PROJETO DE LEI N.º /IX/2017. Assunto: Institui e Regulamenta o Estatuto do Trabalhador-estudante. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

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Transcrição:

PROJETO DE LEI N.º /IX/2017 DE DE Assunto: Institui e Regulamenta o Estatuto do Trabalhador-estudante. EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS Cabo Verde conheceu, designadamente nos últimos tempos, um aumento significativo das oportunidades de ensino, a nível primário, secundário e superior, e de formação profissional. Muitos são os trabalhadores que, com a espectativa legítima de melhorarem os seus conhecimentos, alavancarem o seu saber-fazer e progredirem na carreira, decidiram conciliar as suas responsabilidades laborais com a frequência de instituições de ensino e de formação. A experiência conhecida nesta matéria expõe a manifesta necessidade de se instituir e regulamentar um estatuto próprio para os trabalhadores por conta de outrem que sejam, simultaneamente, estudantes. Faz-se mister atribuir aos trabalhadores-estudantes um conjunto de direitos e benefícios, diante do empregador, capazes de assegurar as condições necessárias ao prosseguimento e conclusão, com sucesso, dos seus estudos. Incentivar a formação e a qualificação da classe trabalhadora é apostar na qualidade e na excelência no trabalho, e no aumento das suas oportunidades de desenvolvimento profissional. Os trabalhadores por conta de outrem que frequentam uma instituição de ensino ou de formação estão, neste momento, desprovidos de um estatuto capaz de lhes garantir, nomeadamente, as condições para se deslocarem, com pontualidade, ao local de estudo e frequentarem as aulas, com assiduidade, prestarem provas, terem aproveitamento escolar e, em suma, compatibilizarem as suas obrigações laborais com a sua liberdade fundamental de aprender. Mas, também, um estatuto que permita ao empregador controlar a efetiva assiduidade e aproveitamento do trabalhador, atribuindo a este obrigações diante daquele. Outrossim, os trabalhadores-estudantes necessitam de um estatuto que lhes garanta, junto da sua instituição de ensino ou formação, direitos e benefícios que, também, concorrerão para a melhoria das suas condições de estudo, compensando, deste modo, o facto de, por conta do

sua condição de trabalhador por conta de outrem, não terem as mesmas oportunidades que os estudantes não-trabalhadores. Justifica-se, portanto, a estabelecimento de um Estatuto do Trabalhador-Estudante. Assim, Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 157.º da Constituição, o Grupo Parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde submete à Assembleia Nacional o seguinte Projeto de Lei: Artigo 1.º Objeto A presente Lei institui e regulamenta o Estatuto do Trabalhador-Estudante. Artigo 2.º Noção de Trabalhador-Estudante Considera-se trabalhador-estudante todo aquele que, independentemente do vínculo laboral, seja trabalhador por conta de outrem, ao serviço de uma entidade pública ou privada, e que frequente qualquer nível de ensino, primário, secundário ou superior, ou curso de formação profissional certificado pelas autoridades competentes. Artigo 3.º Concessão do Estatuto de Trabalhador-Estudante 1. O empregador deve conceder o estatuto de trabalhador-estudante ao trabalhador que o requeira e lhe comprovar a sua condição de estudante. 2. Para efeitos do disposto no número anterior, o requerimento do trabalhador deve estar acompanhado de uma declaração da instituição de ensino, que atesta que se encontra matriculado e amostra o horário de frequência das aulas. 3. Havendo possibilidade de escolha de horário, o trabalhador-estudante deve optar por aquele que seja mais compatível com o seu horário de trabalho, sob pena de não beneficiar dos direitos consagrados no presente diploma. Artigo 4.º Manutenção do Estatuto de Trabalhador-Estudante 1. O trabalhador-estudante, para manter este estatuto, deve ter aproveitamento escolar no ano letivo anterior. 2. Para efeitos do disposto no número anterior, considera-se aproveitamento escolar:

a) A transição de ano ou a aprovação em, pelo menos, metade das disciplinas em que o trabalhador-estudante esteja inscrito ou matriculado; ou b) A aprovação ou validação de metade dos módulos ou unidades equivalentes de cada disciplina, caso o curso esteja organizado em regime modular ou equivalente. 3. Considera-se, ainda, que teve aproveitamento escolar o trabalhador-estudante que não satisfaça o disposto no número anterior por causa de acidente de trabalho ou doença profissional, doença prolongada, ou por ter gozado licença de maternidade ou de paternidade, ou licença especial na gravidez de risco. Artigo 5.º Ajustamento do Horário de Trabalho do Trabalhador-Estudante Sempre que possível, o empregador deve ajustar o horário de trabalho do trabalhadorestudante de maneira a permitir a deslocação atempada para o estabelecimento de ensino e a frequência assídua das aulas. Artigo 6.º Dispensa de Trabalho para Frequência de Aulas 1. Quando não for possível o ajustamento do horário de trabalho nos termos descritos no artigo anterior, o trabalhador-estudante tem direito a dispensa de trabalho para frequência de aulas, se assim o exigir o seu horário escolar. 2. A dispensa referida no número anterior conta como prestação efetiva de trabalho e não implica qualquer perda de direitos por parte do trabalhador-estudante. 3. A dispensa de trabalho para frequência de aulas tem a seguinte duração máxima semanal, conforme o período normal de trabalho do trabalhador-estudante: a) Três horas por semana, para período semanal de trabalho igual ou superior a vinte horas e inferior a trinta horas; b) Quatro horas por semana, para período semanal de trabalho igual ou superior a trinta horas e inferior a trinta e quatro horas; c) Cinco horas por semana, para período semanal de trabalho igual ou superior a trinta e quatro horas e inferior a trinta e oito horas; d) Seis horas por semana, para período semanal de trabalho igual ou superior a trinta e oito horas. 4. O trabalhador-estudante pode optar, conforme a sua melhor conveniência escolar, por utilizar a dispensa de trabalho para frequência de aulas de uma só vez ou, então, fracionadamente. 5. O trabalhador-estudante não é obrigado a prestar trabalho suplementar, exceto por motivo de força maior, quando o mesmo coincida com o horário escolar. 6. Se o trabalhador-estudante prestar trabalho suplementar, tem direito a descanso compensatório de igual número de horas.

Artigo 7º Impossibilidade De Ajustamento De Horário Ou De Dispensa 1. Sempre que, nomeadamente por causa do regime de trabalho, não seja possível nem o ajustamento do horário de trabalho, nem a dispensa para a frequência de aulas, previstos, respetivamente, nos artigos 5.º e 6.º do presente diploma, o trabalhador-estudante ganha o direito de preferência na ocupação de posto de trabalho compatível com a sua qualificação profissional e com a frequência de aulas. 2. Caso o horário de trabalho ajustado ou a dispensa de trabalho para frequência de aulas comprometa, de forma manifesta, o normal funcionamento da empresa, nomeadamente por causa do número de trabalhadores-estudantes existente, o empregador promove um acordo com o trabalhador-estudante interessado e a comissão sindical ou, na sua falta, a secção sindical ou o delegado sindical, para adoção de uma medida alternativa que dê guarida ao interesse daquele ou, na falta de acordo, decide fundamentadamente, informando o trabalhador por escrito. Artigo 8.º Faltas Justificadas Para Prestação De Provas 1. São consideras justificadas as faltas cometidas pelo trabalhador-estudante por motivo de prestação de prova de avaliação, nas seguintes circunstâncias: a) No dia da prova e no imediatamente anterior; b) No caso de provas em dias consecutivos ou de mais de uma prova no mesmo dia, os dias imediatamente anteriores são tantos quantas as provas a prestar; c) Os dias imediatamente anteriores referidos nas alíneas anteriores, incluem dias de descanso semanal e feriados; 2. São, ainda, consideradas justificadas as faltas cometidas na estrita medida das deslocações necessárias para prestar provas de avaliação. 3. As faltas referidas no número 1 só podem ser cometidas em dois anos letivos relativamente a cada disciplina e, em cada ano letivo, não podem exceder dois dias por disciplina semestral e quatro dias por disciplina anual. 4. Para efeitos do presente diploma, considera-se prova de avaliação toda a prova ou exame, escrito ou oral, ou a apresentação de trabalho, quando este o substitua ou complemente, e desde que determine direta ou indiretamente o aproveitamento escolar.

Artigo 9.º Marcação De Férias E Licenças Sem Retribuição 1. O trabalhador-estudante tem direito a marcar o período de férias segundo a sua melhor conveniência escolar, podendo gozar até 15 dias de férias intercalados, na medida em que tal seja compatível com o bom funcionamento da empresa. 2. Em cada ano civil, o trabalhador-estudante tem direito a 10 dias úteis, seguidos ou intercalados, de licença sem retribuição, para efeitos de estudo ou formação profissional. 3. O trabalhador-estudante deve solicitar a licença sem retribuição com a seguinte antecedência: a) Quarenta e oito horas ou, não sendo viável, logo que possível, no caso de um dia de licença; b) Oito dias, no caso de dois a cinco dias de licença; c) 15 dias, no caso de mais de cinco dias de licença. Artigo 10.º Promoção E Progressão Na Carreira Na mediada do possível, o empregador deve proporcionar ao trabalhador-estudante a sua promoção e progressão na carreira, apropriadas à qualificação obtida. Artigo 11.º Controlo da Assiduidade e do Aproveitamento do Trabalhador-Estudante 1. O empregador tem o direito de controlar a assiduidade e o aproveitamento do trabalhador-estudante. 2. O controlo de assiduidade do trabalhador-estudante pode ser feito diretamente pelo empregador, através de um acordo com o estabelecimento de ensino, nos termos do qual os serviços administrativos desta instituição terão a responsabilidade de remeterlhe periodicamente, por correio eletrónico, fax ou outro meio convencionado, um documento de controlo de assiduidade às aulas do trabalhador-estudante, onde consta a data e hora correspondentes ao período de frequência das aulas. 3. Na falta do acordo referido no número anterior, o empregador tem o direito de solicitar ao trabalhador-estudante a entrega periódica de um documento comprovativo da assiduidade às aulas.

4. No final de cada ano letivo, o trabalhador-estudante deve provar ao empregador que teve aproveitamento escolar. Artigo 12.º Direitos do Trabalhador-estudante Diante do Estabelecimento de Ensino 1. O trabalhador-estudante tem prioridade na escolha de horário escolar. 2. O trabalhador-estudante não está sujeito: a) À frequência de um número mínimo de disciplinas ou de unidades curriculares de determinado ciclo de estudos nem a qualquer regime de prescrição; b) A qualquer disposição legal que faça depender o aproveitamento escolar de frequência de um número mínimo de aulas por disciplina ou unidade curricular; c) A limitação do número de exames a realizar na época de recurso ou em época especial. 3. Nos estabelecimentos de ensino onde não haja uma época de recurso, o trabalhadorestudante tem direito a uma época especial de exame em todas as disciplinas. 4. Nos estabelecimentos de ensino com horário pós-laboral, os exames e as provas de avaliação devem decorrer neste mesmo horário e, na medida do possível, os serviços mínimos de apoio ao trabalhador-estudante devem ser assegurados também neste período horário. 5. O trabalhador-estudante tem direito a aulas de compensação ou de apoio pedagógico, desde que sejam consideradas necessárias pelos órgãos competentes do estabelecimento de ensino. Artigo 13.º Não Cumulação de Direitos 1. Não pode haver acumulação, por parte do trabalhador-estudante, dos direitos previstos no presente estatuto com quaisquer direitos ou regalias consagrados nas leis laborais que visem os mesmos fins, nomeadamente no que respeita a licenças para efeitos de estudo ou formação profissional ou faltas para prestação de provas ou exames de avaliação. 2. O trabalhador-estudante também não pode cumular, diante do estabelecimento de ensino, os benefícios conferidos no presente diploma com quaisquer regimes que visem os mesmos fins, designadamente no que respeita às matérias tratadas no artigo 12.º. Artigo 14.º Cessação e Renovação de Direitos

. 1. Os direitos a horário de trabalho ajustado, a dispensa de trabalho para frequência de aulas, a marcação do período de férias de acordo com as conveniências escolares ou a licença sem retribuição, consagrados neste estatuto, cessam quando o trabalhadorestudante não tenha aproveitamento escolar no ano em que deles beneficie. 2. Os demais direitos previstos neste diploma cessam quando o trabalhador-estudante não tenha aproveitamento escolar em dois anos consecutivos ou em três anos intercalados. 3. Os direitos do trabalhador-estudante cessam imediatamente em caso de falsas declarações feitas no âmbito do processo conducente à concessão do estatuto, ou a factos constitutivos de direitos, bem assim quando estes sejam utilizados para outros fins. 4. O trabalhador-estudante pode voltar a exercer os direitos no ano letivo subsequente àquele em que os mesmos cessaram, não podendo esta situação ocorrer mais de duas vezes. Artigo 15.º Contra-Ordenações Constitui contra-ordenação punível, segundo disposto no regime geral das contra-ordenações regulado pelo Decreto-Legislativo nº. 9/95, de 27 de Outubro, a violação do disposto nos artigos 5.º, 6.º, 7.º, número 1, 8.º, números 1 e 2, e 9.º, números 1 e 2. Artigo 16.º Entrada em vigor A presente Lei entra em vigor 30 (trinta) dias após a data da sua publicação. Praia, 27 de Abril de 2017 Deputados