Protocolo de Avaliação e Monitorização da predação de ninhos de Priolo nas áreas de nidificação de Priolo por roedores e mustelídeos

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Transcrição:

Protocolo de Avaliação e Monitorização da predação de ninhos de Priolo nas áreas de nidificação de Priolo por roedores e mustelídeos Projecto LIFE Terras do Priolo LIFE12 NAT/P/000527 1. ENQUADRAMENTO GERAL A introdução de mamíferos invasores, nomeadamente Rattus sp. estão associados à extinção de pelo menos 50 espécies em mais de 40 ilhas diferentes. No mundo, mais de 80% dos sistemas insulares já têm pelo menos uma espécie de roedores invasora e novas invasões continuam a ocorrer. O rato-preto (Rattus rattus), o rato-castanho (Rattus norvegicus) e o ratocaseiro (Mus domesticus) são invasores de sucesso e representam uma ameaça global aos ecossistemas insulares. Estas espécies ocorrem em todas as ilhas do arquipélago dos Açores, com a excepção do rato-castanho que não ocorre na ilha do Corvo. Para além dos impactos causados a nível económico e de saúde pública, os roedores também causam impactos nas populações de aves, por exemplo, predando os ovos e as crias de priolo Pyrrhula murina, ave endémica da ilha de São Miguel. No âmbito de uma tese realizada, no decorrer do projecto LIFE Priolo (2003-2008), foram estudados. Nos últimos anos foi possível obter alguma informação sobre a nidificação de Priolo e os fatores que podem afetar a sua taxa de sucesso reprodutivo. A predação sobre os ovos e crias de Priolo foi um dos fatores identificados. No entanto, desconhece-se ainda o seu impacto nesta espécie e no seu sucesso reprodutor. Com o intuito de melhorar a qualidade do habitat e assegurar recursos alimentares ao longo de todo o ano, várias áreas de nidificação de priolo sofrerão um restauro ecológico. Estes trabalhos serão elaborado por uma equipa especializada com cerca de 15 membros. O objetivo desta recuperação da vegetação nativa na área central da ZPE Pico da Vara / Ribeira do Guilherme tem, com o intuito de obter um gradiente de espécies nativas ao longo da encosta que permita aumentar a disponibilidade de alimento para o Priolo, aproveitando as diferenças nos tempos de floração e frutificação devido às diferentes altitudes. No sentido de perceber se os trabalhos de restauro ecológico em áreas de nidificação de priolo são vectores de introdução de roedores e mustelídeos invasores, pretendemos estudar: Avaliação e monitorização de ocorrência de predadores Analisar Isótopos e conteúdos estomacais Avaliação da predação em ninhos de espécie alvo Avaliação e monitorização da predação em ninhos artificiais 2. ÁREA DE ESTUDO Estas ações serão realizadas em 3 áreas distintas, sendo elas a Malhada, encosta da Estrada da Tronqueira/ Bartolomeu e Trilhos Novos. Estas áreas vão dos 400 m, nas margens da ribeira do Guilherme até 900 metros de altitude, formadas por povoamentos de Laurissilva invadida e manchas puras de espécies invasoras,

nomeadamente incenso (Pittosporum undulatum). Apresentando elevada complexidade devido à dificuldade associada à falta de acessos, declives elevados e áreas puras de Incenso e outras espécies invasoras. 3. ESPÉCIES ALVO Priolo (Pyrrhula murina); Murganho (Mus domesticus); Rato (Rattus sp.); Furão (Mustela furo); Doninha (Mustela nivalis). 4. METODOLOGIA 4.1. Avaliação e monitorização de ocorrência de predadores Estações de Iscagem para Roedores Isco: Cubos de Parafina com Manteiga de Amendoim Maio a Setembro de 2014 e Maio a Setembro 2015. Amostragem de uma noite por cada mês. 50 Estações de iscagem, 50 em áreas intervencionadas (2014) e 50 em área não intervencionadas (2015, 2016, 2017 e 2018). Quadrado 1 21 20 11 10 1 22 19 23 18 24 17 12 13 14 9 8 7 Quadrado 2 25 16 15 6 30 80 m 31 29 20m 40 41 Estação pequena (apenas para murganho) 50 2 3de iscagem 4 5 32 28 33 39 38 42 49 27 34 26 35 37 36 43 44 456 48 47 46

Estação de iscagem grande (para murganhos e ratazana-preta) Camaras de Vigilância para Mustelídeos Isco: Pedaços de coelho Maio a Setembro de 2014 e Maio a Setembro 2015. Ficando 3 noites em cada ponto. 4 Câmaras de vigilância, 4 em áreas intervencionadas (2014) e 4 em área não intervencionadas (2015, 2016, 2017 e 2018). 4 3 200m 1 2

4.2. Analisar Isótopos e conteúdos estomacais Estações com ratoeiras Snap-trap com manteiga de amendoim como isco Maio a Setembro de 2015 Ficando 1 noites em cada ponto. 30 estações, de forma aleatória em áreas intervencionadas. 4.3. Avaliação da predação em ninhos de espécie alvo Verão de 2014 a 2018. A área e número de ninhos está dependente dos ninhos que forem encontrados. Colocar-se-á câmaras de vigilância perto do ninho Será verificado após 1, 3, 5, 10 e 20 noites de ser descoberto e montado a

câmara. 4.4. Avaliação da predação em ninhos artificiais Avaliação nos Verões de 2014 e 2015. 3 ovos de codorniz por ninho 40 ninhos artificiais, 36 em áreas intervencionadas (2014) e 36 em área não intervencionadas (2015). 6 5 4 Serão verificados após 1, 3, 5, 10 e 20 noites de exposição a predadores. 12 18 24 30 36 11 17 23 29 35 10 3 3 480m 9 2 1 22 15 8 80m 16 14 7 13 34 28 21 27 33 20 26 32 19 25 31 Monitorização nos Verões de 2016, 2017 e 2018. 3 ovos de codorniz por ninho 18 ninhos artificiais (3 transetos com 6 ninhos cada), em áreas

intervencionadas. Serão verificados após 1, 3, 5, 10 e 20 noites de exposição a predadores. 5. LIMITAÇÕES (MONTAGEM E PRÉ ISCAGEM) Em Maio de 2014 foi colocados as 50 estações de iscaagem na área da Malhada. Identificouse limitações, das quais se destacam: Avaliação e monitorização de ocorrência de predadores Perdeu-se 1 estações de iscagem (nº22) no quadrado 1, devido à densa vegetação; Durante a colocação dos iscos, estes tem de ser identificados com uma etiqueta em papel. Colocação das camaras, dada a densa vegetação que envolve todas estas áreas no período sem intervenção. Analisar Isótopos e conteúdos estomacais Encontrar financiamento e apoio para realizar os marcadores e os testes de isótopos. Avaliação da predação em ninhos de espécie alvo Encontrar ninhos é realmente a maior limitação de todas. Avaliação da predação em ninhos artificiais A montagem dos ninhos só permitiu um intervalo de 80m entre eles e teve de ser em duas áreas separadas, mas próximas. Esta limitação deveu-se a existência de quebradas e derrocadas além das extremidades das áreas serem com grandes declives); Para apenas um técnico verificação dos ninhos deverá ser repartida por 4 dias (2 na área da encosta Estrada da Tronqueira / Bartolomeu e 2 para os Trilhos Novos.