intervenção enção política ficar limitada às Directivas de Nível 1 de Lamfalussy?] 8
Regulação Central e Supervisão Local - Qual o papel da Comissão Europeia? Nova Arquitectura Europeia de Supervisão e Regulação [As ESA apresentam os seus projectos de normas à Comissão para aprovação (Há razões técnico-jurídicas que o Justificam. Porém:) Que uso fará a CE dos seus poderes de não aprovar, aprovar parcialmente, aprovar com alterações ou de devolver à ESA? [O futuro dirá!] [O Parlamento Europeu e o Conselho podem formular objecções a uma norma técnica (que, por definição, não envolve escolhas políticas). Que tipo deintervenção política haverá no futuro?] [Em suma, o poder de regulamentação das ESA é limitado, circunscrito e sujeito a um regime de «endorsement».] 9
Regulação Central e Supervisão Local - Qual o papel dos Reguladores Locais? Nova Arquitectura Europeia de Supervisão e Regulação [Desde logo participar activamente, no âmbito das respectivas ESA (no caso da CMVM, a ESMA), nos processos de elaboração de projectos de normas, das orientações e das recomendações, de modo a influenciar i as decisões aí tomadas.] [Preencher os espaços regulatórios que não sejam ocupados pelas Directivas e Regulamentos da UE ou pelas normas oriundas das ESA. (Ineficácia no caso «operações deslocalizáveis».)] 10
Nova Arquitectura Europeia de Supervisão e Regulação Regulação Central e Supervisão Local - Como assegurar a harmonização da regulação e da supervisão? [(i) A ESMA (tal como as outras ESA) pode investigar o incumprimento ou não aplicação da legislação da União. (ii) A ESMA pode dirigir à autoridade nacional (AN) competente uma recomendação que defina as medidas necessárias para dar cumprimento à legislação da UE. (iii) Caso a AN não cumpra a Comissão emitir um parecer formal que exija à AN a adopção das medidas necessárias para dar cumprimento à legislação da UE. (iv) Caso ainda assim a AN não cumpra, sem prejuízo de poderes de acção judicial da Comissão, a ESMA pode, no caso de normas com aplicação directa, adoptar uma decisão individual id dirigidai id a um interveniente nos mercados financeiros exigindo-lhe a adopção das medidas necessárias para dar cumprimento às suas obrigações decorrentes da legislação da UE, nomeadamente através da cessação de determinadas práticas.] 11
Nova Arquitectura Europeia de Supervisão e Regulação [(i)casoumaannãoconcordecomoprocedimentoouoteorde uma medida adoptada d por uma AN de outro Etd Estado-Membro ou com a inacção desta última, pode recorrer à ESMA que assume a função de mediador. (ii) Se as AN em questão não chegarem a acordo, a ESMA pode adoptar uma decisão vinculativa. (iii) Caso ainda assim a AN não cumpra, aesmapode, no caso de normas com aplicação directa, adoptar uma decisão individual dirigida a um interveniente nos mercados financeiros.] [A ESMA organiza e conduz periodicamente avaliações entre pares (Peer Review) de algumas ou de todas as actividades das autoridades competentes, a fim de assegurar uma maior coerência dos resultados da supervisão.] 12
Estamos melhor ou pior do que antes de 2008? (i) Estamos Melhor? [O novo SESF é um passo muito positivo. Os mercados financeirosi estão actualmente interligados, pelo que cada um dos países actuando individual e isoladamente não consegue assegurar uma efectiva e eficaz supervisão dos seus mercados. Porém, a supervisão efectiva exige uma actuação local. O SESF consegue atingir os dois objectivos.] [A criação do ESRB é igualmente um passo muito positivo, bem como uma maior incorporação do risco sistémico nas diferentes dimensões da supervisão iã eregulação comportamental.] t [A atribuição de poderes regulatórios à ESMA, ainda que limitados, eobedecendo d asuaaprovação a um processo complexo, lento e não isento de potenciais atritos (quer culturais, quer institucionais) é igualmente um bom passo na direcção certa.] 13
Estamos melhor ou pior do que antes de 2008? [A atribuição tib iã de poderes à ESMA no domínio da harmonização da regulação e da supervisão são igualmente um bom avanço.] [Alguns gaps regulatórios foram preenchidos (designadamente no que respeita à regulação e supervisão das agências de rating, e para outros foram dados os primeiros passos nesse sentido (vg, trade repositories for derivatives).] ] [Igualmente foram dados alguns passos (ainda que muito lentos) no sentido da criação de um regime regulatório único em determinadas matérias (como o short selling).] [É já hoje notória uma sensibilidade e esforço de coordenação das medidas tomadas por cada um dos reguladores nacionais (Ex: procedimentos adoptados nas recentes medidas de restrição das práticas de short selling vs medidas de 2008).] 14
Estamos melhor ou pior do que antes de 2008? (ii) Estamos Pior? [No que se refere ao objectivo de assegurar estabilidade d financeira para os Estados-membro e para a EU no seu todo.] [No que se refere ao objectivo de assegurar o adequado financiamento dos sectores privado e público.] [Em nada se progrediu no que respeita à diminuição da assimetria de informação. O acesso à informação OTC pelos reguladores é o mesmo. (Estamos ainda longe do princípio de que cada transacção tem de ser conhecida e registada).] [A DMIF (designadamente por não ter previsto uma «best execution in a bases trade by trade» epelosseuswaivers) segmentarama negociação e permitiram criar dark pools com um peso nas transacções cada vez maior. (Em 8/11, o Total Order Book das bolsas europeias representava somente 61,7% das transacções de acções). Face ao mês homólogo de 2010 o peso das MTF Dark Order em relação ao Total Order Book quase duplicou.)] 15
Estamos melhor ou pior do que antes de 2008? [Não houve acompanhamento no acesso à informação por parte dos reguladores em áreas que registaram claras e inequívocas alterações de comportamento dos agentes económicos (Ex: HFT e Algorithm Trading. Chegam a registar-se se 5000 ofertas por cada negócio).] [(iii) No resto estamos basicamente na mesma?] [Transformação estrutural no sistema financeiro: Do Reino Unido chegaram notícias sobre as Recomendações da Independent d Commission on Banking de separação da banca de retalho da banca de investimento.] 16
Em Síntese: In essence, we have two alternatives: the first chacun pour soi beggarthy-neighbour solutions; or the second enhanced, pragmatic, sensible European cooperation for the benefit of all to preserve an open world economy. Jacques de Larosière 17
Obrigado.