31 de Julho a 02 de Agosto de 2008 SOFTWARE PARA COMPILAÇÃO DE DADOS REFERENTES Á AREAS DE RISCO Diego Tavares Cavalcanti (UFCG) diegotavarescg@gmail.com Lorena Lira de Menezes (UFCG) lorenalir@gmail.com Juliana Carvalho Clemente (UFPB) jucarvalhojp@gmail.com Rafaela Tribuzi Lula (UFPB) rafaelalula@hotmail.com Wanessa Pereira de Oliveira (UFPB) woliveira.arq@gmail.com Resumo Os desastres naturais ainda tem sido tratados de forma bastante segmentada entre os diversos setores da sociedade e entre os arranjos de gestão municipal. Atualmente, as informações referentes à s comunidades em áreas de risco na cidade de João Pessoa encontramse dispersas nos mais diversos arranjos de controle urbano. Diante da necessidade de congregar tais informações e de disponibilizá-las para todos os arranjos vinculados à gestão municipal, bem como para todas as esferas da sociedade envolvidas com a questão das áreas de risco da cidade de João Pessoa e diante da dificuldade de manipulação dos SIG (Sistemas de Informações Geográficas ) por parte dos profissionais competentes, foi criado o SIC - Sistema de Informações de Comunidades. Este consiste em uma ferramenta computacional de fácil manuseio que reúne desde dados sociais e urbanísticos através mapas de riscos, dados operacionais e logísticos de comunidades que podem ser úteis para a elaboração de planos de contingência e para atuação emergencial em caso de desastres.
Abstract The natural disasters still have been treated to form sufficiently segmented enter the diverse sectors of the society and enter the agencies of municipal management. Currently, the referring information to the communities in areas of risk in the city of João Pessoa meet dispersed in the most diverse agencies of urban control. Ahead of the necessity to congregate such information and to become them accessible for all the entailed agencies the municipal management, as well as for all the involved spheres of the society with the question of the areas of risk of the city of João Pessoa and ahead of the difficulty of manipulation of the SIG (Systems of Geographic Information) on the part of the competent professionals, the SIC - System of Communities Information was created. This consists of a computational manuscript tool easy that congregates since social and urban data until maps of risks, operational and logistic data of communities that can be useful for the elaboration of contingency plans and for emergencial performance in case of disasters. Palavras-chaves: Sistemas de informações de áreas de riscos. Gestão de riscos. 2
1. Introdução A cidade de João Pessoa possui 34 comunidades localizadas em áreas de risco de deslizamento ou inundações, estando 11 em áreas de risco iminente. De acordo com levantamento da Coordenadoria Geral de Defesa Civil, realizado em 2006, cerca de 400 moradias destas 11 comunidades estão situadas em pontos de risco muito alto. Em João Pessoa, as pesquisas referentes às áreas de risco ainda estão em fase consideravelmente rudimentar devido à escassez de informações referentes às comunidades e ao fato de estas, quando existentes, se encontrarem dispersas nos órgãos de gestão municipal e, quase sempre, disponíveis a um público seleto. Além disso, não há ainda um cadastramento eficaz dos dados referentes a estas áreas, nem mapas de riscos de cada comunidade. Talvez essa precariedade na gestão de riscos da cidade seja causada pela falta de capacitação dos técnicos da Defesa Civil Municipal em mapeamento de riscos, visto que, mesmo havendo a facilidade em se disponibilizar certos produtos - como softwares de informações geográficas - em geral, esse maquinário deixa de constituir a melhor ferramenta e passa a ser subutilizado devido à impossibilidade da perfeita operação desse binário tecnológico causada pela falta de treinamento e de formação adequada dos técnicos das municipalidades. Outro fator importante que contribui para o mau gerenciamento de riscos é a falta de integração entre a Prefeitura Municipal, a Universidade e a população, uma vez que as soluções implementadas em algumas áreas, por vezes consistem em intervenções inadequadas visto que não são levados em consideração pelos órgãos competentes os resultados obtidos nas pesquisas acadêmicas. Diante dessa situação, foi elaborado - com o intuito de consistir em uma ferramenta de gestão, por parte dos técnicos atuais, e sem o anseio de constituir um super-produto de informática o SIC - Sistema de Informações de Comunidades, um software de fácil manuseio que permite a catalogação digital e a visualização de informações e mapas que concernem às áreas de risco da cidade de João Pessoa. Foi utilizada, como área piloto, a Comunidade Tito Silva. Situada no Bairro do Miramar, a comunidade é a oitava área de risco da cidade, alvo de constantes deslizamentos e alagamentos de moradias edificadas às margens do Rio Jaguaribe. Para tanto, foi realizada a coleta de dados nos órgãos competentes e a elaboração de mapas de riscos e operacionais que possam ser úteis tanto para a gestão de riscos, na elaboração de planos de contingência, quanto para a atuação emergencial e ainda para auxílio à pesquisa cientifica. 3
2. SIC: O Software Partindo da necessidade de um software, cuja característica principal seja a facilidade de manipulação por parte de qualquer tipo de usuário, o SIC (ver Figura 1) - desenvolvido na linguagem Java, que permite criar aplicações seguras e portáveis - consiste basicamente em uma ferramenta que surgiu com o intuito de catalogar adequadamente informações sobre comunidades. O cadastramento de comunidades foi idealizado para ser eficaz quanto à reunião de dados referentes a estas áreas de riscos. Para tanto, a ferramenta disponibiliza de forma simples a possibilidade de inserção de imagens (mapas e fotos), bem como de descrições sobre tais, além de informações estatísticas coletadas sobre a área cadastrada. Como as imagens são importantes para a gestão de riscos na elaboração de planos de contingência e para a atuação emergencial e são ricas em detalhes, há suporte ao zoom nas imagens. Figura 1 Imagem da tela inicial 2.1. Cadastramento de novas áreas Como supracitado, o principal objetivo do SIC é o cadastramento de informações relacionadas às comunidades em áreas de risco da cidade de João Pessoa. Com esse intuito, a ferramenta disponibiliza em sua interface gráfica uma estrutura em abas, permitindo dividir os dados em subgrupos. A primeira aba (ver Figura 2) consiste em uma apresentação geral da área, onde se inserem informações como extensão, população, densidade demográfica e número de habitações, além de um mapa de localização da comunidade no contexto da cidade e algumas informações que se considerem relevantes para a descrição geral da área. 4
Figura 2 Imagem de parte da aba Geral A segunda e terceira abas, denominadas Sociais e Urbanísticos (ver Figura 3), respectivamente, consistem basicamente em espaços destinados a informações como habitantes por domicílio, índice de miséria, renda média e escolaridade, entre outros, para a aba Sociais ; e características das ruas e das habitações, entre outros, para a aba Urbanísticos. Algumas destas informações, embora já disponíveis em alguns órgãos de gestão da cidade, ainda estão fragmentadas e indisponíveis em um único meio de veiculação de dados. 5
Figura 3 Imagem da aba Sociais O quarto subgrupo é denominado Riscos (ver Figura 4), no qual está disponível um mapa de riscos e a quantificação do número de moradias em cada categoria de risco (Muito Alto, Alto, Médio, Baixo e Sem risco) e do número de chamadas à Defesa Civil pela população, no ano corrente. Há ainda um espaço destinado a notificações importantes sobre situações ou ocorrências de acidentes, ou outras informações. Figura 4 Imagem da aba Riscos 6
A aba Dados Operacionais (ver Figura 5) contém as informações que podem auxiliar os órgãos que lidam com situações de emergência a elaborar planos de contingência e ações de busca e salvamento, tais como: listagem dos hospitais mais próximos e descrição sucinta das ações executadas por estes, listagem de abrigos mais próximos, locais onde possam ser acolhidas famílias vitimas de possíveis acidentes, as principais vias de evacuação da comunidade, entre outros. Figura 5 Imagem da aba Dados Operacionais Há ainda uma aba onde é possível relacionar fotografias da área (Figura 6) os técnicos da Defesa Civil no reconhecimento da área, tais como residências que se situam em pontos de risco muito alto e que são indicadas para remoção, residências com graves problemas construtivos, etc. 7
Figura 6 Imagem da Aba de fotos A penúltima aba compreende uma listagem de rotas de operação para atendimentos emergenciais por parte do SAMU ou do Corpo de Bombeiros, com imagem, descrição da Rota e com link para o Google Earth, para melhor visualização da imagem de satélite. Figura 7 Imagem da Aba de Rotas Em todas as outras abas, as informações são pertinentes à fase pré-evento, na qual são realizados levantamentos estatísticos para reduzir os futuros possíveis prejuízos e perdas humanas. Já 8
na aba de Dados Operacionais e de Rotas, o conteúdo é bastante útil para as fases durante evento e pós-evento (CASTRO, 1999). Na última aba existe a possibilidade de ser inserido um Relatório sobre a Área de Risco abordada, em formato.doc que será aberto através de um link com o Microsoft Office Word, como na figura 8. 2.2. Requisitos não-funcionais Figura 8 Relatório exibido no Word. Os requisitos não-funcionais de um sistema definem suas propriedades e restrições. Exemplos dessas propriedades são: confiabilidade, tempo de resposta e tamanho requerido para o armazenamento de dados. (SOMMERVILLE, 1996) Um dos requisitos não-funcionais do SIC é a existência de um esquema de controle de usuários definido segundo permissões em três níveis distintos, a saber: Administrador, Supervisor e Usuário em conjunto com uma proteção através de senha pessoal (ver Figura 9). Essa classificação garante que as informações podem ser inseridas apenas pelas pessoas cadastradas como Administrador e Supervisor; dessa forma, é garantida a não alteração dos dados por parte daqueles, classificados com o nível de Usuário, que só devem ter acesso à visualização dos dados. Este requisito garante a integração dos órgãos com interesse nestas informações, em um banco de dados único, completo e protegido. 9
Figura 9 Tela de Cadastro do Usuário 3. Conclusões Levando em consideração a importância das medidas não-estruturais para a prevenção de desastres e a necessidade da difusão e da popularização das informações pertinentes às áreas de risco da cidade de João Pessoa, bem como uma maior integração dos órgãos de Defesa Civil com a Universidade e a população, acredita-se que o SIC - Sistema de Informações de Comunidades poderá sugerir uma considerável mudança no que diz respeito a muitos conceitos arraigados aos sistemas de segurança e saúde públicas em João Pessoa. Para tanto, é necessário, ainda, promover uma revolução na cultura de Defesa Civil - não apenas na cidade de João Pessoa, mas em âmbito nacional quebrando os paradigmas atuais e reformulando conceitos pré-estabelecidos para que seja possível minimizar os efeitos dos desastres no que concerne a preservação da vida humana, do meio ambiente e do patrimônio. Por fim, o escopo final desse estudo é gerar o intercâmbio de informações entre as entidades que compõem o ciclo gerenciador de desastres urbanos, sugerindo a mudança da cultura de ação nas fases 10
durante e pós-desastre para a fase pré-desastre e, acima de tudo, fomentando a interação das mais diversas áreas do conhecimento em prol da sociedade. 4. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação: Referências: Elaboração. Rio de Janeiro, 2002a.. NBR10520 : Informação e documentação: Citações em documentos: Apresentação. Rio de Janeiro, 2002b. CASTRO, A.L.C. Manual de desastres: desastres naturais. Brasília: Imprensa Nacional, 1999. 182 p. GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S.B. Impactos ambientais urbanos no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. Levantamento anual da Coordenadoria Geral de Defesa Civil de João Pessoa. Listagem das Comunidades inseridas no Plano de Contingência. 2006. SOMMERVILLE, I. Software engineering. 5. ed. Harlow: Addison-Wesley, 1996. 742 p. (International computer science series). ISBN 0-201-42765-6. SUN MICROSYSTEMS. Java SE Desktop Overview. Disponível em: < http://java.sun.com/javase/technologies/desktop/> Acesso em: 14 nov 2007. 11