POSITIVISMO Fundador Auguste Comte (1789 1857). Inspirada pelos avanços das ciências naturais física, química e biologia no mundo produtivo, a filosofia social positivista buscava pautar seus métodos e elaborar seus conceitos a luz das ciências naturais, tendo a pretenção de alcançar a mesma objetividade e êxito nas formas de controle dos fenômenos sociais. A sociedade encarada como um organismo constituído por partes integradas que funcionavam harmoniosamente rumando para o progresso e evolução.
Darwinismo social apenas os mais aptos e evoluídos sobrevivem. A Europa tinha a sua frente uma diversidade de civilizações organizadas sob o politeísmo, a poligamia, sistemas de casta e economia agrária para a subsistência e etc. e o desafio de expandir seu sistema econômico para essas localidades. Para tanto, os europeus tinham de reorganizar essas civilizações ( a partir de seus parâmetros de trabalho, poder e moral e etc.) estruturando as a partir dos princípios que regiam o capitalismo ascendente. (disciplina do trabalho, unidade moral, política e etc.) Missão civilizadora era oferecida mesmo contra a vontade dos dominados como maneira de elevar esses povos a um estágio mais evoluído.
Missão civilizadora:
Estático: mecanismos de garantia da coesão social, que garantem a preservação de elementos permanentes de toda a organização social.(religião, direito, moral, linguagem etc.) Mas como explicar as crises vivênciadas na europa? Conflitos entre classes emergentes, miséria, mortes, violência, condições de exploração e extorsão salarial, jornadas laborais de 16 ou 18 horas, insalubridade e periculosidade no trabalho, conflitos no campo e etc.? Dois tipos de movimento na sociedade: (método dedutivo Descartes lógico do geral para o particular) Dinâmico : lei de evolução universal, do mais simples para o mais complexo. (produção, tecnologia, ciência e etc.)
Predominância do estático sobre o dinâmico: Conservação sobre a mudança: o progresso deveria aperfeiçoar os elementos da ordem e não destruí los. Justificava a intervenção na sociedade (conter movimentos revindicatórios, greves, revoltas) para manutenção da ordem e do progresso. Durkheim: objeto da sociologia como um todo é determinar as condições para a conservação das sociedades.
ÉMILE DURKHEIM: (1858-1917) Consolidou a sociologia como ciência autônoma ao estabelecer um objeto (fato social), um método (inspirado nas ciências naturais) e um conjunto sistematizado de técnicas de investigação próprios. Principais obras: A Divisão do Trabalho Social (1893). As regras do método sociológico (1895). O Suicídio (1897). As formas Elementares da Vida Religiosa (1912).
Principais preocupações que permeiam as obras do autor: A manutenção da ordem e da coesão social em uma sociedade que estava passando por um acelerado processo de transformação em diversos campos (religioso, produtivo, tecnológico, científico, moral e etc.) e por um crescimento do individualismo nas sociedades modernas. Seus trabalhos tem por objetivo a compreensão sobre o desenvolvimento da sociedade moderna seus mecanismos de manutenção e reprodução.
Indivíduo para Durkheim Homem enquanto ser duplo: como ser individual/biológico limitado, egoísta, instintivo, efêmero e instável - e como ser coletivo/social exterior, impessoal, racional e lógico. Dentro dessa linha de raciocínio as estruturas sociais deveriam ser tomadas como objeto de investigação científica não apenas por sua anterioridade lógica ao indivíduo, mas também devido a sua coerência e lógica interna que possibilitaria uma observação objetiva e sistemática do todo, enquanto os indivíduos seriam constituídos também por desejos e ideias fantasiosas, muitas vezes instintivas, que não proporcionariam uma fonte estável e sólida de elementos significativos e adequados ao tipo específico de conhecimento científico que as ciências sociais visariam atingir.
Sociologia Positivista A sociedade (vida coletiva) não se trata apenas de um aglutinado de indivíduos isolados, mas se apresenta como um ser distinto, complexo e irredutível as suas partes. O todo estruturas de ensino, morais, religiosas, produtivas e etc. é muito mais que a simples soma das partes soma de indivíduos atomizados sem esse legado cultural comum. A sociedade é encarada como uma realidade sui generis (singular, única), movida por mecanismos e leis próprias de desenvolvimento que integram e regulam seu funcionamento
A sociedade entendida como um organismo: Para Durkheim, era possível ao conhecimento científico identificar e acessar as estruturas e mecanismos que determinavam o desenvolvimento social, bem como possíveis desvios e patologias de uma sociedade que porventura estivesse em crise, ele defendia que as ciências do homem, assim como as ciências naturais, eram capazes de realizar diagnósticos sociais e indicar as fontes de distúrbio ou de anomias/patologias sociais
Normal e Patológico: A sociedade poderia apresentar estados normais (saudáveis) ou patológicos (doentios). Normal: se encontra generalizado pela sociedade e desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. Patológico: quando determinado fenômeno ultrapassa certos limites e põe em risco a harmonia, o consenso, a adaptação e a evolução da sociedade. Ex: revoluções, guerras e conflitos de maneira geral.
Primeiro movimento: afastar fatores biológicos e psicológicos. Há em toda sociedade, um grupo determinado de fenômenos com caracteres nítidos, que se distingue daqueles estudados pelas outras ciências da natureza ( ) Estamos pois, diante de uma ordem de fatos que apresenta características muito especiais: constituem em maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores aos indivíduos, dotadas de um poder de coerção em virtude da qual se lhe impõem. Por conseguinte, não poderiam se confundir com os fenômenos orgânicos, pois consistem em representações e ações, nem com os fenômenos psíquicos, que não existem senão na consciência individual e por meio dela. Constituem, pois, uma espécie nova e é a eles que deve ser dada e reservada a qualificação de sociais (Regras do Método pg 47 e 48).
Segundo movimento delimitando é o objeto: o Fato Social: Fato social é coercitivo, exterior e geral. 1) Exteriores: existem antes do indivíduo e sobrevivem a ele. (idioma, moral, ciência, etc.) 2) Coercitivos: impõem sanções (legais e espontâneas) caso não sejam cumpridos. (escola, família, direito etc.) 2.1 sanções legais prescritas pela sociedade na forma de leis e penalidades sistema jurídico. (direito como fato social, direito a propriedade, regulam as uniões civis, a participação política e etc.) 2.2 sanções espontâneas resposta a uma conduta considerada inadequada por determinados grupos. (moda, times de futebol, religião etc.) 3) Gerais: valem para a sociedade inteira e são independentes das manifestações individuais que possam ter. (independente de conteúdo, todas as formas sociais distinguem entre sagrado e profano, condutas autorizadas e condenadas, formas de internalização das normas e etc.)
Positivismo: Todo o peso explicativo do pensamento durkheimiano se deposita sobre as estruturas de regulação e controle da sociedade em detrimento das ações e intenções do indivíduo. A Sociedade é entendida não apenas como ente que reprime o indivíduo, mas como entidade que possibilita, constitui condição sine qua non da existência dos mesmos.
Fato social: Os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa cada indivíduo em particular. Embora todos possuam sua consciência individual, seu modo próprio de se comportar e interpretar a vida, pode se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Esta constatação está na base do que Durkheim chamou de consciência coletiva. (ou representações coletivas) (COSTA, 1995)
Consciência/representação coletiva: Conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado com vida própria. (Durkheim) A consciência coletiva não se baseia na consciência individual, mas está disseminada por toda sociedade revelando seu tipo psíquico que não é produto da soma das consciências individuais, mas algo que se imporia aos indivíduos e perduraria através das gerações.
Religião como fato social: Durkheim, em sua obra As Formas Elelmentares da Vida Religiosa, vai escolher como objeto de estudo a prática do totemismo de algumas tribos australianas, por acreditar que, somente por meio da análise sistemática da formação religiosa mais simples e primitiva poderia ser identificado o elemento fundamental e comum de todas as formas religiosas, para então compreender, por meio da análise das circunstâncias que lhe deram nascimento, qual função específica que o fato religioso desempenha na sociedade como um todo. A análise desse objeto atenderia então aos objetivos específicos que a ciência positiva visa atingir, a saber, a elaboração de formulações e leis gerais que sejam capazes de explicar e determinar estruturas permanentes e indispensáveis de funcionamento social.
A Religião como fato social: Durkheim argumenta que as categorias de pensamento produzidas pela religião, que organizaram e regularam as relações familiares, utilização dos territórios, o tempo etc. foram as primeiras formas de representações coletivas, e que além de terem colaborado para fomentar nos homens o sentimento de pertença a determinado grupo, foi por meio delas que foram esboçadas maneiras e formas de pensar coletivas que posteriormente serviriam de base e de objeto de estudo das ciências, bem como do direito e da política. Criação de regulações morais proibição do incesto, estabelecimento de padrões de conduta e de justiça (o que é permitido e o que não é permitido), organização da família, do tempo e etc.
Papel da religião: Nesse sentido, o direito, a ciência a política e mais uma série de instituições presentes nas sociedades modernas tem como origem, ou forma elementar comum, a religião. Com seu sistema de classificação organização da vida social, as representações religiosas criaram os instrumentos que permitiram que as experiências de gerações de indivíduos pudessem ser acumuladas, graças ao estabelecimento de critérios comuns, possibilitando que todas as inteligências individuais trabalhem colaborativamente e fazendo com que, a partir de então, cada um desses indivíduos, por ser também social, seja capaz de ultrapassar suas limitações.
Ex: Calendário Janeiro consagrado a Jano, divindade masculina da mitologia romana, muito popular entre os romanos. Era o deus do céu luminoso, o deus das origens e princípio de toda a existência; era ele que abria e fechava a luz do céu. Fevereiro vem do verbo latino februare, que significa "purificar", e está relacionado com Febro, deus dos mortos: Fevereiro era o mês da purificação e penitência. Março era o primeiro mês do primitivo calendário romano. O seu nome deriva de Marte, deus da guerra. Abril deusa do amor, a grega Afrodite ou a romana Vénus. É possível que Abril derive do grego aphril, que significava "espuma", a espuma do mar de que Vénus nasceu, segundo a mitologia, ou que derive do próprio nome da deusa grega Aphrodite. Maio a opinião mais corrente é que o mês tem este nome em honra da Bona Dea ou Maia, divindade festejada desde tempos imemoriais com uma festa chamada do Maio ou das Maias: a saudação ao renascer da vida vegetal. Junho era o mês dedicado a Juno, mulher de Júpiter, a única deusa do Olimpo propriamente casada, deusa do matrimónio
Papel da religião nas sociedades modernas: Para Durkheim, a ciência e a religião não estariam em contraposição absoluta, isso porque a segunda constituiu as bases da primeira e, embora tenha perdido sua função lógico especulativa para a ciência, a função de manutenção da unidade moral não foi ainda substituída por nenhuma outra instituição moderna e é sobre esta função que se assenta o fato religioso.