PADRÕES GLOBAIS DA PRODUÇÃO E DA COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE SUÍNA. 1 Produção de carne suína em uma perspectiva global

Documentos relacionados
o BRASIL E O COMÉRCIO MUNDIAL DE CARNE BOVINA INTRODUÇÃ

Parceiros Comerciais do RS no período de. Comparação do mês de dezembro de

Relatório Setorial da Indústria de Móveis no Brasil

Maiores IMPORTADORES do agronegócio (market share)

SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÃO: NA EUROPA DIEGO ALKMIN

O Brasil e o Mercado Internacional de Carnes

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JANEIRO DE 2016 VS JANEIRO DE 2017

SISTEMA FARSUL MAPEAMENTO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE BOVINA:

BREVE ANÁLISE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE ROCHAS ORNAMENTAIS EM Informe 08/2013

Instituto de Estudos e Marketing Industrial. Pesquisa de Mercado - Estudos Setoriais - Assessoria Empresarial - Publicações

Marco Abreu dos Santos

com US$ 165 milhões, com aumento 12% no faturamento e 24% no volume.

PANORAMA SETORIAL 1T19

Parceiros Comerciais do RS no período de

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JULHO DE 2015 VS JULHO 2016

Parceiros Comerciais do RS no período de. Comparação do mês de fevereiro de 2017

Exportações no período acumulado de

Total das exportações do Rio Grande do Sul. Exportações no período acumulado de janeiro a fevereiro de 2016.

Trabalho da Disciplina de Economia Internacional e Geopolítica. Professor: Fernando Seabra Alunos: Ricieri Pereira Francisco Paulini

Exportação brasileira de produtos no geral

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JUNHO DE 2015 VS JUNHO 2016

Parceiros Comerciais do RS no período de. janeiro a abril de 2016.

Perspectivas do Consumo Mundial de Suco de Laranja Workshop GCONCI Futuro da Citricultura Mundial

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JANEIRO DE 2017 VS JANEIRO DE 2018

Estudo realizado pelo INRA mostra a importante abertura do mercado europeu às importações de produtos agrícolas

Estatística e Probabilidades

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JULHO DE 2016 VS JULHO 2017

Parceiros Comerciais do RS no período de. Comparação do mês de maio de 2017

INTERMODAL SOUTH AMERICA CONFERÊNCIA INFRAPORTOS PAINEL PALESTRA VIABILIDADE DAS EXPORTAÇÕES DEPENDE DOS PORTOS

Parceiros Comerciais do RS no período de

A Indústria Química em 2020 Um novo Rumo é possível. Marilane Oliveira Teixeira

O cenário econômico internacional e o. comércio exterior dos produtos. transformados de plástico

Perspectivas para o Brasil no Cenário Internacional da Borracha Natural - Parte I

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JANEIRO DE 2018 VS JANEIRO DE 2019

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS MARÇO DE 2016 VS MARÇO 2017

Parceiros Comerciais do RS no período de

Exportações mundiais de queijos: 2003 a 2007

COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE ESTRATÉGIA BRASILEIRA DE AUMENTO DO CONSUMO INTERNO DE CARNE SUÍNA

Florestais apresentou um crescimento de 54,2%, totalizando US$ 68 milhões.

Exportações de carne suína crescem no primeiro semestre e preço do suíno sobe no mercado interno

FACT SHEET. BP Statistical Review of World Energy 2016

Parceiros Comerciais do RS no período de

RELATÓRIO SOBRE AS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO GAÚCHO

Universidade do Estado da Bahia - UNEB Departamento de Ciências Humanas Discente: Barbara Borges; Caroline Pazzini; Darilany Araujo

LEITE E DERIVADOS SETEMBRO / 2014 /2014/2009

Parceiros Comerciais do RS no período de

Comparação do mês de dezembro de

Parceiros Comerciais do RS no período de

Hortifruti Brasil * Cepea 17/02/06

Parceiros Comerciais do RS no período de

Análise de mercados potenciais Seminário de Comércio Exterior Minas Gerais

XXX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO Eficiência nas cadeias produtivas e o abastecimento global

EVOLUÇÃO DA BALANÇA DE PAGAMENTOS NO SECTOR DO AZEITE ENTRE 2000 E 2009

Parceiros Comerciais do RS no período de

Parceiros Comerciais do RS no período de

Parceiros Comerciais do RS no período de

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JUNHO DE 2017 VS JUNHO 2018

Importações no período acumulado de janeiro até novembro de 2015.

A metamorfose dos pagamentos. Maria Prados Vice-Presidente de Crescimento Vertical em Varejo de Global ecom

PERFIL DO AGRONEGÓCIO MUNDIAL

GEOGRAFIA AGRÁRIA CACD. Professor Rodolfo Visentin.

TABELA 1 EXPORTAÇÕES DO RS JULHO DE 2017 VS JULHO 2018

Relatório Mensal MARÇO/2016. Créditos foto cafezal: Helena Maria Ramos Alves - Epamig

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio

BIC. Encarte Estatístico da Indústria e do Comércio Exterior

Parceiros Comerciais do RS no período de

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio. Balança Comercial do Agronegócio Julho/2013

Audiência Pública Senado Federal

Tendências e Oportunidades para a Carne Suína

EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO

Comparação do mês de março de 2018 com abril de 2018.

PIB PAÍSES DESENVOLVIDOS (4 trimestres, %)

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Comércio e Relações Internacionais. Balança Comercial do Agronegócio Março/2019

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio. Balança Comercial do Agronegócio Agosto/2017

Evolução das exportações de milho do Brasil: países de destino e estados exportadores

A A DEMANDA de PAPEL MUNDIAL e SUSTENTABILIDADE. 2o. CONGRESSO FLORESTAL DO MATO GROSSO DO SUL 8 de Junho de 2010

RELATÓRIO SOBRE AS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO GAÚCHO

ANÁLISE DO MERCADO DE MILHO. Perspectivas para 2016 e Projeções para 2017

Relatório mensal sobre o mercado de café Março de 2015 Mercado de café recua, mas demanda continua vigorosa

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

BRASIL E O AGRONEGÓCIO

Relatório Mensal FEVEREIRO/2016. Créditos foto cafezal: Helena Maria Ramos Alves - Epamig

Agronegócio. Internacional. Soja Campeã. Boletim do. Recordistas de vendas no valor exportado total Jan-Mai 2014/2013. Edição 01 - Junho de 2014

Resultados de Junho de 2014

Presença da China na América do Sul

Exportações de Carnes agronegócio Janeiro a Dezembro de Exportações de carnes BRASIL

Suinocultura. Evolução, Situação e Perspectivas da Suinocultura no Mundo e no Brasil. Material didático. Leitura complementar 13/03/2018

21/02/2019. Suinocultura. Prof. Luciano Hauschild Departamento de Zootecnia Jaboticabal, 2019.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio

Cork Information Bureau Pág. 1 CORTIÇA EM NÚMEROS. Cork Information Bureau 2015 CORTIÇA EM NÚMEROS. apcor.pt

RELATÓRIO SOBRE AS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO GAÚCHO

Cenários Conselho Temático de Economia e Finanç

MERCADO INTERNACIONAL DE MANGA: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS

Avicultura e Suinocultura: Cenário Nacional e Mundial Desafios e Oportunidades

Geografia. O Comércio Exterior do Brasil. Professor Luciano Teixeira.

Compreender as DIFERENÇAS e SEMELHANÇAS O que nos afasta? O que nos aproxima?

MERCADO DE ALIMENTOS E BEBIDAS UNIÃO EUROPEIA E CHINA

com setembro de 2015.

LEITE E DERIVADOS NOVEMBRO / 2015

A economia agrícola internacional e a questão da expansão agrícola brasileira ABAG. Alexandre Mendonça de Barros

Transcrição:

PADRÕES GLOBAIS DA PRODUÇÃO E DA COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE SUÍNA Hans-Wilhelm Windhorst Institute for Spatial Analysis and Planning in Areas of Intensive Agriculture (ISPA) University of Vechta Germany A produção animal e o comércio de produtos animais estão passando por uma rápida mudança. Isto não se deve apenas a avanços técnicos no próprio processo de produção, mas também a uma maior liberalização do mercado mundial de produtos agrícolas. Além disso, o comportamento do consumidor mudou muito na última década. A segurança alimentar, o bem-estar animal e a proteção ambiental se tornaram aspectos que terão impacto significativo sobre o futuro desenvolvimento da produção e processamento de produtos animais. Neste artigo, abordaremos: Uma visão geral dos padrões globais de produção e comercialização de carne suína, As recentes tendências globais deste setor, E perspectivas futuras do setor. 1 Produção de carne suína em uma perspectiva global A produção mundial de carne suína tem crescido quase constantemente desde 1961 (slide 1); o volume passou de 24,7 milhões de toneladas para 90,7 milhões de toneladas em 2000, ou seja, aumentou 267%. Apenas na última década, aumentou mais de 20 milhões de toneladas. Uma análise do padrão geográfico da produção de carne suína mostra que está concentrada na Ásia, Europa e América do Norte e Central. Só a Ásia contribui com mais de 55% da produção total (slide 2). Pode ser observado um processo contínuo de concentração regional na produção de carne suína. Em 1990, os dez principais países contribuíram com 73,6% do volume global de produção; em 2000, aumentou para 76,2%. Isto se deve principalmente ao grande aumento de produção na China, de 34,1 para 47,0% naquela década. É óbvio que a China produzirá mais de 50% da carne suína no mundo nos próximos anos se puder manter o crescimento dinâmico. Uma observação mais detalhada da classificação dos oito principais países produtores em 1990 e 2000 mostra que esta mudou muito, com exceção das duas primeiras posições (slide 3). A Alemanha está agora em terceiro lugar, a Rússia não conseguiu estar entre os países principais, pois a queda contínua de produção não pode ser evitada. A Espanha, a França, o Brasil e o Canadá subiram de posição. 56

A Europa domina o comércio mundial de carne suína (slide 4). Quase 77% de toda carne suína que chega ao mercado mundial tem como origem um país europeu. Em segundo lugar, estão a América do Norte e Central, com 15,5%, seguida da Ásia. Quanto a importações, também há dominância da Europa, que importa mais de 72% da produção, seguida da Ásia, com 16,9% e da América do Norte e Central. Todas as outras regiões têm pouca importância. Para compreender melhor o padrão geográfico do comércio de carne suína, é necessário fazer uma análise mais detalhada do papel dos principais países exportadores e importadores. Os oito principais exportadores de carne suína, dos quais seis são países membros da UE, foram responsáveis por quase 80% das exportação total em 1999 (slide 5). Só a Dinamarca teve uma participação de 18%. No entanto, não devemos esquecer que estes números incluem o comércio dentro da UE. Se levássemos em conta apenas o comércio com os assim chamados terceiros, o Canadá estaria na primeira posição. Em 1999, os oito principais países importaram 72,8% da carne suína que chegou ao mercado mundial (slide 6). Aqui, há apenas quatro países membros da UE. A Alemanha tem sido o principal importador de carne suína há vários anos, apesar de sua grande produção interna. Quase um sexto de toda a carne suína comercializada foi importado pela Alemanha. Localizada no centro da Europa, é o mercado mais atraente para carne suína e seus produtos e, portanto, não se surpreende que as empresas dos países vizinhos queiram entrar neste mercado. Dos países que não são membros da UE, o Japão e a Rússia são mercados importantes. Uma análise mais detalhada de algumas relações comerciais pode explicar o padrão geográfico. A Dinamarca e os EUA são concorrentes no mercado de carne suína do leste da Ásia, especialmente no Japão e na Coréia do Sul. Em 1999, a Dinamarca exportou ao redor de 1,5 milhões de toneladas de carne suína, inclusive animais vivos. Os principais parceiros comerciais foram a Alemanha, responsável por 20,7%, o Reino Unido e o Japão. Estes três parceiros comerciais tiveram mais de 50% das exportações totais e seu comportamento de compras decide as atividades dinamarquesas no mercado mundial. A quantidade de carne suína que os EUA consegue vender no mercado do leste asiático, especialmente para o Japão, tem um importante impacto no mercado da UE, pois concorrem com a Dinamarca. Quando as vendas no Japão aumentam, por causa da queda do dólar, por exemplo, o Dinamarca busca outros mercados. Em geral, grande quantidade de carne suína é oferecida na UE, levando a um excesso de estoque e baixa de preços. Em contraste com o Japão, a Alemanha importa carne suína e animais vivos quase que exclusivamente de países da UE (slide 7); as importações de outros países são de apenas 1%. A Bélgica, a Holanda e a Dinamarca contribuem com aproximadamente 80% das exportações. 2 Processos globais Em uma segunda etapa, a análise vai abordar os recentes processos globais. Aqui, pode-se distinguir quatro fenômenos básicos: Concentração regional, 57

Concentração setorial, Produção em cadeia, Consideração de aspectos de bem-estar animal e ambientais. A concentração regional é um processo dinâmico que pode ser observado não só na produção animal, mas também na produção agrícola. Em áreas comparativamente pequenas, se concentra uma alta percentagem de produção de uma certa commodity. Se compararmos a participação dos dez países maiores produtores de carne suína, fica evidente que, entre 1960 e 1980, sua contribuição permaneceu estável, em 72% (slide 8). Desde então, foi observado um aumento, especialmente a partir de 1990. No final da última década, os dez principais países produtores contribuíram com 76,2% da produção global. Já se pode demonstrar que isto se deveu principalmente ao grande aumento na China, mas também nos EUA e no Canadá. No entanto, o papel dos três principais centros de produção de carne suína no cenário mundial mudou consideravelmente nas últimas quatro décadas. A participação da UE na produção mundial caiu de 29,1% para 19,3%, a dos EUA de 20,9% para 9,5%. Em 1970, a China ultrapassou os EUA, e, em 1990, a UE (slide 9). Pode ser observado um processo de concentração setorial paralelo à concentração regional. Pode-se argumentar que a concentração setorial, que pode ser definida como um processo de acumulação contínua do volume de produção em um número decrescente de granjas, fábricas de ração ou abatedouros, inicia o processo de concentração regional. Na suinocultura, o processo de concentração regional ocorre há várias décadas. Uma análise detalhada do desenvolvimento do padrão de tamanho do rebanho nos principais países produtores de carne suína mostra algumas tendências claras: A percentagem de granjas com 1000 ou mais sítios aumentou continuamente nos últimos 25 anos na União Européia; Durante a última década, surgiram grandes unidades de produção nos EUA e no Canadá; E mesmo em alguns dos recentes centros de produção na América Central e do Sul, assim como no leste da Ásia, grandes unidades dominam o setor. Uma tendência crescente ao desenvolvimento de sistemas de produção fechados de alimentos é observada em todo o mundo. Os principais fatores que determinam as cadeias de produção são a crescente preocupação dos consumidores com doenças ligadas a alimentos e aspectos econômicos. Embora esta tendência tenha se originado na década de 1970, um novo estímulo foi causado na Europa pela crise da dioxina na Bélgica e pelo duradouro problema da BSE. O colapso do mercado de carne bovina na UE, especialmente na Alemanha no início deste ano, iniciou atividades para o desenvolvimento de sistemas fechados de produção também na produção de carne suína. Hoje, a proteção do consumidor, segurança alimentar, rastreabilidade e declarações abertas são os principais argumentos da discussão. Nos últimos anos, dois aspectos adicionais tornaram-se importantes: 58

Aumento da preocupação do consumidor com o cumprimento da legislação de bem-estar animal; Com impactos negativos, mas evitáveis, sobre o meio ambiente. No futuro, as cadeias de alimentos terão que demonstrar que os impactos negativos sobre o ambiente foram evitados e que o comportamento natural dos suínos foi permitido durante o processo de produção. 3 Perspectivas futuras A produção animal e a indústria alimentar nos países desenvolvidos vai mudar dramaticamente nos próximos 20 a 25 anos. Particularmente, a produção e o processamento de carne vermelha vão avançar de um ramo um tanto desorganizado de produção de alimentos para cadeias de produção integradas verticalmente. Para atender a demanda de mercado e dos consumidores, estas cadeias terão que desenvolver novos produtos. O desenvolvimento desses produtos terá impactos marcantes sobre a organização geral da produção de carnes. A carne suína não será mais um produto por atacado, mas será produzida para segmentos específicos de mercado, dos quais a carne suína como commodity será apenas um. Serão formadas cadeias de produção para tais segmentos de mercado. Produtores, fábricas de ração e abatedouros não vão mais competir uns com os outros em um mercado indefinido; as cadeias de produção vão se concentrar em segmentos específicos de mercado. Não mais se questiona que os aspectos de segurança alimentar, rastreabilidade, bem-estar animal e ambientais serão decisivos para a organização da indústria alimentar e para a distribuição geográfica dos centros de produção nos países desenvolvidos. Porém, quem serão os vencedores e os perdedores neste processo de transformação? Regiões que são capazes de implementar sistemas de produção que permitam a rastreabilidade do produto desde a granja até o varejo e que possam demonstrar que a legislação de bem-estar animal e a legislação que considera a proteção do ambiente estão sendo cumpridas através de toda a cadeia serão os vencedores; as que não conseguirem implementar estes sistemas serão os perdedores no cada vez mais restrito e globalizante mercado de produtos animais. A análise da primeira parte deste artigo demonstrou que novos concorrentes foram capazes de chegar entre os principais países que produzem e comercializam carne suína. Espera-se que uma redução das restrições de importações, resultante das atuais negociações na Organização Mundial de Comércio, mude ainda mais os padrões globais de comércio. Estes países talvez não sejam capazes de competir com produtos muito especializados, mas poderão obter participação no mercado com commodities. Assim, pode-se esperar que países exportadores com alto custo de produção, como a Dinamarca e a Holanda, percam participação no mercado. Países com baixo custo de produção, como Brasil, Canadá e EUA, ganhem mercado. A Europa não vai perder sua posição de liderança no comércio de carne suína nos próximos anos, mas sua posição não será mais inabalável. Padrões legais mais rígidos e a contínua 59

mudança de comportamento do consumidor forçarão o setor, em países com alto custo de produção, a se concentrar em produtos de valor agregado. No entanto, isto pode levar a um decréscimo no volume de produção. 4 Slides Tabela 1 Slide 1: A produção mundial de carne suína tem crescido quase constantemente desde 1961: Ano Produção (mill. t) Índice 1961 24.7 100 1970 35.8 145 1980 52.7 213 1990 69.9 283 2000 90.7 367 Tabela 2 Slide 2: A produção de carne suína está concentrada em três áreas: Ásia, Europa e América do Norte: Região Produção (mill. t) Fatia da Produção Mundial (%) Ásia 49.98 55.1 Europa 25.15 27.7 América N. e C. 11.59 12.8 95,6 América S. 2.94 3.2 Àfrica 0.56 0.6 Oceania 0.48 0.5 60

Tabela 3 Slide 3: Nos últimos 10 anos, a composição dos principais países na produção de carne suína mudou consideravelmente, exceto em duas posições: Posição 1990 2000 1 China China 2 EUA EUA 3 USSR Alemanha 4 Alemanha Espanha 5 Polônia França 6 Espanha Polônia 7 França Brasil 8 Holanda Canadá Tabela 4 Slide 4: A Europa domina o comércio mundial de carne suína(dados de 1999): Região Exportações (%) Importações (%) Europa 76.7 72.1 América N. e C. 15.5 8.9 Ásia 5.4 16.9 América S. 2.0 1.3 Oceania 0.3 0.4 África 0.1 0.4 61

Tabela 5 Slide 5: Os países-membros da EU estão nas primeiras posições da lista de principais países exportadores de carne suína (dados de 1999): País Exportações(1.000 t) Exportação Mundial(%) Dinamarca 927 18.0 Holanda 852 16.6 Bélgica/Lux. 498 9.7 44.3 França 424 8.2 Alemanha 393 7.6 Canadá 371 7.2 67.3 EUA 349 6.8 Espanha 282 5.5 79.6 Tabela 6 Slide 6: Os países-membros da EU também estão nas primeiras posições da lista de principais países importadores de carne suína (dados de 1999): País Importação(1.000 t) Importação Mundial(%) Alemanha 779 15.8 Itália 707 14.4 Japão 600 12.2 Rússia 442 9.0 51.4 França 329 6.7 EUA 266 5.4 63.5 China/Hong K. 247 5.0 Reino Unido 214 4.3 72.8 62

Tabela 7 Slide 7: A Alemanha, o principal importador de carne suína, enfoca mais a importação de outros países-membro da UE e quase não importa de outros países (dados em 1.000 t): País 1992 1996 1999 Exportador Bélgica 224 319 315 Holanda 356 284 267 Dinamarca 208 223 216 França 41 13 41 UE total 939 1.045 1.051 Total 962 1.056 1.062 Tabela 8 Slide 8: Processos globais: concentração regional Ano Participação na Produção Mundial (%) 1961 72.7 1970 72.1 1980 71.8 1990 73.6 2000 76.2 O processo de concentração regional continua, como se pode ver pela participação dos 10 países líderes em produção de carne suína: 63

Tabela 9 Slide 9: Processos globais: concentração regional País 1961 1970 1980 1990 2000 China 6.5 17.2 23.0 34.4 47.0 UE (15) 29.1 26.9 25.7 22.1 19.3 EUA 20.9 17.0 14.3 9.9 9.5 Nos próximos 10 anos, a China vai contribuir com mais de 50 % da produção mundial de carne suína. A UE e os EUA vão perder mercado, apesar do aumento de produção, como se pode ver a partir do desenvolvimento de sua contribuição para a produção mundial de carne suína (dados em %): 5 Referências Bibliográficas MARTINEZ, S:W. (1999): Vertical Coordination in the Pork and Broiler Industries: Implications for Pork and Chicken Products. (= Agricultural Economic Report No. 777). Washington, D.C.: U.S. department of Agriculture. UFKES, F. M. (1995): Lean and mean: U. S. meatpacking in an era of agro-industrial restructuring. In: Environment and Planning D. Society and Space, No. 13: 683-705. WINDHORST, H.-W. (1998): Pigs and space: Hog farming and pork production in the European Union and the United States in transition. In: Erdkunde 52, No. 3: 232-249. WINDHORST, H.-W. (2000): The Danish model: producing pork for the world market. In: Pig Progress 16, No. 7: 8-11. WINDHORST, H.-W. (2001): Emerging production systems in Europe. In: Fleischwirtschaft international, No. 2: 39-41. 64